sábado, 12 de janeiro de 2008

As leis do acaso

Por mero acaso, descobri hoje que o nosso leitor e comentador João Sousa André (JSA) pedia-me no Estação Central para transcrever a quinta frase completa da página 161 do livro mais próximo. Com um «ligeiro» atraso, peguei no livro que estou a ler (e recomendo) que trata exactamente do acaso, ou mais concretamente das leis que o regem: «The Physics of Chance, from Blaise Pascal to Niels Bohr», de Charles Ruhla, numa edição de 1992 da Oxford University Press, traduzida do original francês por G. Barton e com prefácio de Alain Aspect.

A requisitada frase, integrada no capítulo «Bohr, or chance unavoidable», não se percebe muito bem fora do contexto, em que o autor recorre à proverbial sabedoria de Monsieur de la Palice e às suas eventuais lucubrações sobre uma experiência de interferência de luz, para falar sobre a questão da causalidade que tanto baralha o comum dos mortais (na experiência, aparentemente o efeito precede a causa, contrariamente ao que acontece para uma onda ou para uma partícula):

«I conclude that light is neither wave nor particle; it behaves neither like waves in the sea nor like particles fired from a gun, nor like any other kind of object that I am familiar with».

O livro é demasiado interessante para se reproduzir apenas uma frase descontextualizada, nomeadamente o primeiro capítulo do livro é assaz oportuno quando no De Rerum Natura assistimos a uma discussão muito participada sobre o que é a ciência. Assim, não resisto a mais uma colherada (agora alheia) no debate. O livro inicia-se com o capítulo «Os filhos de Demócrito (previsão em ciência)» em que o autor tenta responder às duas questões filosóficas que têm ocupado o Desidério e o Ludwig: o que é e como funciona a ciência?

A resposta à primeira questão é o subcapítulo «Previsão= ciência» de que traduzo os primeiros parágrafos.

«Pensa-se muitas vezes que a ciência é uma explicação do mundo. Apesar de este ser um aspecto importante, não é o mais característico: a prioridade máxima em ciência é a previsão.

Como exemplo, consideremos os eclipses, recordando que algumas civilizações primitivas os interpretavam como acções de uma divindade maligna, inimiga do [deus] Sol. Esta interpretação é certamente uma explicação mas não gera previsões por isso não é ciência. Em contraste, a civilização caldaica observou que os eclipses ocorrem com um intervalo regular de 18 anos, chamados o ciclo de Saros. Este ciclo não explica mais do que é implicado pela noção de regularidade, mas, por outro lado, fornece um método muito efectivo de previsão. Consequentemente já é parcialmente científico, embora no seu nível mais elementar, aquele do mero empirismo. Desde então, aprendemos a fazer bastante melhor.»

O autor continua apontando que embora o objectivo principal da ciência seja a capacidade de previsão, os modelos construídos para essa finalidade nos oferecem o conhecimento científico como «um muito fascinante sub-produto». Estes sub-produtos fascinantes, segundo o autor, dão origem a mais questões filosóficas, nomeadamente em relação ao que representam.

Para uma escola de pensamento, o realismo de Einstein, o modelo, muitas vezes matemático, especialmente nas ciências físicas de que trata o livro, é uma imagem de algo que existe realmente. A imagem em si é reconhecidamente imperfeita, mas o facto de o modelo funcionar indica a existência de uma realidade objectiva independente do observador. Noutras palavras, esta posição significa que eu acredito na existência de meteoros mesmo que nenhum me aterre na cabeça.

A escola de Bohr pretende que o único papel do modelo é estabelecer relações entre entidades observáveis mas que não pode confirmar nem negar a existência de uma realidade objectiva independente do observador. Mas, segundo o autor, é mais ou menos irrelevante que os significados dos modelos sejam contraditórios para ambas as escolas, uma vez que ambas contribuem para o avanço da ciência, o que realmente importa. Assim, não interessa muito se quem faz ciência considera que os modelos que produz são ou não representações da realidade uma vez que todos aumentam o conhecimento científico com ferramentas de previsão.

