A minha crónica semanal no jornal i; singularidades, voos interestelares, devaneios...
"Estamos hoje mais perto ou mais longe de concretizarmos voos interestelares do que Leonardo da Vinci, em 1485, de ver realizado o seu avião?", perguntou, em 2002, Louis Friedman, ex-director e fundador da The Planetary Society. Entre o génio renascentista e os irmãos Wright há quatro séculos de epopeias. Friedman, obviamente, não tem uma resposta definitiva mas uma suspeita: estamos mais perto. Exercício de fé? Nem tanto. Em 2010, quando voltou a pensar no assunto, emocionou-se com o progresso feito ao nível da nanotecnologia, as emergentes e promissoras novas formas de propulsão, a exponencial evolução na área dos materiais ou o crescente envolvimento do sector privado na aventura espacial. Nada de ilusões, falta muito, sobretudo no estudo das nossas limitações físicas e biológicas. A ficção científica tem um termo interessante: ponto de singularidade, um tempo hipotético do futuro em que o progresso tecnológico se torna magicamente rápido, provocando uma profunda décalage em relação à realidade e às escalas e tornando impossível prever qualquer tipo de futuro, mesmo o mais imediato. Uma abstracção filosófica, quiçá, mas que alguns pensam que poderá ser um dos fenómenos palpáveis do nosso tempo e um dos ex libris desse momento de viragem será, precisamente, enquadrarmos a nossa civilização como viajantes interestelares. Uma vez que já chegámos à "singularidade económica/financeira", aguardemos, com ansiedade, a tecnológica!
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