sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Conhecimento ou certeza?
Na sequência dos textos da Palmira e da Helena sobre Jacob Bronowski, recentemente publicados no De Rerum Natura, dispôs-se um leitor colocar online a série de divulgação e de reflexão sobre a ciência: The Ascent of Man.
Complementarmente, o De Rerum Natura disponibiliza o texto de um dos capítulos mais interessantes da série, intitulado «Conhecimento ou certeza?»
A compilação desse texto foi feita por Isabel Portela, com o apoio de Alexandre Ramires, a partir dos seguintes documentos:
Livro: Bronowski, J. (1973). The ascent of man. Boston. Litle, Brow and Company, 353-378.
Videograma: Bronowski, J. (1973). Chapter 11: Knowledge or certainty, da série de televisão produzida pela BBC e Time-Life Films: The ascent of man. Duração 47 minutos (versão portuguesa: «Capítulo 11: Conhecimento ou certeza?», integrado na série para televisão: A origem do homem).
O texto é demasiado extenso para ser reproduzido integralmente no De Rerum Natura, pelo que apenas transcrevemos um pequeno excerto (o texto completo pode ser encontrado aqui).
«Um dos objectivos das ciências físicas tem sido o de retratar fielmente o mundo material e um dos êxitos da física no século XX foi provar que esse objectivo é inatingível.
Tomemos um exemplo muito concreto: a face humana. Esta é a cara de Stephen Borgrajewicz. Tal como eu nascido na Polónia. Ei-lo retratado pelo artista polaco Feliks Topolski. Sabemos que este tipo de pinturas, mais do que fixar uma face, exploram-na. O artista traça os pormenores quase como se tacteasse, e cada linha que acrescenta, reforça o retrato, mas nunca o torna definitivo. Aceitamos isto como o método do artista. Porém, a física actual mostrou-nos que este é também o único método de conhecimento. Não existe conhecimento absoluto e aqueles que o reivindicam, quer sejam cientistas ou dogmáticos abrem as portas à tragédia. Toda a informação é imperfeita e temos que a tratar com humildade. Esta é a condição humana e também a mensagem da Física Quântica. Rigorosamente.
Pergunto: até onde pode ir a exactidão e o pormenor da nossa observação com os melhores instrumentos do mundo ou mesmo com o instrumento perfeito, se algum dia o conseguíssemos fabricar? A observação do pormenor pode não se limitar àquilo que vemos com a luz visível, já que do vermelho ao violeta, vai apenas, aproximadamente, uma oitava na escala das radiações invisíveis. Existe todo um quadro de informação entre os maiores comprimentos de onda, as ondas rádio (as notas mais baixas) e os menores comprimentos de onda, os raios X, e para lá delas as notas mais agudas. Uma a uma, vamos apresentá-las servindo-nos da face humana.
(...)
Eis-nos que enfrentamos o paradoxo crucial do conhecimento: ano após ano, inventámos instrumentos de maior precisão com os quais observamos a natureza com mais pormenor, mas ao analisarmos as observações, estas permanecem imperfeitas. É como se corrêssemos atrás de algo que se afasta mais de nós, para o infinito, de cada vez que nos aproximamos.»
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21 comentários:
Este post diz:
"Não existe conhecimento absoluto e aqueles que o reivindicam, quer sejam cientistas ou dogmáticos abrem as portas à tragédia."
Então não temos razão nenhuma para ter a certeza absoluta de que esta afirmação é verdadeira.
Os autores desta afirmação não podem reivindicar o conhecimento absoluto de que sabem o que estão a dizer.
Afirmações como a que é destacada (em termos auto-refutáveis) neste post recordam que o debate entre o evolucionismo e o criacionismo permitiu destacar algumas curiosidades argumentativas por parte do lado evolucionista.
Vejamos:
Palmira Silva
1) Ao tentar conciliar a lei da entropia com a evolução, e pensando com isso desferir um golpe letal nos criacionistas, defendeu a analogia entre a estrutura ordenada dos cristais de gelo e a informação complexa e especificada do DNA.
Esqueceu-se apenas que se tivéssemos DNA do tamanho de um cubo de gelo como os que deitamos num refrigerante vulgar teríamos aí possivelmente armazenada a informação genética suficiente para especificar cerca de 50 biliões de pessoas, coisa que, nem de perto nem de longe se passa com um cubo de gelo, o qual é sempre um cubo de gelo, pelo menos até se derreter ou, partindo-se, dar origem a dois ou mais cubos de gelo.
