Artigo de Guilherme Valente no Observador de 31/10: 
 É uma conquista por dentro, um totalitarismo de uma outra natureza, vírus que penetra a inteligência, corrói a vontade, fazendo de cada vitima um instrumento de propagação  da infecção..  É a convergência do que Amin Maalouf designa por “novos cavaleiros do apocalipse”, o identitarismo, o ultra-liberalismo*, o islamismo, que se não forem vencidos conduzirão ao “naufrágio das civilizações”.
 Não se trata duma decadência  como houve outras no tempo e nos espaços. É uma regressão civilizacional. Como se assistíssemos  projectado ao contrário a um filme sobre a “escalada do Homem”, tal como é  narrada  no livro admirável de Jacob Bronoswky, The Ascent of Man. 
Não uma decadência como a ligada à  queda do Império Romano, com que alguns a comparam pela  semelhança aparente de algumas manifestações.
Porque essas invasões  bárbaras trouxeram povos com ambições, forças físicas e anímicas que viriam a ser seiva, matéria-prima, para o reflorescimento civilizacional   feito com as sementes do saber antigo, da centelha demiurga de inspiração e génio,   preservadas em mosteiros remotos perdidos nos confins da Europa.
 As invasões de hoje, pelo contrário,  transportam germes de dissolução, de degenerescência,  de morte. “Nós amamos a morte”, é o grito islâmico revelador com que matam e se matam.
 E  os novos mosteiros que deviam ser hoje as Universidades  foram  contaminados e tornaram-se centros de propagação da  pandemia.
Estranho é tudo acontecer quando parecia definitivamente enterrado o horror depois de vencidos os antigos demónios em 45 e na queda do Murro de Berlim,  no dealbar de um mundo novo como anunciara outro  grande livro, O Fim da História, de Francis Fukuyama.
 Não surpreende ser  dos Estados  Unidos que agora chega o delírio que está a alastrar na Europa.  As notícias desse naufrágio da civilização em curso  são de todos os dias e sempre mais surpreendentes:  universidades rendidas à auto-destruição, reitores e professores a viverem a  humilhação extrema de pedirem desculpa por serem... brancos. Grandes figuras das artes acusadas sem provas, punidas sem processo nem julgamento, numa clara violação dos direitos humanos e  do mais elementar das  constituições civilizadas.
Na  França é a aliança islamo-esquerdista. Entre nós, o activismo “anti”-racista racista,   negro e branco - que o esquerdismo cavalga e alimenta julgando poder servir-se dele. Ponta de lança do islamismo para entrar em Portugal,  país pouco aliciante  para as ondas de migrantes  do Médio Oriente e da África muçulmana.   Fugitivos da fome, do medo e da morte,  que por isso  não deixam de ser  reserva de recrutamento de  assassinos logo que chamados para o combate fanático ao serviço de um deus satânico.
 Na escola, reduzido e pervertido como vem sendo o ensino da História, foi criada a disciplina “História, Culturas e Democracia”, que apesar da designação ambígua é mais uma manifestação  da dissolução em curso.
 Foi isso que Jaime Gana percebeu. E  por isso  lhe saiu ao caminho um catedrático de uma estranha História**, o mesmo que um ou dois anos antes decretara ser falso um quadro numa exposição  do Museu de Arte Antiga por não representar a realidade como a ideologia  que o cega quer impor .  Depois da verificação da autenticidade do quadro, nem  a trepa intelectual e profissionalmente humilhante que levou de um verdadeiro conhecedor da matéria, Fernando António Baptista Pereira, o calou definitivamente.
 A estratégia dos peões saídos à liça para apoiar o  novo passo que o ME se atreveu agora   a dar foi cautelosa.  Um saco de poeira lançado aos olhos dos incautos ou  pouco instruídos, confundindo e evocando conceitos  que na verdade infirmam a concepção obscurantista e ideológica  da História que praticam.
 Ao contrário do que o tal catedrático pretendeu sugerir, é a posição de Jaime Gama que se identifica com a de  Herculano, ambos a defenderem uma História que procura a verdade dos factos,   não o uso deles e a sua deturpação  para fins políticos ou  de crenças. Uma História que não se  confunda com outras realidades  distintas, respeitáveis ou não.
