sábado, 28 de janeiro de 2023

PASSADO, PRESENTE E FUTURO DO MÁRMORE


Minha comunicação convidada no Congresso «Mármore do Alentejo», realizada em Évora em 27/10/2021, que acaba de sair na revista Callipole do município de Vila Viçosa (aqui sem as figuras a cores).

Resumo: Depois de discutir algumas obras-primas mundiais da escultura em mármore, relacionando-as nalguns casos com a ciência, apresento o mármore de Estremoz, resumindo a história da sua exploração e do seu uso na escultura e arquitectura. Termino com uma perspectiva sobre o futuro desse mármore, sugerindo que à dimensão económica se acrescente a dimensão cultural, na qual tanto a arte como a ciência se integram. 

Palavras-chave: Mármore; Escultura; Anticlinal de Estremoz; História industrial; Arte; Ciência.

1.     A beleza do mármore

O mármore tem uma longa história, tendo sido aproveitado pelos antigos gregos em obras escultóricas que hoje nos maravilham. Foi Fernando Pessoa (1888-1935), ou melhor Álvaro de Campos, o poeta que também era engenheiro naval, que escreveu nos anos 30 do século XX, num poema sem título, estes versos lapidares sobre a relação entre ciência e arte [1]:

O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo.
O que há é pouca gente a dar por isso.”

De facto, pouca gente conhecerá o binómio de Newton, a fórmula matemática que permite calcular qualquer potência com um expoente inteiro n de uma soma de dois quaisquer números reais a e b:

(Equação do binóimio de Newton)

mas quase toda a gente conhecerá a «Vénus de Milo» (Fig. 1), a famosa estátua em mármore de Afrodite, a deusa do amor exibida no Museu do Louvre em Paris, que foi descoberta em 1820 na ilha de Milos, no arquipélago das Cíclades, no mar Egeu, e que é atribuída a Alexandre de Antioquia (séculos II-I a.C.) [2]. Apesar da ausência de braços, subtraídos pelas vicissitudes do tempo, muitos têm reconhecido nela as medidas ideais, invocando até a «razão de ouro» ou «proporção áurea», o número designado pela letra «phi», ϕ = 1,6180… que, para alguns esteticistas, indica a harmonia perfeita [3]. Este número está «escondido» no binómio de Newton, uma vez que se pode obter a partir dos coeficientes binomiais.

A associação entre o binómio de Newton e a Vénus foi precedida por uma outra, entre nós menos conhecida. Deve-se ela ao escritor italiano Filippo Marinetti (1876-1944), o autor do Manifesto Futurista ([4], publicado originalmente no jornal francês Le Figaro em 1909):

“Nós afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com o seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.”

A «Vitória de Samotrácia» ou «Nice de Samotrácia» (Fig. 2) é outra famosa escultura, esta representando a deusa grega Nice, a deusa da vitória, da força e da velocidade, que, tal como a Vénus de Milo, está patente ao público no Museu do Louvre, no topo de uma escadaria, e que, tendo disso descoberta posteriormente (em 1863) na ilha de Samotrácia, na costa da Trácia, no Norte do mar Egeu, é um pouco mais antiga: sendo o seu autor desconhecido, sabe-se que remonta ao final do século III a. C. ou início do século II. Nesta estátua, a que falta a cabeça, os braços estão substituídos por asas, que remetem para a ideia de velocidade que Marinetti queria enfatizar como valor artístico supremo. Pessoa conhecia provavelmente o Manifesto de Marinetti. Ele é um dos arautos do futurismo português, que surgiu no número 1 da revista Orpheu, dirigida por Luiz de Montalvôr, onde vieram à estampa o «Opiário» e a «Ode Triunfal» de Álvaro de Campos [5].

As duas estátuas têm em comum, para além de serem obras-primas da Antiguidade Grega (de resto, de toda a arte escultórica) e de terem servido, pela pena de Pessoa e Marinetti, para expressar metaforicamente a relação da arte com a ciência e a tecnologia no início do século XX, o facto de serem feitas do mesmo material, vindo da mesma região: o mármore branco, fino e semitransparente de Paros. Paros, outra das numerosas ilhas do Mar Egeu, situa-se num lugar central entre a península do Peloponeso e a costa asiática (no arquipélago das Cíclades, tal como Milos). Paros é hoje um lugar turístico cujos visitantes podem ver as antigas pedreiras de mármore, hoje praticamente abandonadas, da montanha outrora chamada Marathi (hoje Capresso), de onde veio o material não só para as referidas maravilhas da escultura, mas também de várias outras, assim como templos e edifícios públicos.

Foi uma escritora nascida em Vila Viçosa, Florbela Espanca (1894-1930), contemporânea de Fernando Pessoa, mas com uma vida ainda mais breve, que, no poema «Os versos que te fiz» [6], fala do mármore de Paros (podia ter falado do mármore que abunda na sua terra natal):

«Deixa dizer-te os lindos versos raros

Que a minha boca tem para te dizer!

