domingo, 24 de março de 2019

JOSÉ LIBERATO E "O INVESTIGADOR PORTUGUÊS EM INGLATERRA"


No dia 7 de Março foi lançado na Casa da Escrita em Coimbra por iniciativa da Comissão Liberato o livro "A importância de se chamar português: José Liberato Freire de Carvalho na direcção do Investigador Português, 1814-1819" de Adelaide Maria Muralha Vieira Machado, com a chancela da Lema d´Origem. Trata-se de uma edição impressa da tese de doutoramento em História e Teoria das Ideias que a autora defendeu em 2011 na Universidade Nova de Lisboa sob a orientação da Prof.a Doutora Zília Osório de Castro, que fez um prefácio para a obra. O livro foi apresentado pela Profª Doutora Isabel Nobre Vargues, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra A ocasião da publicação foi o fecho em Fevereiro de 1819, há precisamente 200 anos, do jornal "O INVESTIGADOR PORTUGUEZ EM INGLATERRA", poucos meses (e dois números) após José Liberato Freire de Carvalho ter deixado a sua direcção assim como a escrita da uma coluna intitulada "Reflexões".

O jornal literário, político e científico (albergava uma uma coluna sobre temas científicos, como era comum em jornais enciclopédicos da época) durou entre Junho de 1811 e Fevereiro de 1819, tendo sido editados 92 números mensais (que perfazem 23 volumes). Na Alma Mater da Universidade de Coimbra estão digitalizados alguns números. De 1811 a 1815 foi impresso por H. Bryer, na Bridge Street, passando a ser impresso por T. C. Hansard, na Fleet Street, local histórico da imprensa britânica. Na época havia para além deste dois outros jornais portugueses em Londres. Recorde-se que a Inglaterra era aliada de Portugal e que a corte portuguesa ainda estava no Brasil em 1919 na altura e de lá veio a ordem de proibição, impedindo a sua entrega em Portugal (onde havia um bom número subscritores), em sinal de desagrado pelas ideias liberais, isto é, anti-absolutistas, do periódico. 

Quem foi José Liberato, o director deste jornal entre 1814 e 1819? A ficha na Wikipedia é bastante completa. Nascido em Coimbra (S. Martinho do Bispo) em 1772, ano da reforma pombalina da Universidade e falecido em Lisboa em 1855, foi, jornalista, intelectual e político defensor das ideias liberais (lembre-se que os 200 anos da Revolução Liberal serão comemorados em 2020). De seu nome de baptismo é José Freire de Carvalho  foi frade crúzio (estudou no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra), tendo sido presbítero sob o nome de D. José de Loreto. Embora a sua vocação religiosa não fosse grande, viveu nos mosteiros de Refoios do Lima e  de S. Vicente de Fora, em Lisboa, onde ensinou Lógica e Retórica. Traduziu para português a obra "A Arte de Pensar" de Étienne de Condillac, da qual há um uma recente edição em fac-simile. Em Lisboa, conviveu com Gomes Freire de Andrade, o general maçon que haveria de ser enforcado em S. Julião da Barra em 1817, e com o poeta Manuel Maria Bocage, também ele maçon. José Liberato foi um dos grandes nomes da maçonaria portuguesa, tendo ingressado na loja Fortaleza do Grande Oriente Lusitano, sob o nome de Spartacus.

Durante a Guerra Peninsular, a vida de Freire de Carvalho foi bastante atribulada. Começou por servir de intérprete em S. Vicente de Fora no diálogo com os franceses da primeira invasão (o general Junot era maçon), Foi feito refém em Coimbra durante a terceira invasão (do general Massena, também maçon) quando esta cidade foi ocupada. Acusado de colaboração com os franceses foi retido em Santa Cruz e em Refoios do Lima, sítios da sua ordem. Foi nessa altura que decidiu fugir clandestinamente, abandonando de vez a vida religiosa.

 O nome de Liberato foi adoptado pelo próprio quando se exilou em Londres, no ano de 1813, fugindo das perseguições que lhe estavam a ser movidas pelo governo português e pela própria igreja. O jornal "O Investigador Português" e depois deste "O Campeão Português" foram os órgãos através dos quais divulgou as suas ideias, denunciando a incompetência da corte no Brasil assim como a má gestão do general inglês William Beresbord, que na prática dirigia o reino na metrópole. O jornal tinha sido fundado com o patrocínio da Coroa portuguesa, sendo seus redactores os médicos Bernardo Abrantes e Castro, Vicente Nolasco da Cunha e Miguel Caetano de Castro. Houve apoio inicial do embaixador português em Londres, D. Domingos de Sousa Coutinho,  Conde do Funchal. José Liberato substituiu Abrantes e Castro, mas mudou a linha editorial ao opor-se às posições da  Coroa no Brasil. Não admira por isso que o príncipe D. João tivesse parado com o apoio ao jornal, uma posição assumida em Londres pelo novo embaixador, o Duque de Palmela. Sem o pagamento de algumas assinaturas a expensas da coroa o periódico não poderia sobreviver. Durante o tempo que durou foi um periódico importante para se compreender a política da época: o "Investigador Português" cobriu por exemplo, a Convenção de Viena, em 1814-1815 , que discutiu o futuro da Europa após a derrota de Napoleão, conforme bem descreve Adelaide Machado na sua tese.

José Liberato regressou a Portugal em 1821, reingressando no Grande Oriente Lusitano. Fundou o jornal  "O Campeão Português em Lisboa", onde continuou as suas críticas à corte portuguesa no Brasil, foi deputado às cortes em 1822-1823, mas, em consequência da Vilafrancada, foi obrigado a voltar à sua casa de Coimbra. Voltou à política após a Carta Constitucional de 1826, tendo ocupado um lugar no Ministério dos Negócios Estrangeiros e sido redactor da "Gazeta de Lisboa", orgão do governo liberal. Com a subida ao poder de D. Miguel voltou a exilar-se em Londres, tendo integrado em 1833 as forças liberais que se juntaram no Porto. Foi no tempo do segundo exílio que teve contacto com o futuro Marechal Saldanha, igualmente  maçon. Voltou depois a ocupar um lugar parlamentar. Foi arquivista da Câmara dos Pares e director a Imprensa Nacional. Foi membro da Academia das Ciências de Lisboa. Perto do fim da vida, publicou em 1854 as suas Memórias, que podem ser lidas no Google.

Para saber mais:

- DIAS, Mário Simões, José Liberato Freire de Carvalho (1772-1855)- Sua Vida e Pensamento. Carviçais: Lema d' Origem.

1 comentário:

Rúben Teixeira disse.... disse...

Rúben Teixeira disse....
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Eu vou comer no "sopas dos Pobres" tudos os dias! Putugal é um país pobre, mais eu gosto de ser racista para o Brasil, Angola, Cabo Verde e Espanhóis ... ignorância faz parte da minha cultura portuguêsa!!!

PUTUGAL e uma merda e verdade e verdade! Nao trabalhos pa os Velhos e os Jovems...e verdade e verdade! E racismo puro e muito desgraciado!
https://portugalisxenophobic.neocities.org/

ORGULHO e IGNORANCA DO PUTUGAL e NOSSO PATRIMONIO!!!!!!!!!!!!!
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**portugal is DANGEROUS! Don't spend money$$ going, visiting or buying their products! They are BIG Racists/Xenophobes.**

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