 E que dizer da afirmação “A Guerra Colonial concorre, aqui, com a exploração de outros temas, que vão do trabalho forçado ao Holocausto (...)”?  Holocausto? Para além da enormidade histórica  eis-nos perante a relativisação, o branqueamento anti-semita  do verdadeiro holocausto, o  horror maior da história da humanidade.
Registe-se ainda o abuso  que RC fez do nome de João Gouveia Monteiro, associando-o a uma concepção ideológica da História, à anti-História,  que estou certo repugnará àquele historiador.
A História é critica, das fontes  e no método, para se aproximar progressivamente da verdade dos factos. E deve desde logo lembrar-se ao catedrático que ele parte de uma asserção que é uma redundância: a História ou é crítica ou então não é História, mas apologia, ideologia, manipulação. Que é o que fazem os que procuram interpretar os factos históricos em função de objectivos sectários, identitários, religiosos, racistas, supremacistas (e o supremacismo não é só "branco"...), revisionistas;  transferir para o passado os diferendos contemporâneos e julgar esse passado. Como faz, conclui-se,  Ramada Curto.
É oportuno referir  uma evidência histórica que destrói pela raiz a chantagem que o “anti”-racismo racista negro e branco vem tentando fazer sobre os Portugueses: o passado árabe e negro-muçulmano não deve nada em crueldade ao europeu e português, neste com uma religião que no espírito e letra era moderadora;  ao contrário do Islão que na própria letra incita  à violência e à crueldade. (Leia-se Tidiane Diaye, O Genocídio Ocultado, Gallimard, Gradiva.)
 Não temos que pedir desculpa por episódios lamentáveis que também houve no passado histórico de Portugal. O  senhor Mamadou Ba e os outros como  ele, esses, sim, devem reconhecer   a crueldade e o crime  que continua HOJE a grassar na sua Terra e o islamismo continua a infligir ao mundo. É isso que  querem trazer para  Portugal?
Culpabilização de nós que nos querem impor para iludirem  a responsabilidade que é só deles na tragédia africana, que continua a grassar na África muçulmana.
Sugiro ao catedrático RC e ao ministro da Educação a leitura do Tratado Sobre a Tolerância em que já nessa época Voltaire ridicularizava a visão de anti-História  que HOJE se quer impor e o ME  dissemina na escola.
 “Seria absurdo dizimar hoje a população da Sorbonne por ela ter, em tempos idos, apresentado petição no sentido de levar à fogueira a Virgem de Orleães (...)
 Fazê-lo seria não apenas injusto, seria de uma loucura comparável à de purgar hoje todos os habitantes de Marselha por terem tido a peste em 1720.
Iremos nós saquear Roma, como fizeram as tropas de Carlos V, porque em 1585 Sisto V concedeu nove anos de indulgência a todos os franceses que pegassem em armas contra o seu soberano? E não será suficiente impedir Roma de voltar a chegar a excessos semelhantes?
 Regressão civilizacional, portanto, de que o catedrático RC    e o ME são instrumentos ou cúmplices.
 É à difamação, tentativa de chantagem,  humilhação de Portugal e dos Portugueses,  que o Estado,  o Governo, os Partidos, a Assembleia da República, o Presidente da República  continuam a assistir com um  silêncio para mim inexplicável.
; Responsabilizo-os pela tragédia a que esse alheamento está a deixar conduzir o meu País, por oferecerem a  novos fascismos, que temo venham,  a defesa, que seria  perversa, do que cumpre aos homens livres e à democracia defender.
Guilherme Valente
 * Errada e perversamente dito neo-liberalismo, por serem os ideais liberais o alvo a atingir. ** Expresso, https://expresso.pt/opiniao/2019-10-18-Por-uma-historia-critica.
domingo, 3 de novembro de 2019
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O OITAVO PECADO CAPITAL. O QUE NOS VALE É A LITERACIA FINANCEIRA!
A "educação financeira" foi, na passada década, legitimada pela tutela como uma das componentes da Educação para a Cidadania; pass...
- 
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
- 
Outro post convidado de Rui Baptista: Transformou-se num lugar-comum atribuir às gerações posteriores a responsabilidade pela perdição do mu...
- 
Não Entres Docilmente Nessa Noite Escura de Dylan Thomas (tradução de Fernando Guimarães) Não entres docilmente nessa noite seren...
 
 
 
Sem comentários:
Enviar um comentário