Para isso, apresentaram-me, em
sequência, vários questionários online, daqueles que não nos deixam saltar
nenhum item – qualquer esquecimento ou recusa em responder impede-nos de passar para a “página” seguinte – e que, para não desanimarmos com a extensão, vão-nos dando
informação, em percentagem, do que ainda falta preencher.
Nesses questionários, perguntava-se como é que eu
classificava a “simpatia” dos funcionários. Não me lembro das outras
características de personalidade em apreciação, que eram várias, mas lembro-me
da “simpatia”, porque me questionou sobre o modo como temos de nos apresentar a
outrem, sobretudo aos clientes, para sermos bem avaliados e, em última instância, mantermos
o trabalho.
Ora, a “simpatia” não me parece propriamente uma característica profissional.
Porque é uma coisa muito própria da pessoa, do seu modo de
ser (longe de mim afirmar que o modo de ser de cada um não se altera). Manifesta-se nas escolhas relacionais que vai fazendo e que dão corpo ao mundo
privado que constrói e reconstrói. Traduz-se, digo eu, na disponibilidade de aproximação
ao outro, num envolvimento e confiança e em expressões que não têm qualquer
outra intenção a não ser ir vivendo.
Isto pode acontecer no mundo do trabalho? Admito que sim,
mas nem sempre acontece e nem sequer é necessário (e, mesmo, desejável) que aconteça. Falo
em geral, mas neste mundo público, o que importa é que as atitudes dos profissionais sejam
compatíveis com as funções que desempenham e só isso. Algumas funções exigirão um sorriso que pode ser de simpatia ou metamorfoseado de simpatia, outras funções nem sequer exigem qualquer tipo de sorriso.
3 comentários:
..."nesta época que vai ser, de certeza,
lembrada pelas nossas preocupações
pressurosamente avaliativas"...
Análise muito apropriada.
Mas também não era exagero dizer:
Pressurosa, obsessiva e paranoicamente
avaliativas.
Com os resultados que, em vários casos,
já se podem apreciar. Veja(m)-se os
extraordinários modelos de avaliação
de professores que foram usados nos dois
últimos biénios. Nem os recursos,
entretanto apresentados, e passados os
prazos legais, foram ainda resolvidos,
pelo menos os que conheço...
À ausência de avaliação que tínhamos,
da responsabilidade do ministério,
seguiu-se a "mistificação da avaliação"
que tivemos, sem nenhum ganho e muitas
perdas.
Mas o que é isso num país como o nosso,
que sempre nadou em abundância e
facilidade? Não é?
Absolutamente de acordo, um bom profissional deve exercer a sua função, seja ela qual for, com eficácia, a simpatia não pode qualificar um bom desempenho profissional, embora não se possa admitir a antipatia em quem lida com pessoas, com público. Mas não se ser "antipático" não implica que se seja "simpático".
E subscrevo o comentário relativo à paranóia obsessiva da avaliação, nomeadamente no disparate da avaliação dos professores, e não só, pelo que vou sabendo por aí.
Em vez de avaliar, deixem as pessoas trabalhar e actuem onde realmente há necessidade de o fazer. Ou seja, actuem junto dos casos pontuais, porque a maioria das pessoas, em condições normais, sente prazer em dar o seu melhor, mesmo com todos os maus exemplos que proliferam como cogumelos podres.
Apenas, detalhes mui simpáticos.
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