domingo, 24 de março de 2019

Quatro poemas sobre os Descobrimentos de Sophia


Quatro poemas sobre os Descobrimentos de Sophia de Mello Breyner Andresen que li no centro Cultural de Belém no passado sábado, para assinalar o Dia Internacional da Poesia (o segundo, sobre a morte de Bartolomeu Dias, é em duas linhas uma História Trágico Marítima):

Navegámos para oriente (1977)
Navegámos para Oriente ―
A longa costa
Era de um verde espesso e sonolento
Um verde imóvel sob o nenhum vento
Até à branca praia cor de rosas
Tocada pelas águas transparentes
Então surgiram as ilhas luminosas
De um azul tão puro e tão violento
Que excedia o fulgor do firmamento
Navegado por garças milagrosas
E extinguiram-se em nós memória e tempo

In Navegações (1983)

Ele porém dobrou o cabo (1982)
“Ele porém dobrou o cabo e não achou a Índia
E o mar o devorou com o instinto de destino que há no mar”

in  Navegações  (1983)

NAVEGADORES

O múltiplo nos enebria
O espanto nos guia
Com audácia desejo e calculado engenho
Forçámos os limites -
Porém o Deus uno
De desvios nos protege
Por isso ao longo das escalas
 Cobrimos de oiro o interior sombrio das igreja

 In Ilhas (1989)

DESCOBRIMENTO 

Saudavam com alvoroço as coisas ~
Novas
O mundo parecia criado nessa mesma
Manhã

 In Ilhas (1989)




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