2) Tem criticado os criacionistas por os mesmos terem certezas absolutas.
Para ela, não existem certezas absolutas, o que põe o problema de saber como é que ela pode ter a certeza absoluta de que as suas críticas ao criacionismo estão certas.
Para a Palmira Sulva todo o conhecimento começa na incerteza e acaba na incerteza. As premissas são incertas e as conclusões também.
Mas a Palmira parece ter a certeza de que isso é assim.
Diferentemente, os criacionistas entendem que o conhecimento baseado na revelação de um Deus omnisciente e omnipotente é um excelente ponto de partida e de chegada para o verdadeiro conhecimento.
Para a Bíblia o mundo foi criado por um Deus racional, de forma racional para ser compreendido racionalmente por pessoas racionais.
Os criacionistas propõem modelos científicos falíveis, mas, partindo da revelação de Deus, estão convictos de que existe a possibilidade de certeza no princípio e no fim. Jesus disse: eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim.
3) Criticou a noção de dilúvio global (presente na bíblia e corroborada por relatos semelhantes em praticamente todas as culturas da antiguidade) com a ideia de que a água nunca chegaria a cobrir o Everest, esquecendo que é uma catástrofe das proporções do dilúvio que melhor permite explicar a origem do Everest e o facto de nos seus diferentes estratos e no seu cume se encontrarem fósseis de moluscos.
Ludwig Krippahl
1) Defendeu que a mitose e a meiose são modos de criação naturalística de DNA, quando na verdade apenas se trata de processos de cópia da informação genética pré-existente no DNA quando da divisão das células.
Por sinal, trata-se de uma cópia extremamente rigorosa, equivalente a 282 copistas copiarem sucessivamente toda a Bíblia e enganarem-se apenas numa letra.
De resto, o processo de meiose corrobora a verdade bíblica de que todas as criaturas se reproduzem de acordo com a sua espécies, tal como Génesis 1 ensina.
2) Defendeu a evolução comparando a hereditariedade das moscas (que se reproduzem de acordo com a sua espécie) com a hereditariedade da língua (cuja evolução é totalmente dependente da inteligência e da racionalidade.)
Em ambos os casos não se vê que é que isso possa ter que ver com a hipotética evolução de partículas para pessoas, já que em ambos os casos não se explica a origem de informação genética.
3) Defendeu que todo o conhecimento científico é empírico, embora sem apresentar qualquer experiência científica que lhe permitisse fundamentar essa afirmação.
Assim sendo, tal afirmação não se baseia no conhecimento, segundo os critérios definidos pelo próprio Ludwig, sendo, quando muito, uma profissão de fé.
Na verdade, não existe qualquer experiência ou observação científica que permita explicar a causa do hipotético Big Bang ou demonstrar a origem acidental da vida a partir de químicos inorgânicos.
Ora, fé por fé, os criacionistas já têm a sua fé: na primazia da revelação de Deus.
Paulo Gama Mota
1) Defendeu há alguns meses atrás a teoria da evolução com o argumento de que sem ela não haveria telemóveis! É verdade!
Não se percebe neste argumento o que é que os telemóveis têm que ver com a hipotética criação de informação genética nova através de mutações e selecção natural.
Por outro lado, esquece-se que os telemóveis são o produto de design inteligente, nunca podendo ser utilizados para tentar legitimar a evolução aleatória do que quer que seja, e muito menos de seres cuja complexidade excede largamente a dos telemóveis ou de qualquer outro mecanismo criado pela inteligência humana.
Retomando o Stephen J. Gould que o Jónatas gosta de missquote como se ele fosse um atrasado mental criacionista.
«Um facto científico não é uma certeza absoluta, é simplesmente uma teoria que tem sido confirmada em tal grau que seria perverso reter o consentimento provisório».
A burrice do Jónatas aka perspectivas tem sido confirmada em tal grau que é perverso reter a informação de que ele é um burro ignorante e mentiroso.
Será que ao fim de meses de lhe explicarem pacientemente que ele não percebe o que é entropia, que ele não percebe nada de nada ele ainda não se dá conta do rídiculo que são os seus comentários?
será que pensa que todos são fanáticos acéfalos que acreditam que só há uma forma de conhecimento: a bblia?
é aflitivo ver mentiras que já se demonstrou serem mentiras, erros infantis e ignorância repetidas ad eternum...
