Os duzentos anos que passam hoje depois do nascimento de Charles Dickens, o escritor dos desamparados da sorte londrinos, foi pretexto para leituras públicas em 24 países durante 24 horas. E para exposições, debates, mostras de manuscritos...
Do O Homem e o espectro (numa edição de 1959 e tradução de Aurora Rodrigues, página 64):
"Enquanto o sábio segurava o reposteiro com uma das mãos e com a outra erguia o candeeiro, procurando romper as trevas que enchiam a sala, passou por ele um pequeno vulto, que mais parecia um gato bravo, e o qual foi enroscar-se no recanto mais escuro do aposento.
- Que é isto?!... - exclamou, estupefacto.
Readleaw tinha razões para tornar a fazer a mesma pergunta depois de olhar bem para o objecto da sua surpresa, cada vez mais encolhido ao canto da sala.
O químico acabava de ver um monte de trapos, seguros por mão do feitio e do tamanho de uma criança, mas cujos dedos enclavinhados mais se assemelhavam aos de um velho avarento. O rosto era redondo e liso, denotava cerca de seis anos, mas as feições já estavam contorcidas pela prematura experiência da vida. O olhar era brilhante, mas não tinha o viço da mocidade. Os pés descalços, mas bonitos na sua delicadeza infantil, estavam gretados, cheios de sangue e sujos de lama!
Era um garoto selvagem, um pequeno monstro da ordem social, uma criança que nunca tivera infância, uma criatura que podia viver o bastante para atingir a forma de um homem, mas que, intimamente, haveria de viver e morrer como um bruto."
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
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1 comentário:
Chama atenção a docilidade. Da aventura literária de Charles Dickens.
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