Não é aceitável. É parcial. Não presta um bom serviço a Portugal, porque esquece as boas iniciativas que por aí vão em todo o país. Confundir Portugal com Lisboa, sem sequer ver o que se passa no resto do país, é um sinal de um país doente, sem chama, que insiste no suicídio colectivo.
Para além disso, confunde inovação e capacidade de realização, com registo de patentes nacionais. Não seria melhor, digo eu, ver quantas dessas patentes foram vendidas, passaram a patentes internacionais, deram origem a novas empresas, novos negócios, novos produtos, criaram emprego, etc.?? É que registar patentes nacionais pode ser só uma forma de "mostrar" indices para as estatísticas. Até é barato!
Este "artigo" não presta um bom serviço porque é um exemplo de MAU JORNALISMO, em que a pessoa que o escreve se limita a transmitir aquilo que, provavelmente, lhe enviaram, sem fazer investigação, sem cruzar dados, sem perguntar a outros, em suma, sem levantar a cabeça e olhar à volta.
E claro, nem verifica que existem outros locais no país que têm resultados bem mais interessantes. Aqueles que de facto contam, porque têm impacto na economia e na vida das pessoas. Esquece tudo o resto. Por exemplo, que foi a Universidade do Porto (uma universidade que nem é mencionada no "artigo") que ganhou o concurso da COTEC sobre "Fomento do Empreendedorismo nos Alunos do Ensino Superior Português" no valor de 100 mil Euros. Ou que a melhor incubadora de empresas do País (considerada também a 2ª melhor do mundo) é de Coimbra (Instituto Pedro Nunes). Melhor porque tem mais empresas, e muito melhores taxas de sobrevivência, isto é, excelentes resultados na criação e sobrevivência de empresas criadas em ambiente universitário. Etc., etc.
Mas mais importante do que isso, esquece que, se calhar, o que devemos querer saber das universidades é:
1. Quantas empresas foram criadas pelos seus alunos.
2. Quantos empregos foram criados por essas empresas.
3. Qual o volume de negócios dessas empresas.
4. Quanto representam do PIB nacional.
5. Dos seus docentes e investigadores quantas patentes resultaram.
6. Quantas foram vendidas e deram lucro.
7. Quantas deram origem a spin-offs.
8. Qual o impacto da universidade nas exportações portuguesas.
9. Qual o valor acrescentado de um aluno da universidade/politécnico: custa quanto e vale quanto.
10. Qual o impacto da universidade/politécnico no cenário internacional de I&D: docentes e investigadores.
11. Quantos projectos europeus tem a universidade/politécnico.
12. Quanto valem os projectos europeus em percentagem do orçamento da Universidade.
2. Quantos empregos foram criados por essas empresas.
3. Qual o volume de negócios dessas empresas.
4. Quanto representam do PIB nacional.
5. Dos seus docentes e investigadores quantas patentes resultaram.
6. Quantas foram vendidas e deram lucro.
7. Quantas deram origem a spin-offs.
8. Qual o impacto da universidade nas exportações portuguesas.
9. Qual o valor acrescentado de um aluno da universidade/politécnico: custa quanto e vale quanto.
10. Qual o impacto da universidade/politécnico no cenário internacional de I&D: docentes e investigadores.
11. Quantos projectos europeus tem a universidade/politécnico.
12. Quanto valem os projectos europeus em percentagem do orçamento da Universidade.
Pois, mas obter esta informação dá muito trabalho.
E se calhar não permite obter o resultado pretendido com o "artigo"!
O melhor, como dizia recentemente Mário Soares sobre o actual jornalismo, é ficar pelos fait-divers, pela "espuma dos dias".
J. Norberto Pires
14 comentários:
Mesmo de águas conspurcadas, a espuma tem a vantagem de ser branca: valha-nos isso! JCN
pois, só existe Lisboa, e quando não existe só Lisboa, só existe o Norte, o Algarve e a Estremadura.... Alentejo? nem ve-lo... não existe. pelos visto o meu amigo também tem de levantar a cabeça e olhar em volta.
Tudo como antes. Lisboa é o país e o resto é paisagem... A tacanhez continua por aí à solta...
É o problema do contágio.
Assim como o país é periférico no contexto da UE, acaba também por sê-lo no contexto do IST, via Expresso.
Caro Professor, um oportuno reparo à centralidade jornalística dos principais periódicos portugueses.
Não sei se a viabilização (económica) das edições on-line dos jornais regionais, ao permitir-lhes uma visibilidade em "banda larga", poderia remar contra este estado das coisas.
Até porque muitos dos cronistas e fazedores de opinião dos principais jornais/semanários portugueses continuam e mantêm colaborações em jornais regionais (Diário de Coimbra, Diário das Beiras, Jornal do Fundão, etc.).
António Piedade
O que eu sei é que muitos investigadores, coordenadores de projectos de bolsas da fct de Lisboa não valem um "peido furado", na província há muito melhor, e mais não digo..
o Campo Pequeno está previsto ser alargado para acomodar essa gentalha sem coluna vertebral.
A começar por ti, pá! JCN
ESSA LISBOA DE OUTRAS ERAS
Lisboa é tudo; o resto é palanfrório
para as crianças entreter à mesa,
pois só a capital, como é notório,
tem peso algum na vida portuguesa.
Enquanto para o Porto é obrigatório
laboralmente ter candeia acesa,
Coimbra é presumido mistifório
e Braga por nós todos faz que reza.
Lisboa não; Lisboa tem na mão
a vara do poder, com que comanda,
"tant bien que mal", o curso da nação.
Lisboa faz, Lisboa pensa e anda
a ver se leva à certa este país
ignaro e cada vez mais infeliz!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Caro António Piedade, Penso que não. As pessoas esquecem com facilidade os locais de onde vêm. É pena, porque os jornais deveriam prestar atenção ao que se passa pelo país. Uma missão de coesão nacional que o governo tem de tomar nas suas mãos.
norberto
Pensei que este blog pretendia "partir da realidade do mundo (o nosso mundo, feito de átomos e espaço vazio) para discutir o empreendimento humano da descoberta do mundo, que é a ciência, e as profundas implicações que essa descoberta tem para a nossa vida no mundo".
Uma das coisas que a ciência permite é identificar "enganos". É uma das implicações que tiramos da ciência para a nossa vida no mundo
Vai cá uma dor de corno...
Nem, casca grossa.
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