Matemático, pintor, poeta, escritor, historiador, filósofo e divulgador de ciência, Jacob Bronowski, nascido polaco fez ontem 100 anos, foi um dos raros polímatas do século XX, um verdadeiro homem da Renascença. A sua série pioneira de divulgação científica co-produzida pela BBC e pela Time-Life Films, «The Ascent of Man», é absolutamente notável e inspirou muitas outras, entre elas a série «Cosmos» de Carl Sagan - que teve aliás o mesmo produtor, Adrian Malone. A série, que não perdeu actualidade apesar de terem passado mais de três décadas do seu lançamento, foi disponibilizada em DVD há cerca de ano e meio pela Ambrose Video.
Bronowski é talvez o melhor exemplo de que o «divórcio» das duas culturas não é inevitável nesta era de crescente especialização dos saberes, conciliação que ilustra não só na beleza poética desta série como numa série de ensaios e livros. Aliás, para Bronowski não existiam «duas culturas», a serem religadas ensinando a 2ª lei da termodinâmica a todos os artistas como para o seu contemporâneo Charles Percy Snow, mas sim uma única cultura com vários aspectos. Como escreveu no livro «Ciência e Valores Humanos», publicado em 1958 e leitura recomendada:
«Quando Coleridge tenta definir beleza, regressa sempre a um pensamento simples e profundo: a beleza é 'unidade na diversidade'. A ciência não é mais do que a busca da unidade na variedade desordenada da Natureza ou, mais exactamente, na diversidade da nossa própria experiência. A poesia, a pintura, as artes em geral, são o mesmo.
(...)
Para mim, a ciência é uma expressão da mente humana, que procura unidade no caos da Natureza como o escritor a procura na variedade da natureza humana».
Estes excertos indicam-nos que é convicção do autor que a ciência é de certa forma uma arte, a ars scientia que assume um compromisso com o universal e não apenas com a diversidade das sensações, partilhando ambas o espaço do pensamento e criatividade humanas:
«O bom poema e o teorema profundo são novos para cada leitor e são no entanto a sua própria experiência porque ele os recria. Eles são a marca da unidade na variedade; e no instante em que a mente abarca este facto em arte ou em ciência, o coração falha um batimento».
Numa altura em que o debate sobre o que é a ciência continua no De Rerum Natura, o homem que escreveu:
«A sociedade dos cientistas é simples porque tem um propósito director: explorar a verdade. No entanto, tem de resolver o problema de todas as sociedades, o de encontrar um compromisso entre homem e homens. Deve encorajar cada cientista individual a ser independente e a comunidade científica a ser tolerante. Estas condições básicas que formam os valores principais desencadeiam uma série de valores: discussão crítica, liberdade de pensamento e expressão, justiça, honra, dignidade humana e amor próprio».
disse-nos igualmente que «esta é a essência da ciência: faz uma pergunta impertinente, e estarás no caminho de uma resposta pertinente».
O vídeo reproduzido, talvez o momento mais marcante da série «The Ascent of Man», ilustra o que acontece quando esta essência se desvanece e toda uma sociedade se demite de fazer perguntas impertinentes. No episódio «Conhecimento ou Certeza», filmado em Auchswitz, onde muitos membros da sua família foram assassinados barbaramente, Bronowski mostra-nos de forma clara que foi a arrogância, nascida de certezas absolutas, daqueles que pensam deter verdades inquestionáveis que permitiu a abominação que foi o Holocausto. São estas certezas que desumanizam, que transformam a diversidade humana em números anónimos e descartáveis, não a incessante exploração da verdade e a busca da unidade na diversidade!
A essência da ciência, na realidade a essência de todas as verdadeiras formas de conhecimento, o questionar impertinentemente verdades consideradas inquestionáveis, a procura contínua do erro e a rejeição de dogmas, é de facto o único antídoto para a desumanização que advém de verdades absolutas.
Bronowski, ou simplesmente Bruno, deixou-nos um legado fabuloso que importa não esquecer. No centenário do seu nascimento, vale a pena recordar e ouvir este homem extraordinário.
sábado, 19 de janeiro de 2008
A escalada de um homem
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39 comentários:
Excelente post! Um convite à reflexão...a que cada um comece por questionar impertinentemente as suas próprias certezas.
A Palmira tem a certeza absoluta de que não existem certezas absolutas.
Como é que ela sabe?
O que é que a faz estar tão certa disso?
Quem lhe revelou esse conhecimento?
Quais foram as experiências e as observações científicas que lhe permitiram chegar a essa conclusão?
Essa conclusão é um juizo sintético a priori? Uma intuição feminina? Uma intuição eidética das essências? Um feeling? Uma revelação?
A ideia de que não existem certezas absolutas é científica?
Não será antes o produto da filosofia acidentalista e naturalista perfilhada pela Palmira?
Se não existem certezas absolutas, porque é que se opõe a àqueles que questionam o darwinismo? Porque é que quis instituir neste blogue a Lei de Darwin, para desse modo tentar ilegalizar as críticas à teoria da evolução.
Tanto basta para revelar o que há de sem sentido e de auto-contraditório na posição da Palmira Silva.
Mas o que seria de esperar de alguem que chegou a comparar, neste blogue, cubos de gelo e detergente com DNA?
Obrigado Palmira, por este excelente artigo.
Ainda não tinha acabado de ler o texto, no penúltimo parágrafo já sentia nos meus olhos uma névoa de lágrimas felizes…
Mais um excelente artigo!
Não conhecia o Bruno, mas por esta amostra e pelas disponíveis no site da Ambrose video acho que valia a pena a nossa televisão pública dar uma mesmo de pública, para variar, e adquirir a série!
O comentário do criacionista de serviço ao DRN ilustra bem o mal causado pela aceitação acritica e acéfala de dogmas e verdades "absolutas": a imbecilização total, o terreno necessário para que aconteçam calamidades como o Holocausto!
Quando alguém perde a capacidade de questionar, impertinentemente ou não, transforma-se num boneco manobrado pelos que lhe vendem essas verdades absolutas, para quem tudo é legítimo, mentir, matar, etc.. em nome dessas verdades absolutas!
