Por Cátia Delgado
A “enxurrada tecnológica” na educação escolar, a que, desde o início deste século, temos assistido mais ou menos passivamente, deslumbrados que andamos face à promessa de obtenção de ambientes e instrumentos altamente estimulantes, dinâmicos e vanguardistas, dá sinais de começar a ser travada.
É o caso do chatbot, tão falado nas últimas semanas nos meios de comunicação social, por ser apresentado como uma ferramenta elaboradíssima que joga “em favor das escolas”, prometendo “soluções úteis” para alunos e professores, mas, sobretudo, por realizar, para uns e para outros, os mais diversos tipos de trabalhos académicos, todos eles “originais”.
Ora, nos Estados Unidos da América, país tendencialmente pioneiro em matéria de inovação tecnológica aplicada ao ensino, há já distritos escolares que, para "proteger a honestidade académica" e evitar a óbvia fraude, estão a banir a referida ferramenta, como noticiado pela Forbes.
É que, no respeitante aos alunos, a ferramenta impede, precisamente, o desenvolvimento das competências que a produção de muitos trabalhos escolares deve promover: o pensamento crítico e a resolução de problemas.
A preocupação dos professores reside em vários fatores: a rapidez com que o chatbot responde às solicitações, promovendo o imediatismo e a falta de pensamento, a facilidade de acesso por parte de qualquer estudante; a atratividade para os jovens é evidente, mas promove a desonestidade e a iliteracia, pois algumas informações que integra são, de facto, falaciosas.
1 comentário:
Desconheço, in loco, o quotidiano da vida escolar em países estrangeiros que, admito, pode ser muito parecido com o que se passa nas nossas escolas C+S e EB 1, 2, 3 + JI + S. Já certas particularidades revolucionárias do nosso sistema educativo, como a equiparação de professores do ensino secundário a professores do 1.º ciclo e a educadores de infância, por via da carreira única dos professores dos ensinos básico e secundário e dos educadores de infância, são como achas que se deitam para a fogueira onde ardem as esperanças de reconstruir a escola como lugar de estudo e saber.
Em Portugal, é o próprio Governo, com a anuência servil de milhares e milhares de professores e educadores de infância, que “promove o imediatismo e a falta de pensamento”, “a desonestidade e a iliteracia”, ainda sem a adoção do chatbot, mas em plena vigência da escola inclusiva, do ensino flexível por grelhas, cheias de rubricas e domínios, pondo nos cornos da lua a filosofia ubuntu e desprezando o conhecimento escolar propriamente dito.
O grande mal-estar que grassa entre os professores tem três causas principais:
1 – Falta de dinheiro;
2 – Perda de autonomia técnica e pedagógica, em contexto de sala de aula;
3 – Grande indisciplina e violência escolar.
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