segunda-feira, 31 de outubro de 2011
DIA DRUMMOND
Se hoje fosse vivo o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade completaria hoje, dia 31 de Outubro, 109 anos de idade. Se a longevidade não o ajudou celularmente, a sua arte poética maior, em língua portuguesa, essa será é imortal. Hoje no Brasil é dia D, Dia de Drummond. E o Brasil dedica este dia a um dos seus maiores poetas do século XX.
Transcrevo um dos seus poemas mais conhecidos e, de certa forma, icónico de Drummond de Andrade, que também pode ser ouvido aqui em inúmeras idiomas e igual número de vozes com rosto:
"No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra"
in "Uma Pedra no Meio do Caminho", 1967.
E aqui na própria voz de Carlos Drummond de Andrade
António Piedade
Bons conselhos de quem sabe
Governo incentiva jovens desempregados a emigrarO jovem desempregado em vez de ficar na "zona de conforto" deve emigrar, disse o secretário de Estado da Juventude e do Desporto.(...)Económico com Lusa31/10/11 11:12Noticia completa aqui.
Acho estas declarações interessantes por vários motivos, um deles a candura. Realmente para muitos jovens e não jovens, desempregados e mal-empregados, a emigração (de preferência para fora da Europa) é uma boa opção de carreira. É bom para quem vai, é bom para o país que os recebe, se é bom para Portugal é outra história: um país com uma população envelhecida, com uma das mais baixas taxas de fecundidade do mundo, exportar a sua força de trabalho, ainda por cima a mais qualificada de sempre?
Mais à frente na notícia pode-se ler:
Caso a opção seja por, no futuro, voltar a Portugal, esse emigrante "regressará depois de conhecer as boas práticas" do outro país e poderá "replicar o que viu" no sentido de "dinamizar, inovar e empreender".
Gosto muito da replicação de boas práticas que as gerações de emigrantes regressados trouxeram, especialmente ao nível da construção civil na Beira Baixa. Piadas à parte (e isto é uma piada, mesmo que não se ache graça) é uma visão messiânica (eles hão-de vir salvar-nos) com uma lógica de optimismo de auto-ajuda (os nossos jovens qualificados irem contribuir para o desenvolvimento das economias de outros países é muito bom).
Emigrar para países com políticos menos mediocres será sem dúvida um bom conselho, estamos de acordo.
sábado, 29 de outubro de 2011
COIMBRA E O BRASIL
Meu texto saído há dias na revista "C" (na figura José Bonifácio):
Quem pense que o mundo inteiro está em crise faria bem, se pudesse, em ir dar uma volta ao Brasil.Aí encontrará crescimento económico, com muita gente a passar da classe média a rica e, ainda mais, a sair da pobreza. Concluirá que a crise está, de facto, acantonada na Europa, incluindo este cantinho à beira mar plantado.
Por isso, nesta altura em que as universidades de cá têm de apertar o cinto, é justo reconhecer a visão do ex-Reitor da Universidade de Coimbra, Fernando Seabra Santos, que alargou o intercâmbio académico com o Brasil. Actualmente, estão a estudar em Coimbra muitas centenas de estudantes brasileiros. E, para ajudar neste processo de internacionalização da mais antiga Universidade Portuguesa, ele próprio está agora no Brasil, como professor visitante da Universidade de Brasília.
São, porém, remotas as ligações de Coimbra com o Brasil. No tempo em que apenas existia uma Universidade, precisamente a de Coimbra, em todo o vasto império português, os mais talentosos estudantes das terras de Vera Cruz demandavam a Lusa Atenas. No final do século XVIII, a época da Reforma Pombalina da Universidade, o Reitor-Reformador, D. Francisco de Lemos, tinha nascido no Rio de Janeiro, um notável professor de Química, Vicente Seabra, tinha nascido em Minas Gerais, e o que é talvez o mais famoso cientista luso-brasileiro, José Bonifácio de Andrada e Silva, que ensinou metalurgia em Coimbra antes de se tornar um dos grandes responsáveis pela independência brasileira, tinha nascido em Santos, São Paulo. Quem entrar no Museu da Ciência de Coimbra encontra na parede uma frase de José Bonifácio, mandada colocar pelo Reitor Seabra Santos. A ciência brasileira começou, como se vê, unida à ciência portuguesa. E, se remontássemos mais atrás, encontraríamos o estudante de Coimbra Bartolomeu de Gusmão, o célebre inventor da Passarola, que nasceu em Santos, tal como José Bonifácio.
Para promover os estudos de história da ciência, reúne-se em Coimbra de 26 a 29 de Outubro o Congresso Luso Brasileiro de História da Ciência. Mais de 200 congressistas, cerca de metade vindos do outro lado do Atlântico, apresentam cerca de outras tantas comunicações, que, no seu conjunto, oferecem um amplo panorama do que foi a ciência em Portugal e no Brasil. Um dos locais privilegiados do encontro será, como não podia deixar de ser, o Museu da Ciência, no Laboratório Chimico, de cujo largo Vicente Seabra lançou um balão e em cujos fornos José Bonifácio realizou as suas experiências metalúrgicas. A ligação entre Portugal e o Brasil sairá, decerto, reforçada. Mais jovens brasileiros procurarão Coimbra, transformando a velha Universidade numa escola cada vez mais nova e cosmopolita, como devem ser as grandes universidades do mundo. A crise diminuirá.
Por ocasião do Congresso, abrirá na Biblioteca Joanina a exposição “Amato Lusitano e a Renascença Médica”, que assinala os 500 anos do nascimento do médico de origem judaica que, nascido em Castelo Branco, percorreu a Europa. Ele viveu numa época em que o estudo de novas espécies vindas do Brasil e da Ìndia ajudou ao renascimento da medicina no Velho Continente.Vale a pena ver a mostra!
EINSTEIN 3
EINSTEIN 2
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
PRÉMIO LITERÁRIO ALDÓNIO GOMES
Informação chegada ao De Rerum Natura.
Com o intuito de estimular a criação literária e a revelação de novos autores, a Universidade de Aveiro, através do seu Departamento de Línguas e Culturas, em parceria com a Reitoria, decidiu instituir em 2011, sob proposta da aluna Célia Alves Resende de Bastos, um Prémio Literário, que viria a receber o nome de Aldónio Gomes, com o intuito de honrar a memória deste insigne pedagogo e grande estudioso e divulgador da língua portuguesa e das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, cujo espólio foi doado a esta Universidade (ver nota biográfica aqui).
O prémio destina-se a galardoar um inédito de autor português ou de país de língua oficial portuguesa, nas categorias de romance, novela, conto, poesia, teatro ou ensaio.
As obras a concurso podem ser enviadas, até ao dia 31 de janeiro de 2012, por correio, registado e com aviso de receção, ou entregues em mão na Secretaria do Departamento de Línguas e Culturas, em envelope fechado, com o seguinte endereço:
“Prémio Literário Aldónio Gomes"
Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro
Campus Universitário de Santiago
Universidade de Aveiro
3810-193 AVEIRO
O resultado do concurso será divulgado no dia 21 de março de 2012.
Com o intuito de estimular a criação literária e a revelação de novos autores, a Universidade de Aveiro, através do seu Departamento de Línguas e Culturas, em parceria com a Reitoria, decidiu instituir em 2011, sob proposta da aluna Célia Alves Resende de Bastos, um Prémio Literário, que viria a receber o nome de Aldónio Gomes, com o intuito de honrar a memória deste insigne pedagogo e grande estudioso e divulgador da língua portuguesa e das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, cujo espólio foi doado a esta Universidade (ver nota biográfica aqui).
O prémio destina-se a galardoar um inédito de autor português ou de país de língua oficial portuguesa, nas categorias de romance, novela, conto, poesia, teatro ou ensaio.
As obras a concurso podem ser enviadas, até ao dia 31 de janeiro de 2012, por correio, registado e com aviso de receção, ou entregues em mão na Secretaria do Departamento de Línguas e Culturas, em envelope fechado, com o seguinte endereço:
“Prémio Literário Aldónio Gomes"
Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro
Campus Universitário de Santiago
Universidade de Aveiro
3810-193 AVEIRO
O resultado do concurso será divulgado no dia 21 de março de 2012.
"A VIDA SEXUAL" NA NET
Foi hoje anunciado em Coimbra, no final do Congresso Luso-Brasileiro de História da Ciência que está disponível mais um grande acervo de documentos de história da ciência portuguesa que pertencem ao espólio das Bibliotecas da Universidade de Coimbra, em particular a Biblioteca Geral. O repositório de funso antigo Almamater fica assim bastante enriquecido. Uma das obras é a tese de doutoramento de Egas Moniz, único Nobel português na área, "A Vida Sexual" aqui .
"FALÁCIA" ESTREIA NO PORTO
Informação recebida da Seiva Trupe, Porto, sobre uma peça de teatro que estreia hoje no Porto:
O autor – Carl Djerassi – já esteve em Portugal, na Seiva Trupe, há 4 anos, assistindo a uma sua obra teatral – Oxigénio – que também foi um grande sucesso. Agora, Djerassi pensa regressar ao n/ país para estar presente na estreia de FALÁCIA e pensamos que nessa altura a Universidade do Porto vai nomeá-lo Doutor Honoris Causa, integrando o evento nas comemorações do Centenário da Universidade e no Ano Internacional da Química.
Mas quem é Carl Djerassi? – Muito rapidamente: este génio, para além de ser autor de importantes obras teatrais, é um dos poucos cientistas norte-americanos que mereceram tanto a National Medal of Science (em 1973, pela primeira síntese de um anticoncepcional oral esteróide – a “pílula”) e a National Medal of Technology. Entre as muitas dezenas de homenagens e títulos, recebeu o Prémio Wolf de Química, o primeiro prémio para a Aplicação Industrial da Ciência, conferido pela Academia Nacional de Ciências, e o mais importante prémio da American Chemical Society, a medalha Priestley.
Nesta peça – FALÁCIA – há um debate vivo, audacioso e cativante, com sentimentos amorosos a cruzarem-se e a prender o espectador pelo “bico”. Num importante museu europeu, em Viena de Áustria, encontra-se a estátua de um rapaz nu, atribuída à era romana e que é a jóia da coroa do museu. Mas a ciência, através da química, desmistifica aquela era. E o valor artístico da obra, para além da data da sua feitura? – Aqui está um espectáculo para quem se interessa por tudo que é importante na vida mas, muito especialmente, para quem se interessa por QUÍMICA e/ou MUSEOLOGIA.
Evocação da Sociedade de Estudos de Moçambique
“A história é uma mediação entre o passado e o presente num círculo hermenêutico” (Paul Ricoeur, 1913-2005).