Ultrapassa-me como ele não percebe que os seus comentários são a prova provada da imbecilidade e perigo da religião que professa!
A Rita vem com os seus insultos e cita Stephen Jay Gould como autoridade.
Por sinal é o mesmo Stephen Jay Gould que afirmou que a inexistência de evidência de evolução gradual no registo fóssil é o segredo profissional dos paleontologistas.
Autoridade por autoridade, os cracionistas baseiam o seu conhecimento num Deus vivo e não num cientista morto.
Mas já que a Rita nos pede Stephen Jay Gould, aqui tem Stephen Jay Gould no seu melhor, fazendo afirmações com as quais os criacionistas bíblicos não poderiam estar mais de acordo.
Vejamos:
"The history of most fossil species include two features particularly inconsistent with gradualism:
1) Stasis - most species exhibit no directional change during their tenure on earth. They appear in the fossil record looking much the same as when they disappear; morphological change is usually limited and directionless;
2) Sudden appearance - in any local area, a species does not arise gradually by the steady transformation of its ancestors; it appears all at once and 'fully formed'.
Gould, S.J. (1977)
"Evolution's Erratic Pace"
Natural History, vol. 86, May
Vejamos ainda:
"[T]he absence of fossil evidence for intermediate stages between major transitions in organic design, indeed our inability, even in our imagination, to construct functional intermediates in many cases, has been a persistent and nagging problem for gradualistic accounts of evolution."
Gould, S.J., 1982
"Is a new and general theory of evolution emerging?"
Evolution Now: A Century After Darwin
Maynard Smith, J. (editor)
W. H. Freeman and Co. in association with Nature, p. 140
E mais ainda:
"Indeed, it is the chief frustration of the fossil record that we do not have empirical evidence for sustained trends in the evolution of most complex morphological adaptations."
Gould, S. J. and Eldredge, N., 1988
"Species selection: its range and power"
Scientific correspondence in Nature, Vol. 334, p. 19
Como vê, Rita, são os gradualistas, como Richard Dawkins, que têm problemas com Stephen Jay Gould. Não são os criacionistas.
Os gradualistas, como Richard Dawkins, dizem que o saltacionismo evolutivo de Stephen Jay Gould é biologicamente impossível.
Os saltacionistas, como Stephen Jay Gould, dizem que o gradualismo de Dawkins não tem qualquer apoio no registo fóssil.
Os criacionistas estão de acordo com ambos: o gradualismo não tem realmente apoio no registo fóssil, e o saltacionismo é, de facto, biologicamente impossível.
Não podia ser de outra maneira, porque a evolução das espécies pura e simplesmente não aconteceu!
Jónatas:
Que você seja um aldrabão inverterado já todos percebemos: a sua religião não o deixa viver sem mentir descaradamente a todo o momento.
Que acredite piamente que a Terra tem 6 000 anos é problema seu.
É intolerável e extremamente irritante a sua mania de quote mining e distorção das palavras de evolucionistas respeitados e respeitáveis e apresentá-los como se fossem criacionistas.
Não se percebe como o Jónatas com um desprezo tão grande pela ateia ciência passa a vida a distorcer o que dizem e apresentar como argumento de autoridade Gould e outros.
decida-se: não é muito coerente apresentar todos os cientistas (não há uma única área para a qual a evolução não seja um facto comprovado) são uns infiéis aldrabões e depois passar a vida a citar esses aldrabões :))
A gente percebe que para acéfalos criacionistas que acham que todo o conhecimento está inscrito na biblia seja muito complicado perceber que o conhecimento evolui.
Mas a ciência é anti-dogmática e evolui exactamente porque anda à procura de erros nas teorias existentes.
Nenhum cientista apresenta nada como conhecimento acabado mas como o melhor que podemos fazer com os dados disponíveis.
Há áreas em que esse melhor já não é refinado há décadas o que não significa que seja uma verdade absoluta: continua a ser questionado cada vez que é aplicado e se verifica que funciona.
Em áreas menos estabelecidas há discussão, no que refere ninguém duvida da evolução, discutem-se os mecanismos.
Meta nessa cabeça dura e burra: não há um único cientista que duvide que houve evolução; há discussão dos mecanismos! Não há nem sombra de dúvida que é um disparate total que a Terra tem 6 000 anos! Não há nem sombra de dúvidas de que não houve um dilúvio bíblico!
