Meu artigo de opinião hoje no Público:
De 8 a 10
de Julho vai-se realizar em Lisboa o “encontro anual dos investigadores
portugueses.” Ao contrário do que acontece no “país convidado” deste ano, o
Reino Unido, em Portugal os investigadores não têm uma
organização com a antiguidade e o prestígio da Royal Society que os represente
a todos, pelo que a independência
dos cientistas portugueses não passa de ficção. Os sucessivos governos têm dividido para reinar, dando umas
migalhas maiores a uns e menores a outros. E o que é certo é que uns e
outros se têm contentado não
apenas com as migalhas mas também,
o que é pior, com a
subalternidade com que têm sido tratados.
O governo
vai comparecer em força no “encontro dos investigadores”, mas entre os investigadores
não vejo o mínimo entusiasmo. Adivinha-se um encontro de propaganda
governamental, em que os promotores se empenharão, nas vésperas de eleições, em louvar o bodo que
tencionam dar aos pobres. Manuel Heitor, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, antes
de se retirar para a vida académica, virá realçar as estatísticas recentes do
investimento em ciência e
tecnologia. Contudo, um facto indesmentível é que, nesta área, a legislatura ficou,
muito aquém do que se
esperava. Entre 2015 e 2019 a percentagem do PIB afecta ao sector passou de
1,24% para apenas 1,37% (PÚBLICO, 25/6/2019). A média europeia é 2,1%,
isto é, estamos no pelotão de
trás. Já estivemos bem melhor: em 2009, o valor foi 1,64%. Há dois anos António Costa anunciou que
em 2020 (para o ano!) atingiríamos os 2,7%. É óbvio que ficaremos muito longe
dessa meta! Como foi escrito na referida peça do PÚBLICO, não foi uma visão, mas antes uma
ilusão. O investimento em ciência e tecnologia tem estado
praticamente estagnado desde
que Nuno Crato deixou cair a pique os níveis de investimento que Mariano Gago
tinha alcançado.
Conteúdo exclusivo para assinantes. Ver o resto aqu:
https://www.publico.pt/2019/07/04/ciencia/opiniao/ciencia-2019-ingles-1878622
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1 comentário:
Devíamos preocupar-nos, e não é de agora, com o que tem acontecido a Portugal. Basta um olhar sobre o tabuleiro do xadrez península ibérica/UE e uma conexão básica com o nosso sistema partidário/Espanha/UE, que ressalta como anormal e sintomático o "asfixiamento" lento, mas "laureado", desta república impotente e "domesticada". Os portugueses só têm de ter vergonha dos políticos e dos governantes que cedo percebem que há um país, Portugal, que vive para os aplaudir e votar neles, o que quer que seja que eles façam. E tem sido só desgraça. Nem historiadores temos para contarem a triste história de um país invejável para os arrivistas da política. Se ao menos fossemos capazes de colocar os arrivistas uns contra os outros?!... Mas estão todos feitos. O parlamento, os partidos políticos, funcionam em modo automático de corporação. O tão criticado corporativismo, pode ser mau para uns, mas é extremamente funcional para outros. E os portugueses lá vão gemendo e chorando...E rezando o terço, como lhe mandam, na esperança da Virgem Maria, Rainha Nossa.
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