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Como hoje se comemora mais um aniversário da implantação da República, é oportuno deixar este pequeno texto de Fernando Pessoa, da p. 117 do livro "Da República (1910-1935)" de Fernando Pessoa, com introdução e organização de Joel Serrão, publicado pela Ática, em 1979, e que acaba de reaparecer nas livrarias:
"A Monarquia Portuguesa caiu por três razões:
1.º Por estar consubstanciada com o catolicismo, não só institucional como também espiritualmente;
2.º Por não ter logrado atingir uma forma portuguesa, visto que, quebrando a tradição da velha monarquia absoluta, que, embora fosse uma decadência, o era de uma fórmula portuguesa, não curou chegar a um modo português de a substituir, mas importou, através da França, a forma exterior da monarquia constitucional inglesa;
3.º Por nunca ter tido partidos, separados por ideologias diferentes, mas apenas grupos sem noção diferente das cousas e, portanto, como em todo o caso onde a inteligência não impera, governados apenas pelos instintos e pela politiquice de caciques."
2 comentários:
Já agora, conviria dizer que Fernando Pessoa era monárquico e escreveu por diversas vezes sobre o assunto...
Monárquico...bom, era a favor de uma «República Aristocrática» a partir de uma oligarquia dos melhores. Portanto, cuidado quando dizemos que defendia a monarquia. Não nos podemos esquecer do Ultimatum de Campos onde exorta este mesmo regime num contexto Nietzschiano e Futurista. O próprio pessoa considerava os monárquicos portugueses passadistas e reaccionários. Juntamente com a sua desilusão face à 1ª República, defendia uma oligarquia dos melhores, a que não será estranha a ideia de super-homem nietzschiano.
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