“No estado de depressão moral em que se encontra a imprensa e a tribuna ninguém ousa publicar senão metade da sua opinião. É a liberdade, a fraternidade e a igualdade do insignificante e do medíocre” (Ramalho Ortigão, 1836-1915).
Do meu constante deambular por leituras queirosianas, extraio esta prosa que, quiçá, ajude a compreender e a justificar, em parte, as fraquezas do comportamento humano em várias e diversificadas actividades:
"(...) um homem realmente não pode ter a rigidez impassível de um princípio. Os princípios são insensíveis e intangíveis – e os homens são um feixe de nervos sujeitos a todas as influências mesmo as da chuva e do vento. É absurdo pretender que um poeta seja tão poético como os seus poemas , um padre tão transcendente como o seu dogma – e que um estadista, elevado ao poder para representar uma ideia, se torne tão impessoal como ela, e com ela prossiga impassivelmente na sua evolução, mesmo quando a Terra trema e os céus em torno caiam” (“Cartas de Paris”, “Cartas familiares”, p. 24).
Ora, a terra portuguesa treme nos abalos da justiça social e os céus da bancarrota pendem sobre a cabeça dos portugueses. Julgo que, hoje, desesperançados, tivesse havido quem esperasse que o Partido Socialista pugnasse pela ideia de uma sociedade mais livre, mais justa e mais fraterna, plasmada nos princípios da Revolução Francesa, uma sociedade em que os homens subissem conforme as suas capacidades, em vez de se alcandorarem a lugares de destaque social e económico por serem, ou terem sido, apenas, boys ou girls das juventudes partidárias. E o mesmo valerá para outro governo que, porventura, venha a deter as rédeas do poder.
"(...) um homem realmente não pode ter a rigidez impassível de um princípio. Os princípios são insensíveis e intangíveis – e os homens são um feixe de nervos sujeitos a todas as influências mesmo as da chuva e do vento. É absurdo pretender que um poeta seja tão poético como os seus poemas , um padre tão transcendente como o seu dogma – e que um estadista, elevado ao poder para representar uma ideia, se torne tão impessoal como ela, e com ela prossiga impassivelmente na sua evolução, mesmo quando a Terra trema e os céus em torno caiam” (“Cartas de Paris”, “Cartas familiares”, p. 24).
Ora, a terra portuguesa treme nos abalos da justiça social e os céus da bancarrota pendem sobre a cabeça dos portugueses. Julgo que, hoje, desesperançados, tivesse havido quem esperasse que o Partido Socialista pugnasse pela ideia de uma sociedade mais livre, mais justa e mais fraterna, plasmada nos princípios da Revolução Francesa, uma sociedade em que os homens subissem conforme as suas capacidades, em vez de se alcandorarem a lugares de destaque social e económico por serem, ou terem sido, apenas, boys ou girls das juventudes partidárias. E o mesmo valerá para outro governo que, porventura, venha a deter as rédeas do poder.
Sobre a política, Rafael Bordalo Pinheiro, no final do século XIX, criticou os costumes da época com uma caricatura, intitulada “A Política: a Grande Porca”, que representa uma grande e gorda porca a amamentar uma data de bacorinhos. Grande foi a polémica levantada sob os telhados de vidro da época. Por o riso ser a mais demolidora forma de crítica, grande, desmesurada mesmo, veio a ser, anos volvidos, a celeuma levantada pela caricatura publicada num post aqui saído no passado dia 13 de Novembro, que deu azo a comentários azedos de quem parece levar a mal que se brinque com coisas que deveriam ser sérias e nem sempre o são. Seja como for, quer se goste ou não, como escreveu George Orwell, “a liberdade é o direito de dizer às pessoas aquilo que elas não querem ouvir”. E ainda há quem diga que a história se não repete. Repete-se, embora vestida dos trajes da época.
Mas, mais do que o estado desgraçado do país, preocupa-me a tristeza de um povo que perdeu a capacidade de rir, esboçando alguns, em seu lugar, esgares de desagrado por piadas que correm na Net. Mas talvez eu seja obrigado a dar-lhes, em parte, razão: a hora é mais de lágrimas copiosas do que de risos. Mas, por se saber que tristezas não pagam as enormes dívidas externas contraídas pelo país, riamos. Riamos, portanto, enquanto o riso não for taxado com pesados impostos!
4 comentários:
O DOM DE RIR
Ao Dr. Ruy Baptista,
co sincero apreço
Rir é saudável; é dom divino
ao ser humano dado de bom-grado
quando procede de ânimo lavado,
coração limpo e alma de menino!
A gargalhada, o riso cristalino,
é o tipo de resposta adequado
a tudo o que é fingido ou refalsado,
mesquinho, torpe, alvar ou pequenino.
O riso, a par da diáfana ironia,
é a melhor forma de se contestar
toda e qualquer cretina aleivosia.
Deus nos conceda, até ao fim da vida,
esse dom precioso e singular
de, rindo, levar tudo de vencida!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Por ter saído truncado, corrijo o 1º verso, que passa a ser:
Rir é saudável; rir é um dom divino
Certamente rir é o melhor remédio!
Cura todos os males sem mistério
Cicatriza todas as feridas
E traz leveza a vida...
Deixa o mundo a florir...
E a paisagem vem colorir...
Leva as tristezas prá longe
E faz com que a vista se alongue...
É uma bênção divina
Que beleza descortina
E a todos ilumina...
Rir com vontade...
Gargalhar de verdade...
Que grande felicidade!
Carmen Cecilia
Rir com naturalidade
abertamente
não é para toda a gente,
pois na verdade
exige uma alma, uma mente,
sem resquícios de maldade.
O mentecapto,
a criatura que é bronca,
não ri de facto,
pois usando o termo exacto,
apenas ronca.
Só a pessoa
que é boa,
aberta e confiada,
sabe rir à gargalhada
até por nada!
JCN
Enviar um comentário