segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Professores procuram formação em defesa pessoal
Com a devida vénia, ampliamos a divulgação de uma notícia do Diário de Notícias de hoje:
"A insegurança sentida pelos docentes levou uma empresa a lançar formação. Vinte vão fazer o primeiro curso, por 50 euros
A violência contra professores é um dos temas que mais tem preocupado estes profissionais e que até já levou os sindicatos a pedir o estatuto de autoridade pública. Para ajudar os docentes a lidar com situações de violência em meio escolar, uma empresa de defesa pessoal lançou uma formação específica em que vão ser simulados acontecimentos já vividos pelos participantes.
A procura foi grande e em apenas uma semana as 20 vagas ficaram preenchidas. “Também tivemos inscrições de auxiliares, mas desta vez vamos dar preferência aos professores e mais tarde faremos outra formação para os auxiliares”, explica ao DN Ricardo Lisboa, fundador da SMD (Sistema Marcial de Defesa) e coordenador deste curso de defesa pessoal.
A formação, marcada para 25 de fevereiro, no Porto, tem a duração de um dia e custa 50 euros. “Os professores vão aprender noções básicas de defesa com base em situações que acontecem no dia a dia das escolas. Pedimos que tragam a roupa e os acessórios que usam no trabalho, para desta forma simular melhor os diferentes casos”, explica Nuno Horta.
Porém, os conhecimentos de defesa pessoal para reagir a uma agressão de um aluno ou outras pessoas não agrada a todos os professores. Paulo Guinote é um desses casos e até questionou a sua necessidade no seu blogue Educação do Meu Umbigo. Ao DN explicou que tem dúvidas de que “este tipo de aprendizagens se possa usar contra um aluno”. Além disso, acrescenta que “estes conhecimentos não deviam fazer sentido dentro do espaço escolar."
“Admito que estes conhecimentos até possam dar mais segurança a quem possuir a formação, mas só devem ser usadas em ameaças fora do recinto escolar e dentro da escola só casos muito extremos justificariam o uso destas técnicas”, acredita o professor do 2. º ciclo.
Opinião diferente têm os professores que procuraram a formação da SMD. Aliás, a ideia só surgiu depois de ter sido proposta pelos próprios docentes. “No início do ano fizemos a segunda formação para médicos e alguns deles tinham familiares professores que sugeriram que fizéssemos o mesmo para eles”, conta Nuno Horta. Além disso, os próprios promotores têm a noção de que “os professores têm passado por situações bastante difíceis dentro das escolas”. O reconhecimento de que as escolas passam por momentos complicados foi feito também no início do ano letivo pela Câmara Municipal de Évora, que também levou os auxiliares a aprenderem defesa pessoal.
Os próprios dados oficiais apontam para 72 agressões a professores por familiares no ano letivo de 2009/ 2010. No ano anterior, tinham sido registadas pelo Observatório de Segurança Escolar 284 agressões.
Além dos professores, esta empresa, que existe desde 2009, já deu formação a médicos, técnicos do INEM e controladores dos transportes públicos, agentes da autoridade e militares. A formação assenta em várias artes marciais, com movimentos que qualquer um consegue pôr em prática."
Diário de Notícias 2012-02-13
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5 comentários:
Apetece-me dizer, como professor reformado que ainda deu aulas num tempo em que o respeito pela autoridade do professor, na sala de aula, era norma e os castigos para os transgressores, dissuasores, "No comments". Mas, infelizmente, pelo que se ouve dizer e relatar, a situação mudou para muito pior: quer na falta de respeito e nas agressões físicas, quer nos castigos que são mais não-castigos e, por isso, não dissuasores. Como se faz nos USA e na Inglaterra que costumam ter sucesso nos seus sistemas de ensino? Certamente serão exemplo a seguir. Violência é o que não falta nesses países! Depois, não se pode esquecer a lei que pune os professores que agridem os alunos. Numa turma problemática, quem defenderia o professor?
