quinta-feira, 23 de abril de 2020

Vesálio ou a rara permanência de um saber


Texto de Maria de Sousa no seu livro "Meu Dito, meu escrito", uma lição que proferiu em 2011 na Biblioteca Joanina em Coimbra :

Uma das muitas riquezas de uma longa vida científica feliz é a lenta embriaguez, quase inenarrável, de perceber como é efémero o saber e, portanto, o escrever sobre o que se sabe em ciência. A escrita e o saber científicos contrastam marcadamente com a permanência das outras escritas: a literatura, a poesia, a pintura, o desenho, a música, as múltiplas manifestações da escrita na arte. Quando uma pessoa dessa vida transitória é convidada a pertencer, ainda que brevemente, a um momento que celebra um livro e um saber de quase 500 anos, não consegue encontrar palavras que possam transmitir facilmente a quem a convida como lhes está grata.

As minhas primeiras palavras são, portanto, de agradecimento aos Professores Carlos Fiolhais e João Malva pelo convite para estar aqui hoje, numa ocasião promovida pela Sociedade Portuguesa de Neurociências como parte da celebração da Semana do Cérebro e de um livro publicado pela primeira vez em 1543 [1]. E também de agradecimento à Professora Catarina Resende de Oliveira por exprimir uma tão generosa opinião a meu respeito. O que me dá a oportunidade de afirmar publicamente a admiração recíproca que tenho por ela e por todo o seu silencioso, generoso e notável trabalho pessoal e social em Coimbra e no país científico em geral.

Depois de muito pensar em como iria abordar esta intervenção, decidi que me concentraria sobretudo na questão de ver em ciência e sobre o raramente visto que pode conduzir à permanência de um saber, intacto, durante 500 anos. O que se vê, como se vê, o que se pensa do que se vê e como o progresso tecnológico influencia o processo de ver e de permitir que outros vejam em ciência.

 Vesálio

Vesálio, com os seus sete livros ilustrando a «fábrica do corpo humano», é, para mim, uma das figuras mais interessantes da história da ciência médica. Nele cruzam- -se o desafio ao ver galénico e ainda hipocrático de origem grega e o ver descritivo, e mais bem visto, baseado na disseção de cadáveres humanos. Para além do cruzamento de formas do pensar e do ver científicos, cruzaram-se também em Vesálio a permanência da arte, com a possível mobilização de um discípulo da escola de Ticiano para ilustrar a ciência anatómica contida nos sete livros [2]. A qualidade e a divulgação dessa ilustração vieram a depender, por sua vez, do aparecimento na Europa Central de grandes casas impressoras, como a  de Oporinus em Basileia, capazes de imprimir obras não só bem escritas mas também por vezes magnificamente ilustradas, como a de Vesálio, que celebramos hoje, e a de Copérnico, as duas vindas a lume em 1543.

Para contrastar a permanência da arte com o que se julga saber em ciência, vou primeiro mostrar um poema escrito na segunda metade do século xvi a que pertenceu:

Chidiock Tichborne (1558?-1586)

ON THE EVE OF HIS EXECUTION

My prime of youth is but a frost of cares,
My feast of joy is but a dish of pain,
My crop of corn is but a field of tares,
And all my good is but vain hope of gain;
The day is past, and yet I saw no sun,
And now I live, and now my life is done.

 My tale was heard and yet it was not told,
My fruit is fallen, yet my leaves are green,
My youth is spent and yet I am not old,
I saw the world and yet I was not seen;
My thread is cut and yet it is not spun,
And now I live, and now my life is done.

I sought my death and found it in my womb,
 I looked for life and saw it was a shade,
I trod the earth and knew it was my tomb,
And now I die, and now I was but made;
My glass is full, and now my glass is run,
And now I live, and now my life is done.

Vesálio, e depois um trecho de Ambroise Paré, o famoso cirurgião francês contemporâneo de Vesálio,  dizem-nos o que se pensava sobre a peste que reinava na Europa. O poema foi escrito por Tichborne, um jovem poeta inglês, na véspera de ser executado. Como ilustração do que supostamente se vê em ciência, no caso da peste, a doença que mais se via nesse tempo, passo a citar Ambroise Paré. Poucos na segunda metade do século XVI duvidavam de que a peste era um castigo divino. Paré parece não ter sido excepção:

É opinião confirmada, constante e aceite entre Cristão em todas as idades que a peste e outras doenças que violentamente atacam a vida humana são frequentemente enviadas pela ira de Deus, punindo as nossas ofensas [3].

O que vemos da expressão dos sentimentos em Tichborne permanece intacto, intocado e intocável pela passagem do tempo: poderia ser escrito hoje por um jovem doente com uma infecção letal por HIV (o vírus da sida). Em manifesto contraste, o saber científico permanece cativo do que se pode saber num dado tempo para além da reprodução exacta e, no caso de Vesálio, da reprodução exacta e belíssima, do que se vê.

