Quatro poemas sobre os Descobrimentos de Sophia de Mello Breyner Andresen que li no centro Cultural de Belém no passado sábado, para assinalar o Dia Internacional da Poesia (o segundo, sobre a morte de Bartolomeu Dias, é em duas linhas uma História Trágico Marítima):
Navegámos para oriente (1977)
Navegámos para Oriente ―
A longa costa
Era de um verde espesso e sonolento
A longa costa
Era de um verde espesso e sonolento
Um verde imóvel sob o nenhum vento
Até à branca praia cor de rosas
Tocada pelas águas transparentes
Até à branca praia cor de rosas
Tocada pelas águas transparentes
Então surgiram as ilhas luminosas
De um azul tão puro e tão violento
Que excedia o fulgor do firmamento
Navegado por garças milagrosas
De um azul tão puro e tão violento
Que excedia o fulgor do firmamento
Navegado por garças milagrosas
E extinguiram-se em nós memória e tempo
In Navegações (1983)
Ele porém dobrou o cabo (1982)
“Ele porém dobrou o cabo e não achou a Índia
E o mar o devorou com o instinto de destino que há no mar”
in Navegações (1983)
NAVEGADORES
O múltiplo nos enebria
O espanto nos guia
Com audácia desejo e calculado engenho
Forçámos os limites -
Porém o Deus uno
De desvios nos protege
Por isso ao longo das escalas
Cobrimos de oiro o interior sombrio das igreja
In Ilhas (1989)
DESCOBRIMENTO
Saudavam com alvoroço as coisas ~
Novas
O mundo parecia criado nessa mesma
Manhã
In Ilhas (1989)
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