domingo, 24 de novembro de 2019

Crise de leitura

Em entrevista ao jornal Granada Hoy que pode ser lida aqui o académico espanhol Carlos García Gual, grande helenista, conhecedor da cultura clássica e seu divulgador, pensador atento à actualidade, analisa a crise da sociedade como uma crise de leitura:
"A sociedade actual está dominada pelos meios de comunicação audiovisual e as pessoas passam mais tempo a olhar para ecrãs do que a ler livros. Na sociedade de massas há que defender a liberdade individual e a imaginação que se obtêm através da leitura, fonte de prazer e felicidade."
"Assistimos a um afastamento da visão humanista para a substituir por um mundo mais frio voltado para o emprego e o rentável, no qual se perde o indivíduo livre. A crise de leitura, que é o que nos leva à reflexão, é a crise principal desta sociedade, sem leitura a vida humana é muito mais chã. É preciso estar aberto a outras épocas, o passado abre horizontes de reflexão, imaginação e sensibilidade..."
Reconhecendo a importância da tecnologia, afirma que "é certo que no mundo actual se vive cada vez melhor e a tecnologia significou um avanço enorme em campos como a medicina, mas também produziu a homogeneização. Vivemos sob a tirania de uma civilização tecnológica e de um capitalismo feroz que faz com que os pobre sejam cada vez mais pobres." 

2 comentários:

Rui Baptista disse...

Aliás, já no século XIX, ou seja antes do mundo estar dominado ou distraído com as novas tecnologias, lamentava-se Eça: "Hoje não se lê, folheia-se"!

Carlos Ricardo Soares disse...

Vai-se tornando notório que slogans como Livre, Liberal, Liberdade...são uma espécie de tumores cerebrais que ninguém quer. A tirania da liberdade é a mais antiga tirania do mundo. A da civilização à força vem a seguir. Quando a civilização conseguir conciliar o capitalismo com o socialismo, os interesses individuais com os interesses colectivos, sob a égide do respeito e do "culto" (de cultura) do planeta, submetendo o poder do dinheiro ao poder da razão e da ética, então pode deixar uma via de emergência aberta para quem quiser saltar fora, em vez de querer atirar os outros para fora.

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