Escrevo hoje sobre um livro, intitulado “Livro de Ouro do Mundo Português - Moçambique” (s.d.), da autoria da jornalista Maria Helena Bramão, que mãos amigas fizeram chegar ao meu conhecimento, em que, a páginas tantas (pp. 22 e 23) , é evocada a Sociedade de Estudos de Moçambique, ex libris científico, literário e cultural de Moçambique, anterior à criação dos respectivos Estudos Gerais Universitários (1962) e depois em futura e frutuosa parceria. A esta Sociedade (julgo que extinta depois de 1975) ligam-me recordações, quase diria umbilicais, por aí ter proferido duas conferências, respectivamente, nos anos de 1972 e 1973, vindo nela a ser eleito para os cargos de vice-presidente da Secção de Ciências e bibliotecário (1974) e de presidente da Secção de Ciências e 1.º secretário (1975). Consta deste livro um elucidativo capítulo subtitulado “Sociedade de Estudos de Moçambique - uma instituição cultural pioneira”, que transcrevo abaixo na íntegra com o esclarecimento de se reportar, apenas, à vida da Sociedade de Estudos de Moçambique até meados da década de 60:
Escrevo hoje sobre um livro, intitulado “Livro de Ouro do Mundo Português - Moçambique” (s.d.), da autoria da jornalista Maria Helena Bramão, que mãos amigas fizeram chegar ao meu conhecimento, em que, a páginas tantas (pp. 22 e 23) , é evocada a Sociedade de Estudos de Moçambique, ex libris científico, literário e cultural de Moçambique, anterior à criação dos respectivos Estudos Gerais Universitários (1962) e depois em futura e frutuosa parceria. A esta Sociedade (julgo que extinta depois de 1975) ligam-me recordações, quase diria umbilicais, por aí ter proferido duas conferências, respectivamente, nos anos de 1972 e 1973, vindo nela a ser eleito para os cargos de vice-presidente da Secção de Ciências e bibliotecário (1974) e de presidente da Secção de Ciências e 1.º secretário (1975). Consta deste livro um elucidativo capítulo subtitulado “Sociedade de Estudos de Moçambique - uma instituição cultural pioneira”, que transcrevo abaixo na íntegra com o esclarecimento de se reportar, apenas, à vida da Sociedade de Estudos de Moçambique até meados da década de 60:
“A Sociedade de Estudos de Moçambique foi instituída em 6 de Setembro de 1930, data em que foram superiormente aprovados os seus Estatutos, publicados pela Portaria n.° 1185, daquela data. Resultou de um movimento inspirado pelo Engenheiro de Minas, António Joaquim de Freitas, que veio a ser o seu Sócio Fundador n.° 1. Na Circular-Convite que dirigiu aos intelectuais de Moçambique, a propor a fundação da Sociedade, mencionava António Joaquim de Freitas, ser um dos objectivos 'estabelecer um convívio intelectual necessário às pessoas que vivem pelo cérebro'. Os Estatutos aprovados definiram como objectivos da Sociedade de Estudos, contribuir para o estudo e valorização económica de Moçambique; e contribuir para o desenvolvimento intelectual, moral e físico dos seus habitantes em geral, e, em especial, dos seus associados.
A António Joaquim de Freitas juntaram-se 101 Sócios Fundadores. E depois, desde 1930, muitos outros, que com esforço, dedicação e inteligência têm vindo a realizar com persistência os objectivos da Sociedade. Foi o primeiro Presidente da Direcção da Sociedade de Estudos o Coronel Eduardo Augusto da Azambuja Martins. Sucederam-lhe o Eng.° Joaquim Jardim Granger (1932-34); o Coronel João José Soares Zilhão (1935 e 1940-41); o Eng.° Mário José Ferreira Mendes (1936-38 e 1946-49); o Comte. José Cardoso (1939); o Eng.° António Joaquim Freitas (1942-45); o Dr. António Esquivei (1950-60); o Contra-Almirante João Moreira Rato (1961-62); e o Prof. Eng.° Manuel Gomes Guerreiro (1963). O actual Presidente é o Eng.° João Fernandes Delgado.
Foram nomeados Sócios Beneméritos, pelos relevantes serviços prestados à Sociedade de Estudos, o Contra-Almirante Manuel Maria Sarmento Rodrigues, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Câmara Municipal de Lourenço Marques. A Sociedade de Estudos foi agraciada com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (1956), grau de Oficial da Ordem de Instrução Pública (1960), Medalha de Ouro de Serviços Distintos da cidade de Lourenço Marques (1960) e Palma de Ouro da Academia das Ciências de Lisboa (1960).
Dentro da acção desenvolvida desde 1930, a Sociedade de Estudos tem promovido a realização de estudos, cursos, lições, conferências, congressos, exposições e sessões de cinema. Desde 1931 que se publica o 'Boletim da Sociedade de Estudos de Moçambique', que é presentemente trimestral. Tem editado outras publicações entre as quais se destaca 'A Cartografia Antiga da África Central e a Travessia entre Angola e Moçambique, 1500-1860' da autoria do ilustre historiógrafo Comte. Avelino Teixeira da Mota, que a dedicou ao Contra-Almirante Sarmento Rodrigues e a ofereceu à Província de Moçambique. A edição foi custeada por subsídio especial concedido pelo Governo-Geral de Moçambique, tendo-se feito a versão inglesa. As publicações da Sociedade de Estudos são permutadas com as de numerosas instituições nacionais e estrangeiras em todo o Mundo. Foi assim organizada progressivamente uma Biblioteca de carácter enciclopédico, que conta cerca de 25 000 volumes; e uma biblioteca juvenil, com perto de 1500 volumes, convenientemente escolhidos.
O actual Presidente é o Eng.° João Fernandes Delgado. A Sociedade de Estudos tem-se feito representar em diversos congressos e reuniões de carácter cultural, no país e no estrangeiro. Desde 1934 que participa nos congressos anuais da Associação Sul-Africana para o Progresso da Ciência, tendo colaborado na Organização dos Congressos de 1948 e de 1958, que se realizaram em Lourenço Marques. Já nos Estatutos aprovados em 1930 se previa a necessidade de se conseguir ‘uma sede suficientemente ampla, cujos meios de trabalho e conforto irá sucessivamente aumentando, por forma a tornar a sua frequência cada vez mais agradável’. Depois de grandes esforços, foi finalmente decidia a construção do novo Edifício-Sede em 1962, sendo Presidente da Direcção o Contra-Almirante João Moreira Rato, que desenvolveu valiosa acção para tornar viável a realização. Os encargos foram suportados por subsídio, concedidos pelo Governador-Geral de Moçambique, Contra-Almirante Sarmento Rodrigues, pela Fundação Calouste Gulbenkian, por reservas criadas, por quotização suplementar por parte dos sócios, e por um empréstimo a amortizar anualmente.
O edifício, segundo projecto do arquitecto Marcos Guedes e o Eng.° Carlos Pó, foi executado em 1963, sob a orientação da Direcção presidida pelo Prof. Eng.° Manuel Gomes Guerreiro, tendo sido inaugurado oficialmente em 21 de Abril de 1964, pelo Governador-Geral de Moçambique, Contra-Almirante Sarmento Rodrigues. Registam-se também as numerosas e várias ofertas recebidas de diversas entidades para o apetrechamento do novo Edifício-Sede.
Na sua estrutura actual, a Sociedade de Estudos compreende as seguintes secções: Artes e Humanidades; Ciências Exactas; Ciências Naturais; Ciências Sociais; Agro-Pecuária; Economia e Finanças; Engenharia e Arquitectura; Legislação e Jurisprudência; Medicina, Veterinária e Farmácia; Estudos Brasileiros; Estudos Franceses; Etnologia Africana; Feminina; e de Iniciação Cultural. No relatório da Direcção, relativo a 1964, figura o seguinte resumo das sessões públicas realizadas naquele ano: 21 conferências; 39 conferências ou lições incluídas em cinco ciclos de conferências e cursos; 6 exposições diversas; 7 sessões de cinema; 18 sessões de cinema para jovens, com filmes educativos e recreativos. A Sociedade de Estudos de Moçambique muito tem contribuído para o estudo e valorização da Província de Moçambique, assim como para o seu desenvolvimento moral e intelectual”.
Num país agora confinado às suas fronteiras europeias e, por vezes, de costas voltadas para um passado, mais ou menos, recente, entendo, em nome de uma necessária justiça e apego à memória dos factos, que a juventude portuguesa deve ser despertada para as realizações portuguesas além-mar como esta sobre o valioso espólio científico e cultural da Sociedade de Estudos de Moçambique até 25 de Junho de 1975, data da Independência deste jovem e promissor país do continente africano. E numa altura de lamúrias sobre o nosso presente e descrença sobre o nosso futuro como nação secular, tento encontrar réstias de esperança em Eça quando, como agora, o revisito: “Uma nação, vive, prospera, é respeitada, não pelo seu corpo diplomático, não pelo seu aparato de secretarias, não pelos banquetes cerimoniosos de camarilhas: isto nada vale, nada constrói, nada sustenta; isto faz reduzir as comendas e assoalhar o pano das fardas – mais nada. Uma nação vale pelos seus sábios, pelas suas escolas, pelos seus génios, pela sua literatura, pelos seus exploradores científicos, pelos seus artistas”.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
A maior Gigafoto de 360 graus já feita no Brasil!
Como foi produzido este documento histórico. Foram 4 dias fotografando num total de 13 horas e 30 minutos.Foram feitas 4.528 fotos gerando 91 GB de arquivos originais. Para compor a Gigafoto da cabeça do Cristo Redentor , foram utilizadas 1063 fotos que resultou em uma imagem final de 29,8 GB. Essas 1063 usadas foram fotografadas durante 1 hora e 45 minutos ininterruptos no dia 27 de setembro de 2011 por volta das 15hs, como pode ser observado no relógio da Central do Brasil que aparece na imagem. As fotos 360 graus que também podem ser visualizadas nesta Visita Virtual mostram perspectivas nunca antes vistas no Mundo em nenhum meio de comunicação, seja na internet ou impressas! Veja aqui.
SOMOS OS MELHORES MAS ESTAMOS EM ÚLTIMO
Vale a pena ler sobrea situação educativa do país o post de Alexandre Homem Cristo, como o título de cima, publicado no blogue "Cachimbo de Magritte": aqui.
EGAS MONIZ, CIENTISTA IMPROVÁVEL
Amanhã, sexta-feira, pelas 16h45 no Auditório da Reitoria em Coimbra tem lugar uma palestra, com o título de cima, de JOÃO LOBO ANTUNES, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. A entrada é livre.
RESUMO
António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, nascido em Avanca em 1874 e falecido em Lisboa em 1955, foi uma das figuras mais notáveis das neurociências do século XX. Licenciado na Universidade de Coimbra a sua tese a “A Vida Sexual” tornou‐se um sucesso de vendas Em 1911 transferiu‐se para a Universidade de Lisboa como professor de Neurologia. Até 1919 foi um político activo chegando a Ministro dos Negócios Estrangeiros no governo de Sidónio Pais e chefiando a delegação portuguesa à Conferência de Versalhes no final da Grande Guerra.
Aos 51 anos começou uma tardia e inesperada carreira como investigador, que levou à invenção da angiografia cerebral. Cerca de dez anos depois inicia o trabalho pioneiro na cirurgia das doenças mentais – “psicocirurgia” ‐ que lhe veio a valer o primeiro Nobel em 1949, em parte devido ao esforço da comunidade médica brasileira a quem estava profundamente ligado. Entretanto sobreviveu a um atentado por um louco que o deixou às portas da morte.
A sua produção científica foi fenomenal e o seu interesse pelas letras levou‐o a escrever, entre outras obras, uma biografia fundamental do romancista Júlio Dinis, um estudo sobre o papa João XXI e duas obras de cariz autobiográfico, “Confidências de um Investigador Científico” e “A Nossa Casa”.
Político, diplomata, homem das letras e do mundo, “gourmet” sofisticado, clínico de sucesso e cientista improvável, Egas Moniz permanece para muitos uma figura obscura e controversa, a quem se devem duas contribuições fundamentais cuja importância ainda perdura. A angiografia, que constituiu uma técnica fundamental para o diagnóstico de certas lesões do sistema nervoso, desempenha hoje um papel indispensável e imprescindível na terapêutica intra‐vascular. Quanto à psicocirurgia, depois de se ter recolhido na quase clandestinidade durante anos, ressurge hoje com renovado entusiasmo e com outra maturidade científica pelo progresso da biologia das doenças psiquiátricas, por um maior rigor na selecção dos casos, pelo avanço de novas técnicas de imagem e por uma outra exigência quanto à ética do consentimento. Conceptualmente, as modernas neurociências vieram vingar a ideia fundadora do neurologista português.
