quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

"O ensino e a aprendizagem assentam numa relação humana e não há tecnologia que consiga fazer o mesmo"

David Justino, sociólogo, professor e político, ex-ministro da Educação, deu a sua última aula na Universidade Nova de Lisboa. Recupero (porque é preciso repetir) das notícias dos jornais Expresso e Observador seguintes passagens do seu discurso: 
forma resignada e acrítica com que aceitamos” tecnologias de rastreamento e outras.«Em nome da segurança estamos a abdicar da nossa privacidade» e, portanto, da «nossa liberdade». Neste contexto, «a fé tende a ser mais compensadora quando a razão não tem resposta salvífica” e “o negacionismo mais afirmativo do que a dúvida metódica» (Expresso). 
"(...) afirmou não simpatizar com os «novos profetas», que fazem do professor «um animador da sala de aula». O ensino e a aprendizagem assentam numa relação humana e não há tecnologia que consiga fazer o mesmo." (Expresso). 
«Entendo a educação como uma instituição social com a função fundamental de transmitir o legado do passado às novas gerações. Torna-se para mim difícil entender que a educação não assente no conhecimento, na cultura, no esforço, no rigor, na exigência e na disciplina. O futuro da educação tem de passar pela valorização dessa relação humana. E há que garantir o presente antes de imaginar o futuro.» (Observador)
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1 comentário:

Alberto disse...

Para construir a escola do faz de conta, os hipócritas não necessitam do concurso dos professores. As estatísticas do sucesso escolar retumbante, assim como os rankings futebolísticos, verdadeiros ou falsos que sejam, têm muita força quando nos queremos comparar com um país desenvolvido, como a Finlândia, por exemplo. O pior é a evidência da realidade: nós somos pobres e eles são ricos.
Na Finlândia, há toda uma cultura de respeito pela escola e pelos professores, que não a impossibilidade legal de obrigar um aluno que pratique atos delinquentes a sair da sala de aula, como acontece em Portugal. O aluno indisciplinado pode prejudicar, a seu bel-prazer, o trabalho do professor e dos colegas de turma, mas se o mandarem sair da sala, ele só sai se, e quando, quiser! Não esquecer que, até aos dezoito anos, o ensino, em contexto de sala de aula, é obrigatório!
A escola inclusiva do ensino flexível por grelhas, domínios e rubricas, fez do professor um pau-mandado sem autonomia técnica e pedagógica para exercer a sua principal função que é ensinar.
Entretanto, o Ministério da Educação continua a trabalhar as estatísticas: a principal bandeira que apresenta nas negociações com os sindicatos dos professores é a vinculação, já no próximo ano letivo, de mais de dez mil professores e educadores de infância!

A panaceia da educação ou uma jornada em loop?

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