Durante a discussão de uma outra apresentação sobre o tema do saber em arte e ciência, o professor e crítico literário Seabra Pereira mencionou, com a lucidez e profundidade de saber que lhe são características, que a construção do conhecimento em arte resulta muito da experiência endógena, ao passo que a construção do conhecimento em ciência é muito mais dependente de factores exógenos, como o aparecimento de novas tecnologias.

Ramón y Cajal

Saltemos três séculos, para o período entre o final do século xix e o princípio do século xx, e vamos ver como o mesmo ver exacto de Vesálio, com o auxílio agora do microscópio e da introdução de colorações especiais dos tecidos, vai permitir a Ramón y Cajal desenhar o visto em cortes de cérebro e cerebelo, usando uma coloração desenvolvida por Camilo Golgi. A observação cuidadosa ao microscópio leva Cajal à concepção do neurónio como unidade central da actividade cerebral. Cajal e Golgi partilharam o Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1906.

Poderíamos dizer que Cajal foi o seu próprio Ticiano, e tivemos que esperar muitos anos para haver um grande pintor norte-americano com quadros que evocam as redes neuronais de Cajal: Jackson Pollock. Não coincidiram no tempo, não consegui nunca saber se Pollock alguma vez viu os desenhos de Cajal, mas os dois coincidem na nossa imaginação. É um pouco para isso que a imaginação humana serve: questionar-se sobre o improvável.

Mas Cajal também descreveu estruturas intranucleares4 que, quarenta e poucos anos mais tarde depois de Pollock, foram estudadas por uma bióloga celular portuguesa a fazer o seu pós-doutoramento no EMBO nos anos 90 [5]. Deve ser para nós um motivo de enorme satisfação ver numa lista de referências de um artigo de revisão sobre a contribuição de Cajal duas referências a um grupo português liderado por Maria do Carmo Fonseca, imediatamente a seguir à referência a Cajal; e poder vislumbrar o que verdadeiramente está dentro desses grânulos intranucleares inicialmente descritos e ilustrados pela cuidadosa capacidade de ver e de desenhar de Cajal: SnRNPs, small nuclear ribonucleoproteins. 

Os avanços tecnológicos em biologia celular e molecular são notáveis, mas não são uma grande surpresa, uma vez que passámos a ter disponíveis anticorpos específicos com marcadores fluorescentes, microscópios de fluorescência e o conhecimento dos processos envolvidos na passagem de mensagens de ARN. A mim, impressionam-me particularmente os avanços tecnológicos que nos obrigam a deixar de ver do modo como Vesálio ou Cajal viram, isto é, deixar de ver com os nossos olhos, para passar a ver com o tratamento matemático da informação [6].

Porque este convite resulta da amabilidade do Professor Carlos Fiolhais, o bibliotecário da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, da Sociedade Portuguesa de Neurociências e da celebração da semana do cérebro, o Doutor João Malva manifestou algum interesse em que eu abordasse a evidência recente de  aproximação funcional entre o sistema imunológico e o cérebro. Começarei por o surpreender com o que me surpreendeu há muitos anos: encontrar em Hipócrates uma imaginada semelhança entre o cérebro e os gânglios linfáticos que constituem um dos componentes mais relevantes do hoje chamado sistema imunológico.

Hipócrates e o livro sobre as glândulas

O Livro VIII do Corpo Hipocrático inclui uma secção sobre as glândulas. Li-a como parte de introdução à minha tese de doutoramento [7], numa edição traduzida por Littré, publicada em 1853 [8]. Fascinou-me encontrar em Hipócrates a caracterização dos gânglios linfáticos como glândulas com a função de absorverem os humores na vizinhança de áreas com pêlos, como as axilas. A glândula mesentérica que se encontra junto dos intestinos é a excepção. A maior glândula de todas, o cérebro, tinha a vizinhança dos pêlos mais compridos, os cabelos. A noção de glândulas absorventes vai durar séculos e ainda a vamos encontrar no artigo em que Hodgkin descreve pela primeira vez, em 1832, «some morbid appearances of absorbent glands and the spleen» [9] .

O Livro Sétimo da Obra de Vesálio

O Livro Sétimo de Vesálio é dedicado ao estudo e à descrição da anatomia do cérebro. O que o tempo e os avanços tecnológicos do estudo dos componentes das diferentes áreas do cérebro e das suas interações fizeram ao que hoje pensamos das funções cerebrais, o que em inglês se diz mind boggling, traduzido pobremente para português como «quase inacreditável» ou «quase não dá para acreditar» e ilustrado com muita graça num cartoon da colecção de Levine da revista New Yorker. 

