(a famosa nota de cem triliões de dólares zimbabweanos acessível na Amazon por 0,58USD )
Um dos sinais mais anedóticos de pseudo-Economia (aproveitando o post do David) é a longa conversa que assistimos desde a insolvência práctica do estado português sobre a saída do euro. Aviso os nossos mui exigentes leitores que não farei qualquer inventariação exaustiva das várias opiniões sobre as razões pelas quais deveremos sair do euro. Primeiro porque para mim são igualmente estúpidas, apesar de as haver sem grandes erros de fundo e de as haver que são imbecilidades completas(a maior parte de ilustres académicos). Depois porque ao contrário do que alguns do leitores mais exigentes pensam, tenho outros sítios para mandar papers que não blogues e se não sou um cientista profissional, também não tenho que levar com os "coisos" dessa vida.
Voltando ao tema, devemos sair do euro ou não? Bem, diria eu que uma opinião sobre o tema parte primeiro de compreendermos para que serve o dinheiro e o que é. Dinheiro é trabalho enlatado. Como economia é troca de trabalho, nalguma altura da história se decidiu que essa troca teria que ser assíncrona senão o homem não sairia da caverna onde morava. Primeiro deve ter recorrido à troca de bens, produzia uma ponta de flecha, e outra,e outra e ficava à espera que os demais sujeitos produzissem algo de que ele precisava para dar vazão às pontas de flecha. Mas, a dada altura deve ter decidido dar fiado, toma lá a ponta da flecha e ficas-me a dever uma hora do teu trabalho. A coisa não fica particularmente bem feita porque se não dava vazão às pontas de flecha agora estava a acumular horas de trabalhos de sujeitos que só sabiam fazer coisas que ele já tinha. Então deve ter começado a comprar trabalho com as horas de trabalho dos outros e adquirir serviços de substancial importância económica, como rachar cabeças para conquistar território. O "papel" (não era papel, obviamente) que ele entregava representando o trabalho dos outros é aquilo que hoje chamamos de dinheiro. Vamos, por conveniência, pensar que era um lindo papel verde.
Com a dinâmica de trocar dinheiro por trabalho, cada lindo papel verde passava a representar uma quantidade de trabalho num dado instante do passado. Como o trabalho feito no passado não tem a mesma utilidade hoje, porque o trabalho do passado resultava de uma necessidade que foi satisfeita, isto significa que o primeiro lindo papel verde não consegue comprar hoje a mesma quantidade de trabalho que comprava. Portanto, se o trabalho feito hoje teve a mesma utilidade que o primeiro trabalho que foi trocado por lindo papel verde, a quantidade de lindos papeis verdes gastos hoje foi muito maior. Ou seja, o valor da unidade de papel verde foi decrescendo à medida que as trocas de trabalho foram ocorrendo e aquela primeira hora de trabalho foi perdendo a sua utilidade. Quanto vale, hoje, então a unidade de lindo papel verde? Fácil, vale a média do valor que tem hoje o trabalho todo feito no passado que foi trocado por lindos papéis verdes, ou seja, vale "não faço a mais pequena ideia".
No entanto, as comunidades foram vivendo mais ou menos isoladas umas das outras e cada uma foi dando um nome aos seus lindos papéis verdes para representar trabalho do passado e que se foi acumulando na sua comunidade. Uns chamaram-lhe escudo, outros dólares, outros florins(cujo nome resulta de uma moeda florentina do sec. 13), outros marcos. Todos eles com nomes diferentes, todos eles definidos a menos de uma constante aditiva e representando algo completamente abstracto(ou seja, isto para os físicos é pão com manteiga). Mas a dada altura o sujeito com escudos quis comprar trabalho de sujeitos que usavam florins porque as suas economias começavam a cruzar-se, o que fez com que o sujeito com escudos tivesse que comprar florins para comprar trabalho ao sujeito que usava florins. E vice-versa, o que fez com que, mesmo não se conhecendo o valor absoluto de nenhuma das moedas envolvidas, elas tinham um valor relativo - um câmbio. Daqui para a frente, se não houver economistas a meter o bedelho, é uma questão de oferta e procura de trabalho de gente que usa florins pela gente que usa escudos e vice-versa. Essa oferta e essa procura vai fazer a flutuação do câmbio.
