Para se não pensar ser eu
oportunista, aprestado em me intrometer num temática desconhecida para mim,
como prova de que assim não é, trago à colação um livro da minha autoria: “Educação Física – Ciência ao
Serviço da Saúde Pública” (edição da Sociedade de Estudos de Moçambique”,
Lourenço Marques, 1973).
Passado pouco tempo, fui
nomeado vice-presidente da direcção e da secção de ciências, desta prestigiada
associação científica/cultural, “Palmas de Ouro” da “Academia de Ciências de
Lisboa”.
No livro supracitado relato o
facto do Dr. Augusto Tito de Morais, médico-investigador do Instituto de
Investigação Médica de Moçambique, bom amigo, falecido décadas atrás, ter-me
dito ser sua intenção promover uma série de conferências, na Associação de
Naturais de Moçambique, sobre Educação Física, para abanar as frágeis colunas da
Educação Física do monumental Templo do Futebol, fins
da década de 50. Foi Tito de Morais, obviamente, primeiro orador
seguindo-se-lhe eu e depois o meu colega Dr.João Boaventura (este aquando da
sua vinda para Portugal, passados tempos, foi nomeado subdirector da Direcção-Geral
dos Desportos).
Confessou-me Tito de Morais, com
maganice: “Sabes? Pretendi pôr-vos a vocês, professores de Educação Física, à
bulha para agitar a pasmaceira da terra!”
Passados tempos, João Boaventura, homem de
grande cultura no âmbito as humanidades, foi apresentador da minha conferência proferida
no salão nobre da Sociedade de Estudos tendo-se referido, generosamente, á
minha pessoa do seguinte modo:
“É velho e corrente o conceito
de que o apresentador valoriza o conferencista por fazer as vezes de padrinho
junto da pia baptismal. No caso, pelo contrário, é a conferência que empresta
valor ao autor da apresentação, pois considero que a apresentação deveria, em
paradoxal consequência, operar-se no fim da conferência. Quem recomenda o
apresentador é o apresentado.
O meu Colega e Amigo Rui
Baptista quis dar ao meu nome a honra de acompanhá-lo nesta conferência,
indevida e desnecessariamente, tanto o seu nome é sobejamente conhecido, quer
como orador, quer como polemista, quer claro está, como professor de Educação
Física, cabendo aqui destacar a sua autoridade no campo da ginástica de
recuperação, a qual, atravessando fronteiras projectou o seu nome para a
vizinha África do Sul.
Ao lado e à sombra do nome do
Dr. Rui Baptista, eu fico como assistente fraterno que serve ao estímulo da
luta com a força solidária do coração. Só por um acaso sentimental é que eu
estou, portanto, aqui. E por uma fatalidade auspiciosa para os presentes, aqui
não está a apresentação do conferencista. Quem a fará é o próprio apresentado
através da sua conferência. E por ela se verá como o meu arrimo seria uma
pálida sombra da realidade”.
Nessa minha conferência
editada em livro pela Sociedade de Estudos de Moçambique, desenvolvi as seguintes
temáticas:
1. A Educação Física (EF) e a função
osteoarticular.
2. A EF e a função circulatória.
3. A EF e a função respiratória.
4. A EF e a função do sistema nervoso.
5. A EF e a toxicomania.
6. A EF e o metabolismo.
7. A EF e a Medicina Desportiva.
No final enunciei estas
conclusões, no que respeita aos benefícios que a Educação Física pode aportar à
Saúde Pública:
Manutenção e melhoria de uma
correcta postura da coluna vertebral.
Estimulação do crescimento do sistema
ósseo e prevenção da osteoporose.
Melhoria da função ósteo-articular
pelo aumento da respectiva mobilidade e fortalecimento dos ligamentos
Prevenção e tratamento de
discopatias.
Aumento da espessura das fibras musculares
estriadas e, como tal, da força.
Fortalecimento do sistema
respiratório no tratamento de asma, bronquiectasia, etc.
Contributo para o relaxamento
físico e consequente combate ao “stress”, provocado
pelo agitar do dos nossos dias.
Regulação do peso corporal coadjuvado
por uma correcta alimentação.
Combate ao uso drogas por a
prática desportiva afastar os jovens do respectivo consumo [infelizmente princípio contrariado hoje
no desporto de alta competição e na prática de musculação/culturismo em que o desejo de crescimento monstruoso e
rápido dos músculos se tornou prática corrente ao serviço de criminosos
vendilhões do templo de um rendoso comércio de anabolizantes [em meteórica
expansão nos dias de hoje].
Retardamento do processo de
envelhecimento pela exercitação das funções orgânicas
Aumento do tempo médio de vida
por diminuição de doenças
Se o “homo sapiens” continuar
em empenhar-se no seu próprio aniquilamento não sobreviverá por muito mais tempo
ao destino implacável da sua degenerescência e diminuição da sua capacidade de
pensar e agir [repare o leitor que esta minha “profecia” - como disse Mark
Twain, com o espírito que o
caracterizava,“ a profecia é algo muito difícil especialmente em relação
futuro”- assume hoje preocupações de natureza científica que alertam para o perigo
iminente do fim do próprio planeta que nos serve de casa!
Por ser mais importante para
um currículo de vida a maneira como se fez do que daquilo que se faz, dou conta
dessa minha conferência, transcrita em vários artigos de jornal, devido à sua extensão:
“Temos hoje oportunidade de
passar a divulgar o texto da notável conferência proferida pelo dr. Rui
Baptista, no passado 16 de Agosto, na sede da Sociedade Estudos de Moçambique,
em Lourenço Marques.
Nome sobejamente conhecido nos
meios desportivos, com maior incidência na Educação Física, o Prof. Rui
Baptista dispensa qualquer apresentação.
O texto completo que hoje começamos a publicar
reflecte bem os conhecimentos profundos que o seu autor tem sobe a problemática
da Educação Física no Estado Português de Moçambique, assim como no nosso País
(“Diário”, de Lourenço Marques, 26.9.72)".
Com este "modus operandi" descritivo verbal e escrito em letra de forma, tentei cumprir o relato de uma parcela do meu destino de comunicador em modestíssimo contributo de que dou conta apoiado nos ombros daqueles que nele divisaram algum mérito que eu desejaria ter cumprido no seu todo
Com este "modus operandi" descritivo verbal e escrito em letra de forma, tentei cumprir o relato de uma parcela do meu destino de comunicador em modestíssimo contributo de que dou conta apoiado nos ombros daqueles que nele divisaram algum mérito que eu desejaria ter cumprido no seu todo
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