São talhados em mármore de Paros

Cinzelados por mim para te oferecer
(…)»

Dada a relevância do mármore na região, não admira que a campa de Florbela, uma das colipolenses mais ilustres (outro é o matemático e divulgador de ciência Bento de Jesus Caraça), no cemitério de Vila Viçosa, esteja coberta por mármore local, continuamente adornado de flores (Fig. 3). Várias obras literárias, bem assim como uma cinematográfica (Florbela, do realizador Vicente Alves do Ó, de 2012), têm celebrado a espantosa obra poética de Florbela. Tanto quanto se sabe, ela e Pessoa nunca se cruzaram, apesar de ambos terem frequentado os mesmos sítios da Baixa lisboeta na mesma época [7] e de um soneto de Florbela aparecer na Antologia de Poemas Portugueses Modernos [8] que Fernando Pessoa e António Botto publicaram em 1944 (uma obra póstuma dele como quase toda a dela).

Mas, voltando à Antiguidade Grega, encontra-se também mármore na Acrópole de Atenas, que coroa a capital grega, em particular no Partenon, o tempo dedicado a Atena, que data do século V a. C., o século de Péricles, portanto muito anterior ao tempo das estátuas acima referidas. Não falta quem aí também encontre a razão de ouro, desde logo no rectângulo da fachada do Partenon, que seria um «retângulo dourado», isto é, um rectângulo com os dois lados na proporção dourada entre si (Fig. 4). De facto: essa visão é um pouco forçada, nesta como noutras obras, dado que não existe uma regra matemática para definir beleza. Um conjunto de mármores do Partenon encontra-se hoje no Museu Britânico em Londres (Fig. 5). Têm o nome de «mármores de Elgin» porque foram levados da Grécia para Inglaterra por Thomas Bruce (1776–1841), 7.º conde de Elgin, em 1806, quando era embaixador do seu país na corte do império Otomano. Muitos gregos têm vindo a reclamar desde há décadas a devolução das obras ao país de origem. De facto, perto do Partenon foi inaugurado em 2009 o novo edifício do Museu da Acrópole, onde há várias peças em mármore da Acrópole e onde os mármores de Elgin poderiam, para contentamento dos locais, ser vistos nas proximidades do seu contexto natural. Existem hoje nesse museu algumas réplicas de obras que se encontram no estrangeiro. 

O arquitecto dos mármores de Elgin, que constituíam o friso do Pártenon, foi Fídias (c. 480 a.C.– c. 430 a.C.), que surge, num quadro de 1868 do pintor neoclássico nascido nos Países Baixos, mas que trabalhou em Inglaterra, Sir Lawrence Alma-Tadema (1836 – 1912), patente no Museu e Galeria de Arte de Birmingham, a mostrar o friso, pintado tal como no original, a um grupo de amigos seus (Fig. 6). A letra grega ϕ que  costuma representar a razão dourada provém precisamente do nome de Fídias no grego original. Os mármores do Partenon não vieram da ilha de Paros, mas sim do muito mais próximo Monte Pentélico, na Ática, a nordeste e perto de Atenas e a sudoeste de Maratona. Em contraste com os mármores de Paros, os do Monte Pentélico são brancos com um tom levemente amarelado que o fazem parecer brilhante quando vistos à luz solar. A antiga pedreira é hoje exclusivamente usada para extrair pedra para o projecto de reconstrução da Acrópole.

Dando um salto no tempo até ao Renascimento, um outro grande mestre do mármore foi o italiano Michelangelo Buonarroti (1475–1564), mais conhecido entre nós apenas por Miguel Ângelo [9]. Ele é o autor, entre várias obras-primas talhadas em mármore, da «Pietà», esculpida entre 1498 e 1500, que se encontra na Basílica de São Pedro, no Vaticano,. Uma outra extraordinária obra de Miguel Ângelo é o «David» (criado um pouco depois, em 1501-1504), que pode ser visto na Galeria da Academia de Belas Artes de Florença (Fig. 7). Existe uma réplica dessa enorme escultura: a altura é de 5,17 m) numa praça de Florença próxima da Galeria. Recentemente, usando moderna tecnologia, foi efectuada uma cópia para exibição no Pavilhão de Itália da Exposição mundial no Dubai (Expo 2020) [10]. A estátua era tão grande que ocupava três andares, tendo havido o cuidado, já que se tratava de um país árabe, de esconder o órgão sexual na passagem entre dois andares.

Escreveu Miguel Ângelo, com quem o português Francisco de Holanda terá contactado na sua estada em Roma, a propósito das suas esculturas [11]:

«Em cada bloco de mármore vejo uma estátua; vejo-a tão claramente como se estivesse na minha frente, moldada e perfeita na pose e no efeito. Tenho apenas de desbastar as paredes brutas que aprisionam a adorável aparição para revelá-la a outros olhos como os meus já a veem».

