quarta-feira, 19 de junho de 2013

Mário e o lobo

Ainda a greve dos professores: Artigo de opinião de João Miguel Tavares no "Público" de ontem:  


Mário Nogueira foi eleito líder da Fenprof em Abril de 2007. Em Setembro de 2007, a propósito do concurso de colocação de professores, declarou: "Este é o maior ou um dos maiores despedimentos colectivos que teve lugar neste país."

Em 2008, a propósito da avaliação dos professores: "Se o Ministério da Educação quiser guerra, vai ter guerra." Em 2009, sobre o Estatuto da Carreira Docente: "Visa transformar os professores em operadores acríticos de verdadeiras linhas de montagem em que estão a ser transformadas as escolas portuguesas."

Em 2010, acerca dos novos agrupamentos de escolas: "São um absurdo e a negação completa do que é o trabalho pedagógico numa sala." Em 2011, a propósito do Orçamento do Estado: "Um verdadeiro roubo, quase um assalto à mão armada." Em 2012, acerca do ministro da Educação: "Está a apostar na ignorância, está a apostar na segregação, está a apostar na destruição deste país." Em 2013, sobre a mobilidade especial: "Eu acho que este é um governo fascista."

Assim de repente, estou capaz de adivinhar o que ele dirá em 2014 sobre qualquer ideia que venha dos lados da 5 de Outubro. Aposto o meu ordenado em como vai ser má, péssima, horrível, um atentado, uma vergonha, uma calamidade, uma tragédia, um assalto, um roubo. Claro que Mário Nogueira está a cumprir o seu papel e a empenhar-se naquilo para que foi escolhido: proteger os interesses da classe dos professores a todo o custo chamando-lhe"defesa da escola pública" para parecer bem -, independentemente do estado em que o país se encontre.

Se Mário Nogueira fosse delegado sindical no Jardim do Éden quando Eva entregou a maçã a Adão, ele estaria certamente ao lado de quem, com tanta competência, astúcia e empenho, ministrou a disciplina de Pecado Original. Não é, pois, de espantar que Adão e Eva tenham sido colocados em mobilidade especial, enquanto a serpente permaneceu nos quadros do Paraíso: os alunos sempre tiveram mais azar do que os professores.

E no entanto, os professores parecem apreciar esta atitude, continuando a achar que o estilo e a ideologia PCP da Fenprof, que não convence 10% dos portugueses quando se trata de governar o país, é perfeita para governar os interesses de 50% dos professores. Sem dúvida que o pandemónio nos exames de ontem mostrou o músculo do sindicato e a perenidade de Mário Nogueira.

Um dia destes, também Nuno Crato seguirá os passos de Maria de Lurdes Rodrigues, e outro ministro da Educação terá o privilégio de estar face a face com o seu incrível bigode. Só que, infelizmente para os professores, tanta verve sindical também tem um preço - e o resultado de ter um sindicato que todos os anos, mal lhe cheira a qualquer tentativa de reforma, desata aos gritos pelas ruas como se as pragas do Egipto tivessem caído sobre nós, é dar cabo da imagem dos professores junto de uma faixa muito significativa da população.

Mário Nogueira é um homem empenhado, combativo e que leva a peito a sua missão, mas o seu radicalismo, apoiado por dezenas de milhares de professores, transforma toda a classe numa versão sindicalizada de Pedro e o Lobo. Anunciar o apocalipse a cada 15 dias nunca dá bons resultados, porque as reivindicações justas e injustas se misturam numa mixórdia indistinta de protestos. E assim, aos poucos, Mário Nogueira e os professores vão perdendo toda a credibilidade. De vitória em vitória - até à derrota final.

João Miguel Tavares 


Público 2013-06-18

53 comentários:

joao disse...

Este artigo não honra o blog.
Quem é este João Tavares que não conheço.

Anónimo disse...

