terça-feira, 19 de novembro de 2019

A Estranha Política do Partido Socialista em Insistir no Erro

“Se não receio o erro é porque estou sempre pronto a corrigi-lo” (Bento de Jesus Caraça).

Tempo atrás, fiz a promessa formal de deixar de publicar textos críticos sobre a ADSE por eles não encontrarem eco no seu muro de “silêncio que arranha a alma” (Leandro M. Cortes) e do Governo à época. Mudo de opinião por “a esperança ser a última a morrer”, pese embora o facto de o actual governo me parecer ser o espelho de aumentar e distorcido do anterior em que não me revia, entre outros motivos, por não ter sangue de barata em aceitar injustiças.

Citando Rosa Maria Martelo quando escreve (“Público”, 02/11/2019) ter Jorge de Sena “o desejo de uma comunidade em que a verdadeira dimensão do humano não fosse rebaixada pelo protagonismo de medíocres e arrivistas” - que a experiência de vida me diz ser verdadeira utopia -, falto à promessa feita, com a publicação deste artigo por me repugnar visceralmente a expulsão da ADSE de idosos cônjuges de respectivos beneficiários  por  terem passado a usufruir de uma magérrima  reforma, de mais ou menos 250 euros mensais da Segurança Social que mal chegam para comer uma sopinha diária e uma refeição com conduto  de passa fome!

Ainda que sabendo ser Carlos Liberato Baptista um simples peão no xadrez deste “status quo”, não posso deixar de estranhar a sua nomeação para a presidência da ADSE - envolvido que tinha estado numa auditoria enquanto administrador-delegado da Portugal Telecom - de que se viria a demitir “alegando motivos pessoais” (“Público, 02/05/2018) contraditados, no dia seguinte, nesse mesmo jornal, ao noticiar que o seu mandato ia “ser passado a pente fino”.

Pedido aceite, beneficiou ele de cerca de três meses até a sua substituição por Sofia Portela, antiga vogal da ADSE, tempo suficiente, para varrer possível lixo para debaixo do tapete havendo, “ipso facto”, o risco  da culpa morrer solteira!

Atentemos neste pormenor: no ano de 2015, auditoria do Tribunal de Contas acusa o Governo de financiar o Orçamento do Estado à custa da ADSE: “Funcionários públicos estão a pagar mais 228 milhões do que seria necessário (“Expresso”, 17/07/2015). No dia 30 do passado mês de Outubro do ano em curso, foram os leitores surpreendidos (por razões óbvias, exceptuo-me desse estupor!) com  a notícia publicada, em vários meios de comunicação social, da “ADSE se encontrar em colapso”.

A razão da minha não surpresa teve a ver com o facto da ADSE ter  sido criada como meio complementar ao Serviço Nacional de Saúde  dos funcionários públicos e seus cônjuges , nunca por nunca ser, para subsidiar possíveis convenções geradas, em úberes e licenciosos ventres de interesses privados, despojando este de verbas indispensáveis a um serviço público de saúde agonizante passados 40 anos da sua criação, em desrespeito por uns tantos familiares dos respectivos beneficiários e, simultaneamente, pela memória do seu criador, António Arnaut.

Se Nicolau Breyner ainda fosse vivo, seria altura de recriar a sua festejada rábula televisiva com Herman José: “Como passa Senhor Contente? / Como passa Senhor Feliz? / Diga à gente, diga à gente / Como vai este país”?

Em minha opinião, só falta a este país a personagem, chamada Alice, da obra infantil de Lewis Carrol, para ser “O País das Maravilhas”, que os políticos lusos prometem, nos seus miríficos programas eleitorais, sabendo, de antemão, a impossibilidade em as cumprir!

P.S.: Para além de fundamentos de humanismo, a razão que julgo assistir-me baseia-se no princípio da não retroactividade das leis em prejuízo dos cidadãos.

2 comentários:

Anónimo disse...

“Se não receio o erro é porque estou sempre pronto a corrigi-lo”

Deve ser «pese embora o facto de o actual governo» em vez de
«pese embora o facto do actual governo».

Rui Baptista disse...

Com laivos de desonestidade, poderia ter justificado "pedagogicamente" o meu "lapsus calami" com a desculpa esfarrapada de o ter cometido para ver se prováveis leitores me tinham lido com a devida atenção! Vou já emendar, agradecendo o reparo.

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