quinta-feira, 20 de outubro de 2011

SOBRE AMATO LUSITANO (1511-1568)


Informação complementar recebida da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra:

Nasce João Rodrigues em 1511 em Castelo Branco no seio de uma família de origem judaica. Ao nome de família acrescenta, em 1536, Castelo Branco – ficando João Rodrigues de Castelo Branco – e adopta, tanto na profissão como nas letras, o pseudónimo de Amato Lusitano.

Humanista e erudito, aborda com grande curiosidade os assuntos médicos mais variados, da matéria médica à anatomia, sempre preocupado com a procura da verdade, qualquer que fosse o ramo dos conhecimentos. É considerado um dos nomes mais destacados da Renascença médica ao lado de grandes anatomistas como Vesálio, Sylvius, Eustáquio e Brasavola.

Estuda Medicina em Salamanca e, em 1529, regressa à pátria, na companhia do seu condiscípulo Luís Nunes. Durante cinco anos viaja pelo reino e aproveita a permanência em Portugal para, na Casa da Índia, examinar os simples e as drogas que os navegantes portugueses e venezianos trazem para a Europa oriundos das Índias Orientais e do Brasil.

Em 1534 parte para Antuérpia e, durante os sete anos em que ali reside, frequenta o jardim dos Franciscanos para estudar as plantas e a feitoria de Portugal, na Flandres, para ter acesso às plantas medicinais, germe de estudos incessantes que o levariam a escrever em 1536 o seu primeiro livro, Index Diosccorides, usando ainda o nome de João Rodrigues de Castelo Branco. Em 1553, passados 17 anos e vivendo o autor em Ancona, publica em Veneza a sua segunda obra de matéria médica In Dioscorides Enarrationes, considerada a sua obra de maturidade. É então que assume o pseudónimo de Amato Lusitano.

Em Itália para onde se desloca em 1541, fixa-se em Ferrara, não longe de Pádua, onde, a convite do Duque de Ferrara, aceita a docência naquela universidade, esplendor do ensino no Renascimento. Durante a sua estadia em Ferrara, frequenta os jardins de Marcos Pio e de Azzioli, mostra aos estudantes as plantas raras que neles se cultivavam e visita as farmácias de Nicolau Nicolucio e Thomas Lucense. Na corte do Duque Hércules d’Este, convive com grandes celebridades médicas como Hugo de Siena, Manardo e Brasavola. Como clínico desloca-se frequentemente a Roma, Florença e Veneza para tratar o Papa Júlio III, Diana d’Este, Cosme de Médicis, Diogo Furtado de Mendonça e André de Lencastre. Em 1541, começa a escrever as suas Curas Médicas, o seu grande tratado de clínica, que só seria concluído em Salónica em 1561. Durante os seis anos que permanece em Ferrara, onde realiza numerosos actos anatómicos, tem como assistente João Baptista Canano, que com ele descobre a circulação do sangue, descrevendo pela primeira vez as válvulas venosas em 1547.

Em 1547 transfere a sua residência para Ancona, destino de muitos judeus peninsulares perseguidos pela Inquisição, que encontram nesta cidade a protecção directa do Papa Júlio III. Porém, o clima de tolerância religiosa altera-se quando este Papa é substituído por Paulo IV (1555-1559) e o Santo Ofício alarga a sua acção. É o início das suas tribulações. Amato não escapa à perseguição da Inquisição que se apodera de todos os seus bens e haveres em Ancona, incluindo a 5.ª Centúria, que estava quase concluída, e os seus Comentários sobre a 4.ª Fen do Livro I de Avicena, cujo texto havia sido fielmente traduzido por Jacob Mantino, e cuidadosamente revisto por Amato, uma perda que ele muito lamentará. Parte apressadamente de Ancona, para Pesaro, e daqui para Ragusa (hoje Dubrovnik, na Croácia), do outro lado do Adriático, em 1556.

Em Maio de 1559 dirige-se para Salónica, onde parece ter sido nomeado médico do Grão Turco. É nessa cidade, hoje na Grécia, que passa os últimos anos da sua vida. A sua actividade científica não enfraquece, visto que é ali que conclui as três últimas Centúrias e o seu famoso Juramento, datado de 1561. Falece a 21 de Janeiro de 1568, vítima de peste.

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