segunda-feira, 12 de março de 2012
EU QUERO QUE OS MEUS FILHOS FALHEM
Com os agradecimentos pela cedência, publicamos tradução de Eduardo Martinho de um artigo de Joshua Raymond, especialista em marketing na City Index, publicado no sítio Rochestersage.org :
"Eu falhei mais de 9000 lançamentos na minha carreira. Perdi quase 300 jogos, 26 vezes confiaram em mim para marcar o cesto decisivo e falhei. Eu falhei muitas vezes na minha vida. Foi isso que me permitiu ter sucesso. – Michael Jordan
O aluno a quem não se exige nunca que faça aquilo que não é capaz de fazer, não faz nunca aquilo que é capaz de fazer. – John Stuart Mill
"Eu quero que os meus filhos falhem. O fracasso não está provavelmente na lista das vossas prioridades do que querem para os vossos filhos, mas devia estar. O fracasso é uma das experiências mais importantes que os vossos filhos podem ter. O caminho para o sucesso está cheio de fracassos porque os fracassos ensinam-nos como ter sucesso.
Eu quero que os meus filhos falhem. É só quando falham que eles têm uma oportunidade de levantar-se. É só quando falham que eles aprendem a trabalhar arduamente. É só quando falham que eles aprendem a distinguir o que funciona do que não funciona. É só quando falham que eles aprendem que, por vezes, as pessoas precisam de ajuda. É só quando falham que eles aprendem a ter empatia por aqueles que têm dificuldades. É só quando falham que eles aprendem que a vida nem sempre é justa. É só quando falham que eles aprendem o que é ser humano.
Eu quero que os meus filhos falhem, mas não até ao ponto em que eles já não têm energia emocional para continuar. Neste momento aqui estou eu a ajudar a preparar uma apresentação, passando tempo a trabalhar com os meus filhos para que eles sejam bem sucedidos, dizendo-lhes que eu creio que eles podem ter sucesso se continuarem a tentar. Mas eu não poderei estar aqui sempre, portanto é preciso que eles interiorizem esta motivação de maneira a poderem ter sucesso mesmo que chegue um dia em que ninguém mais acredita neles.
Eu quero que os meus filhos falhem, mas não até ao ponto em que eles já não sabem como alimentar-se, encontrar abrigo ou vestir-se. Enquanto eles estiverem sob a minha dependência, as consequências do fracasso não constituem nenhuma ameaça para a sua saúde nem para o seu bem-estar. É este o momento para eles aprenderem a ter sucesso através dos fracassos.
Eu quero que os meus filhos falhem nas aulas. É esta a verdadeira educação! Eu não quero que eles pensem que o sucesso é fácil, mas quando uma criança é suficientemente brilhante para aprender com um esforço mínimo e é recompensado com as melhoras notas por isso, ele/ela correm o risco de começar a pensar que não é necessário trabalhar arduamente para ser bem sucedido. Eu quero que eles lutem, que eles não tenham sucesso à primeira tentativa, que eles aprendam que pedir ajuda não é um sinal de fraqueza ou de falta de inteligência, eu quero que eles vejam que o sucesso é muitas vezes um longo processo.
Eu quero que os meus filhos falhem. Esta é a razão por que nós complementamos a sua instrução em casa. Nós desafiamos os nossos filhos com matérias que estão acima do seu nível escolar. Através destes exercícios, que eles acham por vezes muito difíceis, eles aprendem que há uma forte correlação entre o esforço desenvolvido e o resultado alcançado. Quando as notas são más, eles aprendem que é preciso fazer ainda mais exercícios para melhorar. Esta atitude conduzi-los-á mais longe do que a sua inteligência natural.
Eu quero que os meus filhos falhem – e vós deveis desejar o mesmo para os vossos. Se os vossos filhos estão lutando, ajudem-nos a aprender a ter sucesso. Não tornem o sucesso fácil para eles, mas ensinem-lhes as competências de que necessitam para ter sucesso. Se por vezes os vossos filhos não estiverem lutando na escola, perguntem porquê. Peçam um programa de trabalho que constitua um desafio para eles e os façam trabalhar duramente para obter os resultados pretendidos. Aprender a ter sucesso para lá do fracasso é uma das competências mais importantes que eles podem adquirir.
Eu quero que os meus filhos falhem. É desta maneira que eles aprenderão a ser bem sucedidos."
Joshua Raymond
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6 comentários:
Vão lá dizer isto a muitos "teóricos"
que andam por aí.
E que são enormemente responsáveis
pelo nosso sistema de ensino e pela
"preparação" dos nossos jovens.
E que nunca vi assumirem as responsabilidades
do seu falhanço e dos muitos falhanços
a que obrigaram os professores.
E ainda obrigam.
Ainda por cima chamando "inovação" às
ideias que vão propalando e aos
procedimentos que impingem.
Sim, digam-lhes.
Confrontem-nos.
Façam(os) isso.
Não para qualquer vingança. Apenas
para que se enxerguem.