Ele haveria de repetir esta sua pretensão da pré-existência obra de arte escondida dentro do mármore: «Como faço uma escultura? Simplesmente retiro do bloco de mármore tudo que não é necessário.» E, num outro seu escrito: «Eu vi o anjo no mármore e esculpi até que o libertei.»

Vários outros autores haveriam de repetir, por vezes sem referir a fonte original, esta mesma ideia: o trabalho do artista consiste em revelar aos nossos olhos a obra antes oculta. Um deles foi o francês Auguste Rodin (1840 –1917), o autor de estátuas famosas como «O Beijo» e «O Pensador» [12], que disse: «Eu escolho um bloco de mármore e retiro dele tudo o que não preciso».

A Sacristia Nova, uma das Capelas dos Medici, na Basílica de São Lourenço em Florença, contém também obras de mármore da autoria de Miguel Ângelo. São as esculturas nos mausoléus de dois membros pouco conhecidos da família Medici: Giuliano di Lorenzo de’ Medici, duque de Nemours, e Lorenzo di Piero de’ Medici, duque de Urbino: no túmulo do primeiro as figuras são chamadas «Dia» e «Noite» (1520-1534) ao passo que no do segundo são chamadas «Aurora» e «Crepúsculo» (Fig. 8). Apesar de semelhantes, há evidentes contrastes entre as duas. O conjunto impressiona pela sua harmonia e sobriedade.

O Prémio Nobel da Física de 1983 Subramanyan Chandrasekhar (1910–1995), professor na Universidade de Chicago de origem indiana mas naturalizado norte-americano, que desvendou alguns dos segredos da estrutura e da evolução estelar, indicou, no seu livro Truth and Beauty. Aestethics and Motivations in Science [13],  estes belos túmulos em mármore como exemplos da relação profunda entre arte e ciência. Ele não devia conhecer os versos de Álvaro de Campos, mas cita o matemático inglês George Neville Watson (1886-1965), que passou muitos anos a provar algumas das famosas identidades de Srinivasa Ramanujan (1887–1920), um extraordinário génio matemático indiano cuja intuição o levou a escrever um conjunto de fórmulas num caderno sem a devida demonstração. Escreveu Watson:

«O estudo do trabalho de Ramanujan e o problema que origina inevitavelmente me lembram a observação de Lamé que, quando lia os artigos de Hermite sobre funções modulares, ficava com pele de galinha [no original, ‘on a la chair de poule’, manifestação epidérmica de uma emoção forte). Eu expressaria a minha própria atitude com maior prolixidade dizendo que uma fórmula como (equação) me transmite uma sensação que é indistinguível da sensação que tenho quando entro na Sacristia Nova da Capela dos Medici e vejo diante de mim a beleza austera do ‘Dia’, da ‘Noite’, do ‘Crepúsculo’ e da ‘Aurora’ que Miguel Ângelo colocou sobre os túmulos de Giuliano de’ Medici e de Lorenzo de’ Medici.»

Tal como as estátuas de mármore, também as identidades de Ramanujan são belas e emocionantes apesar de frias e austeras. Tal como as esculturas, elas permanecem incólumes para a eternidade. E, tal como Miguel Ângelo as descobriu na pedra informe, também Ramanujan extraiu as suas fórmulas matemáticas do «bloco bruto» das ideias. De certo modelo, as verdades matemáticas também são «esculpidas» pelos matemáticos, só faltando, como disse Álvaro de Campos, suficiente gente para as admirar. Um filme, do realizador britânico Matt Brown, sobre Ramanujan, conta a história da sua curta vida, contribuindo para a sua popularidade: O Homem que Viu o Infinito (2015).

A matemática tem de ser escrita num suporte que dure e, de facto, as relações matemáticas mais antigas de que dispomos foram escritas não em mármore, mas em tabuletas de argila da Babilónia (numa data entre 1900 e 1600 a C) [14]. Numa delas aparece representado um conjunto de triângulo e rectângulos que prefigura o famoso teorema do filósofo, matemático e músico Pitágoras de Samos (c. 570–c. 495 a.C.),  muito antes de este ter nascido (Fig. 9).