ò Jonatas deixe de adorar bonecos, porque esses bonecos ou melhor quem os manobra debitam verdades absolutas, a ciencia não proclama a verdade absoluta, assume-se sim como a melhor maneira de explicar a realidade que nos rodeia mas sempre consciente que essa explicação é temporaria até que surja uma melhor, lembre-se de newton e depois einstein.
Agora o jonatas criticar a ciencia quando na realidade é a sua igreja (que tanto adora e defende qual paladino da justiça e da moral ofendida pelas libertinagens dos dissolutos do presente) que se proclama como detentora da verdade obsoluta, meu caro jonatas esqueceu-se que em ciencia não existem dogmas, que tudo tem que ser explicado senão é rejeitado?
Porque é que a sua igreja não discute os dogmas deixando este de serem dogmas? Deixar de dizer que sim porque sim e não porque não e explicar as coisas, se a pseudo virgem maria era de facto virgem ou não, antes, durante e depois do nascimento de jesus, quer discutir esses argumentos de forma racional?
Eu gostaria de os descutir de modo a saber finalmente se era verdade ou não, esse é apenas 1 dos exemplos.
Agora se voce adora bonecos e faz o que lhe dizem nas missas e na confissão ao senhor prior isso é lá com voce, o mundo não tem que funcionar como voce quer, a sociedade não tem que funcionar como voce quer, a sociedade tem que funcionar de maneira que garanta a liberdade e direitos de forma igual a toda a gente, acha mal o casamento de homossexuais? paciencia, voce não quer casar com outro homem não case, questão sua, mas deixe ser feliz quem o quer ser, voce é católico e é contra o preservativo e educação sexual, então que seja, não o uso e não assista a aulas do genero, mas deixe fazer quem o quer, tá a perceber onde quero chegar?
Essas suas ideias de impor aos outros as suas ideias não ficam muito bem na sociedade do presente, já lá vão esses tempos obscuros da inquisição e do deus, patria e familia..
A Palmira não a conheço, mas o Bruno é interessante, sobretudo a sua história da lógica. De resto, em termos filosóficos, é pouco significativo... :)
Quanto à ciência do Bruno, deixa muito a desejar, dado os véus que tece para não "dizer a verdade", sobretudo no vídeo referido pela Palmira. Não devemos exagerar muito; ainda corremos o risco de regressar à Idade das Trevas pela mão do Bruno. :(
Pessoas como a Palmira Silva e o Armando Quintas não aceitam que ninguém questione os seus dogmas naturalistas e evolutionistas.
E depois têm a coragem de chamar os outros de dogmáticos!
O que está em causa, nesta discussão, é essencialmente a inexistência de evidências científicas conclusivas da evolução.
As mutações destroem a informação genética.
A selecção natural reduz essa mesma informação gradualmente.
O registo fóssil não tem evidência de evolução.
A evolução pura e simplesmente não aconteceu.
Essa é uma questão científica, mas que certamente tem implicações mais vastas.
No entantanto, os evolucionistas esquecem a questão científica da inexistência de evidências conclusivas da evolução e estão sempre a alertar para as hipotéticas e imaginosas implicações políticas socias do criacionismo…
O Armando Quintas tem um discurso ressentido sobre uma Igreja virtual, que ninguém sabe qual é.
Pelos vistos é a Católica. Mas existem muitos cristãos que não são católicos.
Além disso, muitos católicos têm fé na evolução.
Depois fala da virgindade de Maria. Qual é o problema com esse facto histórico?
Deus, que criou o Universo e a vida ex nihilo, não poderia ter usado uma virgem para o Seu Filho Jesus Cristo encarnar?
O que é que o impede de o fazer? Quem pode o mais, pode o menos. É só lógico!
Além disso, a Bíblia diz que para Deus não existe nada de demasiadamente difícil. Jesus multiplicou os pães e os peixes,transformou a água em vinho, curou doentes, ressuscitou mortos, etc.
Ele é o Criador! Ele não é um mero cientista, como os deste blogue, especialista numa pequena área do saber.
Ele é o Deus omnisciente e omnipotente.
O Armando Quindas diz que a sociedade deve garantir liberdade e direitos para toda a gente.
No entanto, se não existem valores absolutos, porque é que a liberdade deverá ser melhor do que o totalitarismo?
Se não existem absolutos, com que base é que podemos dizer que a Inquisição é má?
Em rigor, se não existem absolutos, então queimar hereges ou mandar 6 milhões de judeus para as câmaras de gás são apenas alguns entre muitos outros comportamentos igualmente legítimos.
É nisso que realmente o Armando Quintas crê?
O Armando Quintas está muito preocupado com o casamento dos homossexuais.
E porque não com a poligamia? Ou porque não com o casamento adultos e crianças? Ou entre homens e chimpanzés?
O filósofo vegetariano Peter Singer certamente acusaria o Armando Quintas de especismo, por discriminar os animais na sua concepção de casamento.
As sociedades podem e devem regular a unidade mais fundamental da sociedade: a família. Essa é sempre uma questão ética, que tem na base uma determinada visão do mundo.
Os cristãos, à semelhança do que sucede com os demais, têm a sua visão do mundo e têm todo o direito de a propor a generalidade dos cidadãos.
Ninguém está a impor nada a ninguém. Nas sociedades livres e democráticas, as ideias são livremente discutidas e depois vai-se a votos.
Quando muito, ao tentar estabelecer a suposta “Lei de Darwin”, a Palmira Silva é que queria impor o seu dogma evolucionista e “ilegalizar” toda a crítica.
E o dogmático sou eu?
O registo fóssil não tem evidência de evolução?
A evolução pura e simplesmente não aconteceu?
Ai ai ai, esses criacionistas...
Isso me lembra uma frase do saudoso Stephen J. Gould. Ele dizia:
"Um fato científico não é uma certeza absoluta, mas simplesmente uma teoria que tem sido confirmada em tal grau que seria perverso reter o consentimento provisório”.
