segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O computador vai para...

Entendeu um jornal diário português promover um concurso para escolher o melhor professor que se designará por "Professor do ano". Em concreto, no anúncio pode ler-se que "lançou um projecto para dar a conhecer os bons exemplos desde o 1.º ciclo até ao secundário". Acrescenta que "tem de ser a comunidade educativa a indicar um professor que considera exemplar e inspirador, apresentando-o através de um projecto multimédia."

A selecção será feita a cada mês e quem conseguir o primeiro lugar receberá o merecido prémio: um computador. Os vencedores dos diversos meses do ano lectivo ficarão apurados para a final, tendo o melhor dos melhores um prémio... surpresa.

Mesmo considerando a boa vontade dos organizadores deste concurso, das comunidades que apresentarão os seus professores preferidos, dos professores que aceitarão os prémios, entendo, provavelmente ao arrepio de todos ou de quase todos, que não é por aqui...

Não é por aqui que se consegue melhorar o ensino: o ensino melhorará quando, como sociedade, nos empenhamos, não em ter o "melhor professor do mês ou do ano", mas "os melhores professores". E, já agora, proporcionando-lhes condições adequadas para eles exercerem a sua acção (o que tem muito pouco a ver com computadores). Foi isso que aconteceu na Finlândia, a que tantos nos referimos, mas que tão pouco seguimos...

Neste breve texto, permito-me não me pronunciar sobre os critérios que as comunidades seguirão... e muito menos sobre a ligação desta iniciativa a uma certa empresa que assegura o financiamento.

1 comentário:

José Batista disse...

Olha, olha, a moda pegou de estaca. Não foi o genial ministério de Maria de Lurdes Rodrigues que estimulou a escolha do melhor professor do ano?
Já nem sei como evoluiu essa iniciativa. Já morreu?
É que se não morreu vamos passar a ter dois melhores professores do ano!
Mas, se não morreu, andam bastante anónimas as celebrações de atribuição dos prémios...
E se alguém se lembra de criar mais um terceiro melhor professor do ano? E um quarto? E...?
Estou a ver bem?
E depois a anterior iniciativa até tinha (ou teve) personalidades como o Doutor Daniel Sampaio como elementos do júri. Sim senhor!
E eu fui dos que até me interroguei impertinentemente sobre se ele não teria mais competência para participar na escolha do melhor psiquiatra do ano, ou do melhor professor de psiquiatria do ano, ou do melhor "conselheiro educativo" do ano.

Ainda vai haver professores com vergonha de aparecerem nas escolas depois de ganharem um "magalhães".
Ou talvez não, quem sabe?

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