A tradição de gravar teoremas matemáticos ou leis da física, sempre com expressão matemática, prolongou-se no tempo. Veja-se o caso das famosas equações de Maxwell, que sumariam todo o electromagnetismo, incluindo as ondas luminosas, e que se encontram gravadas numa placa metálica na casa que foi habitada pelo físico escocês James Clerk Maxwell (1831-1879), em Edimburgo, a sua cidade natal. Ou veja-se, nos nossos dias, a fórmula, bem mais extensa, subjacente ao modelo-padrão da física de partículas, que foi gravada numa pedra à entrada do edifício de controlo do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear - CERN, em Genebra, na Suíça (Fig. 10). Foi talhada numa rocha in situ. É pena não ser em mármore, mas não o havia nesse local como há em Paros, C0arrara ou Vila Viçosa. A pedra e o metal, sendo a primeira de uso mais antigo, sempre foram os suportes onde o homem deixou inscrições que queria duradouros. A pedra, em particular, que já existe na Terra há milhares de milhões de anos, é uma garantia de eternidade ou, pelo menos, a melhor aproximação a ela.

O mármore usado por Miguel Ângelo era de Carrara, no Norte da Toscânia, um mármore branco ou azul acinzentado de grande qualidade. O próprio artista ia lá escolher a melhor pedra, falando com os canteiros. Ainda se encontra em Carrara uma placa (colocada apenas em 1862), naturalmente em mármore, que documenta a estada do artista numa casa dessa localidade a cerca de 100 km de Florença (Fig. 11).

Um outro grande artista italiano que, na escultura, não fica atrás de Miguel Ângelo é Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), que viveu no tempo barroco [15]. Ele é o autor entre outras obras de «O Rapto de Proserpina» (de 1621-1622) e de «Apolo e Dafne» (de 1622-1625) (Fig. 12), que se encontram na belíssima Galeria Borghese em Roma. A primeira retrata o rapto violento de Proserpina, filha de Júpiter e Ceres, por Plutão, o deus dos mortos. A segunda representa o momento culminante da história mitológica de Apolo, o mais belo Deus do Olimpo, e da ninfa Dafne. Cupido lança uma seta de ouro a Apolo, instilando nele o amor, e uma seta de chumbo a Dafne, que afasta o amor. O pai de Dafne, perante o desespero da filha, transforma-a num loureiro quando Apolo a alcança. Dificilmente se poderia conjugar a força com a leveza como nestas duas esculturas em mármore, que é de Carrara como nas obras de Miguel Ângelo. Bernini se gabava de conseguir dar ao mármore a aparência de carne humana.

2.   O mármore em Portugal

Portugal também tem mármore, muito e bom mármore. Trata-se aliás de um dos melhores mármore do mundo, pois, sendo diferente, não fica a dever ao de Paros, ao do Monte Pentélico ou ao de Carrara. Só não houve aqui artistas como Alexandre de Antioquia, Fídias, Miguel Ângelo ou Bernini, que o tivessem metamorfosearam em beleza eterna. O centro nacional do mármore, que como é sabido é uma rocha metamórfica (calcite ou dolomite recristalizado devido a uma acção ígnea sob grandes pressões) é o «anticlinal de Estremoz», uma dobra geológica convexa, com os estratos mais recentes por cima. Mas há também mármore em menor quantidade noutros locais do Alentejo, como Viana do Alentejo e Trigaches, diferindo ele de sítio para sítio.

O anticlinal de Estremoz estende-se entre Sousel, a Oeste, e Alandroal, a Leste, não longe de Vila Viçosa (Fig. 12), sendo delimitada a norte por Borba e a sul por Estremoz. É uma estrutura elíptica, orientada de NW-SE e que mede 42 km x 8 km. A sua época geológica é provavelmente o Câmbrico (há 510 milhões de anos), o período mais antigo do Paleozoico [16]. Só uma parte pequena da formação (27 km2) é explorada para extracção de mármore.

Encontra-se aí um enorme volume de mármore, conhecido desde tempos remotos (Fig. 13) e usado deste há muito para fins artísticos [17-18]. As pedreiras a céu aberto marcam a paisagem. O mármore de Estremoz é branco, sendo caracterizado por um padrão chamado «raiada» que pode variar muito em cor e forma. A primeira obra de arte conhecida feita com esse mármore é um túmulo, descoberto no Alandroal, encomendado por um capitão cartaginês, por volta de 370 a.C. As referidas pedreiras foram exploradas pelos romanos. O seu mármore foi usado, por exemplo, nos capiteis das colunas (que são graníticas) do templo romano de Évora, dito de Diana (Fig. 14). Os romanos dispunham da tecnologia para levarem mármore de Estremoz para a distante cidade de Conímbriga, em Condeixa-a-Velha, perto de Coimbra, e para a mais próxima cidade de Mérida (foram aí usados no Teatro Romano).

O mármore alentejano foi usado na Idade Média, como testemunham vários castelos, palácios e casas dessa época (por exemplo, o castelo de Estremoz). Foi levado pelos navegadores portugueses para África, Brasil e Índia. Foi usado mármore na fachada e noutros locais do majestoso Paço Ducal de Vila Viçosa (Fig. 15), que foi sede da Casa de Bragança, cuja construção remonta ao século XVI e que foi restaurado em 1940, quando se comemorava o centenário da Restauração da nacionalidade. Cinco anos depois foi erigida na praça em frente uma estátua equestre de D. João IV, da autoria de Francisco Franco, não em mármore, mas em bronze (sendo a base de granito). Outros monumentos nacionais, como o Mosteiro dos Jerónimos e o Convento de Mafra, também usaram algum mármore alentejano.