Eu nem me vou dar ao trabalho de responder aos absurdos do perspectiva ou jonatas machado ou lá como se chama, já me fartei de o chamar à atenção mas é inutil, qualquer dia temos o homem a dizer que a terra é plana e que nunca ninguem foi à lua, já que diz que a evolução não existiu com a perola para porcos de que a mutação destroi a informação genética..
Enfim nao vale a pena, apelo apenas a todos os participantes deste blogue que ignorem o absurdo discurso so senhor perspectiva que só vem aqui debitar lixo ideologico criancionista dos esquizofrenicos adoradores de bonecos.
David:
Ainda não conhecia o perspectivas, o pen name criacionista do Jónatas Machado? Habitue-se, ele é sempre assim, a especialidade dele, como de todos os criacionistas, é mentir com quantos dentes tem.
faz aflição pensar que esta coisa estúpida que nem um calhau é professor universitário.
okay de direito, mas por isso tinha obrigação de saber que democracia não é equivalente a ditadura da maioria.
só mesmo um imbecil como o Jónatas podia sequer pensar que a ciência vai a votos, tipo vamos a votos para saber se depois de um desafio imune periférico, qual são as moléculas com mais vasto padrão de expressão a IL1beta, a TNFalfa, a IL6 ou ainda as moléculas MHC da classe I ...
Ou vamos fazer um referendo para saber se sim ou não os receptores A2A têm as suas maiores densidades nos gânglios basais, mas também se encontram no hipocampo, preferencialmente na componente pré-sináptica.
Haja paciência para a suprema estupidez destes fanáticos!!!!!
Realmente não conhecia o cara, mas vejo que ele é uma espécie de Sodré (criacionista brasileiro muito "famoso" no orkut) português.
Caro David:
Se esse Sodré:
1- mente continua e descaradamente;
2- continua autisticamente a insistir nas mesmas mentiras depois de se ter provado que são mentiras,
3- repete sempre os mesmos disparates copiados da "bíblia" criacionista (com palavras que não entende o significado)
4- não percebe o rídiculo e a prova provada da sua suprema estupidez agarrando-se criancionisticamente a coisas que lhe tentaram explicar mas que ele não tem nem inteligência nem conhecimentos para perceber, tipo a "Auto-organização de sistemas químicos"
5- é burro que nem um cepo
6- não tem um único neurónio que não esteja em sobrecarga evangélica
então é uma espécie de Jónatas, o palhaço criancionista português :)
Palmira:
Gostei do texto. Pela simplicidade da exposição, pela afirmação do sentimento de humildade com que a ciência deve ser encarada e… pela sintaxe mais cuidada.
O valor da ciência e do conhecimento limitado que produz advém-lhe da qualidade de actividade humana na busca de conhecimento cada vez mais plausível, como resposta às inquietações colocadas pela dúvida e pela ignorância. Produzir conhecimento limitado à custa duma trabalheira dos diabos é mérito inestimável, incomensuravelmente maior do que a mera recepção de conhecimento total e definitivo revelado por qualquer entidade divina. Apesar dos seus defeitos, o precário conhecimento científico produzido vai encontrando alguma utilidade prática, enquanto esse outro definitivo conhecimento revelado não mostra qualquer préstimo, pois nem um desengordurante eficaz na remoção dos irritantes depósitos na fritadeira das batatas nos coloca à disposição ou nos permite produzir.
Infelizmente, muitos cientistas julgam que a ciência produz verdades e não apenas conhecimento validado pela sua utilidade. Não se aperceberam, talvez, da incompletude, da parcialidade, da precariedade e, sobretudo, da incerteza do conhecimento produzido, cuja única consolação para a trabalheira que dá é a utilidade para a melhoria da qualidade da vida quotidiana. É a esses que se torna necessário recordar a humildade com que o precário conhecimento produzido deve ser encarado e o cuidado a ter com as suas aplicações, porque aos outros, aqueles que se consideram detentores do definitivo conhecimento revelado, tais chamadas de atenção são de todo infrutíferas. Além do mais, estes últimos, apesar de detentores de um conhecimento supimpa, não produzem bombas termonucleares nem organismos geneticamente modificados.
Por isso, parecem-me desnecessárias, puras perdas de tempo estéreis, as polémicas acerca do criacionismo, da existência de deuses, etc., para que você e outros autores do blog frequentemente resvalam. O combate a tais concepções deveria restringir-se à pretensão dos seus defensores em invadirem com elas a esfera pública laica, o espaço físico, cultural e político comum a todos e que deveria estar livre de imposições deste tipo. Assim como também me parece desnecessário o proselitismo com que o conhecimento científico é defendido, esquecendo a importância que a religiosidade, apesar das suas falácias, teve e continua tendo na organização da vida interior de muitos milhões de seres humanos. Esquecemo-nos facilmente de que o conhecimento científico não é acessível a tanta gente, que por isso se contenta com a imaginação de divindades e pauta as suas vidas pelas recompensas e os castigos que espera receber delas. A função da ciência é produzir sempre melhor conhecimento, não é atacar as concepções religiosas pessoais. Até porque a ciência ainda não se mostrou capaz de produzir escalas de valores éticos e morais, coisa que não existe na natureza e que resulta de pura construção humana, e esse é um dos campos ocupados pela religiosidade.
JC (o tal que não é o Cristo, nem tem crista e embirra com cristalizados, mas que por restrição do número de caracteres teve de assinar abreviado).
JC (o tal que não é Cristo):
permita-me discordar de uma coisa. O que o JC advoga, na linha de Napoleão, é que a religião é necessária para controlar a povinho analfabeto e bruto que sem o medo dos castigos de um deus inventado exactamente para os controlar desatava por aí a matar, roubar, violar, etc.. desenfreadamente.
Ou seja, deixa-os viver contentinhos na sua ilusão para não chatearem. Há imensa gente que pensa assim, que é necessário a religião para controlar a populaça, mas eu discordo que se deva colaborar numa farsa para esse fim. mas é uma questão de opinião, concordo, e de facto esta é a saída fácil...
