terça-feira, 16 de outubro de 2012

JORGE BUESCU SOBRE A MATEMÁTICA EM PORTUGAL


Jorge Buescu fala sobre o seu livro "Matemática em Portugal" (ensino da Fundação Francisco Manuel dos Santos) no TagusPark, em Oeiras (sessão Café, Livros e Ciência):

http://www.taguspark.pt/index.php?option=com_galleryxml&view=gallery&Itemid=100176&lang=pt

(carregar em vídeo e depois na primeira imagem)

6 comentários:

Ildefonso Dias disse...

Professor Jorge Buescu;

Ao ler a conferência do Professor Bento de Jesus Caraça sobre “A Vida e a Obra de Evaristo Galois” fica-se com a ídeia de que - a pergunta que o Senhor deixa no seu livro “Porque é que Portugal nunca teve um único matemático de primeira grandeza, da craveira de Newton, Euler ou Gauss?” ou o mesmo que dizer, a inexistência de uma “Águia” - (Gomes Teixeira) - talvez não pertença ao dominio de “Uma questão de Educação”, talvez seja algo mais relacionado com “o dominio dos Deuses”. É o que eu penso agora, depois da leitura que fiz de Galois, e com franqueza lho digo.

Já não é a mesma coisa, e por isso lhe quero falar, com igual franqueza, por exemplo, da afirmação do seu livro:

“Sendo o nosso ensino das ciências, em particular da Matemática, muito pobre, seria surpreendente que alguma vez tivesse emergido um líder científico ou matemático de nível mundial em Portugal.”

Aqui penso que podemos estar fora do dominio “dominio dos Deuses” [Newton, Euler ou Gauss]...;

Que, nos podemos surpreender, e surpreendamo-nos, Professor Jorge Buescu, mas que emergiu um líder científico ou matemático de nível mundial em Portugal, não tenhamos dúvidas, e o seu nome foi José Sebastião e Silva;

Professor Jorge Buescu, ao ler a comunicação do Professor J. Sebastião e Silva, - Sobre a equação da difusão de neutrões - fica-se com a certeza de que Sebastião e Silva atingiu, largamente, o patamar de um líder científico ou matemático de nível mundial.

Transcrevo do que li:

“1. A presente comunicação tem por fim expor alguns resultados relativos à equação da difusão de neutrões, obtidos sob a minha orientação, no Laboratório de Física e Engenharia Nucleares. Estas investigações foram sugeridas pelo artigo dos engenheiros nucleares P. Lafore e J.P. Millot. As fórmulas propostas neste artigo não são correctas, mas o processo heurístico usado para as deduzir - no estilo dos trabalhos da escola de DIRAC - pode em parte ser aproveitado e corrigido. É então possível chegar a resultados certos, utilizando o método do cálculo simbólico que tenho desenvolvido, baseado na teoria das distribuições e outras funções generalizadas, associadas á teoria dos operadores em espaços de Hilbert. Continuam em curso, no referido laboratório, investigações sobre este assunto, no sentido de generalizar o método utilizados a casos sucessivamente mais complexos. Trata-se de um tema de grande actualidade, sobre o qual estão a ser publicados numerosos trabalhos e que vêm pôr em evidência um facto infelizmente muitas vezes esquecido: a física continua a ser a grande fonte de inspiração da matemática e a matemática continua a ser cada vez mais necessária á física.”

E que dizer da Nota Biográfica de Sebastião e Silva, escrita pelos Professores J. Campos Ferreira; J. Santos Guerreiro; J. Silva Oliveira “Foi autor de trabalhos científicos de grande repercussão internacional, muitos dos quais abriram linhas de investigação que continuam a ser exploradas em diversos países avançados. A sua obra científica integra-se na evolução da Análise Funcional no pós-guerra e muitas das suas concepções (espaços de Silva, ultradistribuições, etc.) entraram na história deste ramo da Matemática.”

Cordialmente,

José Batista disse...

"As escolas em Portugal mesmo quando as consideramos boas são na realidade más, muito más".

Ouvi isto ou parecido. E doeu-me. Mas é uma dor permanente e duradoura. A afirmação é extraordinariamente certeira. É. Infelizmente.

E não é a genética que o determina. Não é.
O que faz doer ainda mais.

Quem anda dentro das escolas sabe. Mas mal é capaz de o dizer. Creio que é porque isso dói ainda muito mais.

E a tendência é... para que fique (ainda) pior. Sabe-o quem lá anda.
Apesar de Nuno Crato.
E essa é uma dor sem nome.

Pela clareza da verdade, fico-lhe grato.

Ildefonso Dias disse...

Senhor Professor José Batista;

Não vá por ai... não procure corroborar ou extrapolar naquilo que não é exacto como forma de fazer valer as suas ideias.

Senhor Professor José Batista, relei-a por favor o primeiro parágrafo da pág. 81 do livro do Professor Jorge Buescu, e de seguida relei-a o último da conclusão pág. 89.

E agora leia o que lhe transcrevo da Entrevista do Professor J. Sebastião e Silva, publicada no Jornal A Capital em 4 de Dezembro de 1968;

“Outro ponto a salientar é o seguinte: a crise universitária em Portugal é um caso sui generis, que seria de todo erróneo equiparar ao de outros países da Europa. E vou já dizer porquê. A partir dos anos 30, a política progressiva do Instituto para a Alta Cultura permitiu a um numero apreciável de jovens licenciados portugueses trabalhar, pela primeira vez, em meios universitários evoluídos, sob a orientação de professores que eram investigadores ─ alguns deles “prémios Nobel” famosos (Madame Curie, casal Juliot-Curie, J. Perrin, L. de Broglie). Foi um raiar de esperança no horizonte nacional! Infelizmente, ao regressar a Portugal, essa geração de pioneiros não encontrou um meio que estivesse preparado para os receber e, custa-me dizê-lo, a reacção mais viva que se lhe opôs partiu da própria Universidade. Hoje, a situação é diferente: existe já nas próprias Universidades um certo número de professores que são investigadores; porém a estrutura é a mesma e a incompreensão subsiste; mas esta vem agora, principalmente, do meio extra universitário.”

Professor José Batista, este homem, J. Sebastião e Silva, é aquele que [da Biografia de Sebastião e Silva] “Durante um quarto de século, o grande Mestre despendeu energias preciosas na resistência àquela hostilidade e suspicácia ambientes”, mas que em 1968 já considerava a situação diferente, com a incompreensão a surgir agora e principalmente do meio extra universitário.

É diferente do que lê no livro do Professor Jorge Buescu?!

É, não é! mas ficou ao menos agora esclarecido! senhor Professor José Batista?

Penso que não é difícil perceber, apenas aqui a história não serve para corroborar as suas ideias!!! mas repare, é como é, os factos são estes e não se alteram por sua vontade ou de outros.

Ildefonso Dias disse...

Errata: no comentário, onde se lê, "parágrafo da pág. 81" deve ler-se "parágrafo da pág. 83".

Marco Lucas disse...

Espectacular! Eu que sou um perfeito leigo na matéria e mal escrever sei, adorei o seu comentário e a subtileza e elegância do mesmo. muito bom para começar o dia!

Arciolindo Pinhiro disse...

É um excelente professor. Foi um enorme prazer ser seu aluno!

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