As notícias sobre a existência de mármore em Estremoz espalharam-se no século XVIII através de monografias corográficas, memórias paroquiais e diários de viagens de estrangeiros. Com a Revolução Liberal, de 1820, o aproveitamento do mármore, até então ocasional, ganhou um impulso no sentido da progressiva industrialização, com a ajuda das então muito recentes ciências geológicas. Nesse tempo crescia o interesse não só pela história da Terra, mas também pela exploração de pedreiras e minas, começando esta actividade a ser regulada. O engenheiro e geólogo francês Charles Baptiste Bonnet (1816-1867), que liderou a partir de 1848 a primeira Comissão Geológica de Portugal [19], andou pela região, tendo recolhido várias amostras de mármore, que apresentou em exposições internacionais. Em 1852, no quadro da Regeneração, saiu uma Lei de Minas. A referida Comissão deveria ter produzido um levantamento geológico para um mapa geológico de Portugal, mas dificuldades de vária índole impediram a concretização desse desiderato: Bonnet só produziu um mapa geográfico do Alentejo e Algarve, tendo a Comissão sido extinta em 1857, dando lugar a uma segunda Comissão Geológica liderada pelo militar e geólogo Carlos Ribeiro, que foi coadjuvado pelo médico e lente de Mineralogia e Geologia da Escola Politécnica de Lisboa Francisco Pereira da Costa e que haveria de durar até 1868. Carlos Ribeiro e Joaquim Nery Delgado, um seu discípulo nascido em Elvas, também militar e geólogo, apresentaram o primeiro mapa geológico de Portugal na escala 1: 500 000, apresentado na Exposição Universal de Paris de 1867, e publicado em 1876.

As pedreiras de Estremoz já eram licenciadas e inventariadas em meados do século XIX [20]. O maior impulsionador da extracção de mármores na região do Alto Alentejo foi um outro francês, Pedro Bartolomeu Déjante (?-1859), um partidário de Napoleão que, com a queda deste, fixou residência em lisboa, tendo estabelecido em 1821 uma marcenaria que prosperou [18]. Alguns dos seus móveis exigiam pedras de mármore, que existiam em quantidade na região de Estremoz. Apresentou pedras e móveis na Exposição de Produtos da Indústria de Lisboa de 1849 e na Grande Exposição de Trabalhos da Indústria de todas as Nações, realizada em Londres em 1851, onde também Bonnet apresentou amostras de mármore, trabalhados na oficina de Déjante. Este último ganhou uma medalha de ouro. Voltaria a ser premiado com duas medalhas de prata na Exposição Universal de Paris da Indústria e das Belas Artes de 1855, para onde tinha enviado amostras, em colaboração com Bonnet. Essas exposições internacionais tornaram-se grandes atracções do público na segunda metade do século XIX por serem exibições dos progressos da Indústria. A obra pioneira de Déjante na exploração e aplicação dos mármores haveria de ser continuada pelo seu filho Júlio.

A chegada do caminho de ferro (linha do Sul e Sudeste) a Évora, em 1863,  a Estremoz, em 1873 e a Vila Viçosa em 1905 facilitou enormemente o transporte da pedra para Lisboa, de onde podia seguir, em geral transformada, por via marítima, para outros destinos, como o Brasil [21].

De início a exploração de mármore na região era feita recorrendo a processos artesanais por empresas de pequena dimensão caracterizadas pelas propriedade e administração familiares. Mas, entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda, ocorreu um ressurgimento da indústria de extracção dos mármores, tendo-se constituído empresas mais profissionais dirigidas por engenheiros, que investiram na formação de pessoas e na modernização de procedimentos. Uma dessas sociedades tinha capital internacional: a Sociedade Luso-Belga de Mármores SA (Solubema). O trabalho essencialmente manual foi sendo progressivamente substituído pelo  mecânico. Foram surgindo oficinas perto das pedreiras. O apogeu da exploração dos mármores foi atingido entre os anos 1960, década em que a electrificação foi reforçada, e 1980, quando adveio a crise. Com o decorrer do tempo, as máquinas-ferramentas passaram a ter maior eficácia enquanto as questões da segurança e saúde ganhavam relevância.

