A palavra ideologia não assume sempre a mesma conotação: por vezes é utilizada com um sentido positivo, outras vezes com um sentido negativo.
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Pode remeter para um conjunto de ideais e princípios, ou seja, ideias acerca do modo como as coisas deveriam ser, nomeadamente na política. Por exemplo: o socialismo e o liberalismo são ideologias políticas. Dito por outras palavras: “qualquer sistema abrangente de crenças, categorias e maneiras de pensar que possa constituir o fundamento de projectos de acção política e social é uma ideologia: um esquema conceptual com uma aplicação prática” (Blackburn, 1997, 219).
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Pode remeter para um conjunto de ideais e princípios, ou seja, ideias acerca do modo como as coisas deveriam ser, nomeadamente na política. Por exemplo: o socialismo e o liberalismo são ideologias políticas. Dito por outras palavras: “qualquer sistema abrangente de crenças, categorias e maneiras de pensar que possa constituir o fundamento de projectos de acção política e social é uma ideologia: um esquema conceptual com uma aplicação prática” (Blackburn, 1997, 219).
Mas pode remeter também para um conjunto de preconceitos, de ideias anteriores à experiência e à análise crítica e racional e que, nas palavras de Blackburn (1997, 219), funcionam como “uma espécie de óculos que distorcem e dissimulam” a realidade. Nesta acepção, a ideologia leva a ajustar os factos à teoria e não a teoria aos factos, ou seja, é uma maneira de pensar que deturpa e ilude.
Nem sempre é óbvio se estamos perante o primeiro ou no segundo sentido de ideologia. Sucede por vezes que os adversários de uma ideologia no primeiro sentido (por exemplo, alguns socialistas quando criticam o liberalismo ou alguns liberais quando criticam o socialismo) a tentam reduzir ao segundo sentido.
E, em certos casos, são os próprios defensores de uma ideologia a fazer essa redução do primeiro ao segundo sentido: agarram-se tão cega e teimosamente aos seus ideais que estes se tornam meros preconceitos - ideias cristalizadas incapazes de explicar o mundo e as suas mudanças, repetidas com convicção e paixão mas de modo acrítico.
Poderemos dizer que “a marca segura de ideologia, tanto na ciência e filosofia como na política, é a negação de factos óbvios” (McGinn, 2007, 63).
Carlos Lopes Pires
Carlos Lopes Pires
Obras referidas:
- Blackburn, Simon (1997). Dicionário de Filosofia. Lisboa: Gradiva
- McGinn, Colin (2007). Como se faz um filósofo. Lisboa: Bizâncio.
1 comentário:
Uma Ideologia tem um Ideal, - e é esse Ideal que tem de ser Humanista - que irá conduzir a sociedade a uma nova etapa, a uma transformação necessária e progressista; mas isso só é possível se o Ideal incorporar o respeito pelo ser humano (se assim não for, existem outras palavras para caracterizar o que por vezes se confunde com Idealogia, são elas, traição, tirania, ditadura etc);
Eu penso que o texto que apresenta é muito pouco esclarecedor, precisamente, porque o autor não assinala, a “marca segura de ideologia” que deverá ser, hoje e sempre, o respeito pelo ser humano.
Visto neste sentido, as definições que o autor apresenta para Ideologia servem a muitos outros conceitos, até para as palavras que acima referi e que não gostamos.
Professora Helena Damião, quero que saiba, que tenho apenas o interesse de participar com comentários como cidadão que se interessa por assuntos correntes da vida, mas com pouca ou nenhuma formação ou cultura, de história ou de filosofia, pois não a tenho, e por isso susceptível de dizer coisas disparatadas, mas são genuínas do meu pensamento.
Cordialmente.
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