terça-feira, 26 de novembro de 2019

Fisiologistas do Exercício (1)

“Como a doença amplia as dimensões internas do homem!”
Charles Lamb, 1775-1834).

De há dias, um texto do Professor Catedrático da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física (UC), Manuel João Coelho e Silva, teve o mérito de trazer para as luzes da ribalta o papel do Exercício na promoção e manutenção da saúde.

Escreveu ele, com a autoridade do seu elevado estatuto científico:“Quanto à figura emergente de “Fisiologista do Exercício” parece-me acertada para prevenção secundária da doença através do exercício físico, exigindo conhecimento profundo, desde logo, dos mecanismos adaptativos dos sistemas orgânicos e metabolismo quando já está instalada uma degenerescência que pode ter um carácter crónico (diabetes, hipertensão, coronariopatias, bastando ver as recomendações do American College of Sport Medicine). Reconheça-se publicamente que 90% dos planos de estudos não habilitam os profissionais de Educação Física e Ciências do Desporto para actuar na doença e tal exige sistemas de acreditação de conhecimentos e competências”.

Em vésperas do meu casamento, ofereceu-me o meu futuro sogro, tenente-coronel médico, o “Manual Scientique d’Education Physique”, da autoria do Docteur Maurice Boigey, de que extraio a seguinte introdução: “Ma experience me fait atribuer une importancence trés grande au developpement de l’education physique, on peut en effect, par ce moyent, diminuier les maladies, renforcer la réssistance de l’home vis-à vis des agents pathogénes, lui permetre d’entendre à la viellese dans la plenitude de son pouvoir physique, intellectual et moral, en somme retarder l´heure de la senescence organique” (“Manual Scientifique de l’Education Physique”, Maison Éditeurs, Libbraires de l’Académie de Medicine, 1932).

 Penso que influenciado pela sua leitura, a minha cadeira preferida do currículo do INEF foi Fisiologia, ministrada pelo Doutor Tibério Antunes, com a elegância do seu verbo oral e o entusiamo estilístico que lhe merecia a prosa. Quiçá por isso, a dissertação por mim escolhida de final do curso incidiu sobre aspectos de natureza fisiológica ("Exploração Submarina"), de que, de uma forma geral, os alunos fugiam, como diabo da cruz, pela exigência por parte do arguidor. Com grande júbilo, o meu o trabalho foi merecedor de considerações elogiosas, tendo melhorado substancialmente a minha classificação final de curso!

Como intróito desta temática, dou notícia da actuação de professores de Educação Física no domínio científico, reportando-me a um trabalho, intitulado “Influência do Exercício na Fadiga Intelectual”, levado a efeito por uma equipa formada pelo então director do INEF, doutor Andeson Leitão, e um grupo de docentes licenciados em Eduação Física, que mereceu o 2.º Prémio da Sociedade de Ciências Médicas (1963), atribuído, em colaboração com o Laboratório Pfizer, com o objectivo de contribuir para a dinamiação da investigação em Ciências da Saúde. (Continua)

 P.S.: Tempos atrás propus, num dos meus post’s, a abertura de lugares para professores de Educação Física (amanhã com mestrados universitários em Fisiologia do Exercício) nos Centros de Saúde, a exemplo de psicólogos, para prescreverem os exercícios físicos necessários e seguirem a sua execução.

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