Justificando o título do capítulo, Charles Ruhla continua explicando que os cientistas, herdeiros do Demócrito que considerava que tudo o que existe no Universo é produto do acaso ou da necessidade, desenvolveram essencialmente dois métodos de previsões, dando origem a teorias deterministas e probabilísticas. O livro foca-se nas últimas teorias, ou seja, o que são e como foram estabelecidas as leis do acaso.

E já que estamos n'«O Acaso», vale a pena ler o livro publicado pela Gradiva, claro, em que Joaquim Marques de Sá aborda as leis do acaso, omnipresentes na natureza e na vida quotidiana, e nos fala das «possibilidades e limitações da aprendizagem das leis de um universo imerso em acasos».

E esperemos por reacções sobre esta definição, por acaso muito simples, de ciência, que basicamente nos diz que é ciência apenas o que nos permite fazer previsões (efectivas) e que nos dá uma forma igualmente simples de distinguir ciência de superstição, ideologia e pseudociência.

15 comentários:

Anónimo disse...

Se ciência é apenas o que nos permite fazer previsões (efectivas) então o tarot e a estrologia são ciência.

No caso do "lançar cartas" em que o acaso tem um papel relevante então ainda mais ciência é. Possivelmente é um campo interessante descobrir as leis do acaso que regem o tarot.

Bom Sábado... ;-)

Unknown disse...

Oh Antóno Parente:

Nem tarot nem astrologia fazem previsões efectivas.

Não se percebe o que quer dizer com a segunda parte do comentário.

Mandar uma moeda ao ar é ciência? Não é por algo ser governado por leis do acaso que é ciência, ciência é descobrir essas leis, fazer um modelo que nos diga com que probabilidade um determinado evento ocorre.

Gostei mais desta definição de ciência do que de todas as que já por cá vi :)

AGC disse...

Não me parece que ciência seja "apenas" o que nos permite fazer previsões. A função da ciência é compreender e explicar e em alguns casos aliás muito limitados (geralmente o curto prazo)fazer previsões. Entenda-se aqui o conceito de previsão ligado a um conceito de tempo. O tempo físico p. ex. não contém nenhuma distinção entre passado e presente.

Anónimo disse...

Oh Pedro

Desculpe mas se consultar uma especialista em tarot ela fará uma previsão sobre a sua vida futura. Poderá falhar mas não deixa de ser uma previsão efectiva.

E a especialista em tarot fez essa previsão porque retirou aleatoriamente uma carta. Porquê essa e não outra? Que lei governa o acaso do tarot? Qual a probabilidade de sair aquela carta e não outra? Há um número infindável de questões que a ciência pode investigar e explicar.

Quanto à definição de tarot como ciência, considero-a ao nível da meterologia: interpreta os sinais, faz previsões mas nem sempre acerta.

São estas as conclusões a que me conduzem o artigo da Palmira. Por isso não gosto da definição de ciência que foi apresentada. E o exemplo do tarot foi a forma metafórica que encontrei para mostrar o meu desacordo.

Unknown disse...

Não percebo porque é que quer o António Parente quer o agc confundem ciência com futurologia. O António Parente num grau mais avançado que o agc...

Capacidade de previsão não é capacidade de previsão do "futuro"; é por exemplo a capacidade de previsão do comportamento de corpos, macroscópicos ou não, etc..

Os vossos computadores não funcionavam (o hardware, o sofware é outra coisa) se não tivessemos modelos de previsão do funcionamento de uma junção p-n, etc.

E o texto não diz que a ciência é apenas previsão: diz que apenas é ciência o conhecimento que nos permite prever algo, como circula o sangue no AP, o efeito de dar um empurrão a uma esfera em cima de uma mesa, etc..

Desidério Murcho disse...

Esta definição de ciência não funciona, pela simples razão de que muitas tretas que não são ciência têm sucesso previsivo, e muitas coisas que são ciência não têm sucesso previsivo.

No primeiro caso está o conhecimento, nada sistemático nem profundo, do agricultor empírico -- ele sabe prever várias coisas com elevado grau de acerto, mas não faz a mínima ideia da razão pela qual as suas previsões acertam. O que faz a diferença, para que uma previsão seja científica, é essa previsão estar baseada numa boa explicação da natureza das coisas que estão em causa.