Vários artistas portugueses modernos e contemporâneos têm trabalhado o mármore de Estremoz. Destaco dois: o primeiro é alentejano, natural de Alcácer do Sal, António Branco de Paiva (1926-1987), que esculpiu a estátua da Rainha Santa (Fig. 16) em frente ao castelo de Estremoz (foi nessa localidade, em 1336, que Isabel de Aragão, esposa de D. Dinis, faleceu); o segundo, bem mais conhecido, é o lisboeta de pai eborense João Cutileiro (1937-2021), que esculpiu uma figura feminina exposta na praça do Giraldo (Fig. 17), para além de ter criado uma estátua de el-rei Dom Sebastião para a praça central de Lagos e uma estátua feminina num lago fronteiro ao Palácio de Mateus, próximo de Vila Real.

A entrada da Wikipédia para «Mármore» em português [22], na data em que a consultei (25 de Maio de 2022) é muito parca sobre o mármore português: apenas diz que «em Portugal, as maiores explorações de mármore localizam-se em torno da zona de Estremoz, Borba e Vila Viçosa, de onde é extraído o chamado Mármore de Estremoz». Na iconografia mostra-se a Vénus de Milo, mas o monumento exibido é o Taj Mahal, na Índia, e a pedreira exibida é indiana. A página em inglês não fala sequer do mármore português, apesar de indicar uma extensa lista de sítios onde há mármore no mundo. Em contraste, a sua correspondente em alemão [23], muito mais desenvolvida do que as outras, fala do mármore de Estremoz, apresentando amostras dos mármores de Estremoz e de Trigaches, comparando-o com o de outras regiões do mundo, incluindo Carrara. Apresenta uma lista seleccionada das regiões do mundo com maior produção de mármore, que vale a pena reproduzir:

«Europa

• França: Região do Pas de Calais

• Grécia: Drama, Thasos, Penteli

• Itália: Massa-Carrara, Laas, Südtirol

• Portugal: Estremoz-Borba-Vila Viçosa

Ásia

• Turquia: Regiões de Izmir, Muğla, Afyon, Sivas, Akhisar, Antalya, Alanya, Sakarya e Amasya

América do Norte

• Estados Unidos: Estados federais da Geórgia e Vermont

• Canadá: Província do Quebec.»

A entrada apresenta uma imagem do Ehecarrussel («Carrocel do Casamento») (Fig. 18), também chamada Fonte de Hans Sachs, do escultor alemão da escola realista Jürgen Weber (1928–2007), situada no centro de Nuremberga, no norte do estado da Baviera, na Alemanha, que tem partes feitas de mármore de Estremoz, tal como lá vem indicado. A fonte foi construída entre 1977 e 1981, com o propósito prosaico de cobrir um respiradouro de metro. As figuras grotescas em bronze representam as várias fases do casamento, segundo um poema do poeta nascido na cidade no século XV Hans Sachs [24]. Tendo sido uma obra muito criticada no tempo da sua inauguração, tornou-se entretanto uma dos locais simbólicos da cidade. A arte tem a capacidade de regenerar os sítios urbanos.

O nosso país tem sido desde o século XIX um exportador de mármore, dada a sua elevada produção e a boa qualidade do produto. O maior produtor mundial de pedra natural, blocos que servem para construção civil e ornamentação e que incluem para além do mármore o granito, o calcário e o xisto (só para referir ao materiais mais abundantes), eram, em 2014, a China, com 42,5 megatoneladas [24]. Seguiam-se a Índia, com 22,  a Turquia, com 11,5, o Irão, com 7, e a Itália, com 6,8. Em 9.º lugar aparece Portugal, com 2,8 megatoneladas, respectivamente. Não é uma posição modesta, pois em poucas matérias-primas Portugal está no top ten mundial: Portugal, apesar de ser um país muito mais pequeno, aparece à frente dos Estados Unidos.  Na listagem de países exportadores, no mesmo ano, Portugal ocupa o 7.º lugar mundial, com 1,7 megatoneladas, só sendo batido pela China, Índia, Turquia, Itália e Espanha. Isto significa que a maior parte da nossa produção é para exportação.

3.  O futuro do mármore

O mármore tem uma grande história no mundo, pontuada por obras de arte extraordinárias, e tem também um grande futuro, por ser um material inigualável. As projecções indicam que as necessidades de mármore vão continuar a crescer à escala global dado o aumento da população mundial e o concomitante aumento da construção civil.

A produção de mármore no Alentejo tem sido mais ou menos estável nos últimos tempos, dado não ter havido crescimento da procura e de haver forte concorrência de outras regiões, designadamente a China e a Índia (razão por que se fala de «crise» do sector»), mas existem condições para responder a uma eventual maior procura. No anticlinal de Estremoz as reservas são imensas; apesar da grande exploração realizada até agora, há uma enorme riqueza ainda por extrair. Só cerca de um terço dos 27 km2 de mármore foram explorados até hoje. A exploração de mais um décimo, com pedreiras de uma altura de 100 m, dará um total de 220 milhões de toneladas e, considerando os valores correntes da extracção anual, seria um trabalho que levaria mais de 500 anos! Esta estimativa peca decerto por defeito porque a altura conhecida de mármore é bastante maior, podendo nalguns sítios ultrapassar os 400 m. Portanto, não falta mármore para uso interno e, principalmente, extremo.