Após a leitura do último comentário, gostava de recordar ao Prof. Natura que outros comentários menos granulosos do que este têm sido apagados. Não é que disso me possa queixar pessoalmente (graças a Deus), trata-se apenas de uma questão de respeito pelos escreventes a quem o rigor abrasivo levou a palavra. Grato pela atenção.
Caro Doutor Jónatas perspectiva:
"Por sinal é o mesmo Stephen Jay Gould que afirmou que a inexistência de evidência de evolução gradual no registo fóssil é o segredo profissional dos paleontologistas."
Ainda outro dia coloquei aqui num comentário uma citação que contradizia o que o senhor dizia deste senhor. Quando o cita (adoro ver um criacionista a citar evolucionistas...!) cite-o na íntegra e sem se esquecer do "mas..." que vem antes ou depois da citação (sabe o que é uma citação fora de contexto...?).
E quando vai aos posts anteriores pedir desculpa pelas aldrabices (v.g. valor do pi, estalactites, aldrabice da sucessão de fósseis "provocados" pelo dilúvio, início factual da História antes do "dilúvio", universalidade do mito do dilúvio - o senhor não vive em Portugal...? É que cá NUNCA ouvi esse mito, nem no passado, nem nos mitos greco-romanos...).
Continua com a táctica do "toca-e-foge"... Mas olhe que para além das risadas que provoca não consegue mais nada...
E quando responde às questões que lhe colocaram no post "Evolução no Colbert Report"?
Olá
A histeria da Rita é alucinante.
Se o debate entre os evolucionistas e os criacionistas se ganhasse aos insultos, a Rita há muito já teria ganho.
Isso temos que reconhecer. A única que poderia talvez rivalizar em histeria e insultos é a Joana, que também se destacou nessa disciplina com nota alta.
Apesar de tudo, a Rita bateu o recorde em insultos. Vejamos se consegue agora bater o seu recorde pessoal.
O único problema é que o debate envolve argumentos. E aí a Rita mostra-se claramente deficitária.
Na verdade, os argumentos da Rita são inversamente proporcionais ao seu nervosismo. A mesma limita-se a gritar coisas, sem qualquer demonstração.
Depois diz que não há nenhum cientista que não acredite na evolução, o que é evidentemente falso.
Mas porquê esse nervosismo? Se a teoria da evolução é assim tão sólida, não deveria haver nervosismo nenhum!
Rita, avance com argumentos, se os tem.
Por exemplo, diga em que é que o Stephen Jay Gould foi citado fora do contexto.
Qual é o contexto? Em que é que o contexto altera o sentido das citações apresentadas?
Eu nunca disse que Stephen Jay Gould era criacionista.
Apenas disse que ele era o que toda a gente sabe que ele era: um saltacionista, defensor do equilíbrio pontuado.
Além disso, apenas disse que os gradualistas acham que o saltacionismo é biologicamente impossível, na medida em que exige a súbita e improvável recombinação de milhões de nucleótidos. Toda a gente sabe isso.
Além disso, apenas disse o que toda a gente sabe: que o Stephen Jay Gould acha que o gradualismo não tem fundamento no registo fóssil.
Finalmente, disse o que toda a gente sabe: que os criacionistas concordam com os saltacionistas quando estes dizem que o gradualismo não tem fundamento e com os gradualistas quando estes dizem que o saltacionismo é impossível.
Quanto ao Fernando Martins, repita as perguntas que fez que teremos todo em demonstrar que existem respostas. Mas será que os evolucionistas têm respostas para todas as perguntas? Que têm eles a dizer sobre a causa do Big Bang ou a origem acidental da vida?
Além disso, Fernando Martins, ninguém diz que a história começou com o dilúvio.
A história começou com na semana da Criação há cerca de 6 000 anos atrás. Assim se explica a origem recentíssima das civilizações antigas. Se tem algum problema com isso diga, para podermos discutir.
O mesmo se aplica, naturalmente, à Rita.
Se a Rita é assim tão inteligente e conhecedora como parece presumir que é, certamente encontrará argumentos convincentes.
Cá estaremos para ver e para discutir.
"Debates" como o que, por exemplo, temos nas respostas a este post, são absolutamente estéreis. Não conheço nenhum tipo de conhecimento duradouro e relevante, que tenha vingado por arremesso ou por cinismo.