Crónica absolutamente inqualificável, iletrada. Que mostra bem o estado de ileteracia formal e cultural em que o país se encontra. O que é engraçado é que ontem vários comentadores de serviço na televisão (por exemplo, o director do DN) diziam exactamente o mesmo. O que leva a concluir que toda esta conversa deve ter sido literalmente fabricada num gabinete qualquer do Governo,

Este jovem João Miguel Tavares é o mesmo que, há poucos dias, e na mesma coluna de comentário, defendia a saída do quadro de Cravelli do país sem quaisquer limitações, com argumentos absolutamente delirantes. E tão bem refutados em artigos posteriores pela Professora Raquel Henriques da Silva e pelo Dr.Luís Raposo.

Só pergunto porque pessoas como esta não podem ser definitivamente privatizadas e sairem da cena pública em definitivo.

Cumprimentos,

Luísa Almeida, Lisboa


Fernando Oliveira disse...

Em apoio do comentário anterior, este artigo desonra o blogue. De resto, e em conjunto com o da Helena Matos, mais não pretende do que fundamentar o artigo de Carlos Fiolhais sobre o Vernáculo dos Sindicatos. Creio que este João Miguel Tavares seja um dos elementos (o piorzinho) do programa "Governo Sombra" da TVI24. Recentemente, a propósito do quadro que saiu-mas-não-devia-ter-saído do país, meteu-se numa polémica em que acabou a sair pela direita baixa. É o género de malta que vai à televisão e à rádio opinar e comentar sobre tudo o que possamos imaginar. Desde que lhes paguem. Já vi que tenho de cortar esta blogue da minha lista.

Rolando Almeida disse...

No geral tenho concordado com as posições anti sindicais que alguns professores das universidades como Carlos Fiolhais têm postado neste blogue. É certo que há corporativismo nos sindicatos, como há corporativismo no Estado. O que ainda não li foi só uma palavra relativamente ao ensino superior. Ou será que o anti sindicalismo só se aplica ao ensino básico e secundário? Como sabemos os professores universitários de carreira está mais protegidos corporativamente que os do secundário. E são eles que formam os professores do secundário (mesmo que a esmagadora maioria se esteja nas tintas para os níveis de ensino precedentes). É que o dinheiro dos impostos de todos pagam salários de professores desde o 1º ciclo até ao universitário.

margarete disse...

Boa tarde, gostaria de saber pf se quando há um post publicado por "RERUM NATURA" isso quer dizer que todos os membros do blog estão em sintonia com o mesmo?


p.s. subscrevo o comentário da Luísa Almeida

José Batista disse...

Não, não vou perguntar se o De Rerum Natura também vai publicar o artigo de Santana Castilho saído no "Público" de hoje, página 45.
Pãos ou pães, questão de opiniães?

Mas quero deixar dito, o seguinte: não tenho concordado com os textos do Prof. Carlos Fiolhais sobre os motivos (e fundamentos) das recentes e actuais greves dos professores. Mas não esqueço, e guardo ciosa e vivamente no peito, artigos seus como um intitulado "Bate que é professor" publicado faz tempo no mesmo jornal "Público". E, nessa ocasião, havia um "silêncio ensurdecedor" dos (criminosos) desgovernantes da altura e dos sabichões que sabem tudo sobre a escola e o ensino. Isso não se esquece, não senhor.

E agora deixo-os em paz durante uns dias. "Hibernarei" por motivos de me ir ocupar das provas de biologia e geologia. Sobre elas direi algo depois. Até lá.

E muito obrigado a todos os que educadamente têm aturado as minhas intervenções.

Mário R. Gonçalves disse...

João Miguel Tavares tem frequentemente graça e quase sempre razão. É o caso. Enquanto os dirigentes da FNE têm um discurso e actuação moderados, inteligentes e oportunos, Mário Nogueira comporta-se como um taliban que persegue com raiva tudo e todos os que têm ideologia diferente, agora numa batalha ad hominem contra Nuno Crato. É um bom exemlo do que seria este país entregue a uma ditadura do PCP.

A revolta e a greve dos professores são justas - isso João Miguel Tavares não diz - mas a condução de Mário Nogueira transforma tudo numa escalada de ódio e revanchismo, apoiada justamente pelos maus professores que seriam muito bem postos fora das escolas. Nenhum professor, por mais revoltado que esteja, pode sentir-se bem lado a lado com gente como os delegados sindicais da FENPROF, de discurso único, monolítico e mal educado.

Rolando Almeida disse...