O património do mármore tem sido estudado e valorizado nos últimos anos. As pedreiras de mármore de Estremoz ganharam má fama com a derrocada em 2018 de um troço da estrada municipal 255 numa zona de pedreiras entre Vila Viçosa e Borba, causando cinco mortos, mas essa funesta circunstância não deve impedir nem a continuação da exploração sustentável, usando as melhores tecnologias e assegurando os melhores cuidados para os trabalhadores e para as populações, como a continuada promoção turístico-cultural da região. Como a maior parte do mármore de Estremoz se destina a exportação, trata-se de uma riqueza económica nacional que urge valorizar: há quem fale em «ouro branco». Mas há também uma inegável riqueza turística, que não deixando ter um lado económico tem sobretudo uma componente cultural. As duas componentes têm de ser harmonizadas da melhor maneira.

As maiores povoações da formação geológica onde se encontra o mármore – por ordem alfabética, Alandroal, Borba, Estremoz, Sousel, Vila Viçosa Alandroal e Borba – bem fariam, em oferecer-se como um pólo de atracção turística, juntando a história, a arte, a ciência e a tecnologia (Carrara pode ser um exemplo inspirador). Todas elas são manifestações da vasta cultura humana. Nesta perspectiva, cumpre, por exemplo, modernizar o interessante Museu do Mármore de Vila Viçosa, reforçar o Centro Ciência Viva de Estremoz, que justamente se especializou nas Ciências da Terra, e dar a conhecer, em visitas guiadas às pedreiras, as profundezas da Terra que o engenho do homem revelou para seu benefício. Seria também conveniente convidar para a região artistas da pedra, que pudessem mostrar como uma obra de arte que começa por existir só na imaginação do artista emerge da pedra a golpes de cinzel, para além evidentemente de organizar exposições das obras de mármore e congéneres. A junção da arte com a ciência só pode reforçar a cultura, sendo algumas das tentativas que têm sido feitas nesse sentido um dos traços maiores da cultura científica contemporânea.

O mármore vem da Terra e começa por ser um assunto das ciências geológicas. Mas é também matéria-prima das artes, incluindo até a literatura. O Padre António Vieira (1608–1697), que foi segundo Fernando Pessoa o «imperador da língua portuguesa», usou no «Sermão da Primeira Sexta-Feira da Quaresma» (1644), o mármore numa das sujas poderosas metáforas morais [25]:

«E assim como não há mármore nem bronze tão duro que, ferido do raio do sol, não responda ao mesmo sol com a reflexão do seu raio, assim não há coração tão de mármore na dureza, e tão de bronze na resistência, que, prevenido no amor, o não redobre e corresponda com outro.»

