quinta-feira, 16 de abril de 2020

AS INCOERÊNCIAS DE RUI RIO

“Preserve-se a memória dos indivíduos para se construir uma memória colectiva, 
que sirva para as gerações seguintes as compreenderem 
e estudarem nas suas variadas nuances, transformações, vitórias e frustrações 
(Heloísa Paulo, investigadora da Universidade de Coimbra). 

Rui Rio não pára de me surpreender por andar sempre contracorrente nas medidas que toma. Foi assim na “Cidade Invicta”, quando presidente da sua Câmara Municipal, não permitindo, ao contrário dos seus antecessores e seu sucessor, que das suas varandas fossem festejados, ainda que mesmo os retumbantes êxitos futebolísticos, a nível internacional, do Futebol Clube do Porto. 

Mais me surpreende que hoje, presidente, e líder do Grupo Parlamentar do PSD, defenda posições do PS, alegando questões “patrióticas” subjacentes à actual pandemia propondo-se dar tréguas ao PS, ou mesmo com ele andar de braço dado, num altura em que a ministra da Saúde e a sua directora geral se mostraram  deveras infelizes em declarações públicas sobre a benevolência do coronavírus, aquando do seu aparecimento desdizendo-as  posteriormente. 

O lema de Rui Rio parece obedecer ao princípio: se não puderes vencer o inimigo ( o PS) nas próximas eleições legislativas cola-te a ele na esperança de uma aliança eleitoral. Razão assistiu a Maurice de Talleyrand, diplomata francês (1754-1838): 
“A oposição é a arte de estar contra, mas com uma habilidade tal que logo se possa estar a favor”. 
Mudam-se os tempos, não se mudam os maus hábitos! É por isso que muito me honra o exemplo de meu avô materno, José Pereira da Silva, antigo presidente da Câmara Municipal do Porto, homem íntegro e fiel ao seu ideário republicano, tendo sido deportado político para Angola por ter participado na falhada “Revolução do Porto de Fevereiro de 1927”. 

Traço um brevíssimo esboço biográfico de meu avô, extraído da obra (volumes I e II) “Presidentes da Câmara Municipal do Porto”, da autoria de Fernando de Sousa. Nessa obra, de um académico da Universidade do Porto, lê-se: 
“José Pereira da Silva, Presidente do Senado da Câmara Municipal, no primeiro trimestre de 1925, durante a ausência de António José de Sousa Júnior [Ministro da Instrução Pública da I República], demitiu-se a seu pedido, desse cargo tendo-lhe sido tecidos, em sessão camarária de despedida, os mais elevados elogios, sendo-lhe sido reconhecido «inteligência lúcida, dedicado e sempre pronto e firme na defesa dos direitos municipais, salientando que tinha desempenhado aquele cargo com tanta justiça, com tanta competência e imparcialidade que é lamentável que ele o abandone, sendo mesmo lavrado em acta um voto de agradecimento."
É este exemplo de verticalidade que meu avô me deixou em herança. Exemplo de que muito me orgulho, para além de muitos e outros motivos, por me permitir escrever este texto comparativo entre dois homens, ambos antigos presidentes da Câmara Municipal das margens do Douro, com um percurso bem diferente em termos de coerência política. "Percurso bem  diferente em termos de coerência política", reforço!

3 comentários:

Ildefonso Dias disse...

Boa noite Professor Rui Baptista, consultei para saber mais a lista de antigos presidentes da Câmara do Porto.

Neste link:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_presidentes_da_C%C3%A2mara_Municipal_do_Porto

A José Pereira da Silva, remete-nos para um Politico Brasileiro, o que certamente é um erro, que quererá alterar.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pereira_da_Silva

Depois, o nome de António José de Sousa Júnior surge como sendo António Joaquim Sousa Júnior.

Esclareça por favor o que não estiver completamente certo.

Cumprimentos Cordiais.

Rui Baptista disse...

Engenheiro Ildefonso Dias: Obrigado pelo seu comentário colhido, ao que penso no "Doutor Google". A fonte fidedigna são os dois volumosos livros editados pela Câmara Municipal do Porto, escritos pelo académico Fernando de Sousa. Se se quiser dar ao trabalho julgo poder consultar estes volumes na biblioteca da "Cidade Invicta".

Quanto ao nome de António José de Sousa Júnior, por mim citado, em vez
de António Joaquim Sousa Júnior, assumo o "crime" com a minha proverbial iliteracia informática e dificuldade de visão que os meus 88 anos de idade, vésperas de 89, Maio deste ano se Deus quiser, justificam, penso eu, eu que me assino com o nome completo,

Rui Vasco Júlio Pereira da Silva Baptista.

Cumprimentos gratos,

Rui Baptista

Rui Baptista disse...

Acabo de publicar um post sobre o meu avô, José Pereira da Silva, em que se verifico o erro de eu ter alterado, pelos motivos expostos no meu mu comentário anterior, sobre o nome correcto do ministro da Instrução da I República.

Renovo os mus cumprimentos gratos,
Rui Baptista

Cumprimentos gratos pela oportunidade que me foi dada em emendar

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