O lugar na história da Medicina que Egas Moniz procurou com tanta persistência e perícia é seu e de pleno direito.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
A HISTÓRIA DOS PRÉMIOS NOBEL
Hoje em Coimbra, no Auditório de Direito, pelas 11h30, com entrada livre:
“The Politics of Excellence:
The meaning of the Nobel Prizes in science, 1901-1950 and beyond”
Robert Marc Friedman
University of Oslo;
Johns Hopkins University
In my historical studies, I have explored the nature and meaning of the Nobel prizes in physics and chemistry. By focussing on the Swedish awarders of the prize, I analyzed why and how individuals and groups attempted, with varying degrees of success, to use the Nobel prize for furthering specific disciplinary, cultural, and personal agendas. Only rarely did nominators provide a clear consensus for any one candidate; and even when such occasions did occur, Nobel committees relied on their own evaluations and priorities. Although numbers of nominations and the rationale for nominating candidates could persuade committee members, in the end, overwhelmingly, their own insights, tastes, and agendas as well as the internal dynamics of the respective Nobel committees and the Academy of Sciences proved decisive. True, some committee members tried to be dispassionate and rise above their own local perspectives; others championed their own interests, some openly and some cunningly. The net result has been that the list of winners and the research specialties represented are not all natural nor inevitable choices. Excellence, as defined by prizes, is not unambiguous, even in science.
In the lecture I will first discuss an overview of the first fifty years of awarding the physics and chemistry prizes, which raises questions as to what the prizes actually represent. I will then turn to some of the historical reasons for the rapid growth and maintenance of the Nobel cult. Finally I will ask what is lost for science in academic cultures fixated on winning prizes.
SHORT BIO
Robert Marc Friedman is professor of history of science at University of Oslo and Associate Research Scholar at Johns Hopkins University. His publications include Appropriating the Weather: Vilhelm Bjerknes and the Construction of a Modern Meteorology (1989), The Politics of Excellence: Behind the Nobel Prize in Science (2001), and a series of contributions on history of polar research and geophysical science. He also dramatizes insight from history of science for theatre. Among his plays, Remembering Miss Meitner, has been professionally performed in Sweden, Norway, Germany, Italy, and the United States. His new play on Roald Amundsen and Fridtjof Nansen opens later this year in Norway.
“The Politics of Excellence:
The meaning of the Nobel Prizes in science, 1901-1950 and beyond”
Robert Marc Friedman
University of Oslo;
Johns Hopkins University
In my historical studies, I have explored the nature and meaning of the Nobel prizes in physics and chemistry. By focussing on the Swedish awarders of the prize, I analyzed why and how individuals and groups attempted, with varying degrees of success, to use the Nobel prize for furthering specific disciplinary, cultural, and personal agendas. Only rarely did nominators provide a clear consensus for any one candidate; and even when such occasions did occur, Nobel committees relied on their own evaluations and priorities. Although numbers of nominations and the rationale for nominating candidates could persuade committee members, in the end, overwhelmingly, their own insights, tastes, and agendas as well as the internal dynamics of the respective Nobel committees and the Academy of Sciences proved decisive. True, some committee members tried to be dispassionate and rise above their own local perspectives; others championed their own interests, some openly and some cunningly. The net result has been that the list of winners and the research specialties represented are not all natural nor inevitable choices. Excellence, as defined by prizes, is not unambiguous, even in science.
In the lecture I will first discuss an overview of the first fifty years of awarding the physics and chemistry prizes, which raises questions as to what the prizes actually represent. I will then turn to some of the historical reasons for the rapid growth and maintenance of the Nobel cult. Finally I will ask what is lost for science in academic cultures fixated on winning prizes.
SHORT BIO
Robert Marc Friedman is professor of history of science at University of Oslo and Associate Research Scholar at Johns Hopkins University. His publications include Appropriating the Weather: Vilhelm Bjerknes and the Construction of a Modern Meteorology (1989), The Politics of Excellence: Behind the Nobel Prize in Science (2001), and a series of contributions on history of polar research and geophysical science. He also dramatizes insight from history of science for theatre. Among his plays, Remembering Miss Meitner, has been professionally performed in Sweden, Norway, Germany, Italy, and the United States. His new play on Roald Amundsen and Fridtjof Nansen opens later this year in Norway.
Lei das Finanças Regionais - hipocrisia
Em Fevereiro de 2010 a Assembleia da República aprovou a alteração à lei das finanças regionais, com o voto a favor de toda a oposição e contra do PS, respondendo a uma aprovação por maioria (com abstenção do BE) dessa proposta de alteração na Assembleia Regional da Madeira.
O ministro Teixeira dos Santos, na altura ministro das Finanças, tentou que a lei não fosse aprovada porque, segundo ele, implicava um aumento crescente das transferências do OE para a Madeira: começando em perto de 50 milhões de euros em 2010 e perto de 86 milhões em 2013. Veio agora dizer o famoso ministro da desgraça de Portugal que quase se demitiu naquela altura, recordando que a lei de 2007 (revogada em 2010 por toda a oposição) tinha ainda mais sanções em caso de incumprimento e mesmo uma regra de não resgate.
Ora vejam com foi:
1. Declaração do Ministro das Finanças Teixeira dos Santos (Fevereiro de 2010)
2. Intervenção do deputado António Filipe do PCP na Comissão de Economia (Fevereiro 2010)
3. Intervenção do deputado António Filipe do PCP no plenário da AR (Fevereiro 2010)
4. Comentário de Ricardo Costa na SIC (Fevereiro de 2010)
5. Intervenção de Luís Fazenda (BE) no plenário da AR (Fevereiro de 2010)
6. Intervenção de José Manuel Rodrigues (CDS) no plenário da AR (Fevereiro de 2010)
7. Reportagem resumo da RTP (Fevereiro de 2010)
Ouviram alguém falar em problemas de endividamento na Madeira?
Em Fevereiro de 2010 o enorme buraco nas contas da Madeira era bem conhecido. Todos sabiam que existia e que era gigantesco. Mas todos fizeram de conta, porque o importante era ganhar as eleições regionais do ano seguinte. Na Madeira, o PS-Madeira vota a favor da alteração à lei, assim como todos os partidos, à exceção do BE-Madeira (porque o BE nacional aprovou). No continente, todos continuaram a fazer de conta e atiraram a discussão para o aumento das transferências para a Madeira. Ninguém referiu o problema da monstruosa dívida da Madeira. Ninguém quis saber, nenhum órgão de comunicação social informou. Era tudo um fait-divers entre oposição e governo, onde se esgrimia o argumento do aumento das transferências em 50 milhões de euros: o buraco da Madeira era de 6000 milhões de euros.
Um ano depois "descobrem" o buraco na Madeira e todos, os mesmos (de todos os partidos), atuam como virgens ofendidas crucificando o também irresponsável Alberto João Jardim. O ministro Teixeira Desgraça dos Santos vem agora dizer que fez tudo o que podia e que quase se demitiu, e que a lei de 2007 permitia isto e aquilo. Pois. Só não disse a verdade e só não informou os Portugueses.
Uma hipocrisia de todo o tamanho.
É assim que se governa Portugal e o dinheiro dos portugueses há 37 anos.
Mas também é assim que todos nós entregamos a nossa soberania e independência.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
EUGÉNIO LISBOA: VÁRIO, INTRÉPIDO E FECUNDO
A convite do Reitor da Universidade de Aveiro, Prof. Doutor Manuel António Assunção – gentileza que só a minha grande admiração pela figura de Eugénio Lisboa pode ter justificado ou consentido - , tive a honra de assistir à homenagem que lhe foi prestada, na tarde do passado dia 22 deste mês, aquando do lançamento do livro de que “roubei” o título para este post e de do qual retratei a capa que aqui figura.
Conheci Eugénio Lisboa, no início da década de 50, quando ambos frequentámos, ainda que enquadrados em pelotões diferentes, o Curso de Oficiais Milicianos de Infantaria, em Mafra, vindo a reencontrá-lo na sempre saudosa ”Cidade das Acácias”, como era conhecida a então Lourenço Marques, onde eu e minha mulher tivemos o privilégio da sua amizade e de “Maria Antonieta, inseparável companheira de Eugénio”, e a oportunidade de um contacto mais estreito com a sua enorme cultura e profundo humanismo que o convívio da caserna não permitia, preocupados que estávamos em limpar com o escovilhão as estrias dos canos das espingardas “Mauser”, o que era o salvo conduto para um merecido fim-de-semana longe das paredes de uma espécie de clausura de leigos no Convento de Mafra.
O livro de que aqui falo, nas suas mais de 400 riquíssimas páginas, contém os testemunhos calorosos de várias e ilustres personalidades da vida cultural portuguesa em feitura, organização e “Introdução Supérflua” (assim justamente adjectivada pelos seus autores dada a figura de Eugénio Lisboa) conjuntas dos Professores Otília Pires Martins (Universidade de Aveiro) e Onésimo Teotónio Almeida (Brown University), em que a páginas tantas escrevem em dados biográficos:
“Por razões de praxe, neste tipo de publicação, é todavia imperativo começarmos com os mais elementares dados biográficos do nosso homenageado, para benefício dos menos familiarizados com a figura aqui celebrada: Eugénio Lisboa nasceu, a 25 de Maio de 1930, em Lourenço Marques, então viveiro de um notável conjunto de figuras da cultura portuguesa. Com dezassete anos rumou a Lisboa, à época um dos poucos sítios do tardio império onde era possível frequentar estudos universitários. Em 1955 licenciou-se em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Superior Técnico. Entre 1958 e 1976, foi profissional na indústria petrolífera, se bem que de 19744 a 1976 tivesse conciliado essa actividade com a docência nas Universidades de Lourenço Marques e Pretória (1974-1975). Em 1976 esteve em França como adjunto do director mundial de exploração na Compagnie Française des Pétroles. Em 1977 partiu para Estocolmo onde regeu cursos de Literatura Portuguesa e coordenou, em toda a Suécia, o ensino da língua portuguesa. Em 1978 iniciou as suas funções de Conselheiro Cultural na Embaixada de Portugal em Londres, posto em que permaneceu durante dezassete anos. Ainda no Reino Unido em 1998, recebeu um Doutoramento “Honoris Causa” em Letras na Universidade de Nottingham. Entre 1995 e 1998 foi Presidente da Comissão Nacional da UNESCO. A Universidade de Aveiro teve, entretanto, a clarividência de aproveitar um espírito demasiado jovem para se ver sujeito a limites de idade e convidou-o para Professor, conservando-o no seu seio durante seis magníficos anos (1996-2002) e beneficiando professores e alunos do seu saber e experiência de “sage””.
Este valioso currículo de vida científico/cultural de Eugénio Lisboa (desnecessária me parece esta divisão como tenho a dicotomia que Descartes estabeleceu entre a res extensa e a res cogitans) é posto em evidência pelo Reitor da Universidade de Aveiro quando, no seu testemunho sobre esta “figura singular”, escreve: “Destaco ainda, porque me diz muito a mim, a atracção igual que sentiu pelas chamadas “duas culturas”: fez muito bem em não ter escolhido, em ter rejeitado a disjuntiva “ou…ou”, em ter percebido logo o que agora sabemos bem, que a cultura é só uma” (“Eugénio Lisboa: um percurso exemplar”). A Universidade de Aveiro viria a atribuir-lhe, também, o Doutoramento “Honoris Causa”, que a minha memória de octogenário desculpa a falta de datação mas não a “preguiça” da sua pesquisa. E para o ter nos seus exaltados muros de instituição universitária de prestígio internacional mantém-no “prisioneiro” como Membro do Conselho Geral da Fundação dessa Universidade. Ou seja, “noblesse oblige!