Discordo em absoluto da necessidade da religião para qualquer sistema moral ou ético. Não é objectivo da ciência produzir tal sistema, mas as maiores arbitrariedades e barbaridades podem e foram cometidas quando isso se deixa à religião.
As regras de convívio em sociedade devem ser racionais e baseadas no respeito dos direitos humanos; não podem ser irracionais e baseadas na "vontade divina" interpretada à vontade por qualquer mullah, ayatollah ou papa!
Rita:
Ele é exatamente assim hehehe
Não me parece que a Palmira defenda que não existam verdades absolutas: pelo contrário, um cientista pretende precisamente aproximar cada vez mais o conhecimento humano de um absoluto, que se assume patente na repetibilidade dos fenómenos, na ordenação das coisas, na inteligibilidade da natureza.
Assim, julgo que a Palmira está simplesmente a defender o que, aparentemente, ilude muitos críticos da actividade científica: que um cientista não defende que a "sua" teoria é uma cópia verbatim dos mecanismos absolutos de funcionamento da natureza, mas meramente uma descrição rigorosa daqueles disponíveis à experimentação. Obviamente, a ausência de verdades absolutas traduz-se pela possibilidade de refinar ou refutar uma teoria.
Por último, não confundir a inteligibilidade da natureza com uma putativa inteligência desta. A primeira consiste na crença ou fé (as palavras não devem assustar) que um cientista tem na sua capacidade de desvendar a ordem natural, e na existência desta: perfila o tal sentimento religioso natural que Einstein defendia, e que não é normalmente admitido pelos cientistas, dada a carga litúrgica associada ao termo. Já uma hipotética inteligência da natureza assume que esta não só é ordenada, mas que é agente dessa ordem; será, nesta perspectiva algo enviesada e com meia dúzia de linhas, uma das bases para a religiosidade divina.
Assim, não é de surpreender que um dos principais objectivos da teoria de cordas seja demonstrar que o nosso Universo é o único possível ou, na sua impossibilidade, o mais provável: retira-se assim a necessidade de um agente activo para a ordem observada, que se torna um fruto da consistência matemática das leis da física. O que, como explicava o Prof. João Resina nas suas aulas, não infirma em nada a hipótese de Deus: para quem acredita, tudo é como é porque Deus quer: o Big-Bang, a selecção natural, a teoria de cordas, nós próprios.
Rita diz:
"...qual são as moléculas com mais vasto padrão de expressão a IL1beta, a TNFalfa, a IL6 ou ainda as moléculas MHC da classe I ..."
Seria necessário dizer aqui o que é que isso tem que ver com a questão da hipotética evolução de partículas para pessoas.
"Ou vamos fazer um referendo para saber se sim ou não os receptores A2A têm as suas maiores densidades nos gânglios basais, mas também se encontram no hipocampo, preferencialmente na componente pré-sináptica."
Também seria importante esclarecer em que é que tudo isso demonstra a evolução.
Rita diz:
"...qual são as moléculas com mais vasto padrão de expressão a IL1beta, a TNFalfa, a IL6 ou ainda as moléculas MHC da classe I ..."
Seria necessário dizer aqui o que é que isso tem que ver com a questão da hipotética evolução de partículas para pessoas.
"Ou vamos fazer um referendo para saber se sim ou não os receptores A2A têm as suas maiores densidades nos gânglios basais, mas também se encontram no hipocampo, preferencialmente na componente pré-sináptica."
Também seria importante esclarecer em que é que tudo isso demonstra a evolução.
Jorge disse:
"como dizia o Prof. João Resina nas suas aulas, não infirma em nada a hipótese de Deus: para quem acredita, tudo é como é porque Deus quer: o Big-Bang, a selecção natural, a teoria de cordas, nós próprios."
Fazer teologia com base em teorias científicas falíveis e provisórias e em muitos casos indemonstráveis não é um bom ponto de partida, especialmente quando essas teorias tem na base visões do mundo naturalistas que excluem Deus e a possibilidade da sua revelação à partida.
Jorge diz:
"Assim, julgo que a Palmira está simplesmente a defender o que, aparentemente, ilude muitos críticos da actividade científica: que um cientista não defende que a "sua" teoria é uma cópia verbatim dos mecanismos absolutos de funcionamento da natureza, mas meramente uma descrição rigorosa daqueles disponíveis à experimentação."
Que experiência permitiu concluir que a vida surgiu aleatóriamente
a partir de químicos inorgânicos?
Que experiência permitiu concluir que as espécies mais complexas evoluiram das menos complexas?
Que experiência permitiu concluir que um dinossauro se transformou em ave há 70 milhões de anos atrás?
A Rita é a carpideira evolucionista. A sua especialidade é gritos histéricos e insultos. Argumentos, esses, são raros.
A verdade é que se os criacionistas estão a deixar os evolucionistas tão nervosos, isso só pode querer dizer que estão a fazer qualquer coisa certa.
Seria muito interessante que a Rita explicasse o que é que a auto-organização dos sistemas químicos têm que ver com a origem das quantidades exponenciais de informação complexa e especificada do DNA.
É que nunca ninguém viu a auto-organização dos sistemas químicos produzir vida a partir da não vida.
A probabilidade de isso acontecer é virtualmente zero, como salientou Hubert Yockey, no seu livro: Information Theory and Molecular Biology, Cambridge University Press, 1992, p. 257.
"The origin of life by chance in a primeval soup is impossible in probability in the same way that a perpetual machine is in probability. The extremely small probabilities calculated in this chapter are not discouraging to true believers … [however] A practical person must conclude that life didn’t happen by chance.’
Caro Perspectiva:
Realmente, é complicado simular o início do Universo, ou a Evolução das espécies ao longo de milhões de anos. Também é complicado viajar a velocidades próximas da luz, ou intuir o comportamento de partículas subatómicas. No entanto, a Ciência faz-se. Se não por provas directas e demonstrações espalhafatosas em laboratórios, por recolha de indícios (fósseis de espécies e fósseis do Big Bang, como a radiação cósmica de fundo).
