quarta-feira, 5 de junho de 2013

Planetas "visivelmente vistos": uma descoberta

Há uns dias o Observatório Europeu do Sul (ESO) anunciou a descoberta de um planeta extrassolar (ver nota de imprensa aqui). Recorde-se que um planeta extrassolar (ou exoplaneta) orbita uma estrela que não o Sol. Para quem tem acompanhado esta "caça ao planeta" dirá com um sorriso: É mais um para a colecção ! De facto, desde 1995 aquando do trabalho pioneiro de M. Mayor e D. Queloz, já foram anunciados ao Mundo quase 900 novos mundos (a "The Extrasolar Planets Encyclopaedia" mantém o registo diário e actualizado da lista de planetas extrassolares descobertos).  O anúncio agora feito pelo ESO diz respeito à observação de um planeta, com uma massa estimada de 4 a 5 vezes superior à do "nosso" Júpiter, e que orbita uma estrela de nome HD 95086 da constelação da Carina (no Hemisfério Sul). Esta estrela tem uma massa que é 1.6 vezes superior à massa do Sol, é muito jovem (com, no máximo, 20 milhões de anos) e está  a quase 300 anos-luz da Terra (recorde-se que 1 ano-luz, corresponde à distância percorrida pela luz durante um ano).

Qual o interesse desta descoberta ? Este novo planeta, para já denominado HD 95086 b, foi descoberto pelo método directo. Ou seja, foi possível obter uma imagem directamente vinda do planeta, independentemente da luz que nos chega da estrela. E este tipo de observações é muito difícil porque, normalmente, a luz da estrela ofusca o planeta. Na grande maioria dos planetas extrasolares até agora descobertos foram  usados métodos indirectos, relacionados com efeito que o planeta induz, por exemplo, no movimento da estrela. Nestes casos o planeta não é observado directamente, mas sim a sua influência na estrela.

A imagem abaixo mostra a observação agora anunciada pelo ESO: o planeta é o ponto azul; a estrela branca marca a posição original de  HD 95086 (que foi retirada da imagem para mais facilmente se poder ver HD 95086 b); a  circunferência azul representa a órbita de Neptuno no Sistema Solar (para melhor se ter uma noção da escala espacial).


O resultado é importante uma vez que HD 95086 b parece ser, até à data, o planeta com menos massa a ser observado fora do Sistema Solar pelo método directo. A terminar deixo as palavras de um dos descobridores Gael Chauvin (Institut de Planetologie et d'Astrophysique de Grenoble): “O brilho das estrelas dá a HD 95086 b uma temperatura à superfície estimada de cerca de 700 graus Celsius, o que é suficientemente frio para que vapor de água e possivelmente metano existam na atmosfera”. E  a busca de outros como nós continua.

João Fernandes

PS. Sobre esta temática permito-me recomendar um livro recente escrito por autores portugueses, “Outras Terras no Universo - uma história da descoberta de novos planetas” (N. Santos, L. Tirapicos e N. Crato, Gradiva, 2012). Ver por exemplo a entrada neste blog.

1 comentário:

Cláudia da Silva Tomazi disse...

De quando o planeta Plutão fora rebaixado a planeta "anão" o planeta Netuno é o que têm maior órbita em nosso sistema solar.

Seria correta esta afirmação?!

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