domingo, 29 de novembro de 2020

AS SABICHONAS


“É uma ideia tonta que a vacinação não priorize os mais idosos” (Marcelo Rebelo de Sousa).

No passado dia 20 deste mês a findar, publiquei aqui um “post” titulado: “Corona Vírus e Dúvidas Sobre Prioridades”.

Hoje, passados que são nove dias, tenho a sensação que Portugal, neste aspecto, é um navio à deriva com duas timoneiras cursadas em escola náutica duvidosa sob a direcção de António Costa.

Nele publiquei uma imagem, de autor não identificado, com os seguintes dizeres: “As crianças são o melhor que o mundo possui e todas merecem amor e cuidado pois nas sua mãos vive o futuro”.

Entretanto, a exemplo do Titanic que naufragou por ter embatido num gigantesco iceberg, parece-me que o país se afunda com as medidas a tomar nesta emergência em que o gelo da indecisão faz com que haja uma vasoconstrição  dos vasos que irrigam o cérebro da ministra e da directora-geral da Saúde que discutem nos bastidores as novas prioridades dos cidadãos a serem vacinados contra o corona  vírus.

Pelo que deduzo, discutem entre elas e António Costa as prioridades desta vacinação, ou seja o nó górdio duma questão com mãos frágeis que empunham a espada que o deveria cortar sob o ponto de vista psicofísico carecendo de força física e anímica para o fazer  sem tibiezas ou dúvidas.

Força anímica para que se sintam bem grudadas para permanecerem de pedra e cal nos seus lugares como lapas agarradas aos rochedos dos cargos que desempenham por um devotado amor à “res publica”, nunca por “os velhos terem tanta necessidade  de afecto como de sol", em opinião de Victor Hugo.

E aqui reside outro busílis desta questão: tempos houve, escassos nove dias atrás, que seriam os velhos os primeiros a serem vacinados não por altruísmo mas, quiçá, para manter vivo o enorme arsenal de sabedoria que trazem na  bagagem de vida com a utilidade de poderem vir a servir para indicarem a rota da prosperidade a este país exaurido pelos danos económicos e financeiros na hora que passa.

Receio, portanto, que como paga aos serviços prestados à pátria esses “patriotas” achem dever serem os primeiros a serem vacinados por parte dos diversos quadrantes políticos e, por arrasto, suas famílias deixando para trás os velhos  que até ao aparecimento milagroso das respectivas vacinas faziam perigar, por contágio, a vida de concidadãos do país de lés a lés!

E o mais espantoso de tudo isto é o facto da Organização Mundial de Saúde formada por “ignorantes chapados” ter como prioridade a vacinação dos velhos. Ou seja, as entidades senhoris que presidem à Saúde dos portugueses são mais papistas que a própria Organização Mundial de Saúde e mais casmurras que os velhos!

Das pessoa mais credenciadas academicamente para este estudo epidemiológico é o bioquímico David Marçal, com vários artigos de natureza científica sobre esta temática que, de parceria com Carlos Fiolhais, pessoa altamente credenciada no âmbito científico, acabam de escrever o livro “Apanhados pelo vírus” (Gradiva).

Porventura, descendo dos seus tamanquinhos parlamentares e governantes, consultaram as suas doutas opiniões ou dar-se-á o facto de estarem  mais virados e atentos a bolas de cristal de ignorantes das medicinas alternativas que abundam profusamente neste país em herança deixada em trevas medievais? Vá lá a gente saber numa época em que o segredo é a alma do negócio de quem governa sem dar cavaco a um povo de pseudo ignorantes.

P.S.: Para melhor compreenderem esta minha  tomada de posição num tempo em que, em opinião de Simone de Beauvoir, “a velhice denuncia o fracasso da nossa civilização”, tenho por conveniente que os leitores consultem o meu artigo aqui publicado (20/11/2020) e citado no primeiro parágrafo deste meu texto: “Corona Virus e Dúvidas Sobre Prioridades”.

1 comentário:

Rui Baptista disse...

Neste turbilhão de notícias, a dizerem e a desdizerem-se, não posso, e muito menos quero, deixar de referenciar pela positiva, a frase que transcrevo de António Costa, com o aval dela ter sido dita por um primeiro-ministro do governo português: "Não é admissível desistir de proteger a vida em função da idade. As vidas não têm prazo de validade" ("Público" 28/11/2020). Espero que a prioridade de vacinação incida, outrossim, sobre as crianças que no dizer pessoano são a melhor coisa do mundo.

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