No segundo caso, estão muitas teorias científicas erradas, que erram precisamente em algumas previsões, acertando noutras. A teoria de Newton é com certeza científica; mas falha em algums previsões cruciais.

Além disso, a matemática não faz quaisquer previsões. Permite fazer previsões, mas os matemáticos não andam por aí a prever coisas. E se a matemática não é ciência é o quê? Já alertei mais de uma vez para o erro de usar a palavra "ciência" como sinónimo de "ciência empírica", esquecendo as ciências puras ou formais.

Quando procuramos uma definição de algo, se o fizermos cientificamente (estou a ser parcialmente irónico), temos de ter precisamente os mesmos cuidados epistémicos que os cientistas têm quando fazem qualquer afirmação sobre electrões. Entre outras coisas, temos de procurar activamente contra-exemplos e objecções.

Infelizmente, alguns cientistas deitam às urtigas o cuidado epistémico que caracteriza a ciência quando desatam a fazer filosofia ingénua, sem se dar também ao incómodo de estudar com cuidado uns livritos de filosofia.

Esta é uma das marcas do cientismo: dado que se considera que a Ciência (com maiúscula) esgota tudo o que é conhecimento sério, não vale a pena um Cientista (com maiúscula) dar-se ao trabalho de estudar filosofia, mesmo que esteja a tratar de temas filosóficos.

O que me leva a pensar que devia ser obrigatório ensinar filosofia a sério a todos os cientistas. :-)

Unknown disse...

AP:

Não sei quantas carts tem o tarot, se tiver 52 e o baralho não estiver viciado a probabilidade de sair uma qualquer carta é 1/52.

Se tirar duas cartas, sem reposição, a probabilidade de sairem duas especificas, um ás de espadas e um seis de copas, por exemplo, é

1/52*1/51= 5,88 %

não há sinais nenhuns a interpetrar mas as contas são muito fáceis :)

Anónimo disse...

Pedro

O que eu quis dizer, e reconheço que não o fiz de forma competente, está escrito no primeiro parágrafo do comentário do filósofo Desidério Murcho.

Discordo da definição de ciência exposta no artigo e considero que não salvaguarda a diferença relativamente á superstição, ideologia e pseudociência. Na minha opinião é uma definição fraca.

AGC disse...

Caro Pedro
Eu não confundo ciência com futurologia. Prever não é determinar o que acontece no instante t a uma esfera lançada num plano inclinado. Eu referia-me às previsões projectadas no futuro que se fazem em ciência usando modelos determinísticos ou probabilísticos. A não ser que ache que as previsões climáticas, meteorológicas ou em economia, etc sejam futurolgia do tipo do tarot ou da astrolgia.
A ideia de que a função da ciência é prever é uma ideia do cientismo triunfalista do século XIX, hoje abandonada pela ciência moderna. De resto não constitui critério suficiente de demarcação etre ciência e não ciência.

Armando Quintas disse...

Desidério Murcho disse...

"O que me leva a pensar que devia ser obrigatório ensinar filosofia a sério a todos os cientistas"

Eles deveriam aprender não só filosofia mas tambem história sobretudo história da ciencia, há 1 paradigma moderno que se chama da compartimentação e espartilhar do conhecimento e o pensador Edgar Morin alertou há uns anos os perigos dessa questão, há muitos cientistas que podem saber muito sobre a sua area mas são analfabetos em tudo o resto e por vezes com muita falta de civismo, os médicos são uma dessas classes tipo, podem saber muito sobre a sua arte mas burros até dizer chega noutras areas.
O excesso de especialização sobretudo para quem vive para o curso ou para o trabalho pode apagar os restantes conhecimentos, requere-se uma solida cultura geral.