Bem, o texto de João Tavares parece um texto qualquer de um miúdo de 12 anos, cheio de ataques pessoais para denegrir um trabalho com o qual discorda. É um texto palerma. Mas daí não se segue que o João Tavares não possa discordar de Mário Nogueira. Acontece que como ele bem refere no texto, Mário Nogueira foi eleito líder da Fenprof em 2007. E se o João em vez de investigar o que andou a dizer o Mário Nogueira fosse ver antes quando começou toda esta emboscada aos professores verificaria de facto que bem antes de 2007 o ataque aos professores já tinha começado. Repito: não está em causa defender-se ideias sejam elas quais forem,mas o anti sindicalismo do Rerum Natura está ao nível das bestas e não de argumentos pensados.

Anónimo disse...

com o calibre de artigos a que o de rerum nos está a habituar, daqui a pouco vemos isto linkado aqui
http://www.publico.pt/politica/noticia/deputados-do-psd-querem-saber-quanto-custam-os-sindicatos-de-professores-1597767

Carlos Pires disse...

O JMT engana-se em várias coisas. As 3 princypais são: 1) os professores não estão a perder a credibilidade e a opinião pública não está contra eles; 2) os professores não estão a ser manipulados pelos sindicatos, mas a reagir a uma situação intolerável que JMT e outros comentadores raramente mencionam, talvez porque não saibam do que estão a falar; 3) o descalabro do dia 17 (com milhares de alunos a realizarem o exame sem condições e ao arrepio das normas estabelecidas pelo próprio ME) é da responsabilidade do governo que, além de querer adotar medidas completamente erradas, foi intransigente na negociação e incapaz de reconhecer os seus erros.
Os professores não estão a reclamar privilégios mas sim condições de trabalho mínimas para fazer aquilo que continuam a exigir deles: que ensinem.

margarete disse...

Carlos Pires, quanto à sua alínea 1, a questão é que actualmente os cronistas têm tão pouco pudor que nem pensam duas vezes antes de fazer este tipo de afirmações. São estratégias desonestas em que tentam fazer o inverso: tentar desesperadamente influenciar a opinião pública ao afirmá-la à priori, mesmo sem dados que a comprovem

é triste, mas é assim mesmo
e o JMT tem esse tique em diria quase todos os seus artigos

Cláudia da Silva Tomazi disse...

De saudosa lembrança da querida amiga e, dizia: onde toca a banda a outra vai atrás...
Na certeza de quem aos seus lambe a cria nem degenera.

Sara Raposo disse...

Rolando a tua posição e aquela que é defendida pelo professor Carlos Fiolhais, ao considerar (do alto da sua confortável cátedra e dos seus preconceitos) que os professores do secundário (e de outros níveis de ensino) são um rebanho obediente dos "malvados" sindicalistas, é errada e não corresponde à realidade.

São generalizações simplistas que apenas pretendem manter o status quo daqueles que sendo professores universitários tem poder e influência, mas se estão nas tintas para as reais condições de trabalho dos seus colegas professores do secundário,desde que os seus privilégios não sejam beliscados.

Gostava que os professores universitários descrevessem aqui quais as condições em que trabalham, o modo como progridem na carreira e as suas remunerações.

Eu fiz greve, farei greve e não sou sindicalizada, tal muitos dos meus colegas. Consigo explicar as minhas razões sem recorrer aos sindicatos.

Esta conversa dos últimos posts deste blogue é uma tentativa do professor Fiolhais defender as decisões do amigo Nuno Crato. É, obviamente uma posição corporativa dos que ignoram e desprezam profundamente os seus colegas tarefeiros menores do ensino secundário. Aliás só agora, com a falta de alunos nas universidades, é que alguns professores do ensino superior começaram com afinco a fazer campanha (acções, conferências...) nas escolas secundárias para angariar alunos. Perceba-se que não os move nenhum interesse pelo que se passa nos outros níveis de ensino, mas tão só o interesse próprio, mais precisamente a manutenção do seu emprego e de condições de trabalho (e de remuneração) que não são aquelas que eu e os meus colegas têm.

Carlos Pires disse...