Um à-parte: quando é que o Ministério permite e incentiva as escolas a formarem turmas de elite para que os nossos melhores alunos não sejam prejudicados em turmas (inclusivas!) onde muitos simplesmente não querem aprender nem trabalhar? Escrevamos ao Ministro!
As agressões maiores aos professores
não provêm de alunos, mesmo que estes
protagonizem muitos atos de violência.
A origem do mal está em diversos
fatores que o tornaram um corolário
previsível.
É quase como culpar o fogo porque
queima e não os pirómanos que a todo
o momento o ateiam.
E pelos vistos, isso até pode alimentar
alguns negócios...
Qualquer dia ainda vamos ter cursos
destes para pais e avós se "protegerem"
de filhos e netos.
Aposto.
Ex.mo Sr. Professor Francisco Domingues;
A ideia, escusada, é de que este à-parte como comentário ao post é inesperado; já por isso mesmo lhe chama um á-parte (pois o post trata de um problema que é transversal à sociedade por inteiro, e o Ensino não é a excepção).
Mas ainda que não fosse inesperado, surpreende a receita profética, (criação de turmas de elite) que disponibiliza aqui no DRN; Sem ao menos enunciar, ainda que em linhas gerais os aspectos e delicadeza do problema que estaria inerente à formação dessas turmas de elite. E assim faz crer, ser possível concretizar uma selecção, - sem no entanto apresentar os critérios – mas que deverá ser racional na escolha dos melhores alunos;
Por tudo isto é conveniente fazer aqui no DRN, e uma vez mais, uma citação de Bento de Jesus Caraça, que contém a delicadeza dos problemas da adopção de uma solução desse tipo (formação de turmas de elite); e que o comentário não trata, mas que deveria pelo menos apresentar.
“(…) Quem pode, efectivamente, garantir que, aos dez ou onze anos de idade, à saída da escola primária, seja possível, com garantia de êxito e justiça, começar a fazer uma selecção de capacidades?
E as florações tardias da inteligência?
Não se corre o perigo de afastar, de cortar a carreira a uma criança que, por se desenvolver vagarosamente, apareceu aos seleccionadores como um inepto? Por outro lado, há que distinguir entre capacidade ampla – aquela que se exerce em extensão, pela diversidade de matérias assimiláveis, e capacidade aguda a que se exerce em profundidade, num âmbito reduzido, mas com um grau de penetração maior. Não se corre o perigo de, sujeitando capacidades de natureza diversa a uma escola comum, criar o desinteresse de alguns, a fadiga de outros, que são obrigados a cursar matérias para que não sentem aptidão?
Como V.Ex.as vêem, são problemas de extrema delicadeza, que há que estudar com o máximo cuidado, pois, da sua resolução depende o êxito ou o descrédito duma instituição que já tem tanto com que lutar.”
Recentemente num comentário aqui no DRN transcreveu-se a opinião de C.G. Jung, contrária à criação de turmas de elite; certo de que as opiniões podem e devem divergir, mas de forma natural e franca;
Cordialmente,
Ex.mo Sr. Professor Francisco Domingues;
E como forma de assinalar desacordo em relação a uma concepção pedagógica por demais ultrapassada, ainda do tempo em que havia o respeito (ou medo!) pela autoridade do professor, deixo uma citação do Professor José Sebastião e Silva, para os leitores do DRN;
“Lamento profundamente ter de reconhecer que o ensino em Portugal está ainda, de alto a baixo, dominado pela concepção pedagógica que tem por símbolos a palmatória e as orelhas de burro. Geralmente, num ensino deste tipo, sobretudo nos graus primário e secundário, o aluno fica marcado: geram-se deste modo os complexos e as barreiras psíquicas, que a grande educadora psiquiatra Maria Montessori soube genialmente evidenciar (principalmente no ensino da Matemática!).”
Cordialmente,
É muito pedagogismo barato...
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