Se só acreditassemos em tudo o que vemos directamente, sem aceitar provas indirectas ou criar teorias que expliquem o que se observa, mesmo que não sejam trivialmente refutáveis, nunca teríamos ultrapassado a física Newtoniana: e aí não existiriam transístores, computadores e blogs onde discutir.
Rita diz:
"As regras de convívio em sociedade devem ser racionais e baseadas no respeito dos direitos humanos;"
Os insultos que a Rita dirige a quem dela discorda mostram que a mesma nãó é propriamente a pessoa mais autorizada para falar em direitos humanos.
Os direitos humanos só funcionam quando se respeita aqueles que discordam de nós.
Respeitar a dignidade e a liberdade daqueles que concordam connosco é fácil.
Respeitar a dignidade e a liberdade daqueles de quem discordamos é o verdadeiro teste à nossa capacidade de respeitarmos os direitos humanos.
Estes direitos baseiam-se na dignidade da pessoa humana. Esta baseia-se no facto de o homem ser criado à imagem e semelhança de Deus.
Se acreditarmos que o ser humano é mera poeira cósmica, o produto de um acidente, não temos razão nenhuma (para além de uma hipotética inclinação pessoal) para respeitar os direitos dos outros.
Foi a partir do momento em que a Europa redescobriu a Bíblia, na Reforma protestante, que começou a dar mais valor aos direitos humanos.
Os primeiros catálogos de direitos surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos, tendo muito deles sido elaborados por Puritanos.
A história das ideias e das instituições políticas ocidentais mostra que não existe contradição entre criacionismo bíblico, ciência e direitos humanos.
Caros,
Vejamos esta questão. Até agora a humanidade tem-se envolvido e desenvolvido em inumeros sistemas de pensamento, várias proposições sobre como viver, diversas filosofias e continuamos a achar que ainda não descobrimos a resposta última para as nossas contínuas quesílias. Há pessoas que se apresentam como dogmáticas e outras que não. As pessoas que não se apresentam dogmáticas, contudo, necessitam de uma base sobre a qual assentam os seus presssupostos de vida. Ao não querer ser dogmático tal como vêem outras pessoas serem, por certo terão de ser dogmáticos sobre o que crêem ser o seu ponto de vista da realidade. Ao evitar um, atraiem outro, isto porque é impossivel uma pessoa apresentar-se como neutra em qualquer posição. Dizer que não a uma coisa é dizer sim a outra. Procura-se rejeitar verdades absolutas e acaba-se a absolutizar outras questões. "Não" é um absoluto. "Sim" é um absoluto.
Agora, o homem em si mesmo não possui a verdade. O homem não poderia conceber a verdade. Contudo, se rejeita o que se diz ser a verdade (apresentada na Bíblia), terá de apresentar outra questão que passa a ser a sua verdade. Agora imaginem 6 mil milhões de pessoas a querer ter a sua própria verdade? É isto que entendem por diversidade?
O homem não possui a verdade. Os desastres humanitários, os holocaustos e tudo o que realmente não contribuiu para um melhor entendimento da realidade, estes foram perpetuados por aqueles que pensavam que tinham uma verdade. Porque ninguém faz coisas só porque sim. Se realmente foi algo muito grave, então quem realizou, vivia bem assente em dogmas que os seguiu até morrer. Aqueles que dizem não querer seguir dogmas, não estão isentos da responsibilidade. Porque realmente dizer que não a algo é dizer que sim a outro algo. O que falta saber é se continuamos a seguir o homem falível e não detentor da verdade ou se procuramos algo eterno e imutável.
Fiquem bem,
A Palmira diz:
"A essência da ciência, na realidade a essência de todas as verdadeiras formas de conhecimento,"
A Palmira parte do princípio de que existe uma essência da ciência. Onde é que ela está? Quem a definiu? Com base em que critérios? Então porque é que existem diferentes concepções acerca da ciência e do método científico? Porque é que alguns questionam a própria ideia de ciência?
"o questionar impertinentemente verdades consideradas inquestionáveis,"
É isso que os criacionistas fazem, quanto criticam o darwinismo. Fazem-no chamando a atenção para o facto de que o mecanismo funciona e de que não existe qualquer evidência de que tenha realmente funcionado.
"a procura contínua do erro e a rejeição de dogmas,"
Como é que se pode criticar o erro se se parte do princípio de que não existe uma verdade ou de que ela não nso foi revelada? É fácil estar de acordo em que 2+2=4.
No entanto, o mesmo 4 pode ser o resultado de 2+2, 3+1, 5-1, 9-5, 100-96, etc.
Os criacionistas e os evolucionistas têm os mesmos factos. Mas partem de premissas muito diferentes quando estudam as causas que lhes estão na origem.
"é de facto o único antídoto para a desumanização que advém de verdades absolutas."
Será que a Palmira tem a certeza absoluta do que está a dizer? Podemos mesmo confiar?
Jorge diz:
"a ciência far-se... por recolha de indícios (fósseis de espécies e fósseis do Big Bang, como a radiação cósmica de fundo)."
Estimado Jorge. Os fósseis das espécies dizem-nos, quando muito, como elas foram sepultadas. A fossilização abrupta das espécies nos cinco continentes é inteiramente compatível com a doutrina bíblica do dilúvio global.
Se esta doutrina for verdade, deveremos encontrar evidências de sepultamento abrupto e fossilização em larga escala. É justamente isso que encontramos.
A radiação cósmica de fundo é explicável com base noutros modelos, para além do Big Bang, incluindo por cosmologias criacionistas, como a a teoria dos buracos brancos do matemático e físico norte-americano Russell Humpheys.
Um mesmo fenómeno pode ser compatível com diferentes modelos, incluindo modelos criacionistas. Assim sucede com a radiação cósmica de fundo.
A mesma não pode ser usada contra modelos criacionistas que a integram e a explicam.