Indo directo ao post "Conhecimento ou certeza", vou comentar a passagem seguinte: "Não existe conhecimento absoluto (...). Toda a informação é imperfeita".
Parece-me sem sentido querer interpretar esta afirmação achando que nenhum conhecimento é válido, pelo facto de esse mesmo conhecimento não estar alicerçado numa certeza absoluta.
Sabemos que a chave do sucesso da ciência, é que toda a conclusão é passível de ser sujeita ao fogo da refutação. Isto dá uma forte garantia de que, em média, tendem a vingar as melhores explicações. (sem surpresas, um sistema que tende a afastar o mau e a perpetuar o bom só pode ser forte)
A validade de um conhecimento prende-se com a virtude de esse conhecimento poder ser causa ou consequência de raciocínios válidos .
Um raciocínio científico válido é todo aquele que é consistente com as observações. Quem verifica esta consistência são os especialistas.
A aceitação de um resultado científico radica, ao menos, em 2 factores: no número de cientistas que concordam com esse resultado; na qualidade dos cientistas que concordam com esse resultado.
Enquanto uma explicação funciona, é absurdo querer dar-lhe o mesmo valor que à sua negação ou à sua nulidade. Por exemplo, se dizer que nada pode ser mais rápido do que a luz é consistente com as observações, não tem sentido dizer que algum fenómeno pode ser mais rápido que a luz. Para poder afirmar esta última, é preciso obter uma prova de existência desse fenómeno, que não aceite outra explicação que não seja a negação da velocidade da luz como limiar máximo, com todo o rigor que os conhecimentos do momento permitam
Portanto, a afirmação "Não existe conhecimento absoluto (...). Toda a informação é imperfeita" é, no seu significado mais geral [pruridos de semântica à parte], válida, porque é consistente com as nossas observações e interpretações actuais.
É válida também quando aplicada a si mesma. Porque neste caso afirma apenas a sua hipotética imperfeição. E esta não implica a sua falsidade actual, mas apenas a possibilidade potencial de, num tempo futuro, poder vir a ser negada, ou poder ser considerada como não veiculando nenhum tipo de informação.
M Abrantes disse:
"A aceitação de um resultado científico radica, ao menos, em 2 factores: no número de cientistas que concordam com esse resultado; na qualidade dos cientistas que concordam com esse resultado"
O facto de a maioria dos cientistas concordar com uma teoria prova apenas que a maioria dos cientistas concorda com esse resultado.
M Abrantes deve achar que o facto de a maioria aceitar a evolução é razão suficiente para nos convencer, independentemente da qualidade dos argumentos.
A história da ciência mostra-nos que as teorias que hoje são maioritariamente aceites podem deixar de o ser se forem desafiadas por indivíduos ou minorias.
No tempo de Galileu, a comunidade científica aceitava maioritariamente a cosmologia aristotelico-ptolemaica.
O carácter maioritário ou minoritário das teorias científicas é irrelevante, em última análise.
O argumento das minorias e maiorias nada diz sobre a verdade das teorias científicas, mas apenas sobre o modo como elas se sucedem umas às outras.
As maiorias e minorias são relevante em política, não em ciência.
Assim é especialmente em matéria de evolução e criação, em que se explicar as observações feitas no presente reconstituindo um passado não observado por ninguém nem susceptível de experimentação ou reprodução laboratorial.
De nada vale a maioria dos cientistas concordar em que a vida surgiu por acaso a partir de químicos abióticos se não existe qualquer evidência empírica nesse sentido.
De nada vale a maioria dos cientistas estar convencida da bondade científica do Big Bang se o mesmo não consegue explicar a origem da singularidade, justificar a sua explosão e inflação ou explicar a origem, a forma e a distribuição das galáxias.
De nada vale a maioria dos cientistas acreditar na evolução gradual, se a mesma não tem qualquer fundamento no registo fóssil.
De nada vale argumentar com um hipotético método científico. Qualquer pessoa que conheça a filosofia da ciência sabe que existem diferentes métodos científicos e que há "pseudo-ciências" que fazem uso deles e ciências que não fazem uso deles.
A razão pela qual os evolucionistas não gostam dos criacionistas não é por eles não explicarem a realidade ou não fazerem previsões, mas sim por darem explicações da realidade e fazerem previsões diametralmente opostas às do modelo evolucionista.
A ideia de que não existe conhecimento absoluto afasta à partida, sem qualquer justificação, a possibilidade de Deus revelar conhecimento absoluto aos seres humanos que criou à sua imagem e semelhança.