Falta uma coisa. Se só havia um lindo papel verde, de onde apareceram os outros? Pois, à medida que a economia vai crescendo é preciso que apareça mais papel porque o sistema é divergente (lembram-se?). Então os bancos imprimiam moeda para que o novo trabalho fosse remunerado a crédito, isto é, na esperança que esse trabalho fosse incorporado no valor do papel que emitiam. Portanto, se essa esperança não se verifica, o papel vale menos que se a esperança se verificar, porque incorpora mais trabalho. Logo, se a esperança não se verifica, a quantidade de papel dessa economia para comprar uma hora de trabalho vai ser maior. Mas a quantidade de papel de outra economia necessário é a mesma porque representa a mesma quantidade de trabalho. Ou seja, o câmbio subiu (na perspectiva da primeira). A moeda passou a comprar menos trabalho futuro porque representa menos trabalho passado.
Vamos meter economistas no barulho? Ok. Agora aparece um sujeito da primeira economia que diz "vamos imprimir mais papel porque sim". Por palavras politicamente mais correctas, "porque imperativos nacionais permitidos por termos independência". Como não foi feito mais trabalho que aquele que existia(tirando pela máquina rotativa), o resultado será que a compra de novo trabalho vai necessitar de mais papel.
Mas como se, na verdade, ninguém sabe se foi feito ou não? O economista pode fazer aquilo às escondidas sem ninguém saber, afinal o papel tem um valor perfeitamente abstracto e definido a menos de uma constante aditiva. Como é que os outros burros vão saber?
Sabem porque não tendo um valor absoluto, tem um valor relativo! Como as economias estão em comunicação, a quantidade de moeda estrangeira vai ser igual para pagar o trabalho pelo que a referencia desse trabalho vai ser a moeda estrangeira e vai passar a ser remunerado por mais papel eliminando o efeito da desvalorização. A moeda estrangeira vai servir de referencial externo, independentemente da esperteza saloia do político. Porque o que tem valor de facto, não é o papel, é o trabalho.
Quando é que desvalorizar vale a pena? Quando há trabalho que não vale o dinheiro que recebe. Como isto é possível? Se as pessoas pagam pelo trabalho dos outros livremente não haverá problema, como quem avalia a utilidade do trabalho são os outros o dinheiro entregue corresponde ao valor do trabalho recebido em troca, senão a transacção não se dá. E nas sociedades modernas é isso que acontece. Em todos os casos tirando um, quando as pessoas são obrigadas a pagar porque essa venda de trabalho é IMPOSTA pela violência. Isto acontece nos trabalhos medidados pelos estados, os detentores do monopólio da violência legal.
Ou seja, na realidade se saíssemos do euro reduzíamos quase imediatamente o salário real de todos aqueles que recebem dinheiro dos impostos. Pensionistas, funcionários públicos e demais situações em que o estado se comprometeu com uma quantidade de euros para um trabalho que ainda se vai realizar (Não, as PPPs de autoestradas são créditos, não funcionaria...). Mas a existência de uma nova moeda traria para o comércio um factor de incerteza adicional que faria florescer os bancos de investimento novamente e reduzir o comércio pela ocorrência deste novo imposto escondido. Também, os compromissos do estado (e nao só) com o estrangeiro não desapareceriam o que quer dizer que por mais dinheiro que imprimisse a dívida não desapareceria. As desvalorização faria o ordenado mínimo tender para zero, o que faria reduzir o desemprego mas não os problemas de estar desempregado.
