sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Marshalsea
Destacamos, com a devida vénia, a crónica de J.L. Pio Abreu no "Destak":
Marshalsea foi dada a conhecer por Charles Dickens e encerrada ainda durante a sua vida. Foi a mais conhecida das prisões inglesas para devedores, onde o pai do escritor esteve preso por uma pequena dívida. As prisões eram privadas e pagas pelos prisioneiros. Se não pagassem, eram relegados para pequenos quartos partilhados por mais de 20 presos, onde morriam à fome se ninguém os acudisse.
Pagando as despesas, os familiares dos prisioneiros podiam viver com eles e saíam para obter dinheiro. Os presos não podiam trabalhar, mas tinham de pagar o aluguer do quarto, a comida, a roupa, as despesas de tribunal e às vezes a libertação das grilhetas. A isso se juntavam os juros das dívidas, que iam subindo enquanto estivessem presos. De facto, o tempo de prisão dependia muito do capricho dos credores.
Charles Dickens trabalhou numa fábrica desde os 12 anos para sustentar a família prisioneira, até que uma herança a libertou da dívida. A mesma sorte não tiveram os dez presos que chegavam a morrer num só dia por não poderem pagar a comida. Em 1641 existiam em Inglaterra dez mil prisioneiros por dívidas, gerando à sua volta um florescente negocio. O negócio consistia em impedir que os devedores ganhassem dinheiro, de modo a ficarem mais endividados até serem espoliados e escravizados pelos credores e redes envolventes. Dickens ajudou a acabar com ele.
Mas não imaginava que o negócio da dívida renascesse, 200 anos depois, ao nível das nações.
José Luís Pio de Abreu.
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4 comentários:
Quando as palavras valem por mil imagens... excelente!
Há dívidas e dívidas! Umas contraídas por necessidade, outras por aldrabices e negócios obscuros. Nestas questões, não clarificar, é manipular.
Obrigada!
Foi esclarecedor… obrigada… Elza Soares.
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