É pois deste Eugénio Lisboa (como foi dito em Aveiro, numa sala repleta de notáveis académicos, há pessoas que dispensam títulos académicos) que o “De Rerum Natura” tem tido a honra de publicar textos e continuará a publicar sempre que a sua disponibilidade e prestimoso serviço à causa da cultura permitam.
DARWIN AOS TIROS NO CIENTÍFICA MENTE
O podcast da entrevista da jornalista Ana Paula Gomes a Carlos Fiolhais e David Marçal para o programa Científica Mente, a propósito do lançamento do novo livro DARWIN AOS TIROS E OUTRAS HISTÓRIAS DE CIÊNCIA pode ser ouvido aqui.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Contra estes exames
O texto que se segue foi-nos enviado pela leitora Maria Paula Lago, professora e também investigadora nas áreas da Teoria da Literatura e da Língua e Literatura Portuguesas. Agradecemos a sua contribuição na análise de uma temática que urge ser repensada a nível nacional.
Sempre fui a favor do rigor no sistema de ensino; o contrário apenas leva, como aliás acontece nos dias de hoje, a que a escola reproduza os mecanismos de selecção social: quem pode, pode, e sabe, seja qual for a escola em que esteja matriculado; quem vem de baixo não tem qualquer hipótese de aceder, pela via do conhecimento, a um patamar superior. No entanto, face à súbita maré de rigor que mediaticamente se abate sobre o nosso sistema de ensino, face a afirmações e coincidências que, embora estranhas, não são de todo surpreendentes, sou, abertamente, contra os exames.
No que toca às afirmações, sou contra os exames que, mais do aferir transversalmente conhecimentos, servem como veículo mediático de proposições insondáveis – ou demasiado transparentes, se tomadas por um outro prisma. Ao afirmar que “as escolas prepararam mal os alunos” (Público, 24 de Julho de 2011), Hélder de Sousa, director do Gave, organismo responsável pela elaboração e critérios de correcção dos exames, está uma vez mais e como é habitual, a apontar o dedo aos professores, tentando contornar uma incontornável realidade: a de que os exames não foram bem preparados face aos alunos e ao que deles é expectável no âmbito da disciplina. Disso são prova as hesitações e imprecisões na definição dos critérios, os critérios confidenciais e a ameaça velada do dever de sigilo, elementos que são, uma vez mais, factores de pressão sobre os professores face às metas de sucesso desejadas – mas também marca de uma indesejável cumplicidade – e alguns diriam mesmo promiscuidade – entre quem avalia os saberes e quem produz, distribui e vende os saberes que irão ser avaliados.
Face a essa e a outras pressões centralistas, os professores são alvo fácil de modas e orientações científicas, didácticas e pedagógicas; a chancela do poder político e de uma pseudo-cientificidade, ainda que não validada – ou mesmo contestada – pela comunidade científica, impede a autonomia dos professores na construção de um saber sólido e consequente. Que tais modas e orientações sejam introduzidas nas provas de exame é um factor de peso nesse impedimento, e a sua inclusão nos exames é meio caminho andado para que elas sejam forçosamente geradoras de capital, seguramente não apenas simbólico. Por isso e assumidamente, sou contra os exames, ou melhor, sou contra estes exames.
Quanto às coincidências, elas existem apesar da habitual operação retórica da sua negação. Existem, pelo menos, na disciplina que lecciono, a de Língua Portuguesa, e, pelo menos, nos exames de 12.º ano. Para além de questões improcedentes e vagas que foram já assinaladas noutros lugares por vozes dificilmente contestáveis, de assinalar a espantosa coincidência de os dois textos seleccionados para análise dos exames de Português de 2011 constarem de um livrinho de preparação para os exames, versão 2011; de assinalar também a forma como, nos exames como no livrinho de preparação, o esoterismo da Nova Terminologia Gramatical se instala cada vez mais em exercícios de gramática pela gramática, a coberto de opções terminológicas cientificamente contestáveis e, num grande número dos casos, completamente inúteis para o desenvolvimento das competências de compreensão dos alunos.
Não cabe aqui retirar ilações ou conclusões sobre estas coincidências, mas o rigor está ausente dos aspectos assinalados, como parece também arredado da afirmação, em destaque na caixa “Em resumo” do artigo do Público mencionado, de que «sete dos catorze pontos que a média do exame de Português do 12.º ano perdeu por comparação a (sic) 2011 tiveram origem na troca, no grupo que testa os conhecimentos de gramática, de uma questão de associação por três questões de resposta curta»; não sendo especialista em ciências esotéricas como a da estatística (bem) aplicada, tal afirmação parece-me, no entanto, de difícil sustentabilidade.
De mais difícil sustentação é, no entanto, uma outra afirmação da peça jornalística, desta vez a coberto de voz anónima: «confirmou-se que os alunos de 12.º ano, a partir de um poema de Álvaro de Campos, voltaram a confundir ‘sentimentos’ com ‘sensações’». Não sei quem terá decidido, nos meandros do saber como os que dominam o nosso ensino, que, numa teoria sensacionista com a densidade da exposta e praticada por Pessoa – e sobretudo num poema de Campos – aquilo a que chamamos sensação só pode corresponder a uma sensação predominantemente física; no entanto, tal asserção é manifestamente errada – ou, pelo menos, de uma enorme falta de rigor.
Feita a prova dos factos, como sugere retoricamente o artigo do Público em destaque transversal e subliminar, sou contra os exames, ou melhor, contra estes exames marcados pela falta de rigor científico e pedagógico, pela indefinição e imprecisão face ao que com eles se pretende aferir e, sobretudo pela facilidade com se usam como instrumentos de desígnios misteriosos, nos quais é no entanto fácil perceber que não consta o que deveria ser o principal: o serviço público de avaliar aprendizagens essenciais para melhorar o ensino e beneficiar as gerações futuras.
Sempre fui a favor do rigor no sistema de ensino; o contrário apenas leva, como aliás acontece nos dias de hoje, a que a escola reproduza os mecanismos de selecção social: quem pode, pode, e sabe, seja qual for a escola em que esteja matriculado; quem vem de baixo não tem qualquer hipótese de aceder, pela via do conhecimento, a um patamar superior. No entanto, face à súbita maré de rigor que mediaticamente se abate sobre o nosso sistema de ensino, face a afirmações e coincidências que, embora estranhas, não são de todo surpreendentes, sou, abertamente, contra os exames.
No que toca às afirmações, sou contra os exames que, mais do aferir transversalmente conhecimentos, servem como veículo mediático de proposições insondáveis – ou demasiado transparentes, se tomadas por um outro prisma. Ao afirmar que “as escolas prepararam mal os alunos” (Público, 24 de Julho de 2011), Hélder de Sousa, director do Gave, organismo responsável pela elaboração e critérios de correcção dos exames, está uma vez mais e como é habitual, a apontar o dedo aos professores, tentando contornar uma incontornável realidade: a de que os exames não foram bem preparados face aos alunos e ao que deles é expectável no âmbito da disciplina. Disso são prova as hesitações e imprecisões na definição dos critérios, os critérios confidenciais e a ameaça velada do dever de sigilo, elementos que são, uma vez mais, factores de pressão sobre os professores face às metas de sucesso desejadas – mas também marca de uma indesejável cumplicidade – e alguns diriam mesmo promiscuidade – entre quem avalia os saberes e quem produz, distribui e vende os saberes que irão ser avaliados.
Face a essa e a outras pressões centralistas, os professores são alvo fácil de modas e orientações científicas, didácticas e pedagógicas; a chancela do poder político e de uma pseudo-cientificidade, ainda que não validada – ou mesmo contestada – pela comunidade científica, impede a autonomia dos professores na construção de um saber sólido e consequente. Que tais modas e orientações sejam introduzidas nas provas de exame é um factor de peso nesse impedimento, e a sua inclusão nos exames é meio caminho andado para que elas sejam forçosamente geradoras de capital, seguramente não apenas simbólico. Por isso e assumidamente, sou contra os exames, ou melhor, sou contra estes exames.
Quanto às coincidências, elas existem apesar da habitual operação retórica da sua negação. Existem, pelo menos, na disciplina que lecciono, a de Língua Portuguesa, e, pelo menos, nos exames de 12.º ano. Para além de questões improcedentes e vagas que foram já assinaladas noutros lugares por vozes dificilmente contestáveis, de assinalar a espantosa coincidência de os dois textos seleccionados para análise dos exames de Português de 2011 constarem de um livrinho de preparação para os exames, versão 2011; de assinalar também a forma como, nos exames como no livrinho de preparação, o esoterismo da Nova Terminologia Gramatical se instala cada vez mais em exercícios de gramática pela gramática, a coberto de opções terminológicas cientificamente contestáveis e, num grande número dos casos, completamente inúteis para o desenvolvimento das competências de compreensão dos alunos.
Não cabe aqui retirar ilações ou conclusões sobre estas coincidências, mas o rigor está ausente dos aspectos assinalados, como parece também arredado da afirmação, em destaque na caixa “Em resumo” do artigo do Público mencionado, de que «sete dos catorze pontos que a média do exame de Português do 12.º ano perdeu por comparação a (sic) 2011 tiveram origem na troca, no grupo que testa os conhecimentos de gramática, de uma questão de associação por três questões de resposta curta»; não sendo especialista em ciências esotéricas como a da estatística (bem) aplicada, tal afirmação parece-me, no entanto, de difícil sustentabilidade.
De mais difícil sustentação é, no entanto, uma outra afirmação da peça jornalística, desta vez a coberto de voz anónima: «confirmou-se que os alunos de 12.º ano, a partir de um poema de Álvaro de Campos, voltaram a confundir ‘sentimentos’ com ‘sensações’». Não sei quem terá decidido, nos meandros do saber como os que dominam o nosso ensino, que, numa teoria sensacionista com a densidade da exposta e praticada por Pessoa – e sobretudo num poema de Campos – aquilo a que chamamos sensação só pode corresponder a uma sensação predominantemente física; no entanto, tal asserção é manifestamente errada – ou, pelo menos, de uma enorme falta de rigor.
Feita a prova dos factos, como sugere retoricamente o artigo do Público em destaque transversal e subliminar, sou contra os exames, ou melhor, contra estes exames marcados pela falta de rigor científico e pedagógico, pela indefinição e imprecisão face ao que com eles se pretende aferir e, sobretudo pela facilidade com se usam como instrumentos de desígnios misteriosos, nos quais é no entanto fácil perceber que não consta o que deveria ser o principal: o serviço público de avaliar aprendizagens essenciais para melhorar o ensino e beneficiar as gerações futuras.
Leitura – a estrela da vida cultural
Ter um livro para ler e não o fazer, é uma obra de Albano Estrela, constituído por uma série de textos escritos para o blog 7 leitores e foi há algum tempo publicado pela Indícios de Oiro (Lisboa, 2010).
O título é, como sabem, tirado duns versos de Fernando Pessoa e é, em si mesmo, uma ironia e uma provocação. Porque se há livro que nos abra à leitura e ao seu valor inestimável, que nos estimule à leitura, é este. Portanto, ter um livro para ler e não o fazer só pode ser interpretado como uma forma de valorização daquilo que se nega, explicitamente, para implicitamente o afirmar, valorizando.
É pois, (deve ser) um estratagema para prolongar o prazer que se vai ter, em suma, um método irónico de valorização das leituras. Assim como quem passa o dia a sonhar com o prazer de, à noite, mergulhar no romance maravilhoso que anda a ler, mas, temendo terminá-lo já hoje, guarda o resto para amanhã. Hoje não, mas amanhã sim, e com ânsia redobrada. É pois uma forma de falar, uma brincadeira à Albano Estrela que nos quer dizer justamente o contrário daquilo que nos parece querer dizer. Enfim, uma forma de retardar e reforçar o prazer.
