segunda-feira, 18 de março de 2019

A MÚSICA DOS PLANETAS


Resumo da minha intervenção antes da Orquestra Metropolitana de Lisboa (formação de percussão) interpretar os "Os Planetas" de Gustav Holst. É já amanhã, 19 de Março, 14h30,  no Instituto Politécnico de Leiria e na próxima semana em Beja e Faro, nos dias 28 e 29 de Março:

No século XVII o astrónomo Kepler falou da “música das esferas”, procurando ligações entre a arte musical e os planetas do sistema solar, mas a música e os astros nunca estiveram tão perto como em “Os Planetas,” a suíte em 7 andamentos que é a mais célebre composição do inglês Gustav Holst (1874-1934). Escrita durante a 1.ª Guerra Mundial, entre 1914 e 1916, o seu motivo são os 7 planetas do sistema solar conhecidos na época, além da Terra (Plutão, descoberto em 1930, foi planeta até 2006, quando foi relegado para planeta anão). A estreia da composição, para uma audiência privada, ocorreu em 29 de Setembro de 1918, no Queen’s Hall, em Londres, a lendária sala que haveria de ser destruída na 2.ª Guerra Mundial, mas a primeira execução pública foi há cem anos, em 27 de Fevereiro de 1919. As composições de Holst, influenciadas por autores seus contemporâneos como Stravinsky e Schoenberg, são associados ao modernismo: Tal como as pinturas de Kandinsky, procuravam distanciar-se de formas clássicas de beleza. A harmonia é, nas peças de música modernistas, toldada pela dissonância, transmitindo emoções de um modo forte e por vezes surpreendente.

A abordagem musical de Holst aos planetas teve raízes na astrologia e não na astronomia.  Segundo a astrologia, os planetas, que exercem supostas influências sobre os seres humanos, estão associados a certos traços  psicológicos.  A música procura ilustrar esses traços. O 1.º andamento é Marte, o “mensageiro da guerra”, o 2.º é Vénus, o “mensageiro da paz”, o 3.º Mercúrio, o “mensageiro alado”, o 4.º Júpiter, o “mensageiro da alegria”, o 5.º Saturno, o “mensageiro da velhice”, o 6.º Urano, o “mágico”, e o 7.º Neptuno, o “místico”. Alguns dos temas são tão expressivos que bandas de rock tocaram adaptações de “Os Planetas”, John William escreveu a banda sonora de Star Wars bebendo nessa fonte, e o andamento sobre Marte foi usado por Carl Sagan na sua famosa série Cosmos.

Hoje, após termos enviado diversas sondas a todo o sistema solar, sabemos muito mais sobre os planetas do que se sabia no tempo de Holst. Mas a sua poderosa música continua merecedora da nossa atenção,  já que as emoções veiculadas pela arte são intemporais.

Sem comentários:

CARTA A UM JOVEM DECENTE

Face ao que diz ser a «normalização da indecência», a jornalista Mafalda Anjos publicou um livro com o título: Carta a um jovem decente .  N...