No entanto, essa negação não se baseia em certezas absolutas nem em quaisquer experiências ou observações científicas. Ela dá como demonstrado aquilo que é necessário demonstrar.
Pois é M Abrantes:
A Bíblia diz que Deus, e não o acaso, é o autor da vida.
Essa afirmação, apresentada como absolutamente certa, é totalmente congruente com a quantidade inabarcável de informação genética presente no DNA das diversas formas de vida.
Só um Deus omnisciente e omnipotente poderia ter na sua mente toda essa a informação e criar um sistema altamente complexo para a codificar, armazenar, transcrever, traduzir, executar e copiar.
Como é que tudo isso, extremamente complexo, poderia ter surgido por acaso?
Nem num Universo com 100000000000000 biliões de anos isso seria possível, porque não existe nenhum mecanismo naturalista que permita criar informação codificada.
Nenhum cientista estava presente quando a vida surgiu no nosso planeta.
Na verdade, nunca foi feito um verdadeiro, completo e conclusivo estudo científico acerca da origem da vida na Terra.
Do mesmo modo, dado o estado actual da tecnologia, é totalmente impossível fazer um estudo operacional acerca das primeiras formas de vida na Terra.
O que têm os cientistas a dizer sobre a origem da vida? O que diz o método científico? Nada.
No entanto, nós temos o relato do Criador, a única testemunha ocular da Criação.
Se pusermos nele a nossa fé, podemos construir a ciência sobre a rocha.
Se rejeitarmos essa base, construímos a ciência sobre a areia.
Isso mesmo é bem visível na teoria da evolução, em que uma nova teoria, avançada recentemente por um especialista de Harvard, pretende que afinal, e contra tudo o que se ensinou nos últimos 150 anos, os chimpanzés e orangutangos é que evoluíram a partir de hominídios erectos!
A nossa fé na Bíblia permite-nos dizer com certeza absoluta que um Deus racional criou o mundo racionalmente com uma estrutura racional para poder ser estudado racionalmente, se não na sua totalidade pelo menos em parte.
Essa certeza absoluta torna possível, viável e significativo o conhecimento científico.
"A Bíblia diz que Deus, e não o acaso, é o autor da vida."
Quem escreveu a bíblia estava lá para ver! :)
[ao perspectiva]
Sua afirmação: "O carácter maioritário ou minoritário das teorias científicas é irrelevante, em última análise."
Não. Uma teoria é tomada como ferramenta válida de trabalho quando é aceite por um grande número de especialistas. Se ninguém concordar com um enunciado ele não é pura e simplesmente considerado, numa dada época, independentemente do tratamento que tenha no futuro.
A ciência trabalha, em cada época, com os resultados considerados nessa época, e são os especialistas que dizem que resultados são esses (não é nenhum oráculo que os dita). O conceito de verdade absoluta, tomada em sentido largo, não existe em ciência.
Sua afirmação: "No tempo de Galileu, a comunidade científica aceitava maioritariamente a cosmologia aristotelico-ptolemaica"
É um bom exemplo de uma teoria que foi abandonada. Agora a esmagadora maioria dos cosmólogos concorda com Galileu. Daí serem as ideias de Galileu que "estão em vigor". Se a esmagadora maioria dos cosmólogos concordasse com Aristóteles, seriam as ideias de Aristóteles que estariam a ser usadas.
Sua afirmação: "Nenhum cientista estava presente quando a vida surgiu no nosso planeta".
É verdade. Também é verdade que, muitas vezes, nenhum polícia está presente quando se dá um crime (passe a comparação). Isso não impede que se venha a conhecer, com grande rigor, os contornos do mesmo, quem o cometeu, com que motivações, etc. Os fenómenos naturais também deixam pistas, e são essas pistas que os cientistas estudam.
Sua afirmação: "Na verdade, nunca foi feito um verdadeiro, completo e conclusivo estudo científico acerca da origem da vida na Terra.
"
É verdade quanto a "completo e conclusivo". Mas ainda não nos fomos embora, pois não?
Realmente eu nunca vou deixar de me espantar com algumas afirmações do nosso amigo Perspectiva...
Primeiro fala de estudar Filosofia e História da Ciência e depois fala de ciência com certezas absolutas. Ter-se-á esquecido de que isso invalidaria a Ciência enquanto forma de PROCURAR conhecimento? Logo aqui dá um grande tiro no pé, visto que em o que se procura é a aproximação à Verdade -- enquanto adequação aos factos!