Os problemas da teoria do Big
Bang começam realmente quando se trata de explicar e interpretar a inflação, a origem de elementos médios e pesados, os desvios para o vermelho das galáxias, a formação das estrelas e das galáxias, a forma espiralada das galáxias, a distribuição das galáxias, a maturidade das galáxias supostamente antigas, os vestígios de supernovas, a matéria e a energia negras, a compatibilidade do Big Bang com a 1 e 2 leis da termodinâmica, etc.
Não é por acaso que Stephen Hawking, em sucessivas obras, reconhece que o modelo do Big Bang, apesar de ser a menos má das cosmologias naturalistas, não explica a origem das estrelas e das galáxias.
Se assim é, o modelo do Big Bang não explica este nosso Universo.
Sobre estas questões vale a pena ler:
Alex Williams, John Hartnett, Dismantling the Big Bang: God’s Universe Rediscovered
Este livro revela as fraquezas científicas e filosóficas no centro da teoria do Big Bang e as contradições internas a que o modelo conduz.
Numa linguagem tão clara quanto a matéria permite, o livro mostra a superioridade intelectual da história do Universo tal como apresentada na Bíblia, consistindo esta uma base fidedigna para pensarmos acerca do Cosmos.
Esta obra ensina a pensar o Cosmos com base na Bíblia, mostrando que as observações científicas só fazem realmente sentido quando interpretadas a partir dessa base. (346 pags)
John Hartnett, Starlight, Time and the New Physics,
Este livro pretende apresentar uma nova resposta para o problema da luz estelar distante.
Muitos ainda duvidam da cronologia bíblica porque, pensam eles, é impossível que a luz tenha chegado à Terra em apenas alguns milhares de anos a partir de estrelas que estão a milhões de anos-luz de distância.
Este erro de concepção é frequentemente um obstáculo à aceitação da mensagem Bíblica da Criação e, por arrastamento, da Salvação.
Utilizando conceitos da teoria da relatividade e modelos de dilação gravitacional do tempo, o autor mostra que é perfeitamente possível compatibilizar as observações astronómicas com o relato bíblico. (231 pags)
Muitos dos temas acima são triviais, outros estão abertos a discussão vigorosa; mas nenhum coloca um obstáculo à teoria do Big Bang, apenas exigem que se compreenda melhor o comportamento dos diversos constituintes do Universo, e o modo como interagem e se estruturam.
Entre os triviais: os elementos pesados ("acima" do ferro) não são formados no Big Bang, mas nas últimas reacções nucleares de estrelas moribundas, e disseminados graças às explosões das supernovas que se seguem.
Entre os debatidos: a estrutura de galáxias e outros aglomerados está relacionada com o comportamento da matéria escura, que ainda não é bem conhecido. A matéria escura não interage com a matéria "normal", mas serve como "semente" gravitacional para que esta última colida e se aglomere em estruturas. O modo como os dois tipos de matéria estão distribuidos após o Big Bang influenciará a formação de estruturas, mas não é possível negar a Grande Explosão com base em observações destas últimas.
De resto, não me parece adequado tentar impresionar os leitores com um conjunto de pretensos problemas cosmológicos, para os quais a maioria dos leitores não terá capacidade crítica... e para o qual o Perspectiva certamente não está habiltado, dada a sua formação académica.
Eu, por acaso, até a tenho. Pode chamar-lhe um argumento de autoridade, se quiser: eu também aceito a sua autoridade nos temas em que é mais versado, fruto do muito estudo que ambos dedicámos à nossa educação. O certo é que, no caso do Big Bang, não sabe do que está a falar quando invoca a inflação, a termodinâmica, etc.
Quanto ao livro que menciona, já o li no passado: as hipóteses que coloca para acomodar o problema do brilho das estrelas distantes são tão exóticas e inusitadas que não podem deixar de cair na categoria de "wishful thinking". Se o crivo da questão é a simplicidade de uma ideia, o Big Bang ganha por muito.
Entre outras coisas, Jorge diz:
"Eu, por acaso, até a tenho. Pode chamar-lhe um argumento de autoridade, se quiser"
Estimado Jorge, não quero menospresar a sua autoridade, Mas não me impressiona.
Se Stephen Hawking, George Ellis ou Roger Penrose são os primeiros a afirmar que o Big Bang não explica a origem das estrelas e do sistema solar não sei qual seria o valor acrescentado da sua autoridade.
Com o devido respeito, dispenso.
O próprio Fred Hoyle sempre rejeitou o modelo, por considerar que o mesmo pura e simplesmente não funciona.
"Se o crivo da questão é a simplicidade de uma ideia, o Big Bang ganha por muito."
Tudo bem. O Big Bang pode ser simples, mas não funciona. De nada adianta a simplicidade de uma ideia que, como o Big Bang, não explica a origem do hipotético "ovo cósmico", a sua hipotética inflação, o mecanismo que fez parar essa inflação, a origem das estrelas, das galáxias ou do sistema solar. Ainda assim, se acha que isso explica o "universo" que existe na sua cabeça, tudo bem. Mas o Big Bang diz mais acerca do que se passa realmente na sua cabeça do que no Universo.
Se o Big Bang não explica os mais importantes aspectos do Universo em que vivemos, porque é que é mais científico do que dizer que o Universo foi criado por Deus?
Mas já que o Jorge, na sua ingenuidade, dá tanto valor ao argumento de autoridade, é bom ver o que algumas autoridadades dizem sobre o Big Bang:
"Big bang cosmology is probably as widely believed as has been any theory of the universe in the history of Western civilization.
It rests, however, on many untested, and in some cases untestable, assumptions.
Indeed, big bang cosmology has become a bandwagon of thought that reflects faith as much as objective truth."
Burbidge, G., 1992. "Why only one big bang?" Scientific American, 266(2):96.
Veja-se o físico Paul Davies, The Edge of Infinity:
“[The big bang] represents the instantaneous suspension of physical laws, the sudden abrupt flash of lawlessness that allowed something to come out of nothing. It represents a true miracle…”
O Big Bang trata da evolução macroscópica do Universo, logo não é suposto explicar a origem do Sistema Solar, que é uma estrutura local; sobre isto, interessará, quanto muito, a relação entre a matéria negra e a normal no início do Universo.
