segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Podemos prever um tsunami?


Informação recebida da Fundação Gulbenkian:

O Serviço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com a Ciência Viva, vai realizar no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian (Av. de Berna, 45 A) um ciclo de conferências com o título Na Fronteira da Ciência, no qual participarão reconhecidos investigadores/cientistas.

A próxima conferência – PODEMOS PREVER UM TSUNAMI? – terá lugar no dia 30 de Janeiro p.f., às 18h00, e será proferida pela Profª Ana Viana-Baptista, do ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. Teríamos muito gosto em que estivesse presente nesta iniciativa.

Poderá também consultar o site: www.gulbenkian.pt/fronteiradaciencia para mais informações e assistir à conferência, em directo, através do site: http://live.fccn.pt/fcg/

PODEMOS PREVER UM TSUNAMI

ANA VIANA-BAPTISTA

O tsunami gerado pelo sismo de 1 de Novembro de 1755 foi o maior desastre natural verificado em Portugal. O sismo ocorreu cerca das 9h30, hora de Lisboa, tendo sido sentido um pouco por toda a Europa. O tsunami foi observado no Atlântico Norte, desde as Ilhas Barbados até à Escócia; no entanto as ondas mais destrutivas ocorreram em Portugal Continental, Espanha (Golfo de Cádiz) e no Norte de Marrocos. As dimensões catastróficas deste evento deram origem a uma onda de solidariedade e de consternação a nível global.

Passados cerca de duzentos e cinquenta anos, no início do século XXI, a Humanidade assiste quase em directo, pela televisão, ao desenrolar de duas catástrofes naturais de grandes dimensões: o tsunami de Sumatra e o furacão Katrina. O que tiveram em comum estas duas catástrofes? Ambas são fenómenos altamente energéticos e com um elevado poder devastador; por outro lado, verificou-se a incapacidade de ser prestado auxílio às populações em fuga e a enorme vulnerabilidade dos locais atingidos, quer se trate de um dos países mais ricos do mundo ou do litoral mais pobre do oceano Índico.

Os tsunamis têm um potencial destrutivo enorme, sendo gerados por grandes sismos, por gigantescos deslizamentos de terrenos ou por grandes explosões vulcânicas. Os furacões são gerados pela evolução de tempestades tropicais, em regiões onde a temperatura da água do mar à superfície é elevada. Se bem que envolvendo escalas temporais distintas, ambos são fenómenos globais no que diz respeito ao impacto social e económico.

Quatro anos passados sobre o grande tsunami de Sumatra em que ponto nos encontramos? Quais os avanços científicos nesta área? Qual a resposta dos países e das organizações mundiais a futuros fenómenos semelhantes a um grande tsunami?

O que foi feito em Portugal? Às 22h14 do dia 25 de Agosto de 2007 foi colocado o primeiro observatório submarino integrado na rede de alerta precoce de tsunamis em instalação no Golfo de Cádiz. Este acontecimento é parte de um conjunto de projectos que visa dotar as populações da área do Golfo de Cádiz de um sistema integrado de alerta precoce.


Serviço de Ciência
mail – fronteiradaciencia@gulbenkian.pt
Tel. (00351) 21782 3525 /Fax (00351) 21782 3019

8 comentários:

Anónimo disse...

Sim é fácil prever um Tsunami, basta ir à página www.reifazdeconta.com e verificar o sistema que através da verdade e só desta se consegue prever um grande Tsunami para muito breve a abater-se sobre Portugal.

O sistema é cientifico e não falha!

Julio Maugénio disse...

Não tenho dúvidas de que valerá bem a pena ir dia 30 assistir à conferência da Professora Ana Viana-Baptista. Daqui lhe desejo o maior sucesso.

Quanto à previsão dos tsunamis,sejamos prudentes. O que temos são sistemas de detecção e alerta que tiram partido do facto da propagação da onda gerada ter velocidades tais(900 km/h)que, no caso de um sismo no mar longe da costa, nos concede um certo tempo de actuação.