Concluindo, a única vantagem que se teria saindo do euro resolver-se-ia cortando simplesmente os custos do estado, leia-se salários. Aqueles montantes que segundo alguns critérios valorimetricos de escolha livre são considerados inconstitucionais. Claro que, saíndo do euro, a constitucionalidade não se coloca(*) porque passa a ser tudo automático e ampliado. Não só os salários são cortados da percentagem que seriam no euro, como levam um imposto escondido de risco cambial. Porque na economia, como em qualquer outro sistema natural, as alternativas são todas aparentes e nunca existirá um substituto a fazer as coisas bem feitas. E isto admitindo que não aparece um político daqueles que acha que desvalorizar moeda é vender mais, afinal no Zimbabwe as coisas correram tão bem...
(*) futurologia de risco, atendendo que já se decidiu pela igualdade na primeira derivada...
sexta-feira, 28 de junho de 2013
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21 comentários:
Nas economias de hoje o dinheiro não é trabalho enlatado. Tudo o que deriva desta premissa é conversa fiada e pode aceitar-se como mais uma opinião (incidentalmente mal documentada) como as outras.
Mas dentro dessa premissa tenho razão???? A sério?
Um pouco esquisita a coisa. A sério.
Porque?
DINHEIRO NUNCA FOI TRABALHO ENLATADO. O dinheiro não tem essa função embora acarrete a função de entessouramento, de poupança futura. Como como qualquer livro sobre sistemas monetários o dirá, o dinheiro como hoje o conhecemos com taxas de juro, não é um bom sitio para resguardar riqueza.
O trabalho está contido nos bens e serviços produzidos não no dinheiro, o que acontece é que teoricamente o dinheiro faz a mediação geral de todos os preços e os coloca num patamar que possibissibilite uma troca justa entre os mais diversos bens e serviços. As taxas de câmbio entre economias, com os seus sistemas politicos e culturais que a individualizam como estados, têm uma função similar de enquadrar todos os preços, mas onde também intrevêm os movimentos de capitais. Por isso as taxas de câmbio são como um barómetro da balança de pagamentos de uma sociedade com o seu exterior mais directo.
O euro não representa a economia nacional. E por isso é uma má moeda. Mais como não existe o barómetro do mercado cambial a economia portuguesa foi vilipendiada com uma moeda que era demasiado forte pois representa as grandes economias da zona euro e não a Portuguesa. Estas puderam prosperar enquanto a Portuguesa foi desaparecendo, primeiro porque não se podia reequilibrar naturalmente, segundo porque a balança de pagamentos era deficitária isso significa que por cada ano que passava a diferença pode ser entendida como fuga de capitais, agravada pela falta de produção nacional, pela sua distância ao centro que reproduz o valor da moeda, e destarte o investimento Português foi conquertizar-se no exterior (quase sempre fora do euro, o que é perentório)... Dinheiro saia, dinheiro tinha de ser repescado com individamento, o qual era dado de bom grado, pois por termos euro não se desconfiava de uma desvalozação da moeda.
A saída do euro será um processo brutal, mas muito passageiro, será o ajustamento sem apelo e sem agravo, mas retirar-nos-á da via penosa e muito mais destructiva que está a ser o ajustamento interno muito fraquinho, que com uma valorização do euro face ao dolar (que é mais do que previsível caso se consiga estabilizar o euro, mesmo que quase impossível) isso arrazaria toda a economia produtiva em Portugal...
Em vez de "um trilião", que é uma tradução infeliz do inglês ou mais um brasileirismo, em português de Portugal, a quantia patente na nota da imagem lê-se "cem biliões".
Conforme, aliás, está previsto que crianças do 4.º ano de escolaridade, antiga 4.ª classe, saibam, segundo o Programa de Matemática homologado em 17 de junho de 2013.
Se o resto do artigo tiver o mesmo rigor... enfim.
onde se lê "um trilião" deverá ler-se "cem triliões", (conforme imagem acima) mas o resto mantém-se.
Ou seja, em Portugal, lê-se cem biliões.
