Segunda parte do manifesto por Coimbra, publicado ontem pelo Diário de Coimbra; mais pormenores no post Coimbra Criativa (na foto a anquilosada Penitenciária plantada na Alta com manifesto prejuízo para a cidade e os cidadãos; esta é apenas uma das aberrações de uma Coimbra parada no tempo, que contrasta com a Coimbra pujante já visível nalguns aspectos, mas bloqueada por provincianismo político):
Carlos Faro, Carlos Fiolhais, Fernando Seabra Santos e Gonçalo Quadros
Em texto anterior (“Coimbra e o Futuro I”) manifestámo-nos pela necessidade de dar um rumo diferente a Coimbra. Na construção do futuro de que Coimbra carece importa sobretudo não esquecer o óbvio: São sempre as pessoas que contam. Como indivíduos de uma comunidade solidária e inclusiva, a prossecução do seu bem-estar e da sua felicidade é a razão de ser de uma qualquer política pública moderna. Contrariando a situação do passado mais recente, os habitantes de Coimbra podem ser pessoas felizes numa cidade exemplar na capacidade de produzir riqueza e de disponibilizar emprego; uma cidade justa, solidária e inclusiva; um modelo do ponto de vista ambiental; um município na primeira linha da transição digital; e uma cidade em articulação equilibrada e fecunda com a sua região. Coimbra deve salientar-se na qualidade e igualdade de acesso aos serviços públicos de saúde e educação, ao trabalho e à cultura, ao desporto e ao lazer. Em especial, Coimbra tem de ser a extraordinária cidade de Cultura que pode ser e ainda não é.
Em todas estas vertentes, em articulação com grandes instituições da cidade como a Universidade, o Politécnico e o Centro Hospitalar, Coimbra tem de ser uma cidade criativa, aproveitando as suas enormes potencialidades humanas e materiais. Existem hoje oportunidades de investimentos públicos e privados, algumas alicerçadas pela União Europeia, que têm de ser aproveitadas. Para isso são precisas boas ideias e bons projectos: na rede de mobilidade, onde o impasse foi demasiado longo e onde as soluções que se anunciam poderão não ser suficientes, mas também nas infraestruturas empresariais, sociais, digitais, ambientais, sanitárias e culturais. Precisamos, por exemplo, de um grande processo de regeneração urbana na Baixa e de garantir o usufruto colectivo do rio Mondego – Coimbra criativa tem de emergir com esplendor a partir da sua Baixa e do seu rio. Precisamos, também, de uma estação multimodal com comboios de alta velocidade, uma estação sem o B de Coimbra-B, de um Centro de Congressos, melhor uso para o parque dos SMTUC que desbarata o nosso rio, e de uma Casa do Conhecimento, que nos liberte de vez da Penitenciária que nos prende a todos.
Uma maior e melhor articulação do concelho com os concelhos vizinhos e com a sua região é fundamental: Coimbra, com toda a região Centro, tem de contar no País. No quadro actual e futuro, e contrariando práticas que têm sido infelizmente usuais, faz mais sentido a cooperação do que a competição - a região tem de falar a uma só voz. Propomos uma articulação permanente com os outros municípios da região de Coimbra e uma aproximação às expectativas de Aveiro, Leiria, Viseu e Guarda, com vista à consolidação de estratégias aglutinadoras. Reforçando a participação e juntando vontades para a prossecução de fins comuns, será por todos compreendido e por todos aceite que um núcleo mais forte, desde que atento às necessidades e expectativas dos outros, é uma condição de sucesso para o conjunto.
Coimbra é de todos e, com a ajuda de todos, tem de ser
mais de todos. Coimbra é
do País e do mundo. Coimbra precisa mais do que nunca dos seus cidadãos e de
construir com eles uma visão arrojada e
inovadora. Precisamos de um futuro de desenvolvimento para o nosso
concelho e, portanto, para o nosso país. Precisamos de uma Coimbra Criativa.
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