Meu artigo de opinião publicado hoje no “Diário
as Beiras”:
“Mudar o mundo, meu amigo Sancho, não é loucura, não é utopia, é Justiça”.
Miguel de Cervantes (1547-1616).
Finalmente, dois
pesos pesados da Assembleia da República, ambos do Partido Socialista, obrigaram-se,
a confessar publicamente a situação grave (em fase terminal?) que vive o actual
Sistema Nacional de Saúde.
Refiro-me a Carlos
César e a Ana Catarina Mendes, reconhecendo esta chegarem-lhe todos os dias relatos de falhas no SNS. Por seu turno, um administrado
hospitalar defendeu, “um plano estratégico para os próximos anos, no início da
legislatura do PS, para evitar um ponto de não
retorno”.
Ao leitor mais distraído ou descrente, que,
porventura, possa pôr em dúvida as críticas feitas ao SNS, aconselho-o a
consultar os meios de comunicação social a fim de tomar conhecimento do estado
calamitoso em que doentes, inscritos para serem operados de urgência para não pôr em risco a vida, são
chamados depois do tempo de espera lhes ter ceifado a existência, como se a
morte humana servisse para aliviar o erário nacional ou , com ironia macabra, para
satisfazer a curiosidade dos leitores das páginas de obituários.
Assim como nos livros
policiais em que a primeira questão colocada é a procura de quem possa vir a
beneficiar de determinado crime, eu de igual modo interrogo-me sobre quem possa
ter colhido dividendos com a situação do descalabro do SNS.
Sem rodeios, porque o
assunto é demasiado grave para que os seus responsáveis, por vezes, com
interesses inconfessados, não permaneçam no olvido da responsabilidade, acuso
todos aqueles que tudo fizeram para que a actual agonia do SNS permitisse o
crescimento, sem rei nem roque, de uma medicina convencionada cada vez mais forte,
qual parasita que corrói as entranhas do hospedeiro.
Sem sombra de dúvida,
a sobrevivência do SNS passa pelo retorno às origens definidas pelo seu criador António Arnaut, que deve dar voltas no túmulo,
com dedo acusador apontado aos seus correligionários em trabalho de sapa, apostados
em o destruir, pela descaracterização da
sua função original. Dar aos portugueses um SNS de qualidade por parte da população
não ter dinheiro para suportar seguros de saúde.
Restando, “ipso facto”, para os pobres e remediados
os escombros de um SNS, com dívidas cada vez maiores por parte dos hospitais,
médicos carecidos de experiência bastante, enfermeiros e número suficiente,
enfermeiros em número escasso, etc.,etc.
E tudo isto, para
além de sobrecarregar o SNS com mais doentes, fazendo uso de medidas que os
atiraram para as garras da desgraça em atentado contra a sagrada vida humana,
através de uma legislação canhestra que se adaptasse às vítimas mesmo, velhas,
doentes ou deficientes, cônjuges de familiares, expulsos da ADSE, com a
desculpa esfarrapada de terem passado a receber reformas de miséria da
Segurança Social.
A solução para esta
espúria legislação, com efeitos retroactivos e agindo em desfavor dos cidadãos,
exige a sua derrogação imediata que não é difícil porquanto as próprias leis
constitucionais são passíveis de alterações ou mesmo derrogação.
Como nos alertou Eça
de Queiroz, “deixar tudo como está é pactuar com sociedades corrompidas que
reinam pelo desdém, outros diriam pela imbecilidade”. No caso da deterioração em
plano inclinado do SNS, mais do que imbecilidade, uma autêntica malvadez!
P.S.: Alterei o título do artigo do jornal, inicialmente: "Interne-se o SNS nos Serviços de Urgência"
2 comentários:
Os responsáveis directos pela ADSE ficam mudos e quedos que nem penedo, como sói dizer-se, a todas as reclamações que escrevo, sem ser de “pena ao vento”. Ou quando o fazem é para me passarem, preto no branco, o estado de ignorância de eu não saber interpretar textos legais, logo eu que tenho uma certa apetência para as questões de natureza jurídica.
Ou seja, quando avento a hipótese de ser alterada legislação sobre a expulsão dos familiares de seus beneficiários, atiram-me à cara, a respectiva legislação que eu solicito ser impugnada por estar inquinada de retroactividade em prejuízo de situações anteriores.
Eu repito, com paciência de Job, para além de estudos de ensino superior (bem sei haver burros que coleccionam diplomas, como quem colecciona selos), nunca dei que zurro e, como tal, poder haver o perigo da minha voz não chegar ao firmamento estrelado da ADSE.
Tive uma exigente 4.ªa classe do antigo ensino primário que me habilitou para a interpretação de textos de escritores que enriquecem a nossa riquíssima Literatura hoje abastardada com perguntas de cruzinhas que delas tomei conhecimento aquando da frequência do meu Curso de Oficiais Milicianos Infantaria ( Mafra, em idos de 1952/53.
Arrenego “curvar a cerviz” (Camilo), assim, tão-só, usando a cidadania democrática em fazer perguntas ao poder político e de ser esclarecido, limito-me a insistir que a ADSE (ou quem de direito) me esclareça da bondade da medida que contesto, em teimosia que não condiz com a alterações que tem sido feitas face ao descalabro da ADSE que de altamente rentável passou, num ápice, a deficitária, a ponto de estar em risco a sua sobrevivência.
Gostaria de me não continuarem a atirar à cara, eu posso, eu quero eu mando! Já agora o que pensa o leitor que amanhã se poderá defrontar com esta situação ou dela já esteja a ser vítima? Aguardo resposta(s).
Como antigamente se escrevia epistolarmente, de V. Exªs atento, venerando e obrigado!
Rui Baptista
Na 2.ªlimha do 3º§ meu cometário anterior onde escrevi "zurro", emendo para zurrasse.
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