Volta, ainda que sejas
perseguido,
Como uma praga, algo que
se execra.
Chora sobre a mesa, sobe
a fraga.
Desce sob as lágrimas do
plátano.
Empurra a porta de casa
até ao rio
E deixa entrar no
quarto e em ti o vento.
Esquece
a dor de entregar um livro.
Nenhuma mão jamais te
exaspera.
Intangível é o coração quando deflagra.
Volta, ainda que sejas
perseguido.
Ainda que o livro esteja
reduzido a pó
E seja a magia que te mirra
sem fim.
Volta, ainda que os
burgueses de merda
Digam que tens um só
casaco e puído.
O livro que arranje a
vidinha a todos.
Sonha, um dia acordarás
como um pássaro,
Revoluteando ao redor do
plátano,
E as margens
conhecer-te-ão melhor.
Reconhecer-te-ão a
palavra
E a tua longa partida
fará então sentido.
Esquece a dor de
entregar um livro.
Um sol novo nasce longe
da barbárie.
sábado, 28 de janeiro de 2023
Volta, ainda que sejas perseguido
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