Tem razão. Essa é a tradução mas não o valor da nota que está escrito no original. Francamente, não sao o que será correcto nesta situação.
Meu caro,
" enlatado" é uma figura para para aquilo que disse em 10 linhas. Não concorda? Ora releia lá aquilo que escreveu.
Depois, o que interessa não é que o euro represente a economia portuguesa. Concordo consigo que não, mas a escolha portuguesa foi fazer da sua economia europeia, certo? Pelo menos, durante 20 anos os partidos que o defenderam tiveram 95% dos votos expressos. Se o euro não representa a economia portuguesa é porque a economia portuguesa não é a economia europeia que escolhemos ser. Certo? O ajustamento que estamos a fazer é no sentido que escolhemos, ninguém vai voltar ao país que éramos sem querer.
Finalmente, eu não vou sair do euro, por todas as razoes e mais algumas. Mas o meu caro não precisa que eu vá consigo, pode sair já amanhã. Pede ao seu patrão que lhe pague em títulos de divida doestado português e quando precisar de euros, vai ao banco e troca. Assim, ficamos os dois contentes.
Não é perciso ter o euro para ter uma economia europeia. Nem voltar ao escudo é voltar ao que tinhamos antes porque nem deixamos assim tanto de ter o que tinhamos antes, embora perdemos várias coisas boas que tinhamos antes e se as tivessemos hoje com o nivel de competências que se adquiriam em Portugal teriamos, talvez, sectores de ponta.
Uma moeda e falou bem não é apenas a emissão monetária de um banco central, existe ainda o sistema de pagamentos, os fundos de emissão, os sistemas de crédito, etc, etc, etc. A questão não é voltar escudo, é ter a clarividência que Portugal já não está num sistema monetário mas apenas detém moeda, e essa moeda está a desaparecer, em fuga.
A moeda não deve representar essa ideia errada que assentou que a moeda é entessouramento de valor (talvez o fosse no tempo do ouro, mas mesmo assim não evidente, acomulasse uma nação grandes riquesas em ouro a oferta do ouro tão grande fazia perder o seu valor e lá se ia a poupança de valor).
Os bancos foram obrigados a aumentar o rácio das reservas para as operações de 1 mês em média de 12 meses de conta corrente, em activos à vista ou de venda rápida pelo seu valor nominal. Isso significa que a capacidade de reinvestir dinheiro a crédito é baixa. O estado ficou entalado por não poder aceder aos juros baixos da zona euro no mercado de capitais porque se crê (o que é evidente) que a dívida total ultrapassa a produtividade bruta de um ano desse país (não vai haver dinheiro neste país para investir. Os bancos portugueses não podem aceder aos créditos do BCE para facilitar liquidez.
Porque é que a notinha verde não é trabalho. Porque ela serve apenas de intermediário na troca de bens e serviços onde estará trabalho. Não existe uma unidade de conta monetária para cada hora de trabalho realizado, se assim fosse elas seriam destruidas com o consumo final do trabalho. Quero eu com isto dizer que tem de haver liquidez suficiente numa sociedade para que todas as operações se realizem. Caso contrário passamos a lei da oferta e da producura do dinheiro como se este fosse uma anti-mercadoria. E se reparar é mais ou menos isso que acontece. A massa monetária em circulação em Portugal diminui (porque sai pela balança de pagamentos ou porque é entesourada sem investimento) isto significa que ele está mais caro, o dinheiro. Como sabemos que a maioria do trabalho é pago com dinheiro de crédito (emissao da banca privada de dinehri escriturário), percebemos que é cada vez mais caro a portugueses investirem em Portugal. Por outro lado o estado tem essa maravilha do monopólio da violência e da deliberação do direito e por isso tem de cobrar mais impostos para manter a máquina a funcionar (e todos os sectores feudais que se desenvolveram com o euro - a tal economia europeia que talvez se você for investigar chega à conclusão que não é isso que quer para o seu/nosso país - e pense bem aquilo que era economia europeia nos anos 90 não é a que há hoje) e por isso aumenta impostos, torna-se clepocrático com a casa à multa e à coima...