Porque Albano Estrela revela-se (o que aliás já sabíamos) ser um leitor insaciável e de grande qualidade. Ou seja, passou a vida a ler livros e foi acumulando disso uma capital e uma qualificação que o transformam num crítico informado, vivo, actual e frequentemente inesperado. Embora não seja crítico literário, como diz. Mas o que é facto é que apanha os textos não só pelo lado em que a maior parte das pessoas o faz mas ainda por outros pontos de vista, abrindo perspectivas inesperadas, interpretações que não estariam na ordem do dia mas que ele introduz fazendo pontos de ordem à mesa e obrigando-nos ao debate, isto é, ao pensamento. E pelo meio, de passagem, dando informações, fazendo críticas, fornecendo dados culturais, falando de vivências, memórias, sempre com a ironia à espreita, e numa prosa leve, corrida, coloquial, elegante e cheia de humanidade e de compreensão para os autores.
O livro tem uma apresentação do próprio Albano Estrela e um prefácio de José Fanha, um dos responsáveis do referido blog 7 Leitores, de que Estrela é dos colaboradores mais assíduos. São pequenos textos, como disse, sobre «leitura e leitores», «escrita e escritores», «contos e contistas», «minificções e pequenas histórias», «romances e romancistas», «memórias e memorialismo», «entrevistas e entrevistadores», «ensaios e ensaístas», «poesia e poetas», «crítica e críticos literários», «traduções e tradutores», «edição e editores», «livreiros e livrarias» «literaturas paralelas» «fotografia, cinema». Ou seja, pequenas crónicas sobre todo o mundo da cultura, a partir dos livros, lidos e relidos, e com a riqueza, uma já longa experiência de leitor e um gosto fino e de grande qualidade que tornam o livro, de facto, uma preciosidade. Já não há muitos leitores assim, e gente disposta a falar, sem presunção mas com inteligência, sensibilidade e gosto do que vai lendo, ainda há menos.
E a propósito, não podemos deixar de considerar o que de muito bom os blogs têm trazido à cultura, como aliás os leitores do De Rerum Natura sabem. Se não fosse o blog 7 Leitores provavelmente nunca Albano Estrela escreveria todos estes textos. É, pois, de algum modo, uma homenagem aos blogs e aos que neles trabalham com inteligência, cultura e civismo.
João Boavida
O título é, como sabem, tirado duns versos de Fernando Pessoa e é, em si mesmo, uma ironia e uma provocação. Porque se há livro que nos abra à leitura e ao seu valor inestimável, que nos estimule à leitura, é este. Portanto, ter um livro para ler e não o fazer só pode ser interpretado como uma forma de valorização daquilo que se nega, explicitamente, para implicitamente o afirmar, valorizando.
É pois, (deve ser) um estratagema para prolongar o prazer que se vai ter, em suma, um método irónico de valorização das leituras. Assim como quem passa o dia a sonhar com o prazer de, à noite, mergulhar no romance maravilhoso que anda a ler, mas, temendo terminá-lo já hoje, guarda o resto para amanhã. Hoje não, mas amanhã sim, e com ânsia redobrada. É pois uma forma de falar, uma brincadeira à Albano Estrela que nos quer dizer justamente o contrário daquilo que nos parece querer dizer. Enfim, uma forma de retardar e reforçar o prazer.
Porque Albano Estrela revela-se (o que aliás já sabíamos) ser um leitor insaciável e de grande qualidade. Ou seja, passou a vida a ler livros e foi acumulando disso uma capital e uma qualificação que o transformam num crítico informado, vivo, actual e frequentemente inesperado. Embora não seja crítico literário, como diz. Mas o que é facto é que apanha os textos não só pelo lado em que a maior parte das pessoas o faz mas ainda por outros pontos de vista, abrindo perspectivas inesperadas, interpretações que não estariam na ordem do dia mas que ele introduz fazendo pontos de ordem à mesa e obrigando-nos ao debate, isto é, ao pensamento. E pelo meio, de passagem, dando informações, fazendo críticas, fornecendo dados culturais, falando de vivências, memórias, sempre com a ironia à espreita, e numa prosa leve, corrida, coloquial, elegante e cheia de humanidade e de compreensão para os autores.
O livro tem uma apresentação do próprio Albano Estrela e um prefácio de José Fanha, um dos responsáveis do referido blog 7 Leitores, de que Estrela é dos colaboradores mais assíduos. São pequenos textos, como disse, sobre «leitura e leitores», «escrita e escritores», «contos e contistas», «minificções e pequenas histórias», «romances e romancistas», «memórias e memorialismo», «entrevistas e entrevistadores», «ensaios e ensaístas», «poesia e poetas», «crítica e críticos literários», «traduções e tradutores», «edição e editores», «livreiros e livrarias» «literaturas paralelas» «fotografia, cinema». Ou seja, pequenas crónicas sobre todo o mundo da cultura, a partir dos livros, lidos e relidos, e com a riqueza, uma já longa experiência de leitor e um gosto fino e de grande qualidade que tornam o livro, de facto, uma preciosidade. Já não há muitos leitores assim, e gente disposta a falar, sem presunção mas com inteligência, sensibilidade e gosto do que vai lendo, ainda há menos.
E a propósito, não podemos deixar de considerar o que de muito bom os blogs têm trazido à cultura, como aliás os leitores do De Rerum Natura sabem. Se não fosse o blog 7 Leitores provavelmente nunca Albano Estrela escreveria todos estes textos. É, pois, de algum modo, uma homenagem aos blogs e aos que neles trabalham com inteligência, cultura e civismo.
João Boavida
CELL PHONEYS: BRAIN CANCER LINK IS REJECTED – AGAIN.
Destaque para a coluna semanal de Robert Park
Ten years ago, a brilliant Danish epidemiological study found no link between mobile phone use and brain cancer (JNCI 2001, 93: 203-7). A decadal reexamination by Denmark’s Institute of Cancer Epidemiology, released last week, again found no link. The object of the new study was to look for any evidence of latent cancer that had not yet shown up in 2001; none was found. In a 2001 JNCI editorial I pointed out that none would be expected, since microwave radiation is non-ionizing, Park, Robert L, JNCI 2001, 93: 166-167. Can we now put the damned cell-phone/cancer scare behind us?
Robert Park
BOTÂNICA E QUIMICA EM CAMÕES
Há muita botânica e química a descobrir na épica e na lírica camoniana.
Esta afirmação foi sustentada pelas intervenções dos Professores Jorge Paiva (Instituto Botânico da Universidade de Coimbra) e Sérgio Rodrigues (Departamento de Química da FCTUC) no último "Sábado com Ciência", ocorrido no passado dia 22 de Outubro, na Livraria Bertrand, no Dolce Vita, em Coimbra.
Há, de facto, muitas referências à botânica e à química (mas também de física, de oceanografia, de astronomia, de geologia...) nos Lusíadas. Este texto épico, único na nossa língua matriarcal, pode, assim, ser ferramenta de estudo interdisciplinar.
Também a lírica de Camões possui abundantes descrições e referências a espécies da flora portuguesa e de além-mar, segundo estudo recente do Professor Jorge Paiva, a aguardar publicação.
Literatura, "chata" e "traumatizante" para os alunos?
Queiram os professores e alunos ensinar, aprender e descobrir, que matéria prima de qualidade não nos falta.
domingo, 23 de outubro de 2011
O AQUECIMENTO GLOBAL É VERDADEIRO
Ler aqui.
Robert Park comentou, no seu What's New:
"The most comprehensive scientific review of historical temperature records ever carried out seems to remove any lingering doubts. A group of scientists at the University of California, Berkeley find that the average global land temperature has risen by about 1C since the mid-1950s. That’s big. The group has submitted four papers describing their findings to Geophysical Research Letters. It is unusual to circulate papers prior to peer review, but Richard Muller, author of "Physics for Future Presidents," who heads the project, may have been influenced by the apparent attempts of the energy industry to corrupt the scientific process, such as the hacking." of private climate-files at the University of East Anglia."
A Química e a Arte
Texto recebido de Regina Gouveia:
Sob proposta da IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), 2011 é o ano dedicado à Química.
Entre os muitos químicos notáveis ao longo dos tempos, houve alguns que se
notabilizaram noutros campos, nomeadamente na música e na literatura. São exemplos relevantes Aleksandr Borodin e Primo Levi.
Aleksandr Borodin (1833-1887) nasceu em São Petersburgo. Desde cedo demonstrou um invulgar talento musical. Foi um compositor brilhante. Talvez a sua obra mais conhecida seja o Príncipe Igor de que deixo um excerto, as Danças Guerreiras.
~
Apesar da sua paixão pela música, aos 17 anos ingressou na Academia Médico-Cirúrgica de São Petersburgo e em 1856 concluiu brilhantemente o curso. Mesmo antes da formatura já havia sido indicado para professor da Academia. A sua paixão pela química levou-o a escolher essa área para a sua tese de doutoramento. Durante a sua carreira viveu algum tempo em Heidelberg, onde vários químicos russos ao tempo trabalhavam e é aí que Borodin inicia a sua amizade com Mendeleev, um dos maiores génios da Química, criador da primeira versão do SISTEMA PERIÓDICO dos elementos químicos em que, para além da colocação ordenada dos elementos conhecidos, colocou outros que ainda não tinham sido descobertos e cujas propriedades previu, previsão essa mais tarde confirmada. O Sistema Periódico dos elementos, deu origem à actual Tabela Periódica, ferramenta essencial para qualquer químico.
O SISTEMA PERIÓDICO é também o título de um livro da autoria de Primo Levi
Primo Levi nasceu em Turim, em 1919. Os seus antepassados eram judeus originários da Provença e de Espanha. No liceu Primo foi um aluno tímido e trabalhador, muito interessado pela Química e pela Biologia. Em Julho de 1941, obteve o Doutoramento em Química. Participou na Resistência acabando por ser internado em Auschwitz. Em Março de 1975 é publicada a sua obra O Sistema Periódico. Este livro é uma colecção de pequenas histórias, a maioria episódios de sua vida mas também dois contos ficcionais que ele escreveu antes de ser enviado para Auschwitz, todos relacionados, de algum modo, aos elementos químicos. O vídeo seguinte faz referência a esta obra de Primo Levi.
Regina Gouveia
Sob proposta da IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), 2011 é o ano dedicado à Química.
Entre os muitos químicos notáveis ao longo dos tempos, houve alguns que se
notabilizaram noutros campos, nomeadamente na música e na literatura. São exemplos relevantes Aleksandr Borodin e Primo Levi.
Aleksandr Borodin (1833-1887) nasceu em São Petersburgo. Desde cedo demonstrou um invulgar talento musical. Foi um compositor brilhante. Talvez a sua obra mais conhecida seja o Príncipe Igor de que deixo um excerto, as Danças Guerreiras.
~
Apesar da sua paixão pela música, aos 17 anos ingressou na Academia Médico-Cirúrgica de São Petersburgo e em 1856 concluiu brilhantemente o curso. Mesmo antes da formatura já havia sido indicado para professor da Academia. A sua paixão pela química levou-o a escolher essa área para a sua tese de doutoramento. Durante a sua carreira viveu algum tempo em Heidelberg, onde vários químicos russos ao tempo trabalhavam e é aí que Borodin inicia a sua amizade com Mendeleev, um dos maiores génios da Química, criador da primeira versão do SISTEMA PERIÓDICO dos elementos químicos em que, para além da colocação ordenada dos elementos conhecidos, colocou outros que ainda não tinham sido descobertos e cujas propriedades previu, previsão essa mais tarde confirmada. O Sistema Periódico dos elementos, deu origem à actual Tabela Periódica, ferramenta essencial para qualquer químico.