Já agora, gostava de saber onde é que o Hawking ou o Penrose criticam tão asperamente o Big Bang? É que, a propósito da descoberta de inhomongeneidades na radiação cósmica de fundo (esta, considerada um "fóssil" do Big Bang; as inhomogeneidades permitem compreender como é que dessas ligeiras flutuações se desenvolveram as estruturas actuais), Hawking disse que era "the scientific discovery of the century, if not all time".
E, obviamente, tanto um como o outro produziram trabalhos de enorme valor científico sobre a suposição de um Big Bang... talvez não sejam assim tão críticos, embora admitam alterações. O próprio Hawking, aliás, sugeriu um modelo em que a singularidade do Big Bang é eliminada, no contexto de uma unificação da Relatividade Geral com a Mecânica Quântica.
Existem muitas outras ideias, como o modelo ekpirótico, em que membranas embebidas num espaço a cinco dimensões vão colidindo com a nossa, dando origem a um ciclo (muito Brahmico) de Big Bangs sucessivos, etc... É natural e necessário procurar mais além, e expandir assim o conhecimento existente. Mas, independemente disto, é patente (pela maioria esmagadora da comunidade científica, incluíndo os ditos físicos) que o modelo do Big Bang é a proposta mais bem conseguida na explicação dos fenómenos a que temos acesso.
Quanto ao Hoyle, o Perspectiva poderia comunicar aos leitores que o seu modelo alternativo ao Big Bang, o de um Universo estacionário, falhou espectacularmente todos os testes observacionais: não explica a radiação cósmica de fundo, a lei de Hubble, etc...
Também o Paul Davies sofre do mesmo síndroma: tem papers fulgurantes, mas não publica nada de jeito desde o final dos anos 80. Vá ao ISI e ordene por referências, é simples... Idem para o Burbidge, que continua a bater na teoria do Big Bang (agora já não com um Universo estacionário, mas quasi-estacionário), mas cujo último artigo de impacto remonta a 1957.
Mas pronto: se recorrer a indicadores estatísticos e basear-me naquilo que estudei é um argumento ingénuo e de autoridade, fique lá com a bicicleta!
Estimado Jorge
Stephen Hawking considera o Big Bang o modelo mais perfeito. No entanto, o mesmo afirma em várias das suas obras que o mesmo não permite explicar a origem das galáxias e das estrelas.
De facto o modelo steady state do Fred Hoyle não explicava muitas coisas, desde logo porque postulava a produção inexplicada, contínua e espontânea de hidrogénio algures no Universo.
O único modelo que funciona é o da criação do Universo em 6 dias, por um Deus omnipotente e omnisciente.
De resto, mesmo o Big Bang afirma que, mediante a inflação, a origem do Universo foi instantânea, tendo (de acordo com alguns modelos) o Universo atingido a dimensão da Via Láctea em 1^-35 segundos!!
Um dos problemas é que não se sabe o que é que causou a explosão, a inflação, a paragem da inflação, etc.
Na verdade, o Big Bang também tem o seu problema da velocidade da luz, chamado "problema do horizonte", que a conjectura da inflação, proposta por Alan Guth em 1981, procurou resolver, dando origem a mais perguntas do que respostas.
Presentemente existem muitos modelos de inflação, todos eles cheios de dificuldades.
O mecanismo da inflação é desconhecido, muitas previsões desses modelos são desmentidas pelas observações, para além muitos aspectos do modelo nem sequer serem testáveis cientificamente.
Refira-se apenas que os criacionistas sabem bem que a dita explosão do Big Bang não é uma explosão no sentido convencional, pretendendo ser uma rápida expansão do espaço em si mesmo a partir de um ponto de infinita densidade, ou singularidade (cuja origem não é pura e simplesmente explicada).
Isto, para além de o Big Bang ser uma flagrante violação da lei da conservação da energia, sendo por isso cientificamente impossível.
De resto, como disse, os próprios astrónomos reconhecem que existem galáxias maduras em pontos do espço/tempo em que se esperaria que elas estivessem em fases iniciais de "evolução" cósmica.
É claro que, apesar de todos os buracos no modelo, o Jorge pode continuar a ter fé na doutrina naturalista do Big Bang.
Os criacionistas têm fé na doutrina bíblica da Criação.
Nota:
Os criacionistas bíblicos não estão sozinhos quando sugerem que (na semana da criação) a velocidade da luz não foi constante.
Na literatura não criacionista essa possibilidade tem sido ventilada:
Albrecht, A. and Magueijo, J., Time varying speed of light as a solution to cosmological puzzles, Physical Review D (Particles, Fields, Gravitation, and Cosmology) 59(4):043516-1–043516-13, 1999.
Clayton, M. and Moffat, J., Dynamical mechanism for varying light velocity as a solution to cosmological problems, Physics Letters B 460(3–4):263–270, 1999
Os criacionistas pura e simplesmente não acreditam na teoria da evolução, nem consideram que existe evidência suficiente neste sentido.
Na verdade, muitos evolucionistas consideram que não existe evidência de evolução do macaco para o homem, propondo agora uma evolução em sentido inverso.
Nisso se consubstancia a chamada "revolução do bipedalismo".
Seria interessante ouvir o Jorge sobre o assunto.
Com efeito, seria muito interessante saber se o Jorge defende a teoria da evolução de primatas para seres humanos, ensinada nos últimos 150 anos, ou se se inclina para as novas teorias da evolução, segundo as quais os macacos é que evoluiram (através de perda de função) a partir de hominídios que já andavam de pé.
Que pensa acerca desta interessante questão? Que pensarão Palmira Silva ou Paulo Gama Mota?
Como seria interessante ouvi-los!
Esses novos dados científicos, apontando para a evolução dos chimpanzés e dos orangutangos a partir de hominídios, podem ser lidos em:
http://www.eurekalert.org/pub_releases/2007-10/plos-nfs100907.php
O Jorge pergunta:
“Já agora, gostava de saber onde é que o Hawking ou o Penrose criticam tão asperamente o Big Bang?”
Eles não criticam asperamente o Big Bang.