"Diabolizar para governar?" do filósofo João Cardoso Rosas. Uma opinião sobre o conflito entre professores e ME que vale a pena ler:

http://economico.sapo.pt/noticias/diabolizar-para-governar_171586.html

João Esteves disse...

E sobre as ideias e as medidas do ME que suscitaram a indignação de MN, JMT diz... ...o quê? É caso para plagiar um título de Shakespeare e dizer, a propósito desse exercício de retórica de JMT, "Much ado about nothing".
Pensar, faz falta.

Sara Raposo disse...

Uma citação deste artigo de opinião (que vale a pena ler na integra):
"Assim, a atitude afrontosa do ministério da Educação em relação aos professores, sempre com mais exigências avulsas e mal justificadas, mais trabalho burocrático e inútil, maior desvalorização da função docente, agora também com ameaças de despedimento sumário e sem indemnização, conjuga-se perfeitamente com um discurso sindical radicalizado e em oposição a qualquer mudança, por mais razoável que seja. O radicalismo de uns alimentou o radicalismo de outros, chegando a um ponto no qual a Educação é hoje um sector mais bloqueado do que outros sectores da Função Pública. Por isso o discurso de Mário Nogueira tem êxito e o ministro não foi capaz de resolver um problema simples.

A única forma de impedir o triunfo de um discurso sindical radicalizado consitiria em começar por evitar a radicalização da parte do ministério da educação. Ou seja, passaria por uma estratégia reformista diferente, aberta aos sindicatos e à sociedade, com propostas conhecidas e amplamente debatidas, acompanhadas pelo elogio continuado da função docente. Reformas noutros países demonstram que esta é a melhor estratégia. Mas o ministro Nuno Crato não o compreendeu e quis prossegir num caminho que não tem já saída."

João Cardoso Rosas, Professor universitário

Sugiro a publicação deste artigo aqui neste blogue, à semelhança de outros que também saíram em jornais.

Anónimo disse...

Este blog, em termos políticos, está a ficar completamente ao nível do tropicalista dr. Pilamole.
Já que gostam de latinadas desejo-lhes que vão ad rem,
mas lido ao contrário.

Anónimo disse...

O nível deste blogue está a descer. Um sujeito que se acha cheio de piada a "botar" faladura sobre o que não entende. Pior, o de rerum natura a dar cobertura. Não ponho em causa o ser contra ou a favor da causa em discussão, mas somente dar a palavra a alguém de discurso rasca.

Já que estou com as mãos na massa: para quando o corte radical entre o ensino secundário e as universidades, isto é, quando passaremos a ver as universidades a escolher os "seus" alunos, a testá-los, a entrevistá-los, como se faz nos países decentes e não estarem à espera da sobrecarga do trabalho dos colegas do secundário? Por que carga de água hão de as escolas secundárias servir de filtro para tudo? Fecham um ciclo de estudos. Ponto!

Rolando Almeida disse...

Olá Sara, não sei se percebi bem a tua resposta, mas olha que eu não tenho a mesma posição do Carlos Fiolhais. A minha posição é esta: ao passo que o Carlos Fiolhais e outros andam aqui a defender o anti sindicalismo por defenderem que os sindicatos são corporativistas, eu defendo igualmente que sim, que os sindicatos são corporativistas. Mas vou mais longe: o Estado também é corporativista. Como ensino público, o ensino básico e secundário será, segundo o argumento do corporativismo, tão corporativista quanto os sindicatos. Logo, Carlos Fiolhais e outros deveriam ser tão anti sindicatos como anti ensino público. Mas não são. E não são porque o Estado é quem lhes garante o emprego. O problema aqui, é claro, é que o Carlos Fiolhais é incapaz de escrever uma só linha sobre a quantidade de preguiçosos do ensino superior que apesar de serem muito maus têm emprego para toda a vida, garantido. Ganham muito mais que os professores do secundário e têm uma reforma intelectual antecipada. Esse debate público seria até muito útil em Portugal. O ministro Crato sobre isso nada fala também.

Eduardo Martinho disse...

Contraposição (há outras opiniões publicadas no jornal Público):

http://www.publico.pt/opiniao/jornal/os-professores-fizeram-greve-e-o-governo-lancou-o-caos-26700047

http://clubedospensadores.blogspot.pt/2013/06/greve-dos-professores.html

Anónimo disse...