O SISTEMA PERIÓDICO é também o título de um livro da autoria de Primo Levi
Primo Levi nasceu em Turim, em 1919. Os seus antepassados eram judeus originários da Provença e de Espanha. No liceu Primo foi um aluno tímido e trabalhador, muito interessado pela Química e pela Biologia. Em Julho de 1941, obteve o Doutoramento em Química. Participou na Resistência acabando por ser internado em Auschwitz. Em Março de 1975 é publicada a sua obra O Sistema Periódico. Este livro é uma colecção de pequenas histórias, a maioria episódios de sua vida mas também dois contos ficcionais que ele escreveu antes de ser enviado para Auschwitz, todos relacionados, de algum modo, aos elementos químicos. O vídeo seguinte faz referência a esta obra de Primo Levi.
Regina Gouveia
A tecnologia pode esperar
A tecnologia pode esperar sr. Magalhães
Link: http://nyti.ms/mUJPCb
Link: http://nyti.ms/mUJPCb
O Padre Himalaya (1868 – 1933), pioneiro das energias renováveis
Texto recebido de António Mota de Aguiar:
O seu nome foi Manuel António Gomes. Porém, durante a sua passagem pelo Seminário de Braga, por ser muito alto, os seus colegas alcunharam-no de Himalaya, nome que guardou para o resto da sua vida.
Filho de agricultores, o Padre Himalaya nasceu na pequena aldeia de Cendufe, concelho de Arcos de Valdevez. Ainda criança trabalhou na terra e pastou o gado, o que lhe terá despertado o interesse pela Natureza.
Aos 14 anos entrou no Seminário de Braga para continuar os estudos, tendo, durante os anos de estadia aí, lido muitas obras de ciência, adquirindo o gosto pelo experimentalismo, que anos mais tarde o ajudará nos estudos científicos. Foi ordenado padre em 1890, tinha 22 anos.
Após o seminário, seguiu para Coimbra, onde se tornou capelão no Colégio dos Órfãos. Algum tempo depois partiu como missionário numa longa caminhada por países africanos, mais tarde pela Ásia e pelas Américas, do Norte e do Sul.
Embora autodidacta, pois não se lhe conhecem estudos científicos superiores, o padre Himalaya foi um homem de ciência, tendo feito ao longo da vida incursões em vários ramos do saber: energia solar, geologia, sismologia, medicina, etc. Mas o seu feito científico mais célebre foi a invenção de uma máquina solar a que deu o nome de Pyrheliophero, engenho que experimentou em Portugal e nos Pirenéus orientais franceses, antes de, em 1904, levar a sua invenção à Exposição Internacional de São Luis, nos Estados Unidos, assim descrita pelo Padre Mariotte:
“(…) Os Estados Unidos quiseram fazer em São Luís um balanço mundial do progresso, abrindo uma exposição universal que, ainda mesmo com o seu monumental fiasco, foi um grande acontecimento industrial” (Amadeu de Vasconcelos, Padre Mariotte, Tipografia Ocidental, Porto, 1905), p. 269
Pode-se dizer que a ideia do Padre Himalaya, em 1900, era genial: ele queria generalizar uma energia gratuita, renovável. O seu engenho despertou enorme curiosidade e admiração na Exposição de São Luis.
Diz-nos ainda o padre Mariotte:
“O Sol é o supremo regulador da vida no nosso globo, o motor imenso de energia multipartida…”. (…) Porque não utilizar ‘directamente’ parte desta energia antes do que ir buscá-la modelizada às variadas formas em que ela se oculta?
Assim o pensou um ilustre português, o rev. Padre M. A. Gomes Himalaya que conseguiu vencer as enormes dificuldades que eriçavam o problema e que têm desafiado a hábil técnica de muitos e sábios experimentadores, dando-nos una temperatura superior aos 3500º do forno eléctrico. Ao Sol, pois, vai o ilustre inventor buscar uma força calorífica de milhares de graus, por meio de um aparelho por ele denominado pyrheliophero.”, p. 277.
Se o pyrheliophero, tal como o padre Himalaya o concebeu, não foi para a frente, ele despertou um grande interesse pelas energias renováveis, tendo em França deixado raízes, pois existem ainda hoje “Les Amis du Père Himalaya”, defensores das “energies positives et renouvables”, que advoga a racionalização científica da energia.Inventou também explosivos com fins agrícolas, a que deu o nome de Himalayte, defendeu a agricultura sustentada, a irrigação descentralizada das terras e uma arborização ampla e diversificada, tornando-o um ecologista consequente.
Mas as suas pesquisas científicas abrangem ainda outras áreas: terá mesmo inventado um canhão e feito alguma incursão na medicina. Sobre o canhão que o padre Himalaya terá inventado sabe-se pouco e sobre a sua incursão em medicina ainda menos.
O seu principal biógrafo, Jacinto Rodrigues (A Conspiração Solar do Padre Himalaya, Árvore - Cooperativa de Actividades Artísticas, Porto, 1999) entrevistou o médico José Crespo, já falecido, que conheceu pessoalmente o padre Himalaya e que só não escreveu sobre ele por “infelizmente já não ter forças para concluir a biografia que me propunha escrever”.
Dessa entrevista ressalto:
“Muitos dos seus conselhos terapêuticos são perigosos!...(…) O padre Himalaya condenava a intervenção dos tratamentos químicos e contra a pneumonia propunha então compressas de queijo branco!... (…) O Dr. Crespo (…) contou-me histórias cheias de graça sobre motores a gás pobre e o carro que o padre Himalaya construiu em Palhais. Falou-me longamente das experiências de fazer chover, com canhões, do uso dos explosivos na agricultura, de complicadas turbinas para a utilização da energia das marés e de vários modelos de moinhos de ventos.
Referiu ainda as pesquisas geológicas do padre Himalaya e os seus planos de irrigação, fazendo estas considerações:
- O padre Himalaya era um misto de Júlio Verne e Edison. Não tinha talvez capacidade de materializar as invenções como fez o inventor americano. Não teria, certamente, os mesmos meios económicos. Mas também pode ser que a sua imaginação fosse excessivamente fantasiosa para se tornar operativa!...”, p. 19.
Terá sido o padre Himalaya um grande inventor? Possivelmente nunca o saberemos, porque a maior parte dos seus trabalhos se perderam, incluindo as suas cartas e a história da sua vida pelos continentes em que viajou, em parte destruídos por um seu familiar, desconhecedor do valor histórico da documentação que queimara.
Contudo, foi sem dúvida um curioso da ciência, um experimentalista, por quem se interessou o Prof. Mário Silva, talvez para trazer a sua obra para o Museu da Ciência e da Técnica de Coimbra.
O padre Himalaya foi um homem de vasta cultura, viajou pelo mundo, conheceu outras religiões, mas manteve-se sempre no seio da Igreja Católica, embora crítico por a Igreja proibir o casamento dos sacerdotes. Foi um homem de fé, “que viveu quase à margem da Igreja sem nunca ter abandonado as suas convicções espirituais,” servidor da Igreja, a quem muito deu e da qual pouco recebeu em troca. “Sempre declarou que o fim último dos seus estudos era «a glória de Deus e o bem da Humanidade».
Morreu no dia 21 de Dezembro de 1933 em Viana do Castelo, acompanhado pela sua governanta, Rosa Cerqueira. Teve pouca gente a acompanhar o funeral. O Primeiro de Janeiro publicou a seguinte notícia:
“(…) Foi muito comentada a ausência de elementos católicos neste funeral. Dir-se-ia que não se tratava de uma figura eminente da Igreja, à qual emprestara tanta glória (…)”
Defensor da energia solar, o padre Himalaya teve a intuição de que esta se poderia tornar a energia do futuro, tornando-o por isso pioneiro do que hoje chamamos ecodesenvolvimento.
António Mota de Aguiar
“Todos os pormenores”
Texto na sequência de um anterior:
Não sei se a comunicação social retrata a sociedade ou se é o retrato dela. Talvez as duas coisas… deve haver pensamento sobre o assunto que desconheço. Mas, tendo em conta algumas coisas que vejo e leio, a dupla possibilidade inquieta-me.
Esta consideração vem a propósito da fotografia, hoje publicada num jornal, de uma mãe que acabou de perder o filho único, de dez anos, por suicídio.
Como se a fotografia não fosse suficientemente explícita, além do nome, a legenda informava que ela “gritava de sofrimento”. Na versão on-line desse jornal dizia-se: "Saiba todos os pormenores na edição em papel…”. Isto para as pessoas sedentas de desgraça irem comprar o jornal?
Não sei se a comunicação social retrata a sociedade ou se é o retrato dela. Talvez as duas coisas… deve haver pensamento sobre o assunto que desconheço. Mas, tendo em conta algumas coisas que vejo e leio, a dupla possibilidade inquieta-me.
Esta consideração vem a propósito da fotografia, hoje publicada num jornal, de uma mãe que acabou de perder o filho único, de dez anos, por suicídio.
Como se a fotografia não fosse suficientemente explícita, além do nome, a legenda informava que ela “gritava de sofrimento”. Na versão on-line desse jornal dizia-se: "Saiba todos os pormenores na edição em papel…”. Isto para as pessoas sedentas de desgraça irem comprar o jornal?
Tudo em grande plano
Texto na sequência de outro:
Acabei por ler e ver notícias sobre a morte mais recente de um ditador. Jornais e televisões reproduzem imagens da captura do homem, ainda vivo, que é insultado e agredido por pessoas do seu povo. E, também, imagens do cadáver. Tudo em grande plano.
Num dos jornais, em título de letras gordas, impossível de ser contornado, escreveu-se “O ditador que morreu como uma ratazana!” Exactamente, como uma ratazana!
Um corpo ensanguentado, descomposto, lixo…
Deveríamos interrogar-nos: o progresso civilizacional que conseguimos alcançar no Ocidente redundou nisto!? Independentemente dos actos de uma pessoa (neste caso, inúmeros actos sem dúvida condenáveis), deixámos de ver na pessoa uma pessoa.
As reacções de políticos europeus e americanos, bem como de responsáveis por instâncias internacionais que toleraram o ditador durante décadas, que com ele conviveram e negociaram, não sabemos ao certo o quê, não são menos inquietantes: todos agora, só agora, o renegam, alegrando-se com o seu desaparecimento.
Mais uma vez, recorro a palavras de João Gobern: “A forma como tudo isto acabou é muito triste”.
Acabei por ler e ver notícias sobre a morte mais recente de um ditador. Jornais e televisões reproduzem imagens da captura do homem, ainda vivo, que é insultado e agredido por pessoas do seu povo. E, também, imagens do cadáver. Tudo em grande plano.
Num dos jornais, em título de letras gordas, impossível de ser contornado, escreveu-se “O ditador que morreu como uma ratazana!” Exactamente, como uma ratazana!
Um corpo ensanguentado, descomposto, lixo…
Deveríamos interrogar-nos: o progresso civilizacional que conseguimos alcançar no Ocidente redundou nisto!? Independentemente dos actos de uma pessoa (neste caso, inúmeros actos sem dúvida condenáveis), deixámos de ver na pessoa uma pessoa.
As reacções de políticos europeus e americanos, bem como de responsáveis por instâncias internacionais que toleraram o ditador durante décadas, que com ele conviveram e negociaram, não sabemos ao certo o quê, não são menos inquietantes: todos agora, só agora, o renegam, alegrando-se com o seu desaparecimento.