Não se trata portanto de previsão, no sentido de saber quando e onde acontecerá. Pelo contrário, a detecção funciona a posteriori dizendo-nos onde e quando aconteceu. O que não impede que hoje "saibamos" onde é mais provável que aconteça e, de certa forma, com que frequência.

A previsão dos tsunamis está na mesma nau e tormentas que a previsão dos sismos que lhes dão origem: um objectivo distante e se calhar inalcançável. Eu sei que há quem não goste de ouvir isto, mas este é o ponto da situação actual. Nos anos 90 despejaram-se entusiásticos milhões de dólares sobre a previsão sísmica. O resultado foi a ocorrência de grandes sismos que ninguém previu e o anuncio de muitas previsões falhadas. Passada a década de 90 que foi a dos desastres naturais, reviu-se em baixa o problema da previsão sísmica. Trata-se, no fundo, dos problema da modelação do comportamento no tempo dos sistemas dinãmicos complexos com muitas variáveis...comum a tantas outras dificuldades de previsão, incluindo as climáticas...mas estas são cartas de outro tarot.

Julio Maugénio disse...

Post scriptum

O que disse atrás não impede que a modelação de um tsunamis na costa portuguesa seja extremamente importante em termos de protecção civil e de ordenamento do território.

A modelação permite cenarizar o que aconteceria se, por hipótese, numa dada localização ocorresse no mar um sismo com certas características e magnitude, em termos da onda gerada e seus efeitos ao longo do nosso litoral.

António Viriato disse...

Estava convencido que em 1 de Novembro de 1755 havia ocorrido em Portugal um maremoto, que suponho ser assim que vem relatado nos registos históricos do extraordinário acontecimento.

Vejo, porém, que já pretendem rebaptizar o fenómeno,na presunção, decerto, de que assim o modernizam ou o elevam a outra categoria científica.

A lusa modernidade não pára de nos surpreender, mesmo quando nos fala de fenómenos conhecidos. Na falta de substância, muda-lhes os termos.

Força, portugueses; mais um pequeno esforço linguístico e tereis consolidado a tão desejada modernidade.

António Viriato disse...

Ah! E Sumatra, em português, é Samatra, como vem em todos os livros dos nossos escritores quinhentistas.

Peço desculpa pela eventual inconveniência, mas, se estamos num ambiente em que, supostamente, reinam a ciência e a cultura, deveremos atender a estes pormenores.

Julio Maugénio disse...

Meu caro Viriato

Louvo o seu reparo em defesa da língua portuguesa que nunca será demais. Porém, neste caso, justifica-se uma explicação

A comunidade geológica e geofísica adoptou há muito a palavra "tsunamis" (que em japonês significa "onda no porto")para designar a onda marinha induzida por um deslocamento sísmico de origem tectónica do fundo do mar.
A razão é simples: designa especificamene um fenómeno cujo paradigma são os "tsunamis" que ocorrem no Pacífico nomeadamente nas costas do Japão.
A palavra "maremoto" designa de uma forma mais geral qualquer movimento sísmico no mar, tal como "terramoto" designa o movimento sísmico à superfície da Terra. Repare que também a palavra "terramoto" deu lugar nos textos científicos à palavra "sismo".
A linguagem da ciência está cheia de neologismos e de termos importados...que nem sempre relectem necesariamente menos cuidado com a língua portuguesa.

Julio Maugénio disse...

Ah! E não se trata de "lusa modernidade". O termo tsunamis foi adoptado pela comunidade científica internacional.

Cristina Oliveira disse...

O debate está bastante interessante! Eu estou também a colocar as minhas dúvidas no Fórum de Discussão http://www.cienciaviva.pt/divulgacao/fronteira/. Convido-vos a partilhar os vossos saberes e questões também aí.

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