segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

EM DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA

Por A. Galopim de Carvalho

No tempo que estamos a viver, em que o governo de António Costa está a ser intensa, sistemática e diariamente atacado por todos os lados, lamento ter de vir a público deplorar o lamentável estado da escola pública e de acompanhar os Professores na luta que estão a travar com a tutela.

Lamento ter de o fazer num tempo em que é fundamental defender este governo, na firme certeza de que nenhum outro faria melhor. É público o meu empenhamento no ensino, em geral, e no da Geologia, em particular. 

Os milhares de Professores que, diariamente me seguem no Facebook (mais de 30 500), sabem que é meu propósito mentalizá-los de que devem ter uma preparação superior quando falam aos seus alunos das matérias contidas no programa oficial. Sabem que essa preparação envolve complementar e valorizar as noções, tantas vezes acríticas e estereotipadas, exigidas nos ditos programas, com outras, ligadas, por exemplo, à história, à cultura, à vivência diária. Mas também sabem que não têm tempo para a pôr em prática ou, como alguém disse, para “divagações desnecessárias”. 

Só esta preparação poderá transmitir aos alunos algo que interiorizem e perdure na sua formação como cidadãos conscientes e motores de uma sociedade melhor. Formação que deveria ser o objectivo maior da escola, mas, infelizmente, não é, como se comprova com a flagrante iliteracia, a muitos níveis, da generalidade dos portugueses. 

 A triste realidade é que a nossa escola pública é má e os alunos são maus (dizem os rankings e estes não mentem) por isso mesmo. Subscrevo esta afirmação da destacada professora e investigadora Raquel Varela, da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade Nova de Lisboa, porque ela vai ao encontro do que aqui e noutros locais tenho dito e escrito, repetidamente, de há muitos anos a esta parte, e que não é demais relembrar. 

Não vou hoje aqui debater as razões que assistem às tão grandes diferenças nas classificações (os ditos rankings) das escolas públicas e privadas, nem os porquês da existência “alunos maus”. São por demais conhecidas e TÊM A VER COM O NOSSO MODELO DE SOCIEDADE . 

Uma coisa é certa, destes rankings fica claro que escolas públicas más e alunos maus, em quantidade preocupante, são, entre nós, uma vergonhosa realidade. 

Algo tem de pôr um travão a este empobrecimento.

António Galopim de Carvalho

2 comentários:

Alberto disse...

A contrário do que possa pensar o Professor Galopim de Carvalho, no gizar das políticas educativas dos nossos atuais governantes, não há alunos maus; são todos bons, e tanto melhores quanto mais pobrezinhos forem. É a chamada escola inclusiva, onde os conhecimentos enciclopédicos, que o Professor Galopim distribui a rodos, são desprezados, num contexto de ensino/ aprendizagem formatado pela filosofia do ubuntu: eu sou, porque tu és!
A estupidez invadiu as escolas C + S e EB 1, 2, 3 + JI + S.
Há coisas muito piores do que a municipalização da contratação dos professores.
Os professores do secundário têm de recuperar a autonomia técnica e pedagógica que lhes roubaram!

Anónimo disse...

Eu quero aplaudir.

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