E nos deixem.
Não podia estar mais de acordo. Pai/mãe é para apoiar/estimular/ajudar a vencer os obstáculos, não para remover todas as pedrinhas do caminho...
Eu lamento este tipo de discurso, ainda por cima vindo de um “especialista”. Não nos leva a lado nenhum. Por isso sou levado, aqui, a transcrever as palavras sábias e ponderadas do Professor Sebastião e Silva, como forma de remediar este discurso.
Transcrevo apenas 3 das 16 normas gerais dos seus guias de utilização dos compêndios.
(…)
11. Alunos e professor devem assumir nas aulas uma atitude descontraída (Descontracção não implica má criação), que afaste tanto quanto possível do espírito dos alunos a ideia da nota que irão ter no fim do período (lembrando que o seu interesse principal é aprender) e modere no espírito do professor a ideia de que é juiz (lembrando que a sua missão é, acima de tudo, ensinar). Assim, o que deve dominar nas aulas é o interesse pelos assuntos tratados. Estes não têm necessariamente de ser todos reduzidos à forma de exercícios escritos (o que é muitas vezes um modo de os tornar abomináveis). Especialmente no que se refere a demonstrações - um aspecto em que é preciso insistir muito - o professor deverá recorrer de preferência ao sistema de chamadas breves.
12. É dialogando com os alunos que o professor acaba muitas vezes por esclarecer, para si próprio, certos assuntos que pretende ensinar. Isto não vem senão corroborar um velho preceito:
A melhor maneira de aprender é ensinar. Haja em vista os Diálogos de Platão. No «Teeteto» é definida explicitamente por Sócrates a missão do mestre: ajudar a virem à luz as ideias na mente do discípulo. E quantas vezes, no mesmo instante, não se ilumina a mente do professor!
13. Nesta ordem de ideias, o professor deve combater no aluno, e em si próprio, o receio de errar, enquanto se trata de fazer um esforço sincero para aprender ou ensinar. Porque só errando se aprende verdadeiramente. Ai daqueles que não aprendem à custa da própria experiência e dos próprios erros, porque esses pouco ou nada aprendem, na verdade.
Agora gostaria de deixar aos leitores do DRN as palavras do Professor Nuno Crato (Matemático) para serem analisadas tendo em particular consideração, a norma nº 11 do Professor Sebastião e Silva, porque me parece que estão em campos opostos;
“A avaliação é fundamental,(…). Para os estudantes, tem-se revelado indispensável. É preciso manter os exames nos 9º e 12º anos de escolaridade, lutando contra a oposição que lhes é movida de muitos quadrantes (algumas associações de professores, alguns sindicatos, algumas organizações de pais, muitos teóricos da educação). Admite-se que um outro exame nacional se venha a tornar necessário, possivelmente no 4º ou no 6º ano de escolaridade. Os alunos devem saber que há metas e devem-se ir preparando para as ultrapassar sucessivamente.
(…)
O espírito de disciplina, trabalho, esforço, persistência e concentração deve ser desenvolvido nos estudantes de forma sistemática e progressiva.”
O «eduquês» em Discurso Directo - Extractos para a imprensa.
Se me perguntarem, qual o ensino que teve?
Eu digo, foi aquele que está mais próximo do pensamento do Professor Nuno Crato;
E resultou?
Eu digo não. Porque eu como estudante sempre acusei as aulas do tipo matéria que vêm para o exame, sim porque era preciso fazer muitos, em demasia, e por isso sempre a pressão dos exames. Revejo-me portanto nas palavras do Professor Sebastião e Silva;
“Todos nós sabemos que os exames são a parte ingrata (de certo modo negativa) do ensino; praticada em excesso, acaba por massacrar docentes e discentes, fatigando-os inutilmente, tirando-lhes a vontade para o trabalho construtivo, levando-os por vezes a execrar a ciência e os cérebros que a geraram.”
Se me perguntarem, qual o ensino que gostaria de ter para o seu filho?
Eu digo, aquele que reflecte o pensamento do Professor Sebastião e Silva (que nunca existiu em Portugal);
“(…) logo no primeiro contacto com as escolas alemãs, observa-se que os esforços estão muito mais dirigidos no sentido de aprender ou ensinar (conforme se trate de alunos ou professores), do que o reverso da medalha, que consiste em prestar contas ou julgar.
(…) Neste ponto, são para invejar os germanos, cuja psicologia lhes permite fazer um uso moderadíssimo dos exames”.
Nota: Quero dizer que não sou Professor; apenas faço uma pequena tentativa de análise, em que me coloco na posição de aluno que já fui; sem qualquer pretensão pois sei bem das minhas limitações, mas que não deixa de ser um contributo para a reflexão.
Há tempos pensei nisso e cheguei a conclusão que a família é o berço da mediocridade, o paternalismo e a condescendência são as chaves e as famosas panelinhas são os habitats onde prosperam os medíocres quando já estão longe do berço...
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