João P.Cruz vc faz algo interessante em pensar como surgiu a moeda, mas não foi assim que ela surgiu como horas de trabalho. Tudo leva a querer que a moeda não surge para as trocas no mercado mas nos grandes mercados mediterrânicos. As primeiras moedas tinham ou valor de mercadoria ou de signo artistico, religioso ou naturalista. E o valor de uma mercadoria não terá sido deliberado pelo efeito do trabalho, como o é nas sociedades modernas mas pela raridade da oferta e quantidade da procura, sendo que só ao se ter provocado uma especialização organica da sociedade com complexidade irreversível (a bem dizer o aparecimento das grandes cidade, e depois da industrialização) é que um valor produzido tem de garantir o proletariado (a produção de uma jorna tem de alimentar uma familia - isto sim é a hora de trabalho*sobrevivência*mais-valia*poupança). O sistema revolucionou-se quando foi inventado o papel-moeda que permitiu a generalização da ideia de crédito com reserva frácionária de uma mercadoria de troca aceite internacionalmente (ouro, prata, ou outros), o resultado voi um investimento sem par e um avanço da sociedade nunca antes visto, por isso a reserva residual tem vindo sempre a diminuir. (a crise de 1892 em Portugal procura um objectivo do rácio ser de 30% em ouro ou prata) A crise de 1929 levantara o eco da monetarização de um investimento não ser para um investimento para outra coisa que não tem como retornar dinheiro.Socializou-se a moeda e intentou-se o crédito do consumo que aumenta a procura e assim aumenta a riqueza gerada nas empresas (contudo tal obrigaria ao aumento de salários coisa que não tem sido virtuado no euro), e desde o derrube da cortina de ferro e o desenvolvimento da informática o dinheiro escriturário atingiu niveis de emissão nunca antes visto seja a nível dos bancos centrais ou dos privados, pior a monetarização directa de bens de retorno especulativo atigiu um tau auge que levou a banca à falência, mas o tão crescimento da banca fora tão grande em importância que os estados tiveram de assumir o risco...
Há muitos sistemas monetários e o das horas de trabalho é um deles. O Rentanmarkt inventado na Alemanha para livrar o país do metal maldito foi um desenvolvimento estraordinário (a emissão monetária é feita em função do crescimento industrial e sectores primários e sobre activos destes)...
Num estado alemão inteiro a Saxónia-Analtina desenvolveu-se uma moeda criada com base na troca de horas de trabalho que pode trocar serviços por inteiro, e bens em parte (a parte correspondente ao trabalho envolvido), é usada por desempregados e pensionistas...
Existem ainda esquemas monetários subsidiários, as moedas regionais, e diga-se o novo escudo de João Ferreira do Amaral tem algo de moeda subsidiária regional... Podemos criar uma moeda, chamemo-lhe "cruzado" esta é comprada por 0,90€ e usada no sistema com a paridade de 1:1 mas se for trocada de volta pora euros tem uma taxa de redesconto de 5% (1,05cz=1€) isto permite que a moeda seja maioritáriamente trasácionada sobre produtos regionais, os próprios logistas tenderão a escolher produtos regionais, o sistema funciona em várias cidades alemãs com evidente melhoria para a economia local....
O novo escudo o que será dependerá muito, mas muitissimo do sistema monetário que se escolher, e com algomas barreiras/restrições à livre circulação de capitais, reposição da reserva alimentar nacional, e limites com taxas de juro punitivas à monetarização de actividades especulativas... Se isto for tido em conta a balança de pagamentos manter-se-á estável e não haverá mais do que uma desvalorização de 25% face ao exterior que com um desemprego de 20% estamos obviamente com poucos insentivos inflacionistas (quando baixasse a 6% teriamos ai sim algo como 8%)
Temos de discutir o fim do euro para estarmos preparados para essa eventualidade levanter todos os problemas possíveis e encontrar maneiras de os minorar. Isto porque João, o euro como hoje existe terá de impludir. Podemos esperançar que o sistema mude, mas tal não se apresenta hoje possível.