1 - Penso que talvez seja excessivo generalizar a todos os participantes/ao blog as opiniões que têm sido emitidas sobre esta matéria. Considero que este blogue tem tido, ao longo dos anos, posts muito interessantes e informativos. No entanto, é verdade que o post do artigo do JMT vem assinado por «blog de rerum» o que, à partida, parece indiciar que é o seu colectivo o responsável. Será?

2 - Discordando de vários aspectos da opinião do Sr.Rolando, concordo quando diz que a crónica de JMT é infantil, se centra em ataques pessoais. De facto, em lado algum JMT,«ataca» as posições dos professores e dos sindicatos com base na análise dos conteúdos quer das reivindicações destes, quer das políticas ministeriais. Depois abana a bandeira do papão comunista, como se o facto de Mário Nogueira ser comunista retirasse por si só qualquer razão às suas posições. Depois trata os professores como uma cambada sem opiniões próprias e capacidade de decisão própria. O que é muito triste e arrogante.

3 - Depois o facto de alguém, neste caso os sindicatos e os professores, contestarem as políticas ministeriais dos sucessivos governos no que respeita à educação pública também não significa que não tenham razão. Se essas políticas forem todas más qual é o problema de as contestar? Acresce que os sindicatos fazem bem defender não apenas as questões salariais e regalias da classe (o que seria uma atitude essencialmente corporativa) mas a escola pública, tal como vem definida na actual Constituição da República.

4 - Por último: à custa desta questão do exame de português relembro que esta foi uma GREVE GERAL DE PROFESSORES (abrangendo todos os níveis de ensino, incluindo o superior). As questões da mobilidade, só para citar um exemplo, afectam todos os professores, incluindo os do ensino superior. No entanto a discussão pública gerou toda à volta da questão do exame de português. Por que razão o Governo não adiou para dia 20, como sugerido pela comissão arbitral, o exame de português? A minha opinião é que, mais do que marcar uma posição de força, apostou em lançar deliberadamente o caos nas escolas e na opinião pública. Com o objectivo de denegrir a luta dos professores e dos sindicatos.Talvez se tenha virado o feitiço contra o feiticeiro. Mas à custa do sacrifício dos estudantes que tinham de fazer o exame, com os quais o Governo não pareceu nada preocupado (no discurso sim, na acção não). Uma tristeza.

5 - Esclareço que não sou professora. Mas assisti com muita incredulidade e estupefacção a tudo o que se passou. Crato, o seu Ministério e o Governo não se sairam nada bem nesta questão. E depois ainda aparecem «cronistas» como o JMT a defender estes cowboys.

Cumprimentos para todos,

Luísa Almeida, Lisboa

Albino M. disse...

.../...
"O Rerum Natura passou-se, só pode...
A Helena Matos? Com franqueza, que disparate!...
A menos que, para ressalvar o contraditório e o equilíbrio da discussão, dêem agora aos leitores uma perspectiva de esquerda pura e dura...
Vamos a isso, ó Naturas?"
.../...
Assim comentava eu, ontem aqui, algo indignado, perante a sucção da Helena Matos (socorro-me desta expressão ambígua porque não tenho por claro quem chupa quem, se a Natura chupa a Helena ou o contrário)...
Ora bem, a Natura resolve reincidir no dia seguinte e aspirar novo artigo dum plumitivo desqualificado da direita lisboeta... Um modo de servir o pluralismo opinativo, defraudando os leitores...
É bom que os Naturas estejam atentos às reacçóes, a um e a outro poste, para terem consciência do mau serviço que estão porestando a quem vos lê.
Interrogo-me, por último, sobre a autoria concreta desta ideia de repescar artigos imprestáveis de plumitivos de direita: assina 'Rerum Natura', mas não estou a ver que alguns elementos do colectivo dessem o seu acordo a tão bizarra prática, porque os conheço. Donde, se a ideia não é assumida por todos, quem é que concretamente a assume? E com que autoridade, a que título?
Para mim, começa a ser importante sabê-lo - e uma explicação devia ser dada aos leitores - porque disso dependerá, no futuro, que eu leia o blogue, ou que o mande às malvas. Com as ideias, por exemplo - algumas ideias - do C.F.

