Tenho percorrido o país a convite
de vários municípios para falar de ciência e de cultura. E há uma coisa que me
tem repetidamente impressionado: o cuidado com que as várias cidades são
tratadas, em especial os seus centros históricos, cuidado que é documentado pelos
espaços ajardinados. As flores convidam-nos
a permanecer no espaço público. As paredes estão isentas de grafitti, o lixo
não anda pelo chão, o trânsito não é opressivo.
Quando regresso, o meu olhar sente-se
incomodado com o nítido contraste. As pessoas que deviam tratar de Coimbra não
têm cumprido a sua obrigação. A separação entre
cidade e universidade não tem ajudado,
pois as duas parecem apostadas em ver quem mais maltrata o seu terreno. Na Alta,
a Rua Larga transformou-se num parque de autocarros. Os turistas não encontram
nem informação capaz nem restauração decente. Na Baixa, ignorada pelo turismo,
paira o espectro das ruínas do Metro Mondego. A imagem geral é de desleixo, com
uma rua inefável apesar de ser Património Mundial.
Até quando? Bem, até que, numa nova
solução política, a cidade passe a ser bem tratada, como a maior parte das suas
congéneres, restituindo aos seus cidadãos um orgulho de cidade que hoje infelizmente
está ausente.
2 comentários:
A descrições visuais e textuais sobre os tratos de polé infligidos à inefável cidade de Coimbra, pelas autoridades civis e militares, falam por si!
De cá de cima, parece-me que na baixa de Coimbra há falta de gente com cabedal! No Porto, é igual!
Tem absoluta razão.
Coimbra é a minha cidade natal e estive lá, há dias, durante uma semana.
Colhi decepção e vergonha, de que me fiz eco no meu blogue.
De louvar, tenho apenas de referir o atendimento profissional e competente nas bibliotecas universitárias e a maravilha que está o museu Machado de Castro.
De pior, a infecta decadência do parque imobiliário no centro histórico.
Será que não existe sociedade civil conimbricense?
Cumprimentos,
Alberto Soares
Enviar um comentário