A Encíclica Laudato Si' - Sobre o cuidado da Casa Comum, do Papa Francisco, é conhecida e frequentemente citada. Já li passagens dela mas nunca a li do princípio ao fim. Fá-lo-ei agora, a pretexto de termos recebido na caixa de comentários do De Rerum Natura o documento completo enviado por um leitor, a quem agradeço. De resto, a encíclica acaba de ser citada por Carlos Fiolhais (como têm feito muitos cientistas, alguns deles ateus) no Prefácio ao livro A Terra Inabitável.
Independentemente de sermos ateus ou crentes e, neste caso, independentemente da religião que seguirmos, independentemente da posição política que adoptarmos, independentemente do local do mundo onde estejamos, independentemente do que quer que seja, não podemos deixar de olhar para a terra como a nossa casa, como a casa que requer o cuidado de todos. Afinal, o que está em causa é a sobrevivência da humanidade e dos restantes seres vivos! Isto é assim tão difícil de entender?!
Eis uma passagem do mencionado documento que qualquer pessoa informada e com bom-senso poderia escrever (c. pág 17 e 18):
"A contínua aceleração das mudanças na humanidade e no planeta junta-se, hoje, à intensificação dos ritmos de vida e trabalho, que alguns, em espanhol, designam por rapidación. Embora a mudança faça parte da dinâmica dos sistemas complexos, a velocidade que hoje lhe impõem as acções humanas contrasta com a lentidão natural da evolução biológica.
A isto vem juntar-se o problema de que os objectivos desta mudança rápida e constante não estão necessariamente orientados para o bem comum e para um desenvolvimento humano sustentável e integral.
A mudança é algo desejável, mas torna-se preocupante quando se transforma em deterioração do mundo e da qualidade de vida de grande parte da humanidade.
Depois dum tempo de confiança irracional no progresso e nas capacidades humanas, uma parte da sociedade está a entrar numa etapa de maior consciencialização. Nota-se uma crescente sensibilidade relativamente ao meio ambiente e ao cuidado da natureza, e cresce uma sincera e sentida preocupação pelo que está a acontecer ao nosso planeta.
Façamos uma resenha, certamente incompleta, das questões que hoje nos causam inquietação e já não se podem esconder debaixo do tapete. O objectivo não é recolher informações ou satisfazer a nossa curiosidade, mas tomar dolorosa consciência, ousar transformar em sofrimento pessoal aquilo que acontece ao mundo e, assim, reconhecer a contribuição que cada um lhe pode dar."
2 comentários:
Ensinaram-nos a poluir, educaram-nos a poluir, incentivaram-nos a poluir, premiaram-nos e pagaram-nos para poluir, obrigaram-nos a poluir. E nunca nos perguntaram nada. Estamos à espera de que nos ensinem que tudo isso estava errado, que nos incentivem a cuidar do ambiente, que nos paguem para tratarmos das nossas doenças e nos obriguem a viver num ambiente saudável. Mas só têm perguntas e advertências e ameaças para nos fazer, como se a culpa fosse toda nossa.
Se havia dinheiro para poluir, e havia todo o dinheiro do mundo, então, para despoluir e não poluir deve haver muito mais.
O crescimento exponencial da população mundial é insustentável! Não é atirando dinheiro para cima das pessoas que vamos salvar o nosso querido planeta azul; muito provavelmente, elas vão comprar ainda mais automóveis - sejam eles elétricos ou de combustão interna - delapidadores dos recursos naturais finitos. Assim, mais do que belas proclamações das altas autoridades religiosas, civis e militares, impõe-se mentalizar a população mundial, por meio dos sistemas educativos formais e de campanhas de esclarecimento veiculadas pela comunicação social, de que, se queremos realmente evitar o abismo, temos de unir-nos para que o número de seres humanos, e de automóveis, à face da Terra, não cresça mais.
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