Eduardo Martinho disse...

Concretizando o sugerido acima:

O jornal PÚBLICO publicou no mesmo dia, 18 de Junho, três artigos respeitantes à greve dos professores.

Não se percebe por que razão o blogue De Rerum Natura deu visibilidade ao artigo “Mário e o lobo” de João Miguel Tavares,

e deixou no olvido o artigo “Os professores fizeram greve e o Governo lançou o caos” de José Vítor Malheiros:
http://www.publico.pt/opiniao/jornal/os-professores-fizeram-greve-e-o-governo-lancou-o-caos-26700047,

e o artigo “Greve aos exames” de Joaquim Jorge:
http://www.publico.pt/opiniao/jornal/greve-aos-exames-26700388.

A meu ver, teria sido desejável assegurar o contraditório numa questão tão sensível como a que esteve/está em jogo, até porque a posição de força do MEC/Governo acabou por originar irregularidades graves:
http://tempoderecordar-edmartinho.blogspot.pt/2013/06/ainda-greve-dos-professores-iii.html
http://www.publico.pt/opiniao/jornal/crato-cumpriu-crato-implodiu-26703446.

regina disse...

A JMT lanço apenas uma questão.:
Tentou saber quantos dos professores que fizeram greve são sindicalizados no Sindicato que Mário Nogueira dirige?`
Se o tivesse feito constataria, por certo, que a maior parte dos grevistas não o é pelo que todo o seu arrazoado perde sentido.
Acho que a qualidade a que este blogue em tempos nos habituou, merecia mais rigor.
Regina Gouveia

bea disse...

Em primeiro lugar, desconheço qualquer das pessoas que gere o Rerum Natura excepto através do escrito; sermos ilustres desconhecidos torna-se, neste contexto, desejável. E mais isento. Em segundo lugar, discordo grandemente de alguns posts, mas é nas divergências que mais nos aprendemos. Terceiro, não defendo corporações ainda que saiba que existem; também não julgo que sejam em absoluto negativas.
Como desconheço as pessoas, permito-me pensar que este texto de JMT (cujo, como já escrito, não é de todo valorizável, o destemido jovem é assaz incongruente e o elo mais fraco do grupo televisivo) seja apenas um repto para incendiar comentários. Não é? Ora bolas. Pensava que.

Ora bem, a mim não me apetece desmentir o garoto frase a frase. É muita atenção. Mas algumas coisas ficaram a pairar no atentamente de mim.
Nem sequer morro de amores pelo bigodudo do Mário Nogueira. Claro que nada tem a ver com o bigode. Mas é que há um aparato palavroso e repetitivo que, ainda que pertença à linguagem de um sindicalista de princípio de século, já chateia. Mas alto lá. Duvidar da sua capacidade de luta, não. Dos seus propósitos de se bater por uma classe, idem. Não é isso ser sindicalista? Ou os sindicatos existem para outra coisa do que defender os direitos dos trabalhadores que representam? E vão defendê-los como? Com delicadezas e palavras meigas de preferência? Ora, ora, ficava-lhe mal ao bigode, aos dentes da frente e aos outros e sobretudo à alma de professor que acredito que tenha. Pronto, pode ser ingenuidade, mas a crença existe e, às vezes, Kant é bastante razoável. Mas acredito no Mário Nogueira. Ainda que sugerisse uma formação em linguagem sindical a fim de obter alguma variedade no léxico.

Bem, mas o encarniçamento é contra Mário Nogueira ou contra o PCP? Parece-me mais do segundo. E, facto curioso, julgo que é benéfico haver um sindicato de oposição (já disse que se aprende mais a divergir?). Benéfico para os professores, sim. Um sindicato que não seja afim do governo é sempre mais isento. E viva a FENPROF! Querem ver que os 50% de professores são os 10% da população nacional?!

