sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

O RESTAURANTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA


Alguns senhores deputados da Assembleia da República não param
 de me espantar por maus motivos. 
Ontem li, e publiquei aqui, a notícia de que o deputado Barroco de Melo, tinha sido vacinado sem obedecer aos critérios estabelecidos para o efeito.

Hoje, convido o leitor a ler esta notícia:

“A União dos Restaurantes de Minho interpôs uma providência cautelar para exigir o enceramento do restaurante da Assembleia da República, enquanto estabelecimentos similares ‘estiverem impedidos de abrir’ como medida de combate à covid-19. Ou seja, já que estamos a falar de paparoca, cabe aqui o dito: “Ou comem todos ou não come ninguém”!

O pior de um país pobre é haver cidadãos que se julgam acima dos seus concidadãos como se fossem filhos de algo em pleno regime republicano. Não são! Haja em vista os sacrifícios que determinados  papás fizeram, na maioria dos casos, para eles tirarem um curso superior em qualquer cantinho de Portugal em que esteja montada uma espécie de chafarica onde se compra a peso de ouro diplomas que não valem um caracol. E, por vezes, nem sempre terminados.

Ungidos por uma folha de papel que os dá como habilitados para subirem na vida, grande é o desaire de não conseguirem emprego nem que seja na caixa de supermercados.

Que fazer então? Se se tivessem precavido com o agitar de bandeiras de um qualquer partido político, a solução  encontrada seria esperar ser nomeado deputado da Nação para a "servirem" e dela não se servirem como profissão até que a reforma que lhes dê o devido descanso de nada ou pouco terem feito que o trabalho deve ser feito só por trabalhadores obrigados a fazê-lo  para sustentarem  a família  com refeições modestas servidas em casa.

Entre as mordomias ao alcance das mãos parlamentares o restaurante da Assembleia da República onde se banqueteiam com os melhores acepipes e néctares de Baco dispendiosos em que pagam pouco e comem muito e do melhor.

Estarão satisfeitos suas senhorias? Nunca! Agora exigem que esse seu  restaurante também abra em período da jantarada, segundo eles dizem por estarem longe da sua residência provinciana. E à boleia deles os deputados lisboetas vivendo em Lisboa a fazerem companhia aos que não desfrutam da beleza diária do estuário do Tejo!

É natural que aqueles que me conhecem, como sendo de facção politica assumidamente de direita, não estranhem que tenha escrito este texto. Com a devida vénia, transcrevo de Maria José Morgado, procuradora-geral  adjunta do Tribunal da Relação de Lisboa, este  princípio de grande e incontestável humanismo:

“No país, perdeu-se um bocado o sentido de ser de esquerda ou ser de direita, acho que se calhar tem mais sentido ser honesto, defender interesses de transparência e de integridade que às vezes não tem a ver ser de esquerda ou de direita. Há gente de esquerda que não tem princípios de integridade e transparência e há gente de direita que tem” .

9 comentários:

Anónimo disse...

De facto tem mais sentido ser honesto quer se seja de direita, quer se seja de esquerda. O deputado a que se refere não foi ainda vacinado como o afirma e a publicação que aqui fez e na qual o referia, salientava o despudor de ele ter publicamente defendido a vacinação dos deputados.

Rui Baptista disse...

Na imagem um dos pratos servidos no Restaurante da Assembleia República.

Rui Baptista disse...

O prato na imagem, e todos os outros, tem o preço de três euros com vinho incluído (preçário de Fevereiro de 2012).

Rui Baptista disse...

Em face da informação recebida, rectifico: o deputado em questão não foi ainda vacinado mas que defendeu a vacinação prioritária dos deputados, defendeu, logo, por inerência, a sua vacinação. As minha desculpas, portanto, por ter escrito que ele á estava vacinado.

Anónimo disse...

Há ainda a necessidade de ter em atenção o contexto em que as afirmações deste deputado foram feitas. Respondia ele às declarações públicas de outros deputados de vários quadrantes que criticavam a opção da vacinação e que afirmavam ir prescindir desse "direito". Ora, o direito em questão não era extensivo a todos os deputados e, por isso, tais declarações eram num certo sentido, demagógicas. Foi neste contexto que o deputado que refere declarou o que declarou. Por isso ele não considera que vá ser vacinado só pelo simples facto de ser deputado, mas considera que os deputados, aqueles que se vier a decidir que sejam vacinados o sejam de facto.
Ontem a Assembleia da República escolheu os 50 deputados que virão a ser vacinados. Acho que os critérios adotados por cada grupo parlamentar são públicos. De qualquer forma poder-se-á agora comprovar se o deputado em questão será ou não vacinado num futuro próximo. Se isso vier a acontecer não resulta da inerência.

Carlos Ricardo Soares disse...

Se há coisa intolerável num sacerdote é cometer um pecado. Num moralista, a hipocrisia. Num político, a arbitrariedade e a corrupção. Num magistrado, o crime. Enfim, a declaração com que termina o texto seria de uma pobreza franciscana, não fosse atribuída a uma magistrada que os «media» consagram e canonizam, por outras razões. Faz-me lembrar a anedota em que se pergunta qual é melhor "ser rico, saudável e feliz, ou pobre, doente e infeliz, mas honesto"?
O que é que ser de direita ou esquerda tem a ver com ser honesto e vice-versa? Vamos agora, então, deixar de ser de direita ou de esquerda, e passar a ser honestos? A honestidade do Sr. Abel, impedindo-o de votar, vai resolver os seus problemas de trabalho, saúde, habitação, justiça, transportes, alimentação, educação, cidadania? Já estivemos mais longe de sermos transformados em catequistas assalariados e mendicantes? E então, o que fazer com quem for desonesto? Quem vai decidir e estabelecer o que é ser desonesto? É o Sr. Abel? É o Sr. Abel que vai julgar os desonestos? Vamos elegê-lo com rei absoluto? Esses problemas já estão resolvidos "a priori"?

O Olimpo tb merec disse...

Tanta luta por uma vacina covidiana, que provoca sintomatologias moderadas e graves, sei lá com que lesões a longo prazo e com uma capacidade de imunidade duvidosa (protejam-se na mesma!). Por qual razão não há de ser dada aos deputados agora?

Simplesmente disse...

Qualquer sacerdote comete pecados porque é próprio da condição humana. Sacerdote e humano são conceitos incompatíveis - não faz sentido ser sacerdote porque condenado ao fracasso, tanto no plano do sagrado como no do profano.
A moralidade sempre foi protética e, por isso, "hipócrita" como qualquer prótese, por muito que nos ajude.
A política é arbitrária e corrupta porque a sua base de sustentabilidade são as influências, as negociatas, o poder e o dinheiro. Não é possível a limpeza nestes ambientes.
É melhor ser saudável, feliz e honesto. É possível.
Honestidade é coincidir, por fora, com o que pensamos, custe o que custar e a quem custar. E isso é muito difícil. Às vezes, parece traição.

Rui Baptista disse...

Neste mundo de informação e contra-informação é difícil saber quem mente e quem diz a verdade. Quem diz e transcreve o que lê, corre esse risco. Conclui-se, portanto, que ser analfabeto é uma felicidade.
Para descanso de ambos, peço que quem tenha a "verdade verdadeira", sem se esconder sob anonimato, nos esclareça, tintim-por-tintim, desmentindo a notícia que li com dados concretos que se não apoiem em cartão do mesmo partido político.