Portugal tem um governo numeroso
como nunca teve, que pede meças ao resto do continente europeu com gente de
posse de uma linhagem hereditária com genes que se reproduzem entre pais e
filhos. Ao que me ocorre, de momento, casos
do ministro Vieira da Silva e mulher, depois Vieira da Silva e filha e João Cravinho e filho que dá um
cheirinho de monarquia, ou com menos peneiras, de firmas comerciais.
Em contra partida, temos a
ventura de ter bons actores que representam papéis já desempenhados por outros
políticos europeus. Por exemplo, o
ministro da Saúde do Reino Unido chorou
na TV as mortes de doentes com corona
vírus (08/12/2020). Passados três dias houve a reprise tendo como personagem
Marta Temido. E não tremida pese embora as sua análise, pessimista diferirem da análise, sobre o estado da saúde nacional, de Jorge Cravinho que “diz haver muita
capacidade para apoiar o Serviço Nacional de Saúde”.
Com estas desavenças institucionais, encontro razão para considerar “Portugal, um País Tristonho à Beira-Mar Plantado", com ministros que erram e não se demitem, e com ministros que tratam dos assuntos de ministros seus colegas e destratam os problemas do ministério a seu cargo. Portugal pátria de ministros desenrascados para resolver os problemas dos colegas de governação e enrascados para solucionarem os problemas respeitantes à sua tutela directa.
Recorrendo a Eça, como tenho dito, várias vezes, meu escritor de mesinha de cabeceira, “no meio
de tudo isto que fazer? Portugal tem atravessado crises igualmente más, mas
nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e caracter, nem dinheiro ou
crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não – pelo menos o Estado não
tem - e os homens não os há, ou os raros
que há são postos na sombra pela
Política. De sorte que esta crise me parece a pior – e sem cura”!
3 comentários:
Portugal anda numa deriva depressiva, pelo menos desde 1580. Não vou entrar em análises complicadas, para evitar dizer asneiras. Estamos bloqueados, por mar, ar e terra, mas o maior bloqueio é o que nos tem sido imposto por razões políticas e culturais, históricas e religiosas. Claro que é fácil bloquear Portugal, mais fácil do que bloquear Cuba.
Tivemos o nosso Fidel, o nosso ditador orgulhosamente só, e isso condenou-nos e continua a condenar, sem apelo nem agravo, mas o mal vem de muito longe. Um simples vislumbre do que aconteceu nos últimos cem anos permite, pelo menos, suspeitar, de que somos um país bloqueado e sistematicamente boicotado.
A rapaziada ou a malta do regabofe do poder, que nem teve de pensar um bocadinho na figura que tem andado a fazer, ao toque do pandeiro dos nossos inimigos, ou pior do que isso, dos que nos desprezam e pensam que só têm que aguardar que nos precipitemos no abismo, como tem sido, grosso modo, a história de Portugal, não sabe, nem lhes interessa saber, que isto do jardim à beira mar plantado é mesmo um jardim, do qual os portugueses são apenas os jardineiros.(Continua)
(continuação)
De vez em quando alguém se lembra de dizer que é preciso descentralizar, regionalizar e tal, como se esse fosse o problema. Descentralizar o quê e para quê?
O país tem todas as características para ser gerido como se fosse um município, uma cidade de dez milhões de habitantes, com um território extenso, que vai do Rio Minho à foz do Guadiana (até podíamos adoptar um modelo de governação de uma média/grande cidade europeia), mas com os problemas de logística de uma cidade.
Como se justifica que seja mais fácil para um habitante de Portugal comunicar com Berlim do que com Lisboa, ou Porto? Chegar a Berlim, do que chegar a Lisboa ou Porto? Viver em Berlim do que em Lisboa ou Porto? Será por estas e por outras razões que não são só os portugueses que não querem ficar neste jardim? Que a população em Portugal se mantém estagnada há décadas em contraciclo com a população mundial, que duplicou nos últimos cinquenta anos?
O que é que está errado em Portugal?
Só por si, a adesão à CEE/UE deveria ter assegurado uma garantia vitalícia de prosperidade de Portugal.
Um país rico em recursos, em espaços, em cultura, com uma população total semelhante à de uma cidade média europeia, não tem justificativa para não funcionar bem e, menos ainda, para apresentar problemas típicos de um grande país, com muitas assimetrias de vária ordem. Se Portugal fosse tratado pela UE como o Ventura trata os ciganos e os pobres, nem tínhamos direito de existir.
E tenhamos em vista que, no conjunto das regiões da península ibérica, nem nos podemos queixar de que não temos a parcela mais valiosa.
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