Limitam-se a dizer que é a melhor teoria que têm, apesar de reconhecerem que não funciona.
A única que funciona, a criação do Universo e da Vida em 6 dias por um Deus eterno, infinito, omnisciente, omnipotente, vivo, pessoal e racional é considerada demasiado simples e infantil para ser verdade.
Daí que prefiram uma teoria feita por eles, mesmo que não funcione.
Mas eu dou-lhe as referências:
Hawking, S.W., The Illustrated a Brief History of Time, Bantam Books, New York, 1996, 154 ss.
“This [big bang] picture of the universe that started off very hot and cooled as it expanded is in agreement with all the observational evidence we have today. Nevertheless it leaves a number of important questions unanswered … (2) Why is the universe so uniform on a large scale? Why does it look the same at all points of space and in all directions?’ (p154 ss.)
‘(4) Despite the fact that the universe is so uniform and homogeneous on a large scale, it contains local irregularities, such as stars and galaxies. These are thought to have developed from small differences in the density of the early universe from one region to another. What was the origin of these density fluctuations?’ (156)
Sinto muito pelo imenso comentário, mas creio que o conteúdo compensa o tamanho.
E se eu morrer sem saber de um Deus?
Qual a diferença entre saber se a vida é uma realidade ou uma ilusão? Saber se Deus existe ou não? Aproveitarei minha morte mais feliz sabendo que vou para o inferno ou se virarei matéria orgânica?
A Ciência questiona e vê de forma inovadora a natureza, de modo que essa pode ser um recurso de descobertas, que levam a tecnologias que aprimoram o bem-estar humano e nossa compreensão do mundo; Em palavras simples, por questionar, a ciência evolui, fato que não acontece com nenhuma religião, que sempre estará atada a um livro de sabedoria suprema, rituais ou conhecimentos herdados oralmente.
Já a Religião oferece um amparo que toma o lado espiritual (logicamente!), por oferecer asas a imaginação nata do ser humano, por querer respostas, não explicações - por querer, acima de tudo, pertencer a algo, de acreditar em algo imutável, digno e supremo; algo certo. Em palavras mais simples, a Religião é um lar, um abrigo seguro, algo que não o faz a Ciência.
A Ciência é o Futuro; a Religião, o Passado. Sabemos se são verdadeiro, se não são ilusões? Não. Mas viver no presente é impossível. Se você pensa, toma lugar no futuro; se lembra, toma lugar no passado.
Assim, chego onde queria apontar desde o início (Isso é filosofia minha, qualquer semelhança(ou contrariedade!) com estudos científicos ou preceitos religiosos é mera coincidência!!): Uma matéria é o complemento da outra. Não descobrimos algo sem acreditar, e nem acreditamos dignamente em algo sem antes nos "iluminarmos". Assim como cientistas sem religião, que negam de pé junto que nada mitológico existe, fazem de sua ciência sua religião, existem os religiosos que fazem de sua religião uma ciência. Certo? Errado? A pergunta é outra:
Qual diferença isso faz?
Quando levamos algo muito a sério, perdemos a noção de realidade desse mesmo algo.
E se um dia descobrirem que Deus não existe? Ou se descobrirem que o mesmo é comprovadamente verdadeiro? - Se, com isso, morrermos por causas piores, de mazelas mais impiedosas, que benefício isso trará?
O conhecimento, seja ele científico ou religioso, só tem utilidade quando atrelado ao bem-estar humano. E, assim como a confirmação de um Big Bang pode levar a descobertas úteis para nós, também o faz os ensinamentos da Religião, que nunca serão inteiramente entendidos - Assim como o Universo.
E, para terminar, me desculpo novamente pelo tamanho impróprio e indelicado da mensagem, e parabenizo aos neo-filósofos donos desse .blogspot pelo excelente trabalho que fazem!
Seria engraçado notar que nessa temática das "Duas Culturas" a religião ocupa o mesmo espaço dos ditos "literary intellectuals"?
E, a propósito, a ideologia do nosso querido "Bruno" é bem interessante, sim!!
Continuem com o bom trabalho, equipe do DeRerumMundi!
#hatersgonnahate (desculpa, o jargão não me largo enquanto eu escrevia esse "pequeno" comentário) :D
http://sodregoncalves.rede.comunidades.net/ atualização em Criacionismo
Aproveitando que me citaram , convido vcs pra me refutarem ou continuarem a apenas falar mal sem ter nenhum argumento
1. Publicação cientifica na qual se enfatiza que a repetição morfológica dos fósseis em 71% só pode, estatisticamente, revelar uma catástrofe que sepultou ancestrais criados tipos básicos que aparecem tambem prontos no registro fóssil https://www.academia.edu/Documents/in/Catastrophic_Geomorphology
2. http://entropia.comunidades.net/teoria-do-neocatastrofismo-de-impactos-sodre-neto
A presença de crateras primas de impacto na terra e na lua requer bel de asteroides , sendo que os mesmos provocariam alem de todo cenario sedimentologico existente, o decaimento rápido radioativo envelhecendo rochas em apenas um segundo
3. A TE influenciou no assassinato de milhões de pessoas ao "fundamentar " que alguns orgãos anatômicos do corpo humano não têem função, permitindo assim uma verdadeira farra de cirurgias sangrentas repletas de sequelas ...CORRIJA A CIÊNCIA COM MEU ARTIGO DE REVISÃO http://tdibrasil.org/index.php/2019/12/20/as-multiplas-funcoes-do-apendice/
http://tdibrasil.org/index.php/2019/12/20/as-multiplas-funcoes-do-apendice/
Só pra atualizar , se algum link acima não funcionar os mesmos artigos estão no www.jornaldaciencia.com.br e tem um especial que em 1 minuto um dos maiores cientistas da atualidade parece refutar totalmente o evolucionismo (gastem 1 minuto e confiram!!! )
https://posgenomica.wordpress.com/2021/07/18/um-dos-maiores-cientistas-da-atualidade-decreta-o-fim-da-polemica-criacionismo-versus-evolucionismo/
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