Num pequeno, muito pequeno livro, que se pode “ler numa
viagem de comboio ou a uma mesa de café” (nota dos coordenadores de edição), este
professor de Literatura Francesa Moderna e Contemporânea, entendendo que se
deve pensar sobre o assunto, avança várias respostas que me
parecem de grande interesse a quem tem responsabilidades educativas.
Inspirando-se em Zola, afirma que “a literatura constitui um exercício de pensamento e experiência de escrita”, que “corresponde a um projecto de conhecimento do homem e do mundo” (página 24).
“Lemos porque, mesmo se ler não é imprescindível para se viver, a vida se torna mais livre, mais clara, mais vasta para aqueles que lêem do que para aqueles que não lêem" (página 24). "Com a literatura (…) o exemplo substitui a experiência, para inspirar máximas gerais ou, pelo menos, uma conduta em conformidade com tais máximas” (página 31).
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“Ela liberta o indivíduo da sujeição às autoridades, pensavam os filósofos. A literatura é de oposição: ela tem o poder de contestar a submissão ao poder. Enquanto contra-poder, ela revela toda a extensão do seu poder quando é perseguida” (página 32).
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“A literatura, enquanto instrumento de justiça e de tolerância, e a leitura, enquanto experiência de autonomia, contribuem para a liberdade e para a responsabilidade do individuo, valores esses, das Luzes, que presidiram à fundação da escola republicana” (página 31). A “literatura, simultaneamente sintoma e solução do mal-estar na civilização, dota o homem moderno de uma visão que vai além das restrições da vida diária" (página 33).
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“O poeta e o romancista dão-nos a conhecer o que estava em nós, mas que ignorávamos por nos faltarem as palavras” (…) “dispõe do poder (…) de desvendar uma verdade não transcendente, mas latente, presente em potência escondida fora da consciência, imanente, singular e até então inexprimível” (página 35-36).
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Por tudo isto e muito mais, Compagnon defende que “urge fazer novamente o elogio da literatura, protegê.-la da depreciação, na escola e no mundo” (… ) Enquanto fonte de inspiração, a literatura ajuda o desenvolvimento da nossa personalidade ou à nossa ‘educação sentimental’ (…) Ela permite aceder a uma experiência sensível e a um conhecimento moral (…). Já que o próprio da literatura é a análise das relações sempre particulares que unem as crenças, as emoções, a imaginação e a acção, ela contém um saber insubstituível, circunstanciado e não resumível acerca da natureza humana, um saber das singularidades” (página 31).
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"A literatura deve, desde logo, ser lida e estudada pelo facto de proporcionar um meio – alguns dirão mesmo o único – de preservar e de transmitir a experiência dos outros, os que estão afastados de nós no espaço e no tempo, ou que divergem de nós pelas condições de vida.”
Inspirando-se em Zola, afirma que “a literatura constitui um exercício de pensamento e experiência de escrita”, que “corresponde a um projecto de conhecimento do homem e do mundo” (página 24).
“Lemos porque, mesmo se ler não é imprescindível para se viver, a vida se torna mais livre, mais clara, mais vasta para aqueles que lêem do que para aqueles que não lêem" (página 24). "Com a literatura (…) o exemplo substitui a experiência, para inspirar máximas gerais ou, pelo menos, uma conduta em conformidade com tais máximas” (página 31).
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“Ela liberta o indivíduo da sujeição às autoridades, pensavam os filósofos. A literatura é de oposição: ela tem o poder de contestar a submissão ao poder. Enquanto contra-poder, ela revela toda a extensão do seu poder quando é perseguida” (página 32).
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“A literatura, enquanto instrumento de justiça e de tolerância, e a leitura, enquanto experiência de autonomia, contribuem para a liberdade e para a responsabilidade do individuo, valores esses, das Luzes, que presidiram à fundação da escola republicana” (página 31). A “literatura, simultaneamente sintoma e solução do mal-estar na civilização, dota o homem moderno de uma visão que vai além das restrições da vida diária" (página 33).
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“O poeta e o romancista dão-nos a conhecer o que estava em nós, mas que ignorávamos por nos faltarem as palavras” (…) “dispõe do poder (…) de desvendar uma verdade não transcendente, mas latente, presente em potência escondida fora da consciência, imanente, singular e até então inexprimível” (página 35-36).
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Por tudo isto e muito mais, Compagnon defende que “urge fazer novamente o elogio da literatura, protegê.-la da depreciação, na escola e no mundo” (… ) Enquanto fonte de inspiração, a literatura ajuda o desenvolvimento da nossa personalidade ou à nossa ‘educação sentimental’ (…) Ela permite aceder a uma experiência sensível e a um conhecimento moral (…). Já que o próprio da literatura é a análise das relações sempre particulares que unem as crenças, as emoções, a imaginação e a acção, ela contém um saber insubstituível, circunstanciado e não resumível acerca da natureza humana, um saber das singularidades” (página 31).
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"A literatura deve, desde logo, ser lida e estudada pelo facto de proporcionar um meio – alguns dirão mesmo o único – de preservar e de transmitir a experiência dos outros, os que estão afastados de nós no espaço e no tempo, ou que divergem de nós pelas condições de vida.”
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Em suma, remato eu, “a literatura é um exercício de pensamento; a leitura, uma experiência dos possíveis” (…) ela resiste à estupidez não com a violência, mas antes de forma subtil e obstinada" (página 49 e 48).
Referência completa:
Em suma, remato eu, “a literatura é um exercício de pensamento; a leitura, uma experiência dos possíveis” (…) ela resiste à estupidez não com a violência, mas antes de forma subtil e obstinada" (página 49 e 48).
Referência completa:
- Compagnon, A (2010). Para que
serve a literatura? Porto: Deriva Editores.
5 comentários:
Ela permite aceder a uma experiência sensível e a um conhecimento moral...nyet
de resto quanto mais letrados mais brutes...
Gostaria que a literatura
eira de pensamento ao vento
vos desse o extraordinário
um pulsar de galope no tempo
gostaria que a literata turra
eira de anzóis e redes
não vos fizesse caturra
e cegasse enquanto vedes...
Bom dia,
A possibilidade de transmitir a experiência dos que "divergem de nós pelas condições da vida" também é possível através do teatro ou do cinema! O que confere à literatura um carácter próprio que a diferencia destas duas formas de arte?
O que diferencia a literatura do cinema e do teatro é a multiplicidade de visualizações que permite, cada leitor tem o seu mundo e construirá as personagens de acordo com as sua vivências, o que não é possível nas outras formas de arte!
Ana Rita
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