“Acreditai que nenhum mundo que nada nem ninguém vale mais do uma vida ou a alegria em tê-la” (Jorge Sena)
Há certas situações em que eu gostaria de
não ter razão ouvindo bichanar, ao lado e em surdina, deixá-lo falar que ele
há-de cansar-se de falar contra a parede
do silêncio. Mas ainda bem que eu não me calo numa situação em que está em
causa o maior bem do mundo, a vida humana.
Neste circo de palhaçada em que se
tornou a política portuguesa, eu sou o
pobre palhaço, citando Charles Chaplin, “o que me coloca a nível bem mais
elevado que o de qualquer outro político”. Sou palhaço, sim, mas refractário às perigosas
palhaçadas que se passam na vida política portuguesa.
Elas são tão trágico-cómicas e tão constantes
que seria fastidioso e difícil enumerá-las. Basta ler os jornais ou ouvir a televisão.
Por exemplo, no género de uma verdade à Monsieur de la Palisse, acabo de ler
“que o voto é mais seguro do que a maior parte dos actos que praticamos fora de casa (“Sapo 24”). Mas sem os especificar para que não corramos esses riscos,
muito menos quais as justificações científicas que sustentem uma mera opinião.
Mas hoje, finalmente, li, no “Diário de
Notícias”, uma notícia que sustenta o que humildemente na minha santa
ignorância tenho defendido: “PSP cria ‘equipas covid’ e requisita Polícia Municipal do Porto que só nos últimos
quatro dias deteve 22 pessoas”.
Solução musculada de passar da simples dispersão os ajuntamentos de pessoas. Solução
que eu defendo como posso testemunhar
com a transcrição parcial do meu texto aqui pulicado no dia 20 deste mês de Janeiro, intitulado “Portugal,
país com leis por cumprir em hora de verdadeira calamidade pública”. Transcrevo-o:
“Moral da história: não basta proibir. É imprescindível criar condições para que a lei seja cumprida. Tanto assim é que leis contra a corrupção, por si só, não diminuem a corrupção, por os corruptos verem as leis a não serem cumpridas sem nada lhes acontecer por acabarem, por vezes, os delitos por prescrever. Nesta situação, é a economia do país a ser atingida e os pobres dos contribuintes a sofrerem as consequências. Mas na pandemia do coronavírus, é bem mais grave por ser um sem número de vidas humanas que estão em risco de vida!
A solução não me parece serem as
autoridades simplesmente a dispersarem as reuniões, à porta fechada ou na via pública, para os seus participantes não voltarem
a reunir-se em outros locais. Mas as forças da ordem, por exemplo, Polícia e
GNR, exigirem a identificação dessas pessoas para que as provas se
processem na hora e “in loco”; e sejam tanto maiores as penalizações
consoante haja reincidências ou não!”
Para que a justiça deixe de ser uma palavra vã parece ter chegado a hora depois de um sofrimento que teria sido evitado, ou não atingisse as proporções que atingiu, se cumpridas, na devida altura, as medidas de confinamento e não como aconteceu no Domingo passado em que as eleições antecipadas serviram de aperitivo para longos e descuidados passeios familiares ou entre simples amigos
.
Finalmente, haja Deus!, parece ter-se passado da época de ameaças à actuação sem contemplações. Para para além das nossas vidas com mais ou menos anos de existência, perigaram a vida de jovens na flor da idade também elas a passar momentos de aflição.
Onde falta o bom senso, haja piedade pelo sofrimento do próximo e responsabilização de políticos que possam ter actuado mal, por ignorância ou não, ou pecado por omissão!
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