JMT não teve professores, decerto. Se os tivera, saberia que o saber é por si mesmo condição de oposição a arbitrariedades e desgovernos e que os professores são a classe onde é mais agudo esse sentir. Quando se trabalha com jovens, e se trabalha seriamente, não se pode não ser contagiado por um sentido de justiça que anda a falhar - nas escolas e no resto do país. Trabalhar com o futuro obriga a posições destas. E, não obrigando, tenho dúvidas.

E os senhores professores que andam a reboque do sindicato? Ah! Esta não. Porque estes, disse alguém, são os maus professores. Então, mas os maus professores não são os que não ensinam ou não querem ensinar? (e isso existe? Há profissionais de ensino que não queiram ensinar?! O que mais vejo e constato é o inverso, quem queira ensinar e não tenha trabalho). Se aceitarmos que existem professores que seguem o seu sindicato, quando muito poderemos dizer que se julgam com a razão. Não podemos dizer, sem faltar à verdade, que são maus professores.

Mas há algum professor que faça uma greve apenas porque o ordene o sindicato?

Este miúdo não teve professores. Não soube da maior manifestação portuguesa a origem. Desconhece a política das escolas e a do ministério. Fez o curso por correspondência. Ou assim.

Anónimo disse...

De facto este blogue de que fui apreciador durante muito tempo está a decair velozmente. Não se sabe se por causa das posições ultrareaccionárias de Fiolhais (ser bom físico não basta para ser um político razoável) ou se de todos os donos do blogue. Estes mesmo quando questionados evitam tomar posição. Com receio de quê? Há artigos que na realidade não honram o blogue e não só porque se discorde. Mesmo assim vou continuar a frequentá-lo. Interessa-me conhecer as asneiras e os argumentos dos adversários ideológicos. É certo que isto está a descer de nível e admito que pode chegar ao ponto em que nem vale a pena ler o que aqui se escreve. É pena depois da qualidade a que nos habituaram. Talvez uma solução seja os donos do blogue voltarem à Ciência e deixarem-se de cavalarias ideológico-políticas matéria em que são um desastre.

Anónimo disse...

Não corte. É nosso dever combater a asneira.

Anónimo disse...

O professor Fiolhais depois dos dislates sobre a greve publicou uns tantos posts sobre Física. Pensei que ele queria retornar ao assunto que conhece. Mas não ele ou quem o quer defender voltaram ao ataque tentando consertar as barracas do Professor. É preferível que volte à Física e que se deixe de outras navegações.

Anónimo disse...

Há aqui um bando de comentadores que convive muito mal com a crítica, no entanto são implacáveis a criticar as pessoas de quem não gostam. Enfim, uns verdadeiros democratas...

Anónimo disse...

Qual será o motivo desta obsessão com o Mário Nogueira? Os sindicatos estão todos lá e, mais do que isso, a esmagadora maioria dos professores , que até não é sindicalizada , também. De outro modo como explicam a inexistência reuniões de avaliação desde há duas semanas.

Ivone Melo

José Fontes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Fontes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Fontes disse...

Senhores do De Rerum Natura:
Aguardo ansiosamente um post com um texto do nosso grande especialista em Armas de Destruição Maciça e em «Liberdades».
Não sabem que é?
O que escreveu uma profusão de editoriais no jornal que dirigia sobre essas armas no Iraque, que como todos sabemos «existiram» mesmo.
O mesmo que congeminou a tramóia das escutas a Belém com um jornalista seu subordinado e em nome da «Liberdade».
Não me digam que ainda não sabem quem é.
Se não tiverem o seu contacto liguem para a Fundação do Pingo Doce que ele agora trabalha lá.


Anónimo disse...

Uma especificidade muito curiosa do trabalho de professor é o tempo de trabalho contado ao minuto. Isto faz com que um professor quando fecha a porta da sala e até a reabrir não está em trabalho. Ou seja, quando vai à casa de banho ou tomar um café a meio da manhã esse tempo é descontado do horário de trabalho.

Rolando Almeida disse...

O absurdo é que dou dois blocos de tempos à escola, isto porque recebo por hora, mas as aulas são de 90m, logo a escola fica a haver 15 minutos que tenho de devolver. Ora, nos intervalos das aulas, desloco-me na escola, levo o projetor que comprei, ligo ao PC que comprei ou ao tablet que comprei e uso powerpoints que fiz em casa com o sotware que paguei no PC que comprei. A maioria dos intervalos estou a trabalhar que isto do secundário não é como nas universidades.

