Tomas Tranströmer, poeta sueco residualmente traduzido em Portugal e, aqui, quase deconhecido, foi, neste ano, o Prémio Nobel da Literatura. Ao contrário, Portugal, mais concretamente Lisboa, parece tê-lo impressionado, ao ponto de a ter contemplado na sua escrita.
Na tradução de Vasco Graça Moura eis o poema Lisboa, datado de 1966.
No bairro de Alfama
os eléctricos amarelos
cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá duas cadeias.
Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem
o retrato.
“Mas aqui!”, disse o condutor
e riu à sucapa
como se cortado ao meio,
“aqui estão políticos”.
Vi a fachada, a fachada,
a fachada e lá no cimo
um homem à janela,
tinha um óculo e olhava
para o mar.
Roupa branca no azul.
Os muros quentes.
As moscas liam cartas
microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei
a uma senhora de Lisboa:
“será verdade ou só um sonho meu?"
Poema copiado do Diário de Notícias de 7 de Outubro, página 47 e publicado no livro 21 Poetas Suecos, da editora Vega (1980), organizada por Vasco Graça Moura e Ana Hatherly.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
DUZENTOS ANOS DE AMOR
Um dia de manhã, cheguei à porta da casa da Senhora de Rênal. Temeroso e de alma semimorta, deparei com seu rosto angelical. O seu modo...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Por Eugénio Lisboa Texto antes publicado na Revista LER, Primavera de 2023 Dizia o grande dramaturgo irlandês, George Bernard Shaw, que ning...
-
Meu texto num dos últimos JL: Lembro-me bem do dia 8 de Março de 2018. Chegou-me logo de manhã a notícia do falecimento do físico Stephen ...
1 comentário:
D'onde andara tam doce, poesia...
E, na revelia; lia.
Enviar um comentário