Já quanto à filosofia em si, eu acho que muitos se afastam da mesma por diversos motivos como a falta de temas actuais, a filosofia deixou de estar na vanguarda do pensamento, nas escolas ensina-se sobretudo historia da filosofia e não filosofia, debate-se com questões morais menores e não com grandes questões mundiais como a sida, a fome no mundo e as guerras e porque depois usa-se linguagem demasiado erudita ou pseudo erudita e questões superficiais e por ultimo os filosofos na sua torre de marfim, a sociedade vê a filosofia hoje como se via a escolástica no sentido de não trazer nada de novo, posso estar enganado mas parece-me esta a visão que a sociedade tem e eu tambem tenho.
Quando estudei filosofia no liceu pensava que ia estudar questões actuais e no fim deparei-me a estudar escolasticas de santo anselmo e o seu intragável proslogion e teorias da saudade de joaquim de carvalho que tambem achei outra coisa bafienta, superficial e sem critério nenhum um texto puramente ideologico baseado em opiniões e sensos comuns onde o autor poderia ter recorrido à história e não o fez, o que safou foi o gorgias e depois havia uma enorme falta de tempo sobretudo e alguma falta de experiencia dos professores em abordarem os temas actuais de uma forma solida, consistente e organizada, por não estarem habituados a fazerem e por não terem tempo porque a ditadura do programa escolar nunca o permite, e passa-se 12 anos de ensino escolar a estudar muita palermice e futilidade como na disciplina de lingua portuguesa e muita vezes o que interessa não se aborda..
Se a filosofia não mudar e não mudar o modo como as pessoas a vê está condenada a sair dos programas escolares e a ter o mesmo destino que a escolástica, ainda que injustamente e eu defendo o seu ensino ainda que reformulado pois ela é importante.

AGC disse...

O Desidério tem razão. Porém não sei se "deveria ser obrigatório" ensinar Filosofia aos cientistas. Tudo o que é obrigatório deixa de ser apelativo. Como a velha disciplina de ciências pedagógicas que outrora era obrigatório tirar para seguir um carreira no ensino secundário. Fazia-se aquilo porque era preciso, não porque fosse necessário.
O problema é que se ensinam as disciplinas centíficas como se não tivessem passado. Não se ensina pintura, música ou literatura sem introduzir a história da arte, da música ou da literatura. Pior, ensina-se História sem nela integrar a História da Ciência.
Fala-se muito hoje no problema das saídas profissionais para os bacharéis,mestres e doutores em ciências. Os físicos querem uma carreira de investigação em física, os biólogos em biologia, os geólogos em geologia, etc. A par do ensino daquelas áreas científicas as universidades deveríam ter a preocupação de ensinar os seus estudantes a pensar, ...com rigor na linguagem falada e escita, com precisão na definição dos conceitos, com disciplina no uso da razão e ... ao mesmo tempo com imaginação e criatividade. E seria por aí que se poderia introduzir com sucesso o ensino da Filosofia.
Qualquer diplomado em qualquer ciência poderia apresentar-se declarando: - a minha principal aptidão é saber pensar e abordar problemas complexos.
Não faltariam empregos.

Nando disse...

"Qualquer diplomado em qualquer ciência poderia apresentar-se declarando: - a minha principal aptidão é saber pensar e abordar problemas complexos."

Caro AGC; concordo com o seu comentário, mas passou por cima de um pormenor: infelizmente, muitos dos diplomados em ciências estariam a mentir, se se apresentassem como propõe.

Em relação ao que o Armando diz, também concordo com a ideia, mas discordo da necessidade: conheço muitos colegas físicos cuja cultura geral nem sequer para meio minuto de concurso de perguntas na RTP dá, e que acham que o Popper é a tradução do Popeye em alemão; no entanto, são excelentes investigadores, já que produzem muitos artigos com valor e citações, abordando temas interessantes e actuais.

Parece-me, isso sim, que a actividade científica já alcançou o patamar de profissão "normal", isto é, aquela que se pode desempenhar por repetição de rotinas rigorosas, sem grande intervenção da reflexão. Bom ou mau, tal dever-se-á em grande parte à complexidade de muitas investigações, que obrigam a um prolongado trabalho de sapa, diminuindo o tempo de reflexão: a produção de um artigo científico passa bastante bem sem considerações filosóficas, mas está condenada se não incluir uma atenção extrema a inúmeros pormenores técnicos (verificação das aproximações utilizadas, garantia de replicação, regime de validade da teoria aplicada, etc.).