Desidério Murcho disse...

Nem sempre concordo consigo, José. Mas é das pessoas com quem dá gosto conversar, mesmo quando não concordo e sobretudo quando não concordo. Por isso, vá e venha. Faz cá muita falta. E terá sempre aqui no De Rerum espaço para discordar de qualquer um de nós. Até porque também não concordamos uns com os outros.

Desidério Murcho disse...

Já está!

Desidério Murcho disse...

Concordo que as universidades é que devem escolher os alunos. Mas a tendência dos países com forte presença do estado na vida das pessoas é o inverso, precisamente porque o estado quer controlar tudo. No Brasil até à pouco tempo eram as universidades a escolher os alunos, fazendo as suas provas de selecção; agora o governo quer ser ele a fazer isso e introduziu um exame nacional para o efeito.

Anónimo disse...

Mais respeito pelo verbo haver. Analfabetos temos que cheguem.

Unknown disse...

O Desidério tem razão. É muito bom que as pessoas discordem e ainda melhor que saibam discordar. Especialmente nos tempos que correm, apesar dos apelos à tolerância, o que na realidade se valoriza é o cinzento unanimismo.

Anónimo disse...

nesse caso, dirá "Analfabetos temos que chegue"

Sara Raposo disse...

Obrigada!

Anónimo disse...

Tolerância na situação em que estamos? Tanto quanto sei Vasco da Gama não tem fama de tolerante.

Anónimo disse...

Tem razão. Aumente lá a lista dos analfabetos com este seu colega anónimo.

Anónimo disse...

Caro Rolando de Almeida:

O que acabou de escrever agora, se me permite dizê-lo, é um grande disparate. Não sei que ideia tem dos professores do ensino superior. O meu marido é professor do ensino superior há 32 anos e trabalha cerca de 10/12 horas por dia (já sem contar com fins-de-semana). Além das aulas, prepará-las, folhas (sebentas) para escrever, horários de dúvidas, exames, múltiplas tarefas administrativas que foram passando a estar nas mãos dos professores, reuniões de departamento, Enfim quando o Governo vem falar em aumentar horários dos trabalhos dos professores para 40 horas penso que só deve estar mesmo a gozar com as nossas caras... Há muitos anos também dei aulas no ensino secundário e foi o emprego onde efectivamente trabalhei mais horas (muitas mais que o horário oficial).

É óbvio que existirão professores de todos os níveis de ensino, bem como profissionais do sector público e do sector privado que fazem pouco, mas que sinceramente penso serem uma minoria.

O momento é mesmo de unidade entre todos os professores, seja qual fôr o sector de ensino.

Cumprimentos,

Manuela Campinos

José Fontes disse...

Anónimo:
Já se certificou se todos têm asas?
Assim vai o nível do debate nas redes sociais.

Anónimo disse...

E eu? Lembram-se do que fiz aos capitães espanhóis que me acompanhavam? Se não o fizesse não daria a volta ao mundo. Qual tolerância qual carapuça!!! O Vasco da Gama está a gozar connosco. Quando apanhavas um barco com muçulmanos que lhe fazias, pá?
Cumprimentos
Fernão de Magalhães

Rolando Almeida disse...

A ideia que tenho da maioria dos professores universitários é que trabalham mais para si do que para as universidades. Claro que há muitas excepções.

Anónimo disse...

JF,
Já experimentou uma carreira como actor de novelas no México? O brilhantismo dos seus comentários faz pressupor um sucesso estrondoso.
:-)

Anónimo disse...

Isso é alguma coisa comparado com o que eu fiz? Qual tolerância qual merda, é com essas manias que o país decai.
D. Afonso de Albuquerque

Anónimo disse...

"temos que cheguem está muito bem"
aver pila mole é que é chato

Anónimo disse...

É lamentável que o ilustre autor do textículo não consiga sequer distinguir a fábula de Esopo da composição de Prokofiev...


Cumprimentos,
Aristófanes

Anónimo disse...

*(o ilustre autor acima referido é, obviamente, João Miguel Tavares)

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...