BIBLIOGRAFIA

[1] CAMPOS, Álvaro de. Obra Completa, ed. Jerónimo Pizarro e António Cardiello, Lisboa, Tinta da China, 2024.
[2] PASQUIER, Alain, La Vénus de Milo. Les Aphrodites du Louvre: Paris: Ed. Reúnion des Musées Nationales, 1985.
[3] LIVIO, Mario, O Número de Ouro, Lisboa: Gradiva, 2012
[4] https://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_Futurista (consultado em 25 de Maio de 2022)
[5] «ORPHEU» Revista Trimestral de Literatura, Ano I – 1915, n.º 1 Jan.-Fev.-Mar. Lisboa: Oficinas da Tipografia do Comércio. Edição fac-similada, Lisboa: A Bela e o Monstro, 2015.
[6] FARRA, Maria Lúcia del Farra, «De Florbela para Pessoa com amor», Pessoa Plural: 7 (P./Spring 2015), 116-131.
[7] ESPANCA, Florbela, Poesia Completa, Lisboa: Bertrand, 9.ª ed., 2009.
[8] PESSOA, Fernando e BOTTO, António (coords.) Antologia de Poemas Portugueses Modernos, Coimbra: Editorial Nobel, 1944.
[9]  NÉRET, Gilles, Miguel Ângelo, Colónia: Taschen, 2010.
[10]  https://www.reuters.com/world/middle-east/dubai-expo-offers-close-up-michelangelos-david-only-neck-up-2021-10-06/ (consultado em 25 de Maio de 2022)
[11] In International journal of religious education: Vol. 23 – p. 23, National Council of the Churches of Christ in the United States of America. Division of Christian Education, International Council of Religious Education – 1946.
[12] NÉRET, Gilles, Rodin. Esculturas e Desenhos, Colónia: Taschen / Público, 2004.
[13] CHANDRASEKHAR, S., Truth and Beauty. Aestethics and Motivations in Science. Chicago: University of Chicago Press, 1990.
[14]  https://mymodernmet.com/ancient-babylonian-geometry-tablet/ (consultado em 25 de Maio de 2022).
[15] Mormando, Franco, Bernini: His Life and his Rome, Chicago: University of Chicago Press, 2013.
[16] CARVALHO, A. Galopim de, As Pedras na Ciência e na Cultura, Lisboa: Âncora, 2021.
[17] SERRÃO, Vítor, SOARES, Clara Moura e CARNEIRO; André, (coords.), Mármore 2000 anos de história. Vol. I. Da Antiguidade à Idade Moderna. Lisboa, Theya Editores, 2019.
[18] MATOS, Ana Cardoso de e ALVES, Daniel (coord.), Mármore: 2000 anos de história. Vol. II. A evolução industrial, os seus agentes económicos e a aplicação na época contemporânea, Lisboa, Theya Editores, 2019.
[19] CARNEIRO, Ana, MOTA, Teresa Salomé e LEITÃO, Vanda, O Chão que Pisamos. A Geologia ao serviço do estado (1848-1974), Lisboa: Edições Colibri, 2013.
[20] ALVES, Daniel (coord.), Mármore, Património para o Alentejo: Contributos para a sua história (1850-1986), Vila Viçosa: CECHAP, 2015.
[21] QUINTAS, Armando, «Técnicas e tecnologias ligadas ao mármore: uma viagem pela história, in [20], pp. 129-160.
[21] https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rmore (consultado em 25 de Maio de 2022)
[22] https://de.wikipedia.org/wiki/Marmor (consultado em 25 de Maio de 2022)
[23] https://de.wikipedia.org/wiki/Ehekarussell (consultado em 25 de Maio de 2022)
[24] ANIET, Diagnóstico competitivo sobre o setor da extração e transformação da pedra natural, Porto, s.d. http://www.aniet.pt/fotos/editor2/internacionalizacao/diagnostico_competitivo_sector.pdf (consultado em 25 de Maio de 2022)
[25] https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=134889 (consultado em 25 de Maio de 2022)

LEGENDAS

Fig. 1 Vénus de Milo, séc. II a.C., atribuída a Alexandre de Antioquia, Museu do Louvre em Paris.
Fig. 2 Vitória de Samotrácia, sécs .III- II a. C., de autor desconhecido, Museu do Louvre em Paris.
Fig. 3 Campa da poeta Florbela Espanca, no cemitério de Vila Viçosa.
Fig. 4 Fachada do Partenon, em Atenas, Grécia, com um rectângulo dourado sobreposto.
Fig. 5 Frisos do Partenon, mais conhecidos por «mármores de Elgin», no Museu Britânico, em Londres, Reino Unido.
Fig. 6 «Fídias mostrando o friso do Partenon aos seus amigos», de Sir Lawrence Alma-Tadem, no Museu de Birmingham e Galeria de Arte, no Reino Unido.
Fig. 7 «David», de Miguel Ângelo, na Galeria da Academia de Belas Artes de Florença.
Fig. 8 Esculturas tumulares de Miguel Ângelo feitas para dois membros da família Medici na Sacristia Nova da Basílica de São Lourenço em Florença. A primeira, no túmulo de Giuliano de’ Medici representa o «Dia» e a «Noite», e a segunda, no túmulo de Lorenzo de’ Medici, representa a «Aurora e o Crepúsculo».
Fig. 9 Tabuleta de argila da Antiga Babilónia com uma inscrição matemática sobre a área de triângulos, que para alguns autores antecipa o teorema de Pitágoras.
Fig. 10 Pedra com a inscrição da fórmula que sumaria o modelo padrão da física de partículas, à entrada do Centro de Controlo do CERN, em Genebra, na Suíça.
Fig. 11 Placa que documenta a presença de Miguel Ângelo numa casa de Carrara, em Itália.
Fig. 12 «Apolo e Dafne» de Bernini, na Galeria Borghese, em Roma.
Fig. 13 Localização do anticlinal de Estremoz.
Fig. 14 Pedreira de mármore no anticlinal de Estremoz.
Fig. 15 Templo Romano, dito de Diana, em Évora.
Fig. 16 Palácio Ducal de Vila Viçosa.
Fig. 17 Escultura da Rainha Santa de António Branco de Paiva, junto ao castelo de Estremoz.
Fig. 18 Escultura de João Cutileiro, na Praça do Giraldo, em Évora.
Fig. 19 Ehecarrussel («O Carrocel do Casamento»), escultura de Jürgen Weber numa praça de Nuremberga, na Alemanha.

1 comentário:

João Boavida disse...

Que magnífica demonstração de cultura, de informação científica, de capacidade de comunicação e de ecletismo vivo e dinâmico

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