Nada disto deve ser entendido como uma visão "cientista" (invocando o Desidério Murcho) da ciência ou do conhecimento em geral, mas como uma triste constatação: o grosso dos profissionais da ciência não se preocupa com os fundamentos epistemológicos do que faz, como a maioria dos contabilistas não questiona a validade das teorias economicistas quando faz um balanço de contas, nem os atletas velocistas se interrogam sobre a imortalidade da alma quando correm para um recorde mundial. Obviamente, a filosofia é essencial para a ciência, como para muitas outras profissões; infelizmente, nem uma orientação dita "profissionalizante" do ensino tem isso em conta (aprendi mais com a "História da Filosofia Ocidental" do Russell que em todas as aulas de Filosofia do Secundário). Mas, mais que melhorar o produto, valoriza o produtor, permitindo-lhe perceber não só o que faz, mas porquê e como.

AGC disse...

Caro Jorge
Eu não saltei por cima do pormenor que refere. Se voltar a ler o que escrevi verá que usei o condicional.
O que o Jorge diz sobre os cientistas e a rotina como fazem ciência sem grande intervenção da reflexão crítica, aplica-se a quase toda a gente cuja actividade é um trabalho que visa fazer uma carreira, incluindo os licenciados em Filosofia, em História ou noutras Humanidades. Pensar para além do imediato das preocupações do curiculo e da carrera, é um estado de alma, o resultado de uma inquietação ou de uma maior sensibilidade. Tudo pode ser ensinado mas nem todos aprendem. Muitos só chegam lá quase no Outono da vida. Não é por acaso que correntemente se acha que as preocupações filosóficas são um sinal de velhice. Nem é por acaso que um doutor em física se intitula físico, que um doutor em biologia se intitula biólogo e nenhum doutor em filosofia se intitula a si próprio de filósofo.Ele só será um filósofo se como tal for reconhecido pelos outros.
De resto, entre nós, a tradição da reflexão crítica é muito fraca. Arrastamos um lastro muito pesado de mentalidade dogmática e incrítica que vem da noite dos tempos e de que ainda nos não livrámos. O António Sérgio passou a vida a lutar ontra isso.Eu (que certamente sou bem mais velho que o Jorge) lembro-me bem dos tempos em que se achava que pensar (com independência de espírito, já que não existe outra forma de pensar)era imprudente, insensato e perigoso, ou então o luxo para os que podiam viver de rendimentos ou de uma profissão liberal. E, relativamente à ignorância dos outros sejamos benevolentes. Só vale a pena ser intolerante com a nossa própria ignorância.

AGC disse...

Gostaria de voltar à questão de que o objectivo da ciência é prever. É verdade que no início do século XIX a física teórica e a mecânica celeste tinham coseguido sucessos que deram lugar à crença de que a ciência permitia ou dveria permitir prever. Foi o caso da previsão da passagem do cometa Haley no século XVIII bm como o da previsão da existência de Neptuno em 1846. Mas sabemos hoje que, mesmo neste domínio não sabemos prever onde estará a Terra ou a Lua daqui a alguns milhões de anos. Mesmo nestas disciplinas onde a ideia de previsibildade registou os maiores sucessos admite-se hoje que a previsibildade tem apenas um alcance limitado.
Mais recentemente as teorias do caos vieram confirmar a falência deste ideal de previsibilidade absoluta. Afinal toda a gente sabe que o futuro não é previível. E limitando-nos à ciência, os biólogos, os geólogos e os sociólogos sabem que tratam de sistemas de uma tal complexidade que nunca (ao contrário dos físicos)alimentaram grandes ilusões de previsiblidade. As suas ciências são explicatvas e não predictivas.

JSA disse...

Tal como esperava, uma excelente escolha que ainda foi mais longe que o exercício propunha, dando início a este esclarecimento e ao debate.

Muito obrigado Palmira, pela participação.

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