Um dos avanços mais notáveis no estudo do cérebro humano in vivo tem sido um crescente aperfeiçoamento das técnicas designadas como neuroimagem. Com base em conhecimentos que nos chegam da física, da biologia, da química e da hematologia podemos ver de uma forma não invasiva o que acontece dentro do cérebro humano em resposta a vários estímulos de muitas naturezas: visuais e imunológicas, entre outras. Os estudos são hoje numerosíssimos. Há uma crescente, eu diria, quase explosiva, evidência de que algumas moléculas produzidas por células do sistema imunológico estão relacionadas, por exemplo, com a depressão. Tantos e tão numerosos que até eu, como coorientadora de uma aluna de doutoramento do Senhor Doutor Rui Mota Cardoso, psiquiatra, a Senhora Doutora Margarida Figueiredo Braga, tenho uma publicação nessa área [10]. Há mesmo um artigo publicado no Verão de 2010 que tem o título «The concept of depression as a dysfunction of the immune system» [11]. Face a uma tão grande variedade de contribuições nesta área, decidi partilhar convosco as imagens de um só artigo em que os autores usam functional magnetic resonance, fMRI, onde o que se observa é o aumento do fluxo sanguíneo numa região específica do cérebro após a administração de uma substância que provoca uma reacção inflamatória. Neste mesmo estudo, os autores mediram também alterações em disposição/humor, que uso como tradução do inglês mood.

À pergunta que poderia ser de Vesálio no cartoon do New Yorker, responde um estudo de Harrison e colaboradores do Centro de Neuroimagem do Wellcome Trust e do Centro de Neurociências Cognitivas, ambos em Londres12. Técnicas que seriam impensáveis para Vesálio e muitos outros ainda no século xx e que permitem ver o que se passa dentro de áreas específicas do cérebro com mudanças de humor, em reacção a um processo inflamatório, nomeadamente em áreas que se pensa estarem ligadas à depressão. De tal modo que uma forma de tratamento da depressão profunda reside na chamada estimulação do cérebro profundo pela colocação de eléctrodos nessas mesmas regiões.

 O mesmo se passaria com Ramón y Cajal em relação às novas formas de repetir as suas notáveis observações, com marcadores coloridos e microscópios de  fluorescência, ou microscópios que permitem ver as células em movimento, culturas celulares que permitem dissecar in vitro populações celulares separadas, que, por sua vez, in vivo no cérebro, funcionam em comunicação contínua entre si. Como é o caso dos astrócitos, que se sabe hoje influenciarem o funcionamento de neurónios em funções nobres como a memória.

No que respeita à interacção de células e moléculas do sistema imunológico com funções cerebrais, para que todos a possamos começar a perceber, teremos talvez primeiro de mudar a nossa percepção do sistema imunológico como um sistema direccionado exclusivamente para combater infecções. Já que me convidaram, terão de ouvir esta manifestação da minha cruzada.

A minha cruzada diz que a imunologia é um ramo do conhecimento demasiado novo para que saibamos exactamente como o conhecimento da complexidade e extensão das suas funções se vai situar na maravilhosa fábrica do corpo humano [13]. Parece claro que uma dessas novas funções reguladoras em fisiologia que parecem ligadas a patologias tem a ver com interacções entre os sistema imunológico e o sistema nervoso central. Conhecer essa complexidade é o enorme desafio para todos os jovens neurocientistas e imunologistas membros desta Sociedade e da Sociedade Portuguesa de Imunologia.

 Termino como comecei: agradecendo o convite para estar presente nesta cerimónia extraordinária. Creio que ela, para além de celebrar a permanência de um saber, deve celebrar também a abertura de uns anos do século XVI  ao ensino da filosofia natural e da anatomia,  abertura que parece só ter durado uma breve década e que se veio a fechar rapidamente, reflectindo o desinteresse da universidade em apoiar o desenvolvimento do conhecimento científico [14]. Dominique de Villepin, num livro sobre os anos da queda de Napoleão entre 1807 e 1814, diz uma coisa que talvez seja oportuno repetir no contexto da celebração de um livro que ficou desses breves anos de abertura na universidade à liberdade do conhecimento científico:

As palavras chegam então em socorro das armas, mais do que tudo, as palavras ficam como as únicas e verdadeiras armas desde que a imprensa deu ao discurso os meios de permanecer um presente eterno [15].