Mais uma vez, recorro a palavras de João Gobern: “A forma como tudo isto acabou é muito triste”.
sábado, 22 de outubro de 2011
Obras da exposição "Amato Lusitano e a Renascença Médica" - 2
Continuação das obras patentes na Biblioteca Joanina sobre a medicina no século XVI:
8- A Anatomia I
“O cinquecento é o século da Anatomia e da Renascença anatómica em Itália representado por Amato Lusitano, Vesalius, Fallopio e Acquapendente” (de Ricardo Jorge - Comentos à vida, obra e época de Amato Lusitano)
FALLOPIO, Gabriele, 1523-1562
- Gabrielis Falloppii ... Opera omnia, in unum congesta, & in medicinae studiosorum gratiam excusa volumen tam excellens, tantaque doctrina refertum, ut omnes, qui eiusmodi scriptis sese appliecuerint, in morbis et dignoscendis et curandis non paruam gloriam adepturi sint. Omnia multo accuratius nunc denuo edita, & praeter indicem capitum in limine positum, altero etiam indice alphabetico adaucta. Cui nunc demum accessit tomus secundus cum suo peculiari titulo, dupliciq[ue] indice cum capitum, tum aliarum rerum maxime notabilium miro modo locupletatus. Francofurti : apud haeredes Andreae Wecheli, Claud. Marnium & Io. Aubrium, 1600-[1606]. 1-5-14-8
FABRICIUS d’ Acquapendente, ca. 1533-1619
- Opera chirurgica, quorum pars prior Pentateuchum chirurgicum, posterior Operationes chirurgicas continet. Lugduni Batavorum : ex officina Boutesteniana, 1723. 4 A-13-20-19
- Hieronymi Fabricii ab Acquapendente, anatomices et chirurgiae in florentissimo gymnasio Patauino … Tractatus quatuor. Francofurti : impensis Jacobi de Zetter : Typis Hartm. Palthenii : sumptibus Johann Pressii bibliopolae, 1648. 4 A-14-52-13
A descoberta quanto ao que sucedia à “veia sem par”, em geral creditada a Acquapendente em 1574, tinha sido feita por Amato Lusitano: “porque o experimentámos muitas vezes pois que, em 1547 em Ferrara, fizemos dissecar 12 corpos humanos e de animais e em todos vimos que assim sucedia em presença do admirável anatómico João Batista Canano”.
9- A Anatomia II
“Por via do desenho anatómico a Anatomia torna-se espectáculo público, verdadeiro teatro no qual todos podem entrar, ter acesso e ser admitidos” (da Introdução de Vivian Nutton à Fábrica do Corpo Humano de Vesalius)
MUNDINUS, 1270-1326
- Anatomia Mundini : ad vetustissimorum, erundemque [sic] aliquot manu scriptorum, codicum fidem collata, justoq[ue] suo ordini restituta. Per Ioannem Dryandrum … [Marpurgi : in officina C. Egenoplphi], 1541. 2-18-7-80
BENZI, Ugo, 1376-1439
- Ugonis opera. Eximii artium y medicine doctoris Ugonis Senensis in aphorismis Hyppocratis : y co[m]mentariis Galeni resolutissima expositio… Venetiis : Luceantonii de Giunta, 1523. R-51-9
BERENGARIO DA CARPI, Jacopo, ca. 1460-ca. 1530
- Anatomia Carpi. Isagoge breves perlucide ac uberime, in anatomiam humani corporis, a, co[m]muni medicorum Academia, usitatam, a, Carpo in Almo Bononiensi … Venetiis : [per Bernardium de Vitalibus], 1535. 2-18-7-77
- EUSTACHI, Bartolomeo, ca. 1500-1574
Tabulae anatomicae. Roma : sumptibus Laurentii, & Thomae Pagliarini, 1728. 2-20-14-238
10- A Anatomia III
CASSERI, Giulio, ca. 1552-1616
- Iulii Casserii … Tabulae anatomicae LXXIIX, omnes novae nec ante hac visae. Daniel Bucretius … XX que deerant supplevit et omnium explicationis addidit. Venetiis : [apud Evangelistam Deuchinum], 1627. 2-20-14-231
PIETRO, da Cortona, 1596-1669
- Tabulae anatomicae a celeberrimo picture Petro Berretino Cortonensi delineatae, & egregiè aeri incisae nunc primum prodeunt, et a Cajetano Petrioli … notis illustatae. Romae : ex typographia Antonii de Rubeis : impensis Fausti Amidei, 1741. 2-20-14-232
GAUTIER DAGOTY, Jacques-Fabien, 1711-1785
- Exposition anatomique dês organes des sens, jointe a la névrologie entiere du corps humain et conjecture sur l’élecricité animale, avec des planches imprimées en couleurs naturelles, suivant le nouvel art. A Paris : chez Demonville, 1675. 2-20-14-235.
Obras da exposição "Amato Lusitano e a Renascença Médica" 1
Informação recebida da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra relativa às obras expostas na Biblioteca Joanina no quadro da exposição sobre Amato Lusitano:
0- VESALIUS, Andreas, 1514-1564
- [Andreae Vesalii Bruxellensis, Scholae Medicorum Patavinae Professoris, De humani corporis fabrica libri septem]. [Basileae : ex officina Ioannis Oporini, 1543]. 4 A-21-141
1- João Rodrigues de Castelo Branco, Amato Lusitano (1511-1568)
ORTELIUS, Abraham, 1527-1598
- Theatrum Orbis Terrarum opus nunc denuo ab ipso auctore recognitu, multisque locis castigatum & quamplurimis novis tabulis atque commentariis auctum. [Antuerpiae : auctoris aere & cura impressum absolutumque apud Aegid. Coppenium Diesth, 1570]. J.F.-68-4-8
AMATO LUSITANO, pseud., 1511-1568
- In Dioscoridis Anazarbei De medica materia libros quinque, Amati Lusitani doctoris medici ac philosophi celeberrimi enarrationes eruditissimae. Accesserunt huic operi praeter correctiones Lemmatum, etiam adnotationes R. Constantini, necnon simplicium picturae ex Leonharto Fuchsio, Jacobo Dalechampio, atque aliis. Lugduni : apud Theobaldum Paganum : [excudebat vidua Balthazar Arnolleti], 1558. R-40-15
Amato tem 25 anos quando escreve a sua 1.ª obra sobre botânica: Index Dioscorides eiusdem Historiales campi, cum expositione Joannis Roderici Castelli albi Lusitani , 1536. Ele foi, no seu tempo, um dos primeiros comentadores de Dioscórides, o grande farmacologista grego, e dos primeiros a olhar, com olhar de botânico e de médico, os “simples” e as drogas luso-indianas. A obra Amati Lusitani In Dioscoridis de materia medica libros quinque enarrationes, conhecida por Enarrationes, publicada em Veneza em 1553 e 1557, saiu sem ilustrações. Seguiram-se as edições de Strasbourg (1554) e esta de Lyon (1558), que inclui as gravuras de Leonard Fucsh seleccionadas por Jacques Dalechamps e 30 gravuras acrescentadas no fim pelo impressor. A obra, várias vezes impressa quando o autor vivia em Ancona, Pesaro, Ragusa e Tessalónica, nunca mais será republicada, para o que muito contribuiu a denúncia por Mattioli das origens judaicas de Amato.
- [Amati Lusitani medici physici praestantissimi Curationum medicinalium, centuriae duae tertia et quarta. Cum indice omnium curationum & rerum memorabilium quae ipsis centurijs continentur]. [Lugduni : apud Gulielmum Rovillium, sub scuto Veneto, 1565]. 2-4-1-21
Ambrósio Nicandro, humanista espanhol, mestre em Florença e Ancona, é o autor do prefácio da 4.ª Centúria. Nela exalta os trabalhos de Amato, “afeiçoado já ao autor pela leitura dos seus escritos, mais se cativou do médico ao ver o quanto era douto e virtuoso, e tão amável que de nome e de facto se chamava Amato”, enaltecendo-lhe as virtudes “a par do seu desprendimento em relação aos bens materiais o seu imenso saber”.
- Curationum medicinalium Amati Lusitani Medici Phisici praestantissimi Centuria septima Thessalonice curationes habitas continens, varia multiplicique doctrina referta. Venetiis : apud Vincentium Valgrisium, 1566. 2-19-1-20
Esta edição, publicada em vida do autor, contém a versão original do famoso Juramento, que foi censurada: “Juro perante Deus imortal e pelos seus dez santíssimos mandamentos, dados no monte Sinai ao povo hebreu, por intermédio de Moisés, após o cativeiro no Egipto, que na minha clínica nada tive mais a peito do que promover que a fé inteira das coisas chegasse ao conhecimento dos vindouros”.
- Amati Lusitani Doctoris Medici praestantissimi Curationum medicinalium centuriae septem, varia multiplicique rerum cognitione refert[a]e & in hac ultima editione recognitae & valde correct[a]e... Accesserunt duo novi indices, unus curationum medicinalium secundum morbos partes corpori humani infestantes, alter rerum memorabilium copiosissimus & diligentissimus. Burdigalae : ex typographia Gilberti Vernoy, 1620. 4 A-27-20-20, 4 A-2-8-8
As sete Centúrias, a sua mais importante obra médica, foram escritas ao longo de 20 anos nos vários sítios onde viveu. Iniciadas em Ferrara em 1541 só seriam terminadas em Salónica em 1561. A 1.ª Centúria foi publicada em edição princeps em Florença em 1551. Cada Centúria descreve cem casos clínicos, indicando o modo de tratamento e os resultados obtidos.
A obra, documento da prática clínica do médico português, teve 51 edições completas ou parciais (1551-1654) em muitos prelos da Europa, o que mostra o seu enorme valor. Esta edição (póstuma) apresenta a versão cristianizada do Juramento, em que o impressor fez cortes significativos, incluindo à não-discriminação do credo dos pacientes: “para tratar os doentes jamais curei de saber se eram hebreus, cristãos ou sequazes da lei maometana”.
- Dialogo en el qual se trata de las heridas de cabeça con el casco descubierto, donde se disputa si es mejor curar semejantes heridas con medicamentos blandos, ò con secos, compuesto por el Doctor Amato Lusitano ... ; traduzido de latin en romance castellano por Geronimo de Virues Doctor en Medicina Valenciano. En Çaragoça : por Iuan de Ybar, 1651. 3-18-1-28
Amato, nos comentários à Cura 100 da 6.ª Centúria, usou um diálogo com os experientes cirurgiões Celetano e Vanuccio. A cura poderá basear-se no caso de Henrique II de França, ferido durante um torneio, pois a descrição é em tudo semelhante ao que se passou com aquele rei, que faleceu apesar dos esforços dos médicos. Este diálogo, traduzido do latim por Jerónimo Virués, foi publicado autonomamente.
2- Dioscórides e a botânica I
DIOSCORIDES PEDANIUS, de Anazarbos (ca 40—90 a.C.)
- P. Dioscoridae Pharmacorum simplicium, reiq[ue] medicae libri VIII : Io Ruellio interprete, una cum Herm. Barbari corolarijs, & Marc. Vergilii, in singula capita ce[n]suris, sive Annotationibus. Argentorato : apud Io. Schottum, 1529. R-53-3
O Index Dioscorides, saído em Antuérpia (1536) de Amato segue este modelo de um dos primeiros novos tratados de Matéria Médica editado por Otto Brunfels (1488-1534), traduzido por Jean de Ruel (1479?-1537), e comentado por Ermalao Barbaro (1454-1493) e Marcelo Virgilio (1464-1521).
- Pedanii Dioscoridis … De medicinali materia libri sex, Ioanne Rvellio Svessionensi interprete... Additis etiam annotationibus sive … De Medicinali materia … per Gualtherum Riuium. Francoforti : apud Chr. Egenolphum, 1549. R-32-7
- Pedacio Dioscorides Anazarbeo, Acerca de la materia medicinal, y de los venenos mortiferos.Traduzidos de lengua grega, en la vulgar castellana, y illustrado com claras y substanciales annotaciones...por el doctor Andres de Laguna... En Salamanca : por Cornelio Bonardo, 1586. S.P.-V-4-2
A 1.ª edição traduzida para castelhano é de Antuérpia (1555), onde Laguna usou, como nas seguintes, as gravuras da edição de Veneza (1554) dos Commentarii de Pietro Andrea Mattioli. Na Advertência, Laguna expõe o cuidado usado na preparação da edição: “De mas (…) con los apellidos de aquellas plantas, que suelen hallarse en la Europa, dimos juntamente sus figuras, y proprias formas, para que por ellas pudiesse conocer cada uno las vivas, quando las tuuiesse delante”.