Portugal deve sair do euro quando o Projecto de Portugal não for o projecto que o euro tem para Portugal...
95% João você sabe que isso é mentira... Apenas o PS e o PSD foram verdadeiramente pró-euro, pró-europa federalista, esses dois partidos e agora o BE nunca somaram 95%. O CDS e PCP nunca foi pró-euro....Nem os monárquicos nem os troksistas/anarquistas, muito menos os salazaristas (que será boa parte da abstenção)...
Francisco M.N.A. Napoleão
Francisco, eu não disse como surgiu a moeda, é apenas um cenário plausível. Bens e serviços são o qué, senão trabalho? Repare que bens, serviços, terra, capital, recursos em geral são conceitos dentro da Economia. Esses conceitos são formas diferentes de uma grandeza comum ( senão não poderiam ser trocados ) que tem que existir fora desse âmbito senão a economia nunca teria surgido. Essa grandeza é o trabalho, a transformação de energia em valor económico. Isso tem uma materialização física, aquilo de que fala são classificações dentro de uma metalinguagem a que se chama de Economia. Mas não tem nada a ver com economia ( com e pequeno).
A moeda está em fuga, como diz, porquê? Repare que não faz sentido que esteja se o mercado for livre, nós deveríamos ter exactamente a quantidade de moeda correspondente ao stock do nosso trabalho ( ou bens, serviços,...). Se está em fuga é porque, ou tínhamos mais do que deveríamos ter, ou porque há quem esteja a receber mais do que aquilo que devia (e depois consome carros, gasolina, etc). O problema não está na moeda, está naquilo que a moeda paga.
Mas vamos assumir que o problema está no facto de estarmos a usar uma moeda que não podemos imprimir. Isso realmente coloca mais liquidez na economia ( daquela que a nota lá de cima representa) , mas não coloca mais riqueza. E quanto mais liquidez coloca, maior a desvalorização e maior o prémio da conversão para o euro. Logo, maior o custo de transacção com o resto da Europa. Como não colocou mais riqueza não resolveu problema nenhum que não tivesse resolvido baixando os salários da função pública e baixando o salário mínimo, mas afastou a economia que funciona do resto da Europa. Outra coisa, a balança de pagamentos está positiva.
Mas há um erro de raciocínio em que está a cair, na minha opinião, e que não tem a ver com a questão da economia física do dinheiro e do trabalho( que levaria muito mais que um bocadinho de site para explicar). E que tem a ver com uma confusão que estávamos fazer relativamente à Europa. A república portuguesa, o estado que servia Portugal, morreu. Perdeu valor, faliu. Perdeu valor porque o serviço que presta deixou descer necessário. As fronteiras já não existem, moeda já não existe, na verdade a república portuguesa não deveria consumir mais que uma mera agregação de municípios. O racional que coloca sobre os bancos portugueses não faz sentido porque são bancos europeus, eles não vão sair do euro. Eu não vou sair do euro. A minha empresa não vai sair do euro. Ninguém vai sair do euro. A república portuguesa sai mais depressa de Portugal que este sai do euro. Porque existe já uma ligação económica à Europa que foi aquilo que levou o estado a falir.
Sobre a vontade popular. O PS, o PSD, o CDS, o BE sempre foram favoráveis à UE. Sempre. Só o PCP foi contrário e só no início, mas o PCP representa uma fracção ínfima dos portugueses (98% preferem votar noutra coisa qualquer ou não votar, que votar no PCP). Em TODOS os programas eleitorais se reforça o caracter europeista das propostas...
