Na sequência de textos anteriores (ver aqui e aqui) e voltando ao trabalho jornalístico de Isabel Leiria (ver aqui):
Com o surgimento de programas de computador destinados a produzir textos de qualquer género, é de prever que o negócio de "produção artesanal" destes trabalhos esteja em vias de extinção. Acontece a muitos negócios...
O programa desse tipo, de acesso livre, que foi agora divulgado (ChatGPT), gera "conteúdos escritos em segundos, sobre quase tudo, de forma original e como se fosse escrito por um humano", "textos coerentes e factuais", explicou a mencionada jornalista, que o experimentou, acrescentando:
"De imediato, carater a carater, o documento começou a aparecer à minha frente como se estivesse a ser datilografado por um par de mãos invisíveis"..
Se assim é, para quê pagar a uma empresa para se obter um produto que se pode obter de graça? Como alguém me disse, um texto saído da máquina, se for sujeito a uma edição expedita, passará por um texto académico sofrível. Mas será fraude académica, tal como quando se encomenda a outrem? O próprio programa "respondeu" o seguinte a Isabel Leiria:
“Apesar de o ChatGPT poder ser usado como uma ferramenta muito útil para gerar um texto, também comporta um risco associado ao plágio académico […] É importante usá-lo de forma responsável. Assegurando que o texto gerado é original e faz as devidas citações, é possível recorrer ao ChatGPT de forma ética e cumprindo os standards académicos”.
Falácia da máquina, obviamente induzida por humanos. Claro que é fraude! Apresentar como nosso um texto que não pensámos, que não escrevemos não pode deixar de ser fraude.
O desafio que se coloca aos professores é o que um professor, Rui Sousa Silva, referiu à jornalista: se conhecermos os alunos seremos capazes de perceber "se foram os verdadeiros autores dos textos". Mas, para isso, os alunos, mesmo que estejam no ensino superior, precisam de ser acompanhados, o que envolve tempo e dedicação. Acontece que neste nível de ensino, há muito que a docência deixou de ser prioridade.
1 comentário:
Num ensino de massas, seja ele superior ou secundário, afigura-se-me praticamente impossível que o professor consiga detetar, como fraudulento, um texto "original" produzido , em modo automático, por um programa de computador. O que fazer?
Deixar de ensinar conteúdos e avaliar apenas emoções, através de grelhas de observação, em contexto de aulas obrigatórias, tal como já se faz no secundário, ou esperar que a aplicação de um software "big brother", programado para ensinar alunos, e capaz de detetar todo o tipo de fraudes, venha substituir, de uma vez por todas, a função e o papel dos professores no processo de ensino/ aprendizagem?
Em países atrasados, como Portugal, a INOVAÇÃO, em sentido lato, ganha foros de necessidade, tendo em vista a alavancagem do nosso desenvolvimento económico, social e cultural.
O trabalho dos professores de carne e osso é muito caro!
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