3- Dioscórides e a botânica II
MATTIOLI, Pietro Andrea, 1500-1577
- Kreutterbuch dess hochgelerten unnd weitberuhmten Herrn D. Petri Andreae Matthioli : jetzt widerumb mit viel schonen neuven Figuren, auch nutzlichen Artzeneyen, und andern guten Stucken gemehret, und verfertigt durch Joachimum Camerarium... Sampt dreyen wolgeordneten nutzlichen Registern, der kreutter Lateinische und Teutsche Namen... innhaltendt. Gedrucht zu Franckfort am Mayn : bey Johan Feyrabendt in verlegung Peter Fischers und Heinrich Dacken Erben, 1590. 2-12-5
- Petri Andreae Matthioli ... Opera quae extant omnia. Basileae : sumptibus Joannis Konig, 1674. 4-2-12-15
- Petri Andreae Matthioli Senensis … Apologia adversus Amathum Lusitanum cum censura in eiusdem enarrationes. Basileae : sumptibus Joannis Konig, 1674. 4-2-12-15
Em 1558, a 2.ª edição latina da obra de Mattioli contém pela primeira vez a sua defesa contra as acusações de Amato, Apologia adversus Amathum Lusitanum, que acompanharia as edições latinas até 1563. Mattioli reagiu violentamente aos comentários do português, tendo a controvérsia degenerado em violento conflito. Mattioli acusa Amato de plágio (porque usa as gravuras de Fuchs de De historia stirpium commentarii insignes) e denuncia as suas origens judaicas. A partir daí, Amato tem em Mattioli um acérrimo inimigo e é perseguido pela Inquisição. Parte apressadamente de Ancona, refugia-se em Salónica, mas promete responder às acusações, aludindo a isso na 5.ª Centúria (Salónica, 1561). Nunca se defenderá devidamente. Deixa, porém, a sua defesa implícita no Juramento:
“Sempre tive diante dos olhos, para os imitar, os exemplos de Hipócrates e de Galeno, os pais da medicina, não desprezando as obras monumentais de alguns outros excelentes mestres na arte medica; os meus livros de medicina nunca os publiquei com outra ambição que não fosse contribuir de qualquer modo para a saúde da humanidade. Se o consegui, deixo a resposta ao julgamento dos outros”.
BAUHIN, Johann, 1541-1612
- Historia plantarum universalis, nova, et absolutissima cum consensu et dissensu circa eas. Auctoribus Ioh. Bauhino, et Ioh. Hen. Cherlero, quam recensuit & auxit Dominicus Chabraeus, iuris verò publici fecit, Franciscus Lud. a Graffenried ; continens descriptiones stirpium exactus, figuras novas. Ebroduni [Yverdon] : [Typographia caldoriana], 1650. 2-23-12-1
Neste livro, entre os mais sábios da Medicina e da Botânica, incluindo Dióscorides, Plínio, Galeno e Fuchs, figura Amato Lusitano, representado num medalhão a par de Mattioli e Guillandinus, com a efígie coroada dos louros da glória científica. A legenda Dissentimus expressa a controvérsia entre Mattioli e Amato Lusitano “os que não se entenderam”.
4- Garcia da Orta e as plantas das Índias
ORTA, Garcia de, 1499?-1568
- Due libri dell'historia de i semplici, aromati, et altre cose che vengono portate dall'Indie Orientali pertinenti all'uso della medicina... Hora tutti tradotti dalle loro lingue nella nostra italiana da M. Annibale Briganti... In Venetia : Apresso Francesco Ziletti, 1582. R-74-41
Garcia de Orta e Amato Lusitano, médicos e botânicos de origem portuguesa, os dois de origem judaica e os dois formados em Salamanca, tiveram um papel relevante na ciência da sua época. Apresentam nas suas obras uma atitude rigorosa tanto no que se refere à medicina como à descrição dos “simples”. Nos Colóquios dos simples, e drogas e coisas medicinais da Índia (aqui em tradução italiana), Garcia de Orta, o botânico que nos revelou um mundo desconhecido, ilustra os “simples” e as drogas das Índias Orientais. Amato, embora vivendo sempre na Europa, esclareceu muitas questões da matéria médica oriental, que foram tratados nos Colóquios, examinando os produtos oriundos do Oriente com uso terapêutico. Ambos debatem a questão do cinamomo. No Colóquio XV sobre a Canela Orta afirma que cinamomo, cássia e canela são a mesma coisa “tudo he uma cousa”. Amato concluiu que há diversas qualidades, diferenciando a canela de Ceilão da cássia da China.
- Aromatum, et simplicium aliquot medicamentorum apud Indos nascentium historia primùm quidem lusitanica lingua [dialogikos] conscripta à D. Garçia ab Horto ... ; Deinde latino sermone in epitomen contracta, & iconibus ad viuum expressis, locupletioribiusq[ue] annotatiunculis illustrata à Carolo Clusio atrebate. Quarta editio, castigatior, & aliquot locis auctior. Antuerpiae : ex Officina Plantiniana : apud Viduam, & Ioannem Moretum, 1593. RB-33-13, 3-19-1-23
GALVÃO, António, 1490-1557
- Tratado que compôs o nobre & notauel capitão Antonio Galuão, dos diuersos & desvayrados caminhos por onde nos tempos passados a pimenta & especearia veyo da India às nossas partes & assi de todos os descobrimentos antigos & modernos que são feitos até a era de mil & quinhentos & cincoenta ... [Lisboa], Rua de Sa[m] Mamede : em casa de Ioam da Barreira, 15 Dezembro 1563. R-14-4
No mesmo ano da publicação dos Colóquios de Garcia de Orta, imprimia João da Barreira o Tratado de António Galvão, onde há alusões à pimenta e outras especiarias.
5- Comentários aos textos médicos antigos e medievais
HIPÓCRATES, ca. 460-ca. 375 a.C.
- Hippocratis Coi medicorum omnium longe principis, opera quae apud nos extant omnia. Per Janum Cornarium medicum physicum latina lingua conscripta. Parisiis : apud Carolam Guillard et Gulielmu[m] Desbois, 1546. 2-18-7-83
A interpretação feita na época de Hipócrates resultou da comparação entre o texto grego e as versões latinas. A mais antiga edição das obras completas de Hipócrates saiu em Roma (1525) e outra se lhe seguiu em Basileia (1526). Novas edições foram dadas à estampa até 1545, quando se publica em Veneza a edição latina que conheceu maior êxito.
GALENO, Claúdio, 130-200
- Galeni opera ex septima Iuntarum editione ad amplissimum Venetorum medicorum collegium. Venetiis : apud Iuntas, 1596-1597. 1-(d)-14-4/8
AVICENA, 980-1037
- Avicennae Arabum medicorum principis ex Gerardi Cremonensis versione, & Andreae Alpagi Bellunensis castigatione ; A Ioanne Costaeo, & Ioanne Paulo Mongio Annotationibus iampridem illustratus. Nunc vero ab eodem costaeo recognitus, & novis alicubi observationibus adauctus ... Vita ipsius Avicennae ex Sorsano Arabe eius discipulo à Nicolao Massa latine scripta, & figuris quibusdam, ex priori nostra editione sumptis. Venetiis : Industria ac sumptibus Iuntarum, 1595. 1-(d)-14-1/2
As lições de medicina versavam na altura o texto de Avicena. O Canon e os Fens de Avicena eram os livros “sagrados” da arte médica renascentista.
6- A Nova Medicina na Península Ibérica
LUÍS, António, 14?-1565
- Antonii Lodovici Medici Olyssiponensis De re medica opera. Olyssippone : apud Lodouicum Rotorigium, 1540. R-54-4
VEIGA, Tomás Rodrigues da, 1513-1579
- Thomae Roderici à Veiga … Commentarii in libros Claud. Galeni duos, de febrium diferentiis. Conimbricae: apud Ioannem Barrerium, 1578. R-13-16
MERCADO, Luís, 1520-1606
- Institutiones medicae iussu regio factae pro medicis in praxi examinandis. Madriti : excudebat Ludouicus Sanchez, 1594. 4-1-25-25
NUNES, Ambrósio, 1526?-1611
- Tractado repartido en cinco partes principales, que declaran el mal que significa este nombre peste con todas sus causas, y señales prognosticas, y indicatiuas del mal con la preseruacion, y cura que en general, y en particular se deue hazer. Em Coimbra : na officina de Diogo Gomez Loureyro, 1601. RB-17-24
LEMOS, Luís de, ca. 1533-1600?
- Ludovici Lemosii medici ac physici In três libros Galeni De naturalibus facultatibus commentarii. Salmanticae : apud Guillelmum Foquel, 1591. R-36-32
RODRIGUEZ DE GUEVARA, Alfonso, 15—1587
- Alphonsi Rod. de Gueuara Granatensis in Academia Conimbricensi rei medicae professoris & inclytae reginae medici physici in pluribus ex ijs quibus Galenus impugnatur ab Andrea Vesalio Bruxele[n]si in co[n]structione & usu partium corporis humani, defensio ... Conimbricae : apud Ioan. Barrerium, 1559. R-12-8 R-73-22
Uma das questões que mais apaixonaram os clínicos do séc. XVI foi a de saber de que lado se devia sangrar na pleuresia. Na Defensio Guevara refere-se aos trabalhos desenvolvidos por Amato e Vesálio acerca das válvulas da ázigos e experiências de insuflação das veias. A descoberta por Amato impressionou Guevara neste livro de anatomia, que diz “não ter encontrado as referidas válvulas nas condições expressas por Amato”. Estava errado.
7- … e na Itália
“O saber hipocrático e galénico, que havia sido sucessivamente, enquanto forma visível, basílica bizantina, mesquita árabe e catedral gótica adquire agora a aparência de um palácio florentino” (Pedro Lain Entralgo – Historia de la medicina)
MERCURIALE, Girolamo, 1530-1606
- Hieronymi Mercurialis Variarum lectionum, in medicinae scriptoribus & aliis, libri sex … Venetiis : apud Iuntas, 1588. 2-(3)-12-1
BRUDO, Manuel, fl. 15--
- Liber de ratione victus in singulis febribus secundum Hippoc. Venettiis : apud haeredes Petri Ravani & socios, 1544. R-5-20
Embora português, Brudo deixa, à semelhança de outros judeus, a pátria na companhia do pai, médico e cirurgião. Amato e Brudo cruzam-se em Antuérpia por volta de 1541, antes da partida deste para Inglaterra, no ano em que Amato vai para Ferrara.
MANARDO, Giovanni, 1462-1536
- Ioannis Manardi medici Ferrariensis, … Epistolarum medicinalium libri vingiti… Basileae : apud Mich. Isingrinium, 1549. 2-21-5-11
As capacidades de botânico erudito que Amato adquiriu deveram-se principalmente ao contacto com a escola de Manardo de Ferrara, na qual confessa “ter aprendido tanto em botânica como em anatomia”.
COLOMBO, Realdo, ca. 1516-1559
- De re anatomica libri XV. Parisiis : in officina Ioannis Foucherii Junioris, 1562. 4-2-5-33
BRASAVOLA, Antonio Musa, 1500-1555
- Antonii Musae Brasavoli Ferrariensis, Examen omnium simplicium, quorum usus in publicis est officinis … Lugduni : apud Antonium Vincentium : [Michael Sylvius], 1556. 1-(b)-5-17
(continua)
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O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
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Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
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Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
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Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...