Concluindo, eu nem acho que aquilo que está a dizer seja substancialmente diferente. Apenas está a defender que se troque uma medida estrutural por uma desvalorização que cobriria essa medida estrutural de forma automática. Mas isso não vai acontecer. Nunca
O João limitou-se a transcrever a nota. Quanto ao rigor, argumente e vez de se limitar a acusações a reputação do autor.
João, o tema é muito pertinente. Acho incrível como se avançam discussões sobre questões ultra-abstractas de finanças sem se compreender o mais básico e essencial da economia: o dinheiro.
Falas assim porque és funcionário público, né? O que a gente é capaz de fazer para tratar do nosso umbiguinho... Bem que podias meter a tua matemática económica no c*, que lá talvez te fizesse melhor jeito. Vai mas é dormir. Ignorante.
sec.13? Não seria antes séc. XIII?
Antes d+ Economia não é a minha area;pfvr alguém me responda a esta questão q pode ser surreal:Na hipotese de sairmos do Euro (politicamente n foi referendado a entrada,n existe pois um claro vinculo do Povo Português ao €,mas n é isso q importa...),qual seria a nossa pressa de pagar a divida ? Seríamos ainda assim coagidos a pagar ? Como ? (Moralmente falando creio q a dívida deve ser paga,de prefe^rencia com juros honestos).Obrigado João Serra e Moura.
Muito mais interessante é perceber porque é que se deu a hiperinflação no Zimbabué, algo assim da pré-história europeia. A nota do dólar zimbabweano não faz sentido nenhum neste caso. Nem é conhecido, que eu saiba, um caso de desunião monetária, ou de abandono de um peg ou mesmo uma saída de uma união económica, que tenha levado a hiperinflação. O caso zimbabweano é interessante e mais não é que caso de estudo extremo onde a incompetência do banco central e a corrupção do estado é tão forte que permitia assaltos pelo partido do poder às reservas do banco. Com a nota política que o Banco central deveria imprimir tanto dinheiro quantos os projectos municipais. Ora tudo isso provocou que apartir de 2001 a inflação no Zimbábue passasse para valores de 3 dígitos ao ano apartir de 2006 mais de 1000% e depois disso em 2007 é declarada a hiperinflação e com isso não durou muito tempo para o dólar zimbabweano ter desaparecido de circulação, e em 2009 ter sido oficialmente suspenso e hoje já não existe moeda nacional nesse país. O que aqui não se conta, é que é indiferente que tenha sido impressa uma nota de 1 trilhão (trilião, hehehe), pois foi muito pior que isso: 2005 - 1000ZWD=1ZWN, 2008 - 10.000.000.000ZWN = 1ZDR, 2009 - 1.000.000.000.000ZDR=1ZWL o que seria igual a 10.000.000.000.000.000.000.000.000 no primeiro dólar zimbabweano até 2005... A coisa só mudou de figura quando o Governo Alemão forçou a casa impressora na Baviera a deixar de imprimir notas para o Zimbabwe, entretanto o Banco da Reserva do Zimbabwe comprou as máquinas e o software a uma empresa na Áustria, mas a UE impediu a renovação da licença caso o banco continuasse a emitir valores ainda mais elevados.
Realmente não é uma exemplo feliz se estivermos a falar de um novo escudo, que sim provocaria alguma inflação, baseado nos casos mais conhecidos de total despreparo para abandonar um acordo de paridade monetária, como a Argentina e Malawi, mas existe outros casos como a separação da coroa checa da coroa eslava, não aconteceu nada, a não ser o PIL da Eslováquia e da Rep. Checa ter alavancado face à desvalorização cambial que ambos encetaram, com muito baixa inflação.
Hiperinflação são casos acima dos 500% ano...
Inflação no Zimbabwe
2005 - 585.84%
2006 - 1,281.11%
2007 - 66,212.3% - Declarada Hiperinflação
2008 Jul. - 231,150,888.87%
2008 Aug. - 471,000,000,000%
2008 Mid-Nov.- 89,700,000,000,000,000,000,000% - FIM
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