segunda-feira, 2 de novembro de 2020

FEIRANTES E SUPERMERCADOS


Horas atrás, num comentário na Net sobre a proibição da realização de feiras e, em “revanche", de igual medida para os supermercados, escrevi este texto/resposta que reproduzo abaixo:

“As feiras, de uma forma geral, realizam-se uma vez por semana e não vendem os restantes alimentos dos supermercados: carne, peixe, produtos de desinfeção e limpeza de casas, etc. Por outro lado, pessoas doentes e/ou deficientes tendo que pedir a familiares que trabalham para o fazerem por elas,  essas pessoas terão dificuldades para conciliarem os seus horários com as horas em que as feiras estão abertas. Ou seja, tentar defender um ponto de vista em detrimento de outro não me parece medida acertada.

Para mais, sabendo-se que os supermercados dão trabalho a muitos milhares de pessoas, este o meu ponto de vista: defendam-se os feirantes sem prejudicar os empregados das grande superfícies. Os dados desta discussão estão lançados por mim que não sou feirante, empregado de supermercados e, muito menos, proprietário de grandes superfícies podendo ser havido, se tal acontecesse, suspeitosamente, advogado em causa própria. Seja como for, um mal não se resolve com outro mal, mas com o soberaníssimo bom senso de que nos falou Antero de Quental!”.

Fui ontem surpreendido pelo desnorte das medidas tomadas por um Governo tipo catavento que diz e se diz com a mesma facilidade de quem, sedento, bebe um copo de água. De entre essas medidas, a que me reporto no meu texto acima, esta entidade que tem as rédeas do poder nas mãos , segundo notícia do “Observador”, resolveu recuar, passando tudo a estar como dantes, ou seja, citando um dito popular: “Quartel em Abrantes tudo como dantes”.

A pitonisa consultada pelo Governo, que aconselhou esta entidade a resolver este imbróglio, foi a directora-geral  do Ministério da Saúde, Graça Freitas, que habitualmente de parceria com a ministra da Saúde, Marta Temido, quando entrevistadas em conjunto fazem-me lembrar, o Senhor Feliz” e o Senhor Contente”, respectivamente Herman José e Nicolau de Melo Breyner, que anos atrás, fizeram na televisão parte do imaginário popular.

Ao que se diz oficialmente,  têm sido tomadas medidas de contenção que as estatísticas deveriam confirmar, mas não confirmam por mais que se manipulem os dados para lhes dar  o ar de honestidade. Para o efeito, seria necessário recorrer à realidade dos factos que se confina em meninas e meninos a rodopiar cabeças tontas em festas de formatura ou aniversário com um número proibitivo de participantes. Em nome da verdade é imperioso que toda a gente e, muito mais, quem tem em mãos o combate estrénuo entre a vida e a morte nesta epidemia que virou pandemia ou mesmo pandemónio, prevenisse  em vez remediar,  tendo, como tal,  a prevenção como  desígnio nacional que não se compraz com governantes desgastados e  desorientados pelo insucesso.

Nova gente (não confundir com gente nova e  sem experiência ) numa altura de evidente crise económica que não pára de crescer, mas como costumo dizer, julgo que em paternidade minha, para "serrarem serradura", é desastre estrondoso porque crendo em Stephen Covery, “se continuarmos a fazer o que estamos a fazer continuaremos a consegui o que estamos a conseguir”!

E a hora não é de simples blá-blá em reuniões de urgência entre o Presidente da República e o Primeiro-ministro, mas da sua reunião de emergência com o  Governo  em peso! E com todos os partidos políticos com representação na Assembleia da República porque viajamos todos num mesmo gigantesco barco em perigo de se afundar por desvios traiçoeiros de rota com timoneiros que discutem o sexo dos anjos com um Orçamento de Estado que deveria incidir prioritariamente no combate ao corona vírus que se poderá tornar numa espécie de icebergue que afundou o "Titanic" enquanto os passageiros valsavam nos seus sumptuosos salões.

Em tempo de guerra não se limpam armas, combate-se! Em tempos de pandemia não se discutem linhas de comboios de alta velocidade entre Lisboa e o Porto, tomam-se todas as possíveis medidas em evitar a devastação das respectiva população nacional e a falência da economia nacional com o sistema financeiro quase exaurido, com imenso número de mortos  e sem certezas sobre o seu términus! 

Aquando do grande Terramoto de Lisboa (1755), um político de acção e não de inacção,  o Marquês de Pombal, teve uma frase lapidar que ficou na História: "Enterrem-se os mortos e cuide-se dos vivos!" Tomam-se, hoje em dia, medidas profiláticas sobre o enterro dos mortos para evitar a propagação viral, enquanto as medidas em defesa dos vivos permanecem numa espécie de letargia que vive em paz consigo própria!

2 comentários:

c.eliseu disse...

O que falta realmente a quem toma medidas como estas é depois explicar as devidas justificações de forma simples e clara como está aqui escrito. Acabava logo de raíz tanta polémica e ainda maior dano para os prejudicados e para os outros.

Rui Baptista disse...

Vária vezes escrevi já que os comentários que se fazem aos artigos publicados são sempre, ou deviam ser, uma maneira dos seus autores serem sujeitos a um veredicto que muito os enriquece, sejam eles de concordância ou discordância.
A pior coisa é os seus autores temerem estarem, como se diz na gíria, a falar (ou a escreverem) para o boneco. Como pode ser confirmado, por quem me lê, eu não sigo essa norma de fugir a responsabilidades. Obrigado, portanto, pelo seu comentário a um assunto que só pode ter saído de "cabeças de sabugo".
Pensemos, por hipótese, que os supermercados eram obrigados a fechar por a lei não dever ser descriminatória: seria o descalabro da vida dos portugueses. Tomar medidas higiénicas para que as feiras não sejam realizadas, “todos a monte e fé em Deus, é uma coisa. Outra coisa seria tirar o sustento das pessoas que retiram das feiras o sustento de vida.
O Governo, não sei se de”motu proprio” ou receoso da marcha de protesto dos feirantes recuou por ter reconhecido a sua inépcia em controlar situações por mim enumeradas, e muitas outras, isto é, depois de entradas de leão teve saída de sendeiro. Ou o Governo julgará que “tout va bien quando finit bien”?
Não vai não senhor, porque a rua dos protestos nunca deverá ser uma forma de pressão para quem anda de cabeça perdida desgovernando em vez de governar em benefício de um povo que lhe entregou pelo voto essa missão democrática.
É nas ocasiões de crise que se conhecem os verdadeiros políticos. Haja em vista o exemplo de Churchill , um político mais ou menos apagado em tempo de paz, que se agigantou durante a II Guerra Mundial ficando na história da Grã-Bretanha e na memória grata do mundo.

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