Já agora em ciência, a mudança de paradigma só ocorre quando o paradigma presente está em falência. E mesmo assim só pode ser substituido por outro que tenha possibilidade de explicar tudo o que o anterior explicava e possa explicar mais ainda (tenha maior capacidade explicativa).
Outra questão interessante é a constante evocação de deus. Para quê deus na ciência. Não está lá a fazer nada! Essa manobra não faz com que ela avance nem um pouco, porque não se tenta responder às perguntas que assaltam os cientistas, mas simplesmente se evoca uma entidade sobre a se sabe ainda menos! Assim o que acontece é que as perguntas são simplesmente transferidas para um plano que não é aberto à discussão (o próprio Perspectiva afirma que esse conhecimento é absoluto, logo inquestionável), e assenta em explicações mitológicas.
Para terminar ainda, acho espantoso que os criacionistas tentem atacar a ciência pelo que esta tem de mais forte: a possibilidade de questionar as teorias e de as substituir por outras melhores, a constante vigilância de uma comunidade de forma a descobrir os erros nos trabalhos de outros e a discussão aberta dos resultados.
Cumprimentos,
José Oliveira.
Sinto-me curioso na opinião deste sujeito (ou seja, o Perspectiva) quanto a outras religiões e até mesmo quanto ao uso de preservativo.
Bem, foi só um aparte. Por motivos mais que óbvios não vou perder o meu tempo a discutir com comediantes. Se bem que tenho de lhe agradecer os momentos de boa disposição que sempre vem trazendo após alguns mais que refinados posts.
"De nada vale a maioria dos cientistas estar convencida da bondade científica do Big Bang se o mesmo não consegue explicar a origem da singularidade, justificar a sua explosão e inflação ou explicar a origem, a forma e a distribuição das galáxias. "
Caro Perspectiva: tentei dizer-lhe a bem que não faz ideia do que está a falar: não há nenhuma singularidade que tenha explodido, como se duma granada se tratasse... Não use palavras cujo significado desconhece, vá lá!
Quanto às galáxias, já lhe tentei explicar que o Big-Bang por si só não pode responder a essa pergunta, tal como não pode dizer se o Benfica vai ganhar este fim de semana; no entanto, é adequado e suficiente (até prova em contrário, ainda não encontrada) que a radiação cósmica de fundo, o registo "fóssil" do Big Bang, inclua pequeníssimas inhomogeneidades que permitam a formação de estruturas: só se o Big-Bang implicasse um Universo homogéneo a pequena escala é que estaria em contradição...
A notícia boa é que os criacionistas nunca vão evoluir.
A notícia má é que nada, mesmo nada, evolui nos criacionistas: não adianta tentar explicar-lhes nada, a bem como o Jorge, ou em exaspero total, como a Rita e o Fernando Martins!
Também não adianta mostrar que os comentários do Jónatas são mentiras, demonstrações de ignorância total e de burrice inimaginável.
Acho que o melhor mesmo é rir com as palermices, comiserar a ignorância e o fanatismo e ignorá-lo.
É perfeitamente estéril tentar dialogar com um fanático...
exasperação total, claro!
Caro Pedro:
É claro que eu não quero convencer o doutor Jónatas (e, já agora, eu não estou exasperado...). Eu só pretendo que as mentiras, meias-verdades e citações desonestas não fiquem sem resposta.
Continuo a achar que as pessoas têm direito a pensar e a acreditar no que quiserem mas, quando tentam convencer os outros devem proceder com lisura e honestidade, o que no caso do heterónimo "perspectiva" do doutor Jónatas não acontece.
Concordando com a frase "É perfeitamente estéril tentar dialogar com um fanático..." acho que, por fins pedagógicos, se deve mostrar as falácias e erros para que outros não caiam neles.
Mas um reles mentiroso que diz que as estalactites das grutas não podem ser muito antigas, só porque numa mina americana as há com poucas dezenas de anos, como argumento numa discussão com pessoas com conhecimentos de química e mineralogia, merece sempre uma respostazinha.
E um aldrabão que põe em causa toda a Ciência actual e a seguir usa as ferramenta que essa mesma Ciência lhe proporciona para promover os seus argumentos merece sempre que lho recordem, até para depois ficar calado por uns tempos...
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