Coimbra, Biblioteca Geral
 16 de Março de 2011

1 Vesálio, A., 1543. De Humani Corporis Fabrica, Basileia
2 Laurenza, D., 2012. «Art and anatomy in Renaissance Italy». The Metropolitan Museum of Art Bulletin, Inverno 2012, vol. LXIX, n.º 3.
3  Pettigree, A., 2010. The Book in the Renaissance. New Haven: Yale University Press.
 4 Lafarga, M., Casafont, I., Bengoechea R., R., Tapia, O. e Berciano, M., 2009. «Cajal’s contribution to the knowledge of the neuronal nucleus». Chromosoma 118: 437-43.
5 Carmo-Fonseca, M., Pepperkok, R., Sproat, B. S., Ansorge, W., Swanson, M. S., Lamond A., 1991. «In vivo detection of snRNP rich organelles in the nuclei of mammalian cells». EMBO Journal 10: 1863-1873.
6 Dyson, F., 2011. «How We Know». The New York Review of Books, March 10.
7 De Sousa, M., 1971 Ecotaxis. PhD Thesis. University of Glasgow.
 8 Littré, E., 1853. Oeuvres Completes d’Hippocrate. Tome 8. Paris e Londres: Bailleu. 9. Hippocrate Tome XIII, texto fixado e traduzido por Robert Joly, X.1, 1978.
9 Hodgkin, T., 1832. «On some morbid appearances of the absorbent glands and spleen». Medical Chirurgic Transactions 17: 68-114.
10 Figueiredo-Braga, M., Mota-Garcia, F., O’Connor, J. E., Garcia, J. R., Mota-Cardoso, R., Cardoso, 10 C. S. e De Sousa, M., 2009. «Cytokines and Anxiety in Systemic Lupus Erythematous (SLE) patients not receiving anti-depressant medication. A little explored frontier». Annals of the New York Academy of Sciences 1173: 286-91.
11 Leonard, Brian E., 2010. «The concept of depression as a dysfunction of the immune system». Current Immunology Review 6: 205–212.
 12 Harrison, N. A., Brydon, L., Walker, C., Gray, M. A., Steptoe, A. e Critchley, H. D., 2009. «Inflammation causes mood changes through alterations in sugenual cingulate activity and mesolimbic connectivity». Biological Psychiatry 66: 407-414.
13 Bernard C., 1865. Introduction à l’étude de la Médicine expérimentale, Paris.
14 Monteiro, N. G., 2009. História de Portugal, coordenador Rui Ramos, Lisboa: Esfera dos Livros.
15 Villepin, D., 2008. La Chute de l’Empire de la Solitude 1807-1814.
Paris: Perrin, p. 477.

1 comentário:

Carlos Ricardo Soares disse...

Um texto notável, para quem gosta de pensar, não só pela necessidade de pensar mas também, e sobretudo, pelo prazer/sofrimento de pensar, que o pensar, entre ser espontâneo e ser acto pode não ser nada e pode ser muito. E se for expresso em palavras e se forem gravadas, sobreleva às armas e às bombas e a todas as batalhas e guerras, como é fácil de comprovar na história. Apesar de, ou embora perdurem os ecos das explosões e dos gritos e os efeitos da destruição de há mil anos, não passam de ecos distantes, a que quase todos são surdos e, mesmo assim, é preciso procurá-los em alguma forma de escrita. Tem mais impacte e poder demolidor sobre uma cultura, e é mais subversiva, a declaração de uma "verdade", do que uma bomba atómica. As armas e as bombas calam-se de imediato, as vítimas também, mas as palavras, mesmo soterradas, podem ressuscitar milénios depois. Platão, Aristóteles...calaram-se, mas as suas palavras falaram cada vez mais e mais.
Entre as forças da natureza que a física declarou, ainda falta declarar, em alguma fórmula consistente, a força do pensamento.
Muitas vezes os pensamentos parecem surgir e fluir por si mesmos, permitindo-nos o prazer de os “observar” e de os avaliar, podendo até conduzi-los, detê-los, recuar e retomá-los, de igual modo ou de modo diferente.
Outras vezes, eles tomam-nos de assalto e brotam sem que os possamos simplesmente parar, podendo mesmo atormentar-nos fazendo-nos desejar desligar o cérebro e descansar.
As características do pensamento são muito curiosas porque este parece desdobrar-se, uma vezes mais facilmente do que outras, em pensamento e pensamento que se pensa a si mesmo, com intensidades que variam de um para o outro, por razões que nem sempre podemos controlar muito bem.
Este pensar sobre o próprio pensamento é algo como ter uma ideia e pensar sobre ela e pensar sobre este pensamento e sobre o outro e assim sucessivamente, dependendo a dificuldade do empenho que pusermos em não perder de vista a teia de raciocínios, de silogismos ou de ilações, ou de induções.
Assim sendo, há a possibilidade de uma disciplina sobre o pensamento, pelo menos enquanto acto, e é possível desenvolver estratégias e habilidades e arte de pensar.
O texto que acabo de ler, de Maria de Sousa, é uma eloquente expressão da arte de pensar e de saber expressar o pensamento.

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