sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Sobre a Eleição para Reitor da Universidade de Coimbra
Universidade de Coimbra (UC), a minha Universidade, vai eleger um novo reitor. Devido às novas regras do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), o reitor é eleito por um conselho constituído por 35 pessoas: 5 alunos, 2 funcionários, 10 elementos externos e 18 professores.
Não vos digo que estou em total desacordo com esta forma de eleição, mas penso que a eleição por um "board" que não está intimamente ligado à Universidade é, nesta altura, um erro. Talvez num futuro breve, quando o investimento privado nas Universidades tiver alguma expressão, isto faça mais sentido. Agora faz pouco. Mas enfim... é o que é.
O que critico nesta eleição são duas coisas fundamentais:
1. A comunidade académica não pode participar no debate. Isto é inaceitável. Mesmo nas audições públicas só o conselho geral podia fazer perguntas aos candidatos. Penso que deveria ter havido um debate público, formal, com a presença dos membros do conselho geral. A Universidade é isto, é debate, é confronto de ideias, é participação, é democracia, é intervenção, é opinião, é ser diferente, é não ter medo de dizer aquilo que se pensa. E é viver dessa forma. Limitar essa forma de intervenção é um erro e é anti-natura. Fazê-lo em Coimbra é uma enorme ironia.
2. A tentação que vejo para influenciar a votação dos membros do Conselho Geral. Contam-me coisas inacreditáveis de toda a ordem. Na Universidade vota-se de acordo com PENSAMENTO LIVRE e INDEPENDENTE. Não pode haver votos em BLOCO ou em CONJUNTO. Há reflexão sobre o futuro da Universidade e sobre aquilo que individualmente pensamos deve ser o seu papel. Qualquer outro posicionamento é um ABSURDO.
Como Professor da Universidade de Coimbra, um daqueles que não teve oportunidade para debater o futuro da sua Universidade, vejo com enorme preocupação a forma como se decide o futuro da UC. Se tivermos em conta o cenário preocupante do Ensino Superior em Portugal, a situação económica do país e a imagem de Portugal na Europa e no Mundo, podemos facilmente concluir como esta eleição para Reitor é crucial para o futuro da Universidade de Coimbra como instituição de referência no panorama nacional e internacional.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
"A escola pública está em apuros"
Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
5 comentários:
Caro Norberto:
Eu também não pude participar no debate por terem sido excluídas questões colocadas por pessoas fora do Conselho Geral. E tinha algumas questões para colocar, como por exemplo que impulso os candidatos pensam dar à construção da grande biblioteca da universidade e da cidade...
De qualquer modo, confio que o Conselho Geral vai fazer uma boa escolha, perante dois modelos e estilos que são afinal tão diferentes. Julgo que se deu um grande passo em frente relativamente à Assembleia anterior, com maior abertura ao exterior.
Abraço
Carlos Fiolhais
Caro Carlos,
A abertura ao exterior é positiva, mas é preciso que exista uma ligação muito forte ao futuro da UC. Isso só será efectivo, ou muito mais efectivo, quando os elementos exteriores estiveram mais intimamente ligados à UC. Mas é um processo que tem de ser iniciado.
De facto os modelos apresentados são muito diferentes e também espero que sejam bem avaliados.
Abraço,
norberto
Para escolher o Reitor
da nossa Universidade
devia ser auscultada,
para efeitos de eleitor,
a antiga comunidade
por ela licenciada.
JCN
Como seus filhos de outrora,
já formados muito embora,
nós temos mais que ninguém
o dever de defender
o nome da nossa Mãe,
a quem devemos o ser
e, neste caso, o saber!
JCN
Caro Norberto:
Quanto ao seu ponto 1 estou de acordo. Mas quanto ao 2, francamente, não me diga que eu não sou livre de combinar com outros a maneira de actuar ou de votar...Desculpe lá ,as eu sempre combinei e orquestrei (como por vezes se